Ricardo Carvalho, magoado por ter sido qualificado de desertor por Paulo Bento por ter abandonado a seleção portuguesa de futebol sem justificação, disse hoje que poderia apelidar o selecionador de "mercenário". "Sim [magoou]. É muito forte, uma linguagem militar, chamar-me desertor. Com a mesma linguagem, eu podia chamar-lhe mercenário. Quando alguém vai para guerra pago, chama-se mercenário. Eu estou na seleção por amor, ele é selecionador porque lhe pagam. Não merecia que me tratasse dessa maneira", disse Ricardo Carvalho em entrevista à RTP. O defesa central do Real Madrid, que abandonou o estágio da seleção em Óbidos, a dois dias do jogo com o Chipre, depois de perceber que não seria titular, diz sentir que Paulo Bento exagerou: "Houve um certo aproveitamento do treinador de um episódio que não foi o mais correto da minha parte, para pisar-me e massacrar-me um pouco. Isso nunca fiz". "Ferido e desrespeitado", teve reação "a quenteDepois de abandonar o hotel onde estava concentrada a equipa na quarta-feira, sem apresentar qualquer justificação, Ricardo Carvalho anunciou a sua renúncia à seleção, em comunicado enviado à agência Lusa, manifestando-se "ferido e desrespeitado" na sua dignidade. Com 33 anos e 75 internacionalizações, Ricardo Carvalho sublinhou que tem sido um bom exemplo e que a sua reação foi "a quente", não compreendendo as palavras do selecionador na conferência de imprensa da véspera do jogo nem o tempo que dispensou a falar do seu caso, porque "Paulo Bento teve 24 horas". "Foi um sentimento muito forte que tive. Foi a quente. Quando cheguei do treino, achei que não me tinham respeitado, senti que estava a mais, fizeram-me sentir assim. Cheguei ao quarto e nem troquei de roupa. Não foi nada premeditado, estava com cabeça quente e não falei com ninguém. Foi o meu grande erro, não me passou pela cabeça. Estava tão desorientado naquele momento", explicou Ricardo Carvalho. "Grande injustiça" ser suplente de PepeO defesa disse que sentiu que "foi uma grande injustiça", porque "tinha treinado bem", quando viu que a titularidade seria para Pepe, com o qual costuma partilhar o eixo da defesa no Real Madrid, sublinhando que nada tem contra o colega. Ricardo Carvalho lembrou que, quando outros optaram por sair da seleção, preferiu ficar, sendo um dos mais velhos do grupo, e não fecha as portas a um eventual regresso. "Um dia mais tarde, se acharem que posso ser útil, estou disponível", afirmou. Na sexta-feira, com Pepe e Bruno Alves como defesas centrais, Portugal goleou o Chipre, em Nicósia, por 4-0, e manteve-se na liderança do Grupo H de qualificação para o Euro2012, em igualdade com a Noruega, com 13 pontos.
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Via Expresso