Sexta-feira, 20.04.12

Um dos novos meios de diagnóstico usados na prevenção do cancro da mama, aquele que afeta mais mulheres em todo o mundo

Identificação de 10 subtipos de cancro da mama, através dos códigos de ADN, permitirá evitar mortes assim como tratamentos desadequados e desnecessários. É uma investigação anglo-canadiana que conta com dois coordenadores portugueses. 

 

A investigação cientifica anglo-canadiana, publicada na revista "Nature ", promete revolucionar os diagnósticos e tratamentos do cancro da mama mas vai demorar ainda bastantes anos até a generalidade das mulheres poder beneficiar inteiramente das novas descobertas.

 

Pela primeira vez, cientistas conseguiram identificar 10 subtipos de cancro da mama, cada qual com uma identificação genética única, o que permitirá estabelecer tratamentos diferenciados mais eficazes para cada um dos casos.

 

Os novos dados surgem da análise de 2000 amostras congeladas de tecidos com cancro da mama, recolhidos em mulheres britânicas e canadianas nos últimos dez anos.

 

Levada a cabo pela Cambridge University e pela University of British Columbia de Vancouver, a investigação recorreu às novas técnicas de análise de ADN, o que permitiu ir muito para além da análise tradicional dos tecidos, que apenas determina uma condição geral de cancro da mama, com três ou quatro variedades.

 

A investigação anglo-canadiana conta com dois coordenadores portugueses: Carlos Caldas, da Cambridge University, e Samuel Aparício, da British Columbia.  

 

Novos tratamentos e novas drogas

 

A diferenciação em 10 subtipos permitirá aumentar significativamente as hipóteses de sobrevivência das mulheres afetadas, assim como evitar agressivos tratamentos desnecessários e desadequados, nomeadamente quimioterapia.

 

O Departamento de Saúde e Investigação do Cancro no Reino Unido deverá publicar ainda este ano uma análise do seu programa para o cancro da mama, que aponta para que até dez mulheres podem estar a ser submetidas a tratamentos desnecessários por cada vida que se salva.

 

A identificação de 10 subtipos de cancro da mama permitirá devenvolver novas drogas e tratamentos mais apropriados para cada um. "Não haverá já amanhã um teste para uma paciente que vá a uma clínica. O que (os novos dados) nos fornecem é um novo mapa do cancro da mama que nos ajudará a avançar para testes clinicos", afirmou Carlos Caldas ao "The Telegraph ". 

 

A investigação irá avançar assim nos próximos anos com tratamentos experimentais a efetuar em grupos específicos de pacientes


Retirado do Expresso



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Quarta-feira, 21.03.12

O físico usou, entre outros, dados do acelerador de partículas (LHC) instalado no CERN, na Suíça
O físico usou, entre outros, dados do acelerador de partículas (LHC) instalado no CERN, na Suíça (Denis Balibouse/Reuters (arquivo))
Primeira pergunta que nos vem à cabeça: para que serve a partícula subatómica mais leve de sempre? A desanimadora resposta é que ainda não se sabe. Mas sublinhe-se o “ainda”.

O investigador holandês Eef van Beveren, físico teórico da Universidade de Coimbra, que reclama ter identificado o novo bosão, avisa que “as implicações desta descoberta são de longo alcance, não apenas para física hadrónica (física das partículas que estuda as interacções fortes), mas também para física das altas energias e cosmologia.

A partícula até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear mais limpa, dado que se desintegra totalmente sem deixar resíduos”. Porém, o futuro promissor deste avanço no complexo mundo da física ainda estará longe, porque, admite o investigador, “para já, além da sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula”.

“Ninguém estava à espera de uma descoberta destas”, repete Eef van Beveren sem esconder o entusiasmo. Eef van Beveren descreve esta nova partícula E(38) como uma “bolha de sabão”, acrescentando que é 25 vezes mais leve do que um protão e três vezes mais leve que um pião (a mais leve partícula que participa nas interacções nucleares). 

O físico reconhece que é necessário ainda realizar estudos para avaliar as suas propriedades e o seu armazenamento, mas não hesita em anunciar o potencial do novo bosão. Para se imaginar a capacidade desta partícula, o físico calcula que “um miligrama desta matéria dará para um megawatt durante um ano”. 

“A descoberta da E(38) constitui uma surpresa completa para a comunidade científica, porque se trata de uma partícula muito especial e mais leve do que quaisquer outras partículas com (anti)quarks. Descobertas destas só há uma vez por século!”, afirma o físico, que compara este feito ao momento em que o mundo da física percebeu que o átomo era composto por núcleo e electrões. 

Já há vários anos que o físico teórico teimosamente insiste em explorar o modelo (matemático) que concebeu com o cientista George Rupp, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, e que foi apresentado pela primeira vez no início da década de 80. Há mais de 20 anos que suspeitava da existência desta nova partícula subatómica ou, como faz questão de corrigir em conversa com o PÚBLICO, “talvez seja mais correcto chamar-lhe subnuclear”. 

Desta vez, analisou os resultados obtidos com as experiências nos aceleradores de partículas em Bona (Alemanha) e no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN, na Suíça), entre outras instituições. O modelo de Van Beveren e Rupp permite descrever pormenorizadamente uma classe de partículas elementares, os mesões [partículas compostas por um quark e um antiquark]. 

Assim, segundo explica o comunicado da UC divulgado ontem, o físico “‘varreu’ todos os eventos registados nas experiências, mesmo os considerados irrelevantes, e num determinado espaço, um ínfimo espaço, registou uma quantidade de 46 mil eventos com 13 sigma de significância (o que é considerado mais que suficiente para a existência de uma partícula), ou seja, a evidência clara de um novo bosão”. Para reivindicar uma descoberta é preciso encontrar, pelo menos, 5 sigma de significância (um indicador de relevância estatística). “O que temos é um sinal muito claro, um pico enorme (ver imagem). Já há muito tempo que pensava nisto, fui o único a procurar e certo dia encontrei. Aqui está!”, conclui. 

Para Brigitte Hiller, outra física da Universidade de Coimbra citada no comunicado, “a evidência da existência desta nova partícula de extrema leveza, a confirmar-se, terá implicações extraordinariamente importantes para a física, porque, na comunidade dos físicos das partículas, ninguém esperava que existisse uma partícula numa zona de energia tão baixa”. 

Partindo do princípio básico de que um átomo tem em si inúmeras partículas (subatómicas) – as mais celebres são os electrões, protões e neutrões –, há muito que se explora este mundo da matéria. Em Dezembro, anunciava-se a descoberta de outra partícula subatómica – o bosão “chi b(3P)” – feita com o acelerador de partículas (LHC) do CERN. É também no Laboratório Europeu de Física de Partículas que se procura – numa aventura que é seguida atentamente pelos media – o tão popular bosão de Higgs, a partícula que poderá explicar a origem da matéria no Universo (e que, por isso, já ficou conhecida por “partícula de Deus”). Sobre isto Eef van Beveren prefere não fazer comentários. “São coisas que prefiro guardar no meu laboratório”, refere apenas, notando que o modelo padrão usado no CERN é diferente do modelo que desenvolveu, ou seja, métodos de procura diferentes que podem levar a descobertas diferentes.

 

Via Público



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Domingo, 26.02.12

Corey Hewitt do Centro de Nanotecnologia da Universidade Wake Forest

Corey Hewitt do Centro de Nanotecnologia da Universidade Wake Forest

 

Cientistas norte americanos desenvolveram um tecido capaz de recarregar o telemóvel ou o leitor de mp3 enquanto faz desporto.

 

Cientistas do Centro de Nanotecnologia da Universidade Wake Forest , EUA, estão a desenvolver um tecido que consegue produzir energia a partir do calor libertado pelo corpo humano. Essa energia, dizem os investigadores, poderá ser usada para recarregar as baterias de um telemóvel ou de um leitor multimédia portátil.

 

Num artigo publicado na "Nano Letters " os cientistas explicam que num pedaço de feltro colocaram nanotubos de carbono que libertam energia a partir da diferença de temperatura entre o corpo e o meio envolvente.

 

"Perdemos muita energia na forma de calor. Por exemplo, recuperando a energia desperdiçada por um automóvel poderia ajudar a alimentar o rádio, o ar condicionado ou o sistema de navegação" afirma Corey Hewitt , um estudante de douramento envolvido neste projeto. "As tecnologias termoelétricas são pouco usadas para produzir energia", acrescenta o jovem cientista.

Mais energia precisa-se

Claro que há uma boa razão para assim seja. Os dispositivos termoelétricos usam um semicondutor chamado telureto de bismuto para transformar calor em energia que pode custar mais de 750 euros cada quilo. Em contrapartida, acreditam que, dispensando o telureto de bismuto, serão capazes de produzir um carregador de telemóvel em tecido por um dólar (75 cêntimos de euro).

 

Atualmente, Corey Hewitt procura a melhor forma para inserir mais camadas de nanotubos e torná-las cada vez mais finas, para poder aumentar a energia produzida.

 

E bem precisa porque, segundo o blogue de tecnologia Gizmodo , os 140 nanowatts que o protótipo produzido tem capacidade de produzir "é um milionésimo da energia gasta por um iPhone quando está em repouso".



Via Expresso



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Quinta-feira, 23.02.12
A planta que os cientistas ressuscitaram

 

É uma história que faz lembrar o Jurassic Park, sem âmbar nem dinossauros mas com a ajuda de esquilos pré-históricos: os cientistas russos conseguiram fazer crescer uma flor a partir de material vegetal congelado há 30 mil anos que foi guardado em buracos pelos pequenos mamíferos da época. Os resultados da investigação foram publicados agora na Proceedings of the National Academy of Sciences .

 

O poder de conservação das plantas é bem conhecido pelos cientistas. As sementes podem germinar passado muito tempo, 2000 anos até, no caso de sementes de palmeiras encontradas numa fortaleza de Masada, perto do Mar Morto, em Israel. Mas os resultados obtidos pela equipa liderada por Svetlana Yashina e David Gilichinsky, da Academia de Ciências Russa, não têm precedentes. “No presente, as plantas da S. stenophylla são os mais antigos organismos multicelulares viáveis”, escreveram os autores no artigo.

A planta que conseguiram regenerar da espécie Silene stenophylla continua a crescer na Sibéria. Mas este material biológico da flor estava escondido num dos 70 buracos de hibernação feitos pelos esquilos que viviam naquela altura, que os cientistas investigaram, no Nordeste da Sibéria.

“Todos os buracos foram encontrados a profundidades de 20 a 40 metros, da superfície de hoje, e estão localizados nas mesmas camadas onde existem ossos de grandes mamíferos como mamutes, rinocerontes-lanudos, bisontes, cavalos, veados, alces, e outros representantes da fauna” do Plistocénico tardio, escreveu a equipa.

Os buracos estão na acamada de permafrost, uma camada de solo gelada e que funciona como um congelador gigante. Este solo manteve durante dezenas de milhares de anos o material a uma temperatura média de -7 graus célsius. No laboratório, através da técnica de Carbono 14, os cientistas aferiram a idade do material, que tem cerca de 31.800 anos, com um erro de 300 anos. 

O material continha sementes e partes do fruto da espécie vegetal. A equipa tentou germinar as sementes, mas não obteve sucesso, depois utilizaram partes vivas do furto da planta. Ao contrário dos animais, é possível regenerar uma planta a partir de partes vivas de um espécime, que nas condições certas, acabam por se desenvolver dando origem a raízes, caules, folhas, flores e frutos. No fundo, desenvolve-se um clone. Foi o que aconteceu nesta experiência, os cientistas colocaram a germinar pedaços do fruto, que germinou e deu uma planta com flores. Os cientistas conseguiram ainda produzir novas plantas a partir das sementes produzidas por estas flores.

Segundo os autores, este “milagre” foi possível, porque as células do fruto utilizadas para a germinação eram ricas em açúcar, o que protegeu o ADN e o material das células do frio. Esta protecção possibilitou a multiplicação celular quando a equipa pôs o material a germinar.

“Isto é uma enorme descoberta”, disse Grant Zazula, cientista do Programa de Paleontologia de Yukon, do Canadá, ao New York Times, defendendo que “não tem dúvidas” dos resultados obtidos pelos cientistas russos serem verdadeiros.

As novas plantas têm uma fisionomia diferente no formato das flores em relação aos espécimes de hoje. Os cientistas não conseguiram explicar a causa destas diferenças. A equipa defende que esta descoberta pode ajudar a compreender melhor o processo da evolução das espécies, além de dar mais informação sobre o clima que existia ali há 30.000 anos.

Mais excitante, contudo, são as novas possibilidades de regenerar plantas que entretanto se extinguiram, e cujo material se mantém conservado na natureza por um processo semelhante. “Há uma oportunidade de ressuscitar flores que foram extintas da mesma forma que falamos em trazer os mamutes de volta à vida, a ideia parecida com a do Jurassic Park”, disse Robin Probert, do Banco de Sementes Milénio, Reino Unido, citado pela BBC News.

 

Via Público



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Quarta-feira, 15.02.12
Instituto Superior Técnico obrigado a suspender centenas de projectos de investigação
Problema resolvia-se com alteração no decreto (Helder Olino (arquivo))
O Instituto Superior Técnico (IST) vai ser obrigado a suspender centenas de projectos de investigação envolvendo dezenas de milhares de euros caso seja aplicado o decreto-lei que estabelece as normas de execução orçamental para o corrente ano.

Em declarações ao PÚBLICO, Arlindo Oliveira, presidente do IST, defendeu que a norma que proíbe os organismos públicos de assumirem compromissos se não tiverem disponibilidade financeira a curto prazo “não é exequível no caso dos projectos de investigação” das universidades. “Temos de contratar pessoas, equipamento e só depois no fim com os resultados do projecto é que recebe o financiamento”, explicou.

Arlindo Oliveira salientou que já chamou a atenção ao Ministério da Educação e Ciência, que “também está preocupado com esta situação”. 

Para o presidente do Técnico, este problema resolvia-se com duas soluções: se a obrigação prevista no decreto-lei nº32/2012, publicado anteontem em Diário da República, “não se aplique às receitas próprias das universidades mas só às verbas provenientes do Orçamento do Estado”. E se, por outro lado, “os fundos [do OE] que já cá estão disponíveis de anos anteriores também sejam considerados para efeitos desta disponibilidade”.

Num comunicado enviado hoje às redacções, o IST alerta que não é só a actividade científica que está em risco mas também a “prestação de serviços por um período indeterminado”. “Este bloqueio, que é irrazoável para instituições do ensino superior com significativa actividade geradora de receitas próprias, poderá implicar que o IST perca milhões de euros” e contribuir “para a fuga de talentos e a degradação do tecido científico nacional”, lê-se no comunicado. 

 

Via Público



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Segunda-feira, 13.02.12


Cientistas da Universidade do Algarve descobrem ser vivo mais velho da Terra

 

O ser vivo mais velho da Terra que se conhece vive mesmo ao lado da Península Ibérica, é uma erva marinha que cresce no Mediterrâneo e pode ter mais de 100.000 anos, de acordo com uma equipa de cientistas que integra investigadores da Universidade do Algarve. A descoberta foi publicada nesta semana na revista Public Library of Science One.

A erva marinha chamada Posidonia oceanica não é uma alga, mas sim uma angiospérmica, ou seja, pertence ao grupo das plantas que dão flores, e é endémica do mar Mediterrâneo. 

A planta tem folhas curtas que podem crescer até ao metro e meio, e apesar de ter flores e reproduzir-se sexualmente, utiliza na maior parte das vezes indivíduos clones para se ir dispersando. O seu crescimento é muito lento, demorando 600 anos para cobrir um espaço de 80 metros nas pradarias subaquáticas do Mediterrâneo.

A equipa liderada por Ester Serrão, do Centro de Ciências do Mar, da Universidade de Algarve, que contou com investigadores de Espanha, analisou a nível genético os espécimes desta planta que vivem em 40 pradarias aquáticas ao longo de 3500 quilómetros do mar Mediterrâneo.

Os resultados revelaram que muitos espécimes são clones uns dos outros, alguns com dezenas de milhares de anos. Um pedaço de erva com 15 quilómetros de largura, que fica ao pé da ilha espanhola Formentera, poderá ter mais de 100.000 anos. 

Esta descoberta demonstra a robustez de um genoma capaz de se adaptar a diferentes habitats, ao longo do tempo. Mas também pode ser a razão do declínio desta planta, cujo genoma poderá não aguentar as rápidas mudanças climáticas recentes: nos últimos 100 anos, a área de distribuição da Posidonia oceanica diminuiu em 10%.

 

Via Público



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Quarta-feira, 08.02.12

Os dados recolhidos pela nave Mars Express mostram que há fortes indícios de que a parte norte da superfície de Marte esteve coberta por um oceano

Uma parte da superfície de Marte já esteve coberta por um oceano, revelam restos de sedimentos detetados pela nave Mars Express 

 

Há fortes indícios de que uma parte da superfície de Marte já esteve coberta por um oceano, mostram dados recolhidos pela nave Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial Italiana.

 

Através de um radar, o MARSIS, a nave detetou restos de sedimentos de fundo oceânico, dentro dos limites de uma zona costeira que já tinha sido identificada. 

 

"A interpretação que fazemos é de que se trata de depósitos sedimentários, talvez ricos em gelo", afirma Jérémie Mouginot, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble (IPAG), em França, e da Universidade da Califórnia, acrescentando que "isto é uma nova e forte evidência de que naquela região já existiu um oceano".

 

Já havia suspeitas de que teriam existido oceanos em Marte e já foram identificadas reminiscências de uma costa, em imagens captadas por várias sondas espaciais. 

Cientistas sugerem dois oceanos


Os cientistas sugerem dois oceanos: um há 4 mil milhões de anos, quando o clima era mais quente, e outro há 3 mil milhões de anos, quando o gelo por baixo da superfície derreteu depois de um forte impacto, que criou canais de escoamento que conduziram a água para áreas mais baixas.   

 

"O MARSIS penetra bem fundo no solo, revelando os primeiros 60-80 metros da sub-superfície do planeta," explica Wlodek Kofman, líder da equipa do radar no IPAG.

 

Nesta profundidade, há evidência de sedimentos e de gelo. Os sedimentos são de materiais granulosos de baixa densidade, sujeitos à erosão da água.

Água congelou novamente

Este oceano desaparecido agora revelado pela Mars Express terá sido, no entanto, temporário. Num espaço temporal de um milhão de anos ou menos, estima Mouginot, a água terá congelado novamente, sendo preservada debaixo do solo, ou ter-se-á transformado em vapor de água, subindo lentamente até à atmosfera.

 

"Não acredito que o oceano tenha existido tempo suficiente para a formação de vida", afirma o cientista. Para encontrar indícios de vida, os astrobiólogos terão de investigar um período ainda mais antigo na história de Marte, quando a água líquida permaneceu por períodos mais longos no planeta.

 

Olivier Witasse, responsável do projeto da ESA para a Mars Express, recorda que "os resultados anteriores da nave sobre a água em Marte vieram do estudo de imagens e dados mineralógicos, bem como de medições atmosféricas, e agora temos a visão do radar de sub-superfície. Mas a questão permanece: para onde foi toda a água?"

 

Via Expresso



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Sábado, 04.02.12

Jovem investigador português desenvolve nova estratégia para

 

É quase como um correio de droga. Trata-se de anticorpos munidos de uma substância com uma missão: chegar aos vasos sanguíneos do tumor e destruir as células cancerígenas.

 

Experiências realizadas mostraram que este método tem resultados terapêuticos no combate ao cancro. É o que revela o estudo de Gonçalo Bernardes, 31 anos, doutorado em Química Biológica pela Universidade de Oxford, e da sua equipa, publicado recentemente na revista científica "Angewandte Chemie".

 

Quando chega ao destino - os vasos sanguíneos que circundam o tumor -, a droga é libertada através de um estímulo químico, exercendo uma função terapêutica. Chegando a este local, esta bloqueia a entrada de nutrientes que alimentam o tumor. A novidade aqui não está na ideia de matar o tumor à fome, que já é uma abordagem sobejamente explorada pela comunidade científica, mas sim na estratégia desenvolvida por Gonçalo Bernardes e a sua equipa.

 

Drogas conjugadas com anticorpos

“Os anticorpos que criámos são específicos para um receptor que está presente nos novos vasos sanguíneos e isso traz uma grande vantagem. É que estas drogas conjugadas com anticorpos podem ser virtualmente usadas para o tratamento de qualquer tipo de tumor sólido. A formação de vasos sanguíneos é uma característica comum a todos os tumores” explicou ao P3 Gonçalo Bernardes.

 

O facto de ser específico para os vasos sanguíneos apresenta ainda uma outra vantagem. “Os mecanismos de resistência do tumor vão ser muito menores do que no caso dos anticorpos específicos para receptores que estão na superfície das células cancerígenas, pois estas podem estar em constante mutação”, salienta o investigador que, há cerca de dois anos, trabalha em Zurique.

 

Uma terapia menos dolorosa

“Existe uma esperança em se conseguir um tratamento alternativo mais específico, mais eficiente e menos doloroso para quem tem cancro”, concretiza. Contudo, não é possível prever quando (e se) a droga poderá ser aprovada para estudos clínicos.

 

Seria, portanto, uma alternativa à quimioterapia. Nesta, o que acontece é que a droga usada não distingue as células saudáveis das células cancerígenas, limitando a quantidade que é possível utilizar e prejudicando a eficácia do tratamento.

 

A investigação, feita com base em testes com ratinhos, trouxe como resultados um efeito terapêutico, em que são suprimidas as células cancerígenas. Contudo, são necessárias mais investigações, dado que o cancro não é eliminado.

 

Próximos passos? “Queremos modificar a droga tornando-a mais potente, para que tenha uma capacidade mais forte para matar as células tumorais e testá-la em ratinhos e ver qual é a reacção em diferentes tipos de tumor. Com esta conjugação de droga e tipo de anticorpos, pensamos que talvez possamos chegar a efeitos terapêuticos superiores aos que conseguimos ter com o modelo actual”, responde Gonçalo Bernardes.

 

Via Público



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Sábado, 14.01.12

Serão a Google e a Apple capazes de mudar a forma como vemos televisão tal como revolucionaram o universo das comunicações móveis?

 

A forma como vemos televisão deverá começar a mudar a partir de 2012, agora que a gigante norte-americana da Internet e a dona do iPad e iPhone estão decididos a lançar os seus próprios modelos de smart TV.

Se é verdade que até ao verão a maioria das televisões à venda nos EUA já terão instalado o Google TV - que permite aceder à Internet e instalar 150 aplicações desenvolvidas à medida dos internautas-telespectadores -, não será menos verdade que a Apple estará a construir o seu próprio aparelho de 55 polegadas, com o design e a facilidade de uso que caracterizam os produtos com a marca da maçã.

Até ver, tudo indica que a Google segue na frente. Esta semana em Las Vegas, EUA, naquela que é considerada a maior feira de eletrónica de consumo do mundo, a CES , a tecnológica coreana LG apresentou a primeira smart TV com uma interface Android, o sistema operativo mais usado em nos telemóveis de última geração.

Deverá ser por aqui, isto é, através do recurso a interfaces bem conhecidas que possam proporcionar aos telespectadores uma experiência mais interativa, que estes poderão despertar para as smart TV.

Interatividade procura-se

 

Para o especialista em tecnologia Nic Newman, citado pelo "The Independent", "as smart TV não estimularam o grande público em 2011, em parte por não proporcionarem experiências interativas".

Os Jogos Olímpicos (que a BBC irá cobrir com 24 canais de vídeo adicionais) e o Europeu de futebol, ambos agendados para o próximo verão, deverão impulsionar a aquisição deste tipo de aparelhos, pelo menos no Reino Unido, onde 10% dos consumidores já têm uma smart TV. Então e a Apple?

A empresa criada por Steve Jobs, que antes de morrer disse ao seu biógrafo Walter Isaacson que sonhava criar um "televisor integrado", também estará a tratar de tornar realidade a vontade do co-fundador.

Uma equipa liderada pelo designer Jonathan Ive (um dos principais responsáveis pelo sucesso do iPod), já estará a construir o protótipo que deverá ter um ecrã multitoque e um sistema de reconhecimento de voz semelhante ao Siri do iPhone 4S.

No futuro, Nic Newman acredita que as estrelas do pequeno ecrã verão o seu mundo tomado de assalto por empresas como a Google a Apple que irão criar uma nova forma de ver televisão.

 

GOOGLE TV EXPLICADA PELA GOOGLE

Via Expresso



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Sexta-feira, 13.01.12
A Via Láctea vista a partir da Terra
A Via Láctea vista a partir da Terra (ESO)
Branca, como as neves da Primavera que acabam de cair, quando bate a luz da primeira hora da manhã ou da última hora do dia. É assim que os astrónomos que identificaram as verdadeiras cores da Via Láctea a descrevem.

Olhar para um objecto quando se faz parte desse objecto é um exercício que apresenta uma série de dificuldades. Quando se quer identificar as cores da galáxia onde se vive, a barreira é enorme. 

“Não só estamos a olhar para a Via Láctea a partir de dentro, mas a nossa visão é bloqueada pelo pó. Só podemos ver cerca de dois milhares de anos-luz em qualquer direcção”, explicou Jeffrey Newman, durante uma apresentação feita durante o 219ª encontro da Sociedade Americana de Astronomia, citado pela BBC News.

Há galáxias de várias cores. Algumas têm cores azuis, indicando que existem milhões de estrelas a formarem-se neste instante. Outras são vermelhas, e estão envelhecidas, sem estrelas a nascer. 

“Para os astrónomos, um dos parâmetros mais importantes é a cor de uma galáxia”, disse Newman à BBC News. “Isso diz-nos basicamente a idade das estrelas da galáxia e até quando é que a galáxia esteve a formar novas estrelas – ainda estão a ser produzidas agora ou nasceram há milhares de milhões de anos?” 

Para conseguir identificar a cor da Via Láctea, Jeffrey Newman e o seu estudante Timothy Licquia utilizaram os dados obtidos no projecto Sloan Digital Sky Survey (SDSS). O SDSS rastreou milhões de galáxias com a ajuda do telescópio do observatório Apache Point, instalado no Novo México, EUA.

Com esta informação, analisaram a propriedade de milhões de galáxias e identificaram as que tinham semelhanças com a Via Láctea em relação ao número de estrelas e ao rácio com que novas estrelas estão a ser formadas. O resultado ofereceu um retrato que valida o nome Via Láctea. 

“A melhor descrição que posso dar [da cor da Via Láctea] é se olharmos para a neve acabada de cair na Primavera, que tem grãos finos, cerca de uma hora depois do amanhecer ou uma hora antes de o anoitecer, iria ver-se o mesmo espectro de luz que um astrónomo alienígena de outra galáxia veria, se olhasse para a Via Láctea”, explicou Newman à BBC News. 

E em termos astronómicos, que significado tem uma galáxia já ter uma cor parecida com o leite? É uma galáxia que ainda produz estrelas mas está “a terminar esse processo”, explicou o cientista. “Daqui a uns milhares de milhões de anos irá ser um local aborrecido, cheio de estrelas de meia-idade a usar o seu combustível e a morrer, mas sem novas estrelas a serem formadas.”

 

Via Público



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Sábado, 07.01.12

Bióloga portuguesa integrou equipa de investigação que descobriu um mundo "perdido" de novas espécies de fauna a 2000 metros de profundidade.


Via Expresso

 



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Segunda-feira, 02.01.12
A sonda que vai a Marte terá tecnologia portuguesa
A sonda que vai a Marte terá tecnologia portuguesa (ESA)
Da investigação sobre o Alzheimer, até à tecnologia que vai ajudar o próximo rover a sobreviver ao frio de Marte. O PÚBLICO contactou algumas universidades portuguesas para ouvir o que de mais interessante se fez no ano que terminou. A lista resultante é uma pequena amostra da realidade, mas revela que a ciência nacional está em evidência em muitas áreas.

Estrelas de matéria escura
É uma antiga guerra teórica dos físicos: o que é que acontece quando as estrelas deixam de ter matéria para consumir? Uma das principais teorias defende que o seu peso obrigaria a estrela a colapsar, originando um ponto de densidade tão alto – os chamados buracos negros – que sugaria até a luz, e onde o espaço e o tempo se comportariam de uma outra forma. Mas houve sempre teóricos que criticaram este conceito excepcional de “singularidade” dos buracos negros, que existiriam em vários pontos do universo. Num artigo aceite para publicação na Physical Review Letters, Paolo Pani, Vitor Cardoso e Térence Delsate, do Instituto Superior Técnico, sugerem agora que este colapso das estrelas não resultará numa singularidade e explicam que o aumento súbito da densidade da matéria pode originar uma nova força gravitacional, a chamada matéria escura. O resultante será uma “estrela de matéria escura” invisível aos telescópios.

Vulcão origina explosão de vida no mar
Foi um dos estudos mais interessantes do ano, de acordo com a NASA. Vasco Mantas, cientista da Universidade de Coimbra, documentou pela primeira vez algo que sempre se julgou acontecer, um aparecimento súbito de organismos em regiões submarinas onde ocorre uma erupção vulcânica. O investigador verificou, com ajuda de imagens de satélite, o aparecimento de microalgas associado ao vulcanismo, em regiões do Pacífico pobres em nutrientes. O fenómeno “tem consequências, por exemplo, na cadeia alimentar, fazendo aumentar a ‘carga’ de peixe, e na diminuição da quantidade de dióxido de carbono”, explicou o cientista num comunicado.

Cerâmica para gerar energia
Chama-se Projecto Solar Tiles, reúne um consórcio de nove entidades nacionais, desde empresas até institutos e universidades, e teve o apoio do QREN. O objectivo do projecto, de que a Universidade do Minho foi promotora, é simples: produzir peças de cerâmica como as telhas, que contenham células fotovoltaicas capazes de utilizar a energia solar, transformando-a em energia eléctrica. O trabalho terminou em Agosto do ano passado, com um protótipo pré-industrial. O próximo passo será a sua produção em massa.

Diagnosticar a doença de Alzheimer sem erros
Identificar uma pessoa com doença degenerativa de Alzheimer sempre foi um problema, pela dificuldade de encontrar alguma substância produzida pelo corpo associada à doença. A empresa 2CTech, associada ao Centro de Biologia Celular da Universidade de Aveiro, criou um teste que avalia três biomarcadores neurológicos e diagnostica a doença sem erros. As investigadoras Odete Cruz e Silva e Margarida Fardilha conseguem ainda identificar pacientes que estão num estado precoce do processo degenerativo e vão desenvolver a doença.

Testar o aquecimento global num ribeiro
Os resultados estão por vir, mas a experiência pioneira em toda a Europa foi posta em prática neste ano. A ribeira do Candal, na Lousã, tem agora um troço de 22 metros separado ao meio, a nível longitudinal. Numa parte tudo acontece naturalmente, na outra um termoacumulador vai aquecer a água em cerca de 3ºC. A experiência, coordenada por Cristina Canhoto, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e que tem uma dezena de colaborações internacionais, além de várias parcerias nacionais, quer responder a uma questão: o que vai acontecer ao funcionamento dos ecossistemas dos rios com o aumento de temperatura?

Automóvel que anda sozinho
Atlascar é um Ford Escort que passou a andar sozinho. A equipa do Atlas, coordenada Vítor Manuel Santos, da Universidade de Aveiro, construiu o primeiro carro português que não precisa de condutor. Os investigadores instalaram um robô neste modelo automóvel com sensores e actuadores que permitem investigar e desenvolver a condução assistida. O projecto venceu em 2011 o prémio Freebots Competition no Festival de Robótica Assistida, promovido pela Sociedade Portuguesa de Robótica.Grafeno
Muitos dizem que o grafeno é o material do futuro. O composto é formado por uma camada de átomos de carbono cujas ligações resulta numa estrutura de hexágonos, como se fosse uma colmeia. O material promete revoluções na electrónica. Nuno Peres, do Centro de Física da Escola de Ciência da Universidade do Minho, é responsável por um dos laboratórios mais importantes do mundo que estuda as propriedades deste material. Em 2011, o cientista ganhou o Prémio Ciência da Gulbenkian e está a estudar agora as propriedades da camada dupla de grafeno, que poderá ter aplicações em aparelhos de comunicação móvel, células solares, detectores de radiação electromagnética, sensores de pequenas quantidades de moléculas, sensores de tensão em estruturas, sequenciação do ADN. 

Aerogéis contra frio de Marte
A temperatura média de Marte é de 63 graus Celsius negativos. Qualquer máquina enviada para lá tem que suportar um clima gelado. No caso do próximo veículo (rover) que a Agência Espacial Europeia pensa em enviar em 2016, são os investigadores do Instituto Pedro Nunes, associado à Universidade de Coimbra, que estão a resolver esta questão A equipa liderada por Ricardo Patrício desenvolveu neste ano aerogéis que protegem os circuitos electrónicos da temperatura e pressão do ambiente agreste do planeta vermelho. A substância foi produzida através de “um processo específico de secagem dos produtos à base de sílica que garante uma menor densidade e maior flexibilidade”, explicou o cientista, num comunicado.

Sequenciar genomas é mais barato
A sequenciação de genomas é uma das técnicas mais importantes da biologia. Através dela é possível saber a sequência dos tijolos de ADN que forma o genoma de animais, plantas, bactérias, vírus, espécies extintas e do ser humano. O processo é importante em inúmeras actividades, desde conhecer a origem genética de doenças, até ajudar a compreender a árvore da vida. O sistema desenvolvido por Francisco Fernandes, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, do Instituto Superior Técnico, funciona com um novo algoritmo informático que torna este processo mais económico e dá um passo em frente para a democratização do acesso à sequenciação genética, o que pode ajudar a tornar a medicina personalizada numa realidade. 

Regeneração de tecidos em marcha
Como é que se pode regenerar cartilagem ou osso? Utilizando materiais como o amido de milho, soja e a quitina. Esta é a aposta de investigação da equipa de Rui Reis, que acredita que um dia irá ser possível regenerar membros completos. O investigador é director do grupo 3B’s, Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da Universidade do Minho e em 2011 publicou dezenas de artigos nesta área. No ano passado foi galardoado com o George Winter Award, o principal prémio Europeu na área dos biomateriais.

 

Via Público



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Sexta-feira, 30.12.11

Uns são fraudes, outros são estudos que não deviam ter acontecido, pelo menos daquela forma. Quando a ciência não dá boa imagem de si.
A fraude do "senhor dos dados" holandês


Os temas de Diederik Stapel pareciam escolhidos a dedo para chamarem a atenção: a influência do poder no pensamento moral, como os ambientes desordenados promovem a discriminação... Mas os dez anos de investigação em Psicologia Social do holandês, traduzidos em mais de 150 artigos em revistas científicas, desmoronaram-se em Setembro, quando foram divulgados os primeiros resultados de uma investigação promovida pela Universidade de Tilburg, onde trabalhava. Stapel, afinal, não fazia inquéritos, nem experiências para observar situações sociais. Inventava pura e simplesmente os dados e dava-os aos seus estudantes ou colaboradores, que não sabiam que trabalhavam com falsidades.

"As pessoas estão chocadas", disse ao site Science Insider Gerben van Kleef, psicólogo social da Universidade de Amesterdão. O relatório ainda provisório das universidades holandesas onde Stapel trabalhou chamou-lhe "Senhor dos Dados" (Lord of the Data), porque não mostrava o material original a ninguém. Isso ter-lhe-á permitido ter uma carreira fraudulenta, publicando em revistas prestigiadas, como a Science.

Esta fraude de proporções épicas pôde acontecer porque é prática corrente na investigação em Psicologia não divulgar os dados originais, com a desculpa de defender a privacidade dos participantes. Mas "a cultura de segredo da Psicologia produz ciência de baixa qualidade", escreveu na Nature o psicólogo Jelte Wicherts, da Universidade de Amesterdão. "Quando se voltam a analisar artigos publicados, encontram-se frequentemente erros, e quanto mais relutantes se mostram os autores em divulgar os seus dados, mais provável é que o seu trabalho tenha erros."

Arsénio, bactérias e a ciência em águas de bacalhau

A descoberta divulgada no final de 2010 foi uma declaração e tanto. Havia na Terra bactérias tão diferentes que passava a ser possível procurar vida em locais no Universo que até então julgaríamos mortos. Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da NASA, tinha encontrado uma espécie que se alimentava de arsénio. O estudo foi publicado na Science.

 

Via Público



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Quarta-feira, 21.12.11

Dar ordens a aparelhos electrónicos com o pensamento pode ser uma realidade nos próximos anos
Dar ordens a aparelhos electrónicos com o pensamento pode ser uma realidade nos próximos anos (Foto: Megan Lewis/Reuters)
Imagine um mundo em que basta pensar num número de telefone para que o nosso telemóvel faça a chamada e que não seja necessário perder tempo a criar uma password de que ninguém se lembra quando é preciso. Para os especialistas da IBM, a tecnologia que nos tornará ainda mais ligados às máquinas e, por outros motivos, mais ligados uns aos outros, vai registar grandes avanços nos próximos cinco anos.

As cinco previsões da empresa tecnológica norte-americana para os próximos cinco anos – o IBM Five in Five, que já vai na sexta edição – põem-nos a gerar energia enquanto andamos de bicicleta, a dar ordens aos computadores com o poder da nossa mente, a usar as nossas características físicas para levantar dinheiro nas caixas Multibanco, encurtam as diferenças de acesso à tecnologia entre os mais ricos e os mais pobres e transformam o spam em informação prioritária.

Mas vamos por partes.

É um dado adquirido que tudo o que se move ou produz calor pode gerar energia. O que a IBM acredita é que, até 2016, os avanços na área das energias renováveis vão tornar comum, por exemplo, o uso de pequenos aparelhos nas rodas das bicicletas para recarregar pilhas ou baterias, que depois podem ser usadas em casa. Não é que ainda não seja possível, mas neste caso a mudança será mais a nível cultural – a IBM acredita que, nos próximos cinco anos, a ideia de que nós podemos gerar a nossa própria energia vai enraizar-se. Por outras palavras, será comum sair de casa para comprar pão e regressar com energia suficiente para usar a máquina de barbear.

Outra das previsões da IBM aponta baterias contra as passwords. Não só as que criamos para ler o correio electrónico mas também as várias combinações de letras e números de que precisamos para levantar dinheiro, por exemplo. A resposta está nos dados biométricos – as nossas características faciais, a nossa voz ou os nossos olhos –, que serão cada vez mais usados para comunicarmos com as máquinas. A ideia é que todos esses dados biométricos, que são diferentes de pessoa para pessoa, serão integrados através desoftware numa espécie de password genética online, que mais ninguém conseguirá identificar. Por razões de segurança, esta password genética só incluirá os dados que o utilizador quiser.

Pensar é agir

Uma das áreas mais fascinantes das previsões da IBM para os próximos cinco anos é a leitura da mente. Os investigadores da empresa não acreditam que até 2016 será possível rejeitar uma chamada do patrão só com o pensamento, mas apostam que vamos começar a ver aplicações práticas dos conhecimentos actuais na indústria do entretenimento, mais especificamente nos jogos de vídeo.

Os investigadores na área da bioinformática já fazem experiências há algum tempo com capacetes e sensores que conseguem ler a actividade cerebral e reconhecer expressões faciais, níveis de concentração e até pensamentos sem que as pessoas tenham de mexer um dedo. Segundo o comunicado da IBM, os seus próprios investigadores estão a estudar formas de ligar os nossos cérebros a aparelhos electrónicos, para que um dia seja possível fazer uma chamada telefónica ou mover o cursor de um rato apenas com o poder da mente.

Para quem acha que não vale a pena tanto trabalho só para podermos falar mais comodamente ao telemóvel, a IBM salienta que esta tecnologia terá também implicações na medicina – no estudo e compreensão de várias doenças que afectam o cérebro, como o autismo.

Encurtar o fosso tecnológico entre ricos e pobres

Apesar do ar de ficção científica de algumas das previsões da IBM para os próximos cinco anos, a mais arriscada de todas não envolve mudanças tecnológicas. É que, segundo os investigadores da empresa norte-americana, 80 por cento da população mundial – ou 5600 milhões de pessoas – terá um telemóvel até 2016, o que irá eliminar o fosso tecnológico entre ricos e pobres.

"É mais barato ter um telemóvel do que abrir uma conta num banco ou comprar um computador portátil", ouve-se num vídeo produzido pela IBM e publicado no YouTube. Fica por explicar como é que muitas das quase três mil milhões de pessoas que vivem em todo o mundo com menos de dois dólares por dia, segundo dados das Nações Unidas, vão poder comprar um telemóvel até 2016, mesmo que seja mais barato do que abrir uma conta ou comprar um computador portátil.A última previsão da IBM é uma espécie de "se não podes vencê-lo, junta-te a ele". Ao contrário da famosa previsão de Bill Gates, que em 2004 decretou o fim do spam em dois anos – com o sucesso que todos nós constatamos ainda hoje sempre que consultamos o email –, a IBM diz-nos que o correio electrónico indesejado não só não desaparecerá, como será transformado numa prioridade. Como? Nos próximos cinco anos, os sistemas serão capazes de filtrar toda a informação disponível e de nos mostrar apenas aquela que nos interessa, mesmo sem a termos solicitado.

 

Via Publico



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Terça-feira, 20.12.11

Stonehenge é um dos locais arqueológicos mais importantes da Europa
Stonehenge é um dos locais arqueológicos mais importantes da Europa (Ian Wilde/Reuters (arquivo))
A origem de parte das pedras que constituem o círculo mais interno do monumento de Stonehenge, em Inglaterra, foi confirmada. As rochas são provenientes de um afloramento rochoso no norte do condado de Pembrokshire, situado na costa do País de Gales.

Uma das maiores questões dos arqueólogos sobre o monumento megalítico situado no centro de Inglaterra é a origem das rochas e o seu transporte. A construção de Stonehenge iniciou-se 3000 a.C. e continuou por mais 1400 anos e o monumento tem cerca de 150 pedras, com algumas a pesar 50 toneladas. 

Os investigadores da Universidade de Leicester e do Museu Nacional de Gales estudaram a mineralogia de um tipo de rochas que constituem o círculo central do monumento para determinar o local da sua origem. Os estudos feitos até agora referiam que estas rochas pertenciam a Pembrokshire. 

Richard Bevins e Rob Ixer foram mais longe e confirmaram que as pedras fazem parte de um afloramento rochoso granítico chamado Craig Rhos-y-felin, que fica perto de Pont Saeson, no Norte do condado de Gales. 

Para isso compararam a mineralogia de várias rochas do condado com as do monumento. Fizeram isso através de uma técnica chamada de petrografia que analisa os minerais e compara as relações de textura que podem ser observadas numa dada rocha. 

Ao longo de nove meses os cientistas estudaram as rochas chamadas de bluestonessituadas no círculo mais interno do monumento. As bluestones são um termo genérico que se refere às pedras que são originárias de outro local e foram trazidas para ali. Engloba 20 tipos de rochas diferentes. 

Os cientistas associaram a origem de 99% das amostras de bluestones a este afloramento granítico em particular. Foi possível determinar ainda quais os locais de origem de certas rochas dentro do próprio afloramento, numa escala de metros a dezenas de metros. Para Rob Ixer a descoberta foi “bastante inesperada e excitante”, disse, citado pela BBC News. O investigador espera ainda vir a descobrir a origem de todas as bluestones

O que continua por se confirmar é a forma como as pessoas daquela altura transportaram estas rochas ao longo de mais de 200 quilómetros. Uma das hipóteses é que o transporte tenha sido feito pelos rios. “Graças à investigação geológica, conhecemos agora uma fonte específica das rochas graníticas, o que é uma oportunidade para os arqueólogos responderem a esta questão que tem sido largamente debatida”, disse Richard Bevins citado pela BBC News.

Pensa-se que os povos neolíticos que ali viviam olhavam para o monumento como um local mágico e de cura. Hoje ele é um dos pontos arqueológicos mais importantes da Europa e um local muito visitado pelos turistas.

 

Via Público



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Quinta-feira, 08.12.11

Nalguns locais, o relevo está escondido por 2500 metros de gelo
Nalguns locais, o relevo está escondido por 2500 metros de gelo (BEDMAP)
O mapa mais pormenorizado da Antárctida por baixo do gelo, com as suas montanhas e vales, acaba de ser divulgado por um consórcio internacional. Chama-se BEDMAP2 e resulta de levantamentos da paisagem escondida por tanto gelo, realizados ao longo de décadas, em aviões, satélites, navios e até pessoas em trenós puxados por cães.

Divulgado por Hamish Pritchard, do British Antarctic Survey, na reunião anual da União Americana de Geofísica, que decorre em São Francisco (Califórnia), o novo mapa da paisagem do grande continente branco incorporou mais de 27 milhões de medições. A primeira versão do mapa, divulgada em 2001, incorporava 1,9 milhões de medições.

“É como se tivéssemos tornado tudo muito mais focado”, disse Hamish Pritchard à BBC online, que noticiou a conclusão do novo mapa digital da Antárctida. “Em muitas áreas, pudemos agora ver depressões, vales e montanhas como se estivéssemos a olhar para a Terra a que estamos habituados exposta ao ar.”

Menos de um por cento do relevo rochoso da Antárctida sobressai acima do gelo. Ao contrário da rocha, o gelo é transparente às ondas do radar, pelo que através da emissão de microondas para o gelo e consequente recepção dos seus ecos é possível ter informação sobre o relevo e a profundidade da camada de gelo. 

Ter um mapa deste género é importante para perceber como é que a Antárctida está a responder ao aquecimento global e ajuda os cientistas a perceber o que poderá vir a acontecer. Nas margens da Antárctida estão a verificar-se grandes alterações, com a queda de gelo que vem do interior do continente para o mar, o que aumenta o nível global dos oceanos. “A cobertura de gelo está constantemente a ser alimentada pela queda de neve, e o gelo desce até à costa, onde se libertam grandes blocos no mar ou se derretem. É um grande e lento ciclo hidrológico”, explicou Hamish Pritchard à BBC online. “Modelar este processo requer conhecimentos da complexa física do gelo, mas também da topografia onde está a mover-se – e isso é o BEDMAP.” 

Mas há mais trabalho pela frente, pois duas grandes áreas da topografia do continente gelado continuam pouco nítidas. Uma é nos Montes Subglaciares de Gamburtsev, a outra é a Cordilheira de Shackleton. 

 

Via Público



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Visão artística do buraco negro no centro da galáxia NGC 3842; em baixo à direita a projecção do sistema solar, mostrando a diferença de tamanho em relação ao buraco negroVisão artística do buraco negro no centro da galáxia NGC 3842; em baixo à direita a projecção do sistema solar, mostrando a diferença de tamanho em relação ao buraco negro (Imagem: Pete Marenfeld)
No coração de muitas galáxias, ou mesmo de todas, encontra-se um buraco negro monstruoso, desconfiam os cientistas. A nossa galáxia, a Via Láctea, também tem o seu devorador de matéria e luz. Agora uma equipa internacional de astrónomos descobriu dois buracos negros, no centro de duas galáxias, que são os maiores alguma vez detectados: cada um tem cerca de dez mil milhões de vezes a massa do Sol e ocupam um espaço equivalente a cerca de cinco vezes a distância do Sol a Plutão.

Estes buracos negros supermaciços não resultaram da morte de uma estrela. Isso é o que acontece quando uma estrela com pelo menos três vezes a massa do Sol chega ao fim da vida e a sua matéria entra em colapso sobre si própria, tornando-se tão densa que o resultado é um buraco negro estelar. No caso dos buracos negros supermaciços, o processo de formação é outro e esta descoberta, divulgada na revista britânica “Nature”, dá pistas sobre estes sugadores de matéria.

O Universo primitivo devia estar repleto de buracos negros supermaciços, uma suposição que se relaciona com outros objectos astronómicos, então muito comuns, chamados quasares. O que é que os quasares têm a ver com os buracos negros? 


Pensa-se que os quasares – objectos astronómicos muito energéticos e brilhantes – têm, no centro, buracos negros supermaçicos, que aspiram toda a matéria em redor e é a aceleração das estrelas e gases a ser aspirados que emite a radiação observada. O seu nome é a abreviatura de objectos quase-estelares.

Assim sendo, os dois buracos negros agora descobertos pela equipa coordenada por Chung-Pei Ma, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, serão os restos de quasares. Quando a matéria em redor se esgota, os quasares esmorecem e deixam para trás estes buracos negros gigantescos, que também ficam adormecidos. Esta descoberta, sublinha um comunicado da Universidade do Michigan, que participou na investigação, confirma a compreensão pelos cientistas do ciclo de vida dos quasares.

“Os quasares mais luminosos parecem exigir um buraco negro com dez mil milhões de massas solares para fornecer a quantidade de energia necessária para ser emitida. Durante bastante tempo, não estávamos a encontrar qualquer buraco negro deste tamanho. Agora descobre-se que eles andam por aí e a teoria encaixa nas observações”, explica Douglas Richstone, da Universidade do Michigan. 

“[Os quasares] não podiam simplesmente ter-se ido embora”, diz Nicholas McConnell, da Universidade da Califórnia em Berkeley, citado noutro comunicado do Observatório Gemini, no Havai, onde estes dois buracos negros começaram por ser detectados. “Nesta fase, ainda é muito cedo para dizer se são uma descoberta rara ou apenas a ponta do icebergue. Nos próximos anos, pretendemos examinar mais de uma dúzia das maiores galáxias à procura de buracos negros de massa similar. Se se descobrirem mais, confirma-se que o Universo foi em tempos terreno de qualidade para que crescessem buracos negros gigantes.”

Estando adormecidos, localizar os dois buracos negros foi um desafio. “Os buracos negros no centro destas galáxias já não são alimentados pelo gás em acreção [em redor], tornaram-se dormentes e ficaram escondidos. Apenas os vemos por causa da atracção gravítica que exercem nas estrelas à volta”, explica por sua vez Chung-Pei Ma.

Situados a mais de 300 milhões de anos-luz da Terra, estes buracos negros escondem-se no interior de duas galáxias elípticas. Um deles está na galáxia NGC 3842, na direcção da constelação do Leão, enquanto o outro se encontra na galáxia NGC 4889, na direcção da Cabeleira de Berenice. Até agora, tinham sido descobertos 63 buracos negros supermaciços. O maior, encontrado em Janeiro deste ano – por Karl Gebhardt, da Universidade do Texas em Austin e que integra a equipa de Chung-Pei Ma –, atinge 6300 milhões de vezes a massa do Sol e fica na galáxia M87. Quanto à nossa galáxia, tem um buraco negro um pouco mais modesto, com quatro milhões de massas solares.

 

Via Público



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Quarta-feira, 07.12.11
Esta tecnologia terá, muito provavelmente, um forte impacto no futuro, não só no sector doméstico mas também nos sectores da restauração e hotelaria
Esta tecnologia terá, muito provavelmente, um forte impacto no futuro, não só no sector doméstico mas também nos sectores da restauração e hotelaria (Mick Tsikas/Reuters)
 Uma tecnologia desenvolvida por investigadores da Universidade de Coimbra consegue arrefecer alimentos e bebidas a uma velocidade dez vezes superior aos equipamentos tradicionais, como frigoríficos. A tecnologia dá pelo nome de SuperCooling e não interfere com a qualidade do produto.

A investigação - levada a cabo na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) - começou há dois anos e baseia-se na técnica da refrigeração por vácuo.

A título de exemplo das capacidades desta tecnologia - refere a FCTUC em comunicado - “uma garrafa de água de 33cl é arrefecida em 3 minutos”.

É expectável pensar-se que esta tecnologia terá um forte impacto no futuro, não só no sector doméstico mas também nos sectores da restauração e hotelaria, por exemplo, porque se trata de uma tecnologia muito rápida e economicamente vantajosa.

“Nos hotéis, para que as bebidas se mantenham frescas é necessário que o minibar esteja continuamente em funcionamento, representando elevados consumos energéticos. Com esta nova tecnologia, o refrigerador só consome a energia necessária para o arrefecimento dos produtos, o que é um processo muito rápido, ou seja, significa uma poupança muito significativa de energia”, explica a investigadora Cátia Augusto no mesmo comunicado.

 

Via Público



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Domingo, 27.11.11
Resolvido o mistério do Triângulo das Bermudas

A ciência não pára de encontrar as respostas para os maiores mistérios da humanidade. Esta semana, dois cientistas australianos anunciaram que descobriram porque navios e aviões desapareceram na região designada 'Triângulo das Bermudas'. 

 

E a resposta não se encontra em magnetismo, túneis do tempo, extra-terrestres ou qualquer outro tipo de fenómeno metafísico. Na realidade, os fenómenos estranhos relatados na famosa região entre Porto Rico, Florida e as ilhas Bermudas resumem-se a um problema de... gás. Concretamente, gás metano.

 

Esta a conclusão do trabalho do professor Joseph Monaghan e do seu pupilo David May, da Universidade Monash de Melbourne, Austrália, publicado no American Journal of Physics.

Segundo estes investigadores, grandes bolhas de gás metano que se desprendem do solo do oceano são capazes de fazer naufragar navios e despenhar aviões. Um fenómeno que poderá mesmo explicar outros desaparecimentos noutros locais do mundo.

 

Já nos anos 60 o investigador Ivan T. Sanderson tinha identificado regiões do planeta onde se encontram grandes concentrações de metano. Além do famoso 'Triângulo das Bermudas', também o Mar do Japão e o Mar do Norte tem áreas onde se detectam estas 'bolsas' de gás.

 

O metano, formado após intensa actividade vulcânica submarina, está normalmente contido no interior das rochas, sob a alta pressão oceânica. Mas pode soltar-se naturalmente.

 

Via DN



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Sexta-feira, 25.11.11
Alguns organismos sugerem a redução da dose máxima recomendada e da quantidade de comprimidos por embalagem
Alguns organismos sugerem a redução da dose máxima recomendada e da quantidade de comprimidos por embalagem (Foto: Paula Abreu/arquivo)
A toma prolongada de paracetamol, um dos medicamentos mais vendidos e consumidos em todo o mundo, pode levar a uma overdose. A conclusão faz parte de um estudo publicado no British Journal of Clinical Pharmacology, sendo cada vez mais frequentes os alertas para os riscos deste analgésico, muito associado a falências hepáticas.

O paracetamol é o medicamento não sujeito a receita médica mais vendido em Portugal e é a substância activa de vários medicamentos antipiréticos (para baixar a febre) e analgésicos (para as dores) que mais se vende no país, em quantidade, segundo o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento). Nos postos de venda livre (fora das farmácias) tem mais de 12% da quota de mercado e só entre Janeiro e Setembro de 2011 foram vendidas quase 550.000 embalagens. Dados da consultora IMS Health Portugal indicam que, em 2009, foram vendidos pelos armazenistas às farmácias mais de 16 milhões de embalagens com esta substância, o que dá uma média de mais de uma embalagem por ano por cada pessoa.

De acordo com a investigação desenvolvida por um grupo de cientistas da Universidade de Edimburgo, a toma prolongada e regular de paracetamol pode ser fatal, já que é difícil detectar as situações em que o doente está em risco, sendo muitas vezes demasiado tarde para inverter as lesões provocadas pelo medicamento, sobretudo no fígado.

Apesar de ser de fácil acesso, o paracetamol pode provocar lesões hepáticas e, em casos mais graves, hepatites fulminantes que podem obrigar a um transplante. Contudo, é mais inofensivo para o esófago, estômago e intestino do que alguns analgésicos e anti-inflamatórios. Estão-lhe igualmente associados problemas renais, quando tomado de forma prolongada e em doses elevadas. Estas são, no entanto, situações normalmente atribuídas ao consumo excessivo desta substância – mais de quatro gramas por dia – ou quando associadas à ingestão de produtos igualmente lesivos para o fígado (como bebidas alcoólicas). 

O grupo de Edimburgo acompanhou 161 casos de overdoses relacionadas com utilização prolongada deste medicamento, que é frequentemente escolhido para situações como febre, dores musculares ou dores de cabeça – um consumo que é facilitado por ser, na maioria dos países, à semelhança de Portugal, um fármaco de venda livre.

O perigo dos antigripais

O farmacêutico e presidente da secção regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos António Hipólito de Aguiar, contactado pelo PÚBLICO, corrobora as preocupações emanadas pelo estudo e reforça que “a margem de segurança do paracetamol é muito pequena”. O especialista exemplificou que com a proliferação de marcas de paracetamol no mercado há muitas pessoas que, por desconhecimento, “tomam uma marca para a febre e outra para as dores, sem saberem que é o mesmo medicamento”. Há também medicamentos, sobretudo antigripais, que têm mais do que uma substância activa, o que faz com que os doentes muitas vezes não saibam que estão a tomar um fármaco com paracetamol.

Em 2009, também o organismo norte-americano responsável por regular o sector do medicamento, a Food and Drug Administration (FDA), recomendou que se reduzisse a dose máxima permitida por cada comprimido (de 1000 miligramas para 650) e que o consumo máximo diário permitido passasse a ser de 3250, em vez dos actuais 4000, de modo a evitar situações de overdose. A FDA pretendia também embalagens mais pequenas e com alertas mais visíveis para os efeitos secundários e para os casos em que se recomenda o uso da substância. Recentemente tanto Estados Unidos como Reino Unido reduziram a dose máxima recomendada para crianças.

Hipólito de Aguiar assegura, porém, que na Europa e concretamente em Portugal, “pouco ou nada tem sido feito” para evitar complicações com este medicamento. O farmacêutico lamenta que as recomendações sobre doses e dimensão das embalagens não tenham sido acolhidas e reitera que a venda livre fora das farmácias representa um perigo, insistindo que “esta posição não pretende ser proteccionista” e que visa, pelo contrário, “a segurança dos doentes”.

O investigador Kenneth Simpson, que liderou o trabalho agora publicado, especificou que as situações fatais aconteceram principalmente em pessoas que tinham casos de dores crónicas e que tomavam paracetamol com regularidade. Simpson referiu, ainda, no trabalho que as análises sanguíneas na maioria dos casos não ajudam a despistar o problema, visto que níveis elevados da substância activa são associados a uma toma excessiva pontual (normalmente casos de tentativa de suicídio) e não ao uso prolongado.

O grupo alertou, contudo, que é nos casos de uso prolongado que o fígado sofre lesões mais graves e, muitas vezes, irreversíveis. A conclusão baseou-se na análise das notas clínicas de 663 doentes a quem foi diagnosticada doença hepática induzida por paracetamol. Destes doentes, 161 tomavam paracetamol de forma prolongada e apresentavam lesões hepáticas, cerebrais, renais e problemas respiratórios mais acentuados, assim como maior risco de morte.

Desvendada actuação do paracetamol

Este estudo surge na mesma semana em que o King’s College de Londres anunciou que descobriu a forma exacta como o paracetamol actua no corpo humano. O funcionamento do medicamento, apesar de ser utilizado há largos anos, permanecia por explicar. Mas este novo estudo publicado na Nature Communications revelou que o paracetamol inibe a presença da proteína TRPA1 nas células nervosas, o que permite controlar a dor. Os investigadores esperam que a descoberta sirva para procurar mais substâncias que actuem no mesmo campo, mas que tenham uma toxicidade mais baixa.

 

Via Público



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Segunda-feira, 07.11.11
Dezassete por cento dos americanos fariam o tratamento
Dezassete por cento dos americanos fariam o tratamento (Eva Carasol (arquivo))
Conte até 20 e espere três semanas. Quando voltar a olhar para o espelho, os seus olhos castanhos tornaram-se azuis. Esta é a promessa de um médico norte-americano que já teve estes resultados num ensaio que está a realizar no México, com recurso ao laser.

O próximo passo é expandir os ensaios clínicos a mais pessoas. Por isso Gregg Homer está a tentar reunir perto de 544.000 euros para a sua empresa Stroma Medical, sediada em Laguna Beach, na Califórnia.

O princípio da técnica de laser já é utilizado na pele, para remover sinais e sardas, mas agora é aplicado ao olho. Faz-se um exame com uma espécie de scanner aos olhos da pessoa que escolheu submeter-se ao tratamento, que identifica cada pontinho do olho que tem de ser tratado.

Depois, um laser com um padrão específico acerta em cada ponto do olho, um a um. O processo é repetido várias vezes, mas ao todo, o tratamento de laser demora apenas 20 segundos. 

O que o laser faz é acertar nos pigmentos de melanina, que dá a cor ao olho castanho. Isso gera um processo fisiológico de degradação da melanina, que desaparece, e deixa à mostra os pigmentos azuis que segundo Gregg Homer sempre lá estiveram. Este processo demora entre duas e três semanas. 

O olho primeiro escurece e só depois é que surge o azul. Como a melanina não volta a ser produzida, a cor mantém-se, garante o médico. Olhos castanhos, nunca mais.

Oftalmologistas com reservas

À BBC News Larry Benjamin, um cirurgião oftalmologista do Hospital de Stoke Mandeville, no Reino Unido, mostrou reservas: “O pigmento está lá por uma razão. Se o pigmento se perde pode-se ter problemas como sentir demasiada claridade ou ter visão dupla.”

“Não ter pigmentos no olho seria como ter uma abertura de câmara com um diafragma transparente. Não seria possível controlar a luz que entra [no olho]”, explicou o médico.

Mas Homer explicou que o processo só retira o pigmento da superfície do olho. “Isto é só um terço a metade da espessura do pigmento na parte de trás da íris e não tem significado a nível médico”, disse, argumentando que os pacientes seriam menos sensíveis à luz do que as pessoas que nascem naturalmente com olhos azuis. 

“Para examinar a segurança, fizemos testes para 15 procedimentos diferentes. Testámos antes e depois dos tratamentos, e no dia seguinte, passado semanas e nos três meses depois. Até agora não encontramos provas de qualquer lesão”, disse à BBC News.

Por outro lado, Elmer Tu, oftalmologista da Universidade de Illinois, em Chicago, teme que a libertação de melanina cause cegueira. O pigmento libertado “tem que ir para algum local”, disse à CBS News, explicando que existe uma doença chamada glaucoma pigmentar em que a melanina se deposita em certos locais do olho, impossibilitando a visão.

No caso do tratamento da Stroma Medical, depois do laser, o organismo “recruta uma proteína que é uma espécie de pacman, que digere o tecido ao nível molecular”, explicou Gregg Homer. Até agora só foram tratadas 17 pessoas, no México, que tinham um grau elevado de miopia, e que em troca receberam um transplante de lentes, avança a BBC News.

O dinheiro que o médico procura agora servirá para fazer testes a mais três pessoas. Se tudo correr bem, Homer quer reunir mais 10,9 milhões de euros para produzir centenas de lasers e dentro de 18 meses começar a fazer o tratamento do lado de cá do Atlântico. Espera em três anos vender o produto nos Estados Unidos, a 3625 euros por pessoa. 

Segundo um questionário da clínica feito a 2500 pessoas, 17% dos americanos fariam o tratamento se soubessem que era completamente seguro e 35% pensariam seriamente em recorrer ao laser. Seria um admirável mundo novo de olhos azuis.

 

Via Público



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Uma fotografia do asteróide
Uma fotografia do asteróide (NASA)
O asteróide 2005 YU55 vai rasar a Terra na próxima terça-feira à noite, às 23h28, dando uma oportunidade rara dos astrónomos poderem observar um destes corpos tão perto.

O YU55 mede 400 metros de diâmetro e foi descoberto em 2005. A rota do asteróide vai passar no ponto mais próximo da Terra, a apenas 325.000 quilómetros de distância, 0,85 da distância entre a Terra e a Lua. Os astrónomos que monitorizam a sua órbita garantem que não há qualquer risco de acertar nem na Terra, nem na Lua.

“Isto não é potencialmente perigoso, é apenas uma boa oportunidade para estudar um asteróide”, disse Thomas Statler, da Fundação Nacional de Ciência (FNC), Estados Unidos, citado pela AFP. A oportunidade é especial, desde 1976 que nenhum corpo passava tão perto da Terra e só em 2028 é que um fenómeno destes voltará a repetir-se.

Um asteróide com 400 metros seria capaz de causar uma devastação regional, mas em relação à órbita do YU55, um dos 1262 asteróides com mais de 150 metros de diâmetro que a NASA considera serem potencialmente perigosos, não haverá uma colisão pelo menos nos próximos 100 anos. 

Segundo os modelos computacionais, o mais provável é que as rotas do planeta e do asteróide nunca colidam, mas a aproximação do objecto na noite de terça-feira, que vai ser observada por duas antenas de telescópios terrestres, irá dar mais informação sobre o futuro da sua trajectória.

Aliás, milhares de astrónomos de todo o mundo não vão perder a oportunidade de observar o fenómeno. “Não vai ser visível a olho nu. É necessário ter um telescópio com uma lente de pelo menos 15 centímetros para se ver algo”, disse Scott Fisher, director da divisão de Ciências Astronómicas da FNC, citado pela AFP. “Para tornar a observação ainda mais difícil, [o asteróide] vai mover-se muito rápido pelos céus.”

O YU55 faz uma rotação a cada 18 horas e é um asteróide do tipo C, ou seja, é rico em carbono. Terá um ar poroso e muito escuro. Segundo o que já foi observado, o asteróide está cheio de crateras. 

 

Via Público



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Sexta-feira, 04.11.11

O motor de busca mais avançado do que a pesquisa avançada?

Investigadores portugueses estão a desenvolver um motor de busca que quer dar respostas mais específicas do que os "softwares" convencionais, como o Google

 

Imagine um motor de busca de viagens que lhe dá exactamente o que procura quando preenche um formulário. Agora imagine-se a preencher um formulário semelhante e a obter resultados parecidos, mas para qualquer tipo de assunto. É esta a ideia do World Search, um programa que está a ser desenvolvido por um grupo de investigadores portugueses em parceria com a Microsoft.

 

O objectivo é desenvolver um motor de busca mais eficaz do que aqueles que usamos hoje em dia, capaz de responder aos pedidos, relacionando a informação dada com um raciocínio lógico. “Queremos fazer o que os sites de viagens fazem, mas não para um nicho, queremos fazê-lo para quase tudo”, explica Nuno Silva, investigador responsável pelo projecto no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

 

A ideia resulta do “esforço científico de uma década”, explica: o aparecimento da web semântica, em contraponto com a web sintáctica - que é aquela que usamos habitualmente e a que temos acesso com motores de busca como o Google - abriu novas possibilidades. Ao aceder ao World Search, o utilizador terá disponível um formulário “muito mais complexo e específico” do que a página de um motor de busca convencional. Uma espécie de pesquisa avançada? “É isso, mas mais avançado do que a pesquisa avançada”, garante Nuno Silva.

 

Resultados em seis meses


Os formulários gerados por este novo motor de busca serão “construídos à imagem da informação requerida, e diferentes, consoante o tema pesquisado”. Nuno Silva explica: “O motor gera automaticamente o formulário no momento em que se pede a informação, tendo em conta o tema pesquisado”.

 

O projecto – que arrancou em 2007, a partir de um esforço conjunto do ISEP e da Maisis, uma empresa de tecnologia de Aveiro – deve apresentar os primeiros resultados públicos “nos próximos seis meses, seja em forma de artigo científico, seja em protótipos parciais da tecnologia”.

 

É uma investigação – da qual são também parceiros a Universidade de Aveiro, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Ponto C e a iZone, duas empresas de tecnologia de Aveiro, e a PT – que não tem como objectivo imediato a criação de uma "start-up". “As empresas envolvidas vão fazer uso da tecnologia desenvolvida e da investigação que está a ser feita já, não antevejo a criação de uma 'start-up' nos próximos dois anos”, afirma Nuno Silva.

 

Complemento, não concorrente


Tal cenário só poderia ser possível a partir da “investigação, que ainda não está tão próxima do mercado, mas que está já a ser desenvolvida nas universidades”, admite o docente do ISEP. Na prática, o World Search terá dois alvos: o público em geral e o mundo empresarial. “Dentro das empresas, este tipo de aplicação permite rentabilizar o conhecimento, torná-lo mais acessível”, diz Nuno Silva. 

 

Em comum com o Google, o Yahoo! ou o Bing, o World Search tem apenas a designação “motor de busca”: “Não há qualquer lógica de concorrência, eles são muito bons no que fazem”. A relação, afirma Nuno Silva, "será mais de complementaridade".

 

Via P3



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Quinta-feira, 20.10.11
O foguetão na base de lançamento
O foguetão na base de lançamento (ESA/Reuters)
Os dois primeiros satélites do sistema Galileu vão ser lançados quinta-feira, a partir da Guiana Francesa, na América do Sul, às 11h34 (hora de Lisboa). Os aparelhos integram o sistema de posicionamento geográfico, uma espécie de GPS europeu e serão transportados por um Soiuz – uma estreia na parceria entre russos e europeus que fez com que pela primeira vez um foguetão russo eja lançado fora dos dois cosmódromos utilizados por Moscovo.

É o primeiro grande teste do maior projecto espacial liderado pela Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês) e pela Comissão Europeia, que terá um custo de 5,4 mil milhões de euros, dinheiro pago pelos contribuintes europeus. O sistema Galileu começou a ser pensado em 1999 como um projecto civil para terminar com a dependência europeia do GPS, o equivalente norte-americano, mas sob controlo militar, que permite a posicionar objectos na superfície terrestre. 

Segundo os especialistas, o Galileu vai ter um detalhe maior, permitindo por exemplo observar melhor o movimento na crosta terrestre ou o aumento do nível médio do mar. Os satélites conseguem medir a distância através do envio de micro-ondas para a Terra. O sistema vai ficar disponível gratuitamente.

O projecto viveu várias convulsões e atrasou-se dois anos. Em 2007 chegou a estar em risco: a Comissão Europeia teve de dar o passo em frente, assegurando o financiamento. Mas estima-se agora que a partir de 2014 o sistema esteja a funcionar e que no final da década atinja a capacidade plena, com os 27 satélites a girar em torno da Terra, em três órbitas circulares diferentes numa altitude de cerca de 23.000 quilómetros.

Para isso, os lançamentos têm de correr bem. Na comunicação social fala-se da segurança das máquinas russas, que desde a década de 1950 andam a lançar para o espaço satélites e cápsulas com humanos e têm a maior taxa de sucesso do mundo. Mas o foguetão Soiuz passou por um processo inédito. 

As peças foram transportadas da Europa para América do Sul e o lançador russo foi montado na Base Espacial da Guiana, numa réplica de 120 hectares do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, construída nos trópicos. O clima obrigou a ter cuidados suplementares, como a construção de um edifício para proteger o foguetão da temperatura, chuvas e humidade. O próprio veículo teve de ser maior para albergar os dois satélites.

Tanto a Europa como a Rússia viram vantagens nesta parceria. Os dois modelos de foguetões que a Europa costuma utilizar para colocar satélites em órbita e que são construídos pela empresa Arianespace, que detém a base na Guiana Francesa, não levam cargas de peso médio. 

Jean-Yves Le Gall, director executivo da Arianespace, disse à BBC News que para construir um novo modelo médio, a empresa iria gastar entre “três e cinco mil milhões de euros”. A despesa do Soiuz foi de cerca de “400 milhões de euros” e abre ainda a possibilidade, no futuro, de a ESA poder enviar astronautas para o espaço. Ao mesmo tempo, a parceria faz com que a indústria russa produza mais foguetões.

A missão acabou por acontecer na Guiana, permitindo que o veículo carregue ao todo três toneladas de equipamento - mais 1,3 toneladas do que se fosse lançado a partir do Cazaquistão. No equador a velocidade da rotação da Terra é superior às latitudes mais próximas dos pólos, o que torna o lançamento mais leve.

É esperado uma multidão a testemunhar o início de vida do sistema Galileu. Segundo um artigo na revista alemã Der Spiegel o primeiro-ministro russo Vladimir Putin estará presente, acompanhado por políticos, diplomatas, directores executivos de empresas, jornalistas e outras testemunhas.

 

Via Público



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Terça-feira, 18.10.11
O controlo da SGK1 pode vir a ajudar as mulheres a conseguir engravidar
O controlo da SGK1 pode vir a ajudar as mulheres a conseguir engravidar (João Guilherme (arquivo))

São os nove meses mais bem imaginados do corpo humano. Um minúsculo parasita de algumas células instala-se no útero e durante as 39 semanas seguintes há um equilíbrio fisiológico que o deixa crescer. O útero é a interface que permite que tudo isto ocorra, mas primeiro tem que estar preparado para receber o futuro bebé. Os cientistas descobriram que a regulação da enzima SGK1 é fulcral para esta preparação e para a manutenção da gravidez. Quando não acontece, há problemas de reprodução ou de rejeição do embrião, explica um artigo publicado neste domingo na Nature Medicine.


Há muitas razões para um casal não conseguir ter filhos, desde espermatozóides com má mobilidade, até problemas genéticos. No caso das mulheres, uma em cada seis tem problemas em conseguir ficar grávida e uma em cada cem sofre de abortos espontâneos. A equipa de investigadores do Imperial College of London, liderada pelo professor Jan Brosens, analisou amostras do útero em 106 mulheres que ou não conseguiam engravidar ou abortavam com regularidade e andavam neste processo há dois anos, sem se descobrir causas.

Os cientistas descobriram o que havia em comum nas mulheres que não engravidavam, e nas mulheres que depois de engravidar abortavam. As primeiras tinham uma quantidade alta da enzima SGK1 na parede do útero durante os dias do ciclo menstrual em que este órgão se prepara para receber o futuro embrião e as segundas tinham uma quantidade pequena desta molécula quando o embrião já está implantado no útero.

Para perceber o significado destas características, os cientistas utilizaram ratinhos. Ao monitorizar a concentração de SGK1, verificaram uma diminuição da concentração desta enzima sempre que os ratinhos fêmea entravam na janela fértil, durante o ciclo menstrual. Quando aumentavam a expressão do gene desta enzima, para haver uma produção anormalmente grande de SGK1, os ratinhos deixavam de conseguir engravidar.

“A nossa experiência em ratinhos sugere que é essencial para a gravidez haver uma perda temporária de SGK1 durante a janela fértil, as amostras de tecidos humanos mostram que em algumas mulheres com dificuldades em conseguir engravidar esta concentração mantém-se alta”, disse em comunicado Jan Brosens. No artigo, os cientistas explicam que esta diminuição da SGK1 é importante para o funcionamento dos genes responsáveis pela implantação do futuro embrião no útero, caso a concentração mantenha-se alta estes genes não funcionam.

Mas a investigação da equipa mostra ainda que a enzima tem que voltar às concentrações normais depois deste interregno na sua actividade. Quando bloquearam o gene da SGK1 em ratinhos fêmeas que tinham engravidado e em células do útero humano que estavam em cultura verificaram que havia um stress oxidativo nas células, ou seja, vários químicos que são produzidos pela maquinaria das células e que as danificam não eram “digeridos” normalmente. “Isto pode explicar porque é que uma quantidade baixa de SGK1 é mais comum nas mulheres que tiveram abortos recorrentemente”, explicou. 

Jan Brosens sugere que no futuro o controlo desta enzima pode ajudar as mulheres a conseguir engravidar ou pode ainda servir como um novo método de contracepção.

 

Via Público



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Quinta-feira, 06.10.11
Daniel Shechtman
Daniel Shechtman (Foto: DR)
O Prémio Nobel da Química foi hoje atribuído ao israelita Daniel Shechtman (70 anos), do Instituto Technion, em Haifa, Israel, “pela descoberta dos quase-cristais”, anunciou em Estocolmo, a capital sueca, o comité Nobel.

Os quase-cristais, materiais cujos átomos formam padrões geométricos regulares que nunca se repetem, eram considerados contrários às leis da Natureza. Shechtman provou que existem.

Na manhã de 8 de Abril de 1982, quando Shechtman, que na altura trabalhava no National Institute of Standards and Technology (NIST), nos EUA, olhou ao microscópio electrónico para a mistura de alumínio e manganésio, material cuja estrutura atómica estava a estudar, pensou (em hebraico): “Esta criatura não pode existir”.

A imagem que tinha obtido “mostrava uma série de círculos concêntricos, cada um composto por dez pontinhos luminosos a igual distância uns dos outros”, explica o Comité Nobel em comunicado. “Shechtman contou e tornou a contar os pontinhos. Círculos com quatro ou seis pontinhos teriam feito sentido, mas não dez, de maneira nenhuma." 

A imagem que Shechtman tinha obtido mostrava que, dentro do material, os átomos apresentavam uma estrutura cristalina, o que em si não tinha nada de especial. Mas aqueles dez pontinhos dispostos em círculos correspondiam a uma estrutura cristalina com uma “simetria de rotação de ordem 10” – e isso era totalmente contranatura. Uma tal estrutura nem sequer constava das Tabelas Internacionais de Cristalografia, a referência mundial na matéria. “Naquela altura”, refere o comunicado, a ciência estipulava liminarmente que um tal padrão cristalino era impossível.” 

Rejeição violenta

Nos cristais, a disposição dos átomos forma padrões geométricos regulares e repetitivos (o elemento de base pode ser cúbico ou hexagonal, por exemplo). Estes padrões dependem da composição química do cristal e conforme os casos, apresentam certas simetrias de rotação. Existem cristais com simetrias de ordem 3, 4 ou 6, em que cada átomo está rodeado de 3, 4 ou 6 átomos, respectivamente, todos a igual distância uns dos outros.

A ordem da simetria é revelada quando a imagem dos átomos destes cristais (os pontinhos luminosos) é rodada de forma a ficar perfeitamente sobreposta à imagem inicial: se for preciso uma rotação de 120 graus isso assinala uma simetria de ordem 3, se bastar uma rotação de 90 graus, a simetria é de ordem quatro e se for de apenas 60 graus indica uma simetria de ordem 6.

Os cristais com simetrias de rotação de ordem 5, 7 ou 10 eram considerados impossíveis porque isso tornaria desiguais as distâncias entre os átomos, gerando um padrão regular mas não repetitivo – e violando assim uma regra de base da cristalografia – a de que os padrões cristalinos se repetem ao infinito iguais a si próprios.

E no entanto, a imagem que Shechtman tinha obtido nessa manhã de Abril 1982 apresentava uma simetria de ordem 10: bastava rodá-la 36 graus (um décimo de uma volta completa de 360 graus), para a imagem rodada se sobrepor perfeitamente à imagem inicial. No seu caderno, o cientista escreveu: ‘Ordem 10???’” Estava perplexo.

Para mais, quando Shechtman analisou com mais pormenor a estrutura geométrica do cristal que tinha entre mãos, descobriu que, na realidade, ela apresentava uma simetria de ordem 5 – algo igualmente impossível.

Depois de ter excluído que se pudesse tratar de um erro experimental, Shechtman falou aos seus colegas da sua descoberta. A reacção foi violenta: Shechtman foi ridicularizado, o seu chefe mandou-o ler melhor os manuais de cristalografia e até o quis expulsar do laboratório.

Mas Shechtman, convencido de que tinha razão, não desistiu e, nos meses que se seguiram, vários especialistas também perceberam que a sua descoberta iria mudar para sempre a visão científica dos sólidos cristalinos: o israelita Ilan Blech, ex-colega do Technion, onde Shechtman tinha estudado, o norte-americano John Cahn, físico de renome que o tinha convidado a trabalhar no NIST e o cristalógrafo francês Denis Gratias. Juntos publicavam, em Novembro de 1984, na revista Physical Review Letters, um artigo “que teve o efeito de uma bomba”, lê-se ainda no comunicado Nobel, porque “punha em causa uma verdade fundamental [da cristalografia]: que todos os cristais são feitos de padrões periódicos, repetitivos.”A partir daí, os cristalógrafos começaram literalmente a tirar das suas gavetas imagens semelhantes às de Shechtman que tinham descartado por as terem interpretado como sendo o resultado de erros laboratoriais de fabrico dos seus materiais. Simetrias de ordem 8 e 12 foram assim ser reconhecidas à luz dos resultados de Shechtman.

Mosaicos árabes e matemática

Shechtman continuava contudo sem saber exactamente como os átomos estavam dispostos no material que tinha analisado. Essa parte do enigma seria resolvida em paralelo com a ajuda da matemática.

Em meados dos anos 1970, o célebre matemático britânico Roger Penrose tinha criado um mosaico feito a partir de dois losangos de dimensões diferentes. Estes mosaicos não eram periódicos e o seus padrões não eram repetitivos. Diga-se de passagem que o mesmo tipo de padrões seria a seguir descoberto nos maravilhosos azulejos do Alhambra, em Granada, e em monumentos do século XIII no Irão, sugerindo que os matemáticos ocidentais do século XX não foram os primeiros a inventá-los... 

Seja como for, sem nada saber do trabalho de Shechtman, o cristalógrafo britânico Alan MacKay teve por seu lado a ideia de utilizar o mosaico de Penrose para ver se, no mundo real, os átomos poderiam criar padrões do mesmo tipo. Basicamente, pegou numa imagem do mosaico de Penrose e furou buraquinhos nas intersecções dos losangos para representar os átomos. E quando projectou luz no seu modelo para obter aquilo que os especialistas chamam uma “imagem de difracção”, descobriu um padrão composto de ... círculos concêntricos com dez pontinhos cada!

Quem fez a ponte entre os resultados de Shechtman e os de MacKay foram os físicos norte-americanos Paul Steinhardt e Dov Levine. Perceberam que o modelo de MacKay existia no mundo real – muito precisamente, no laboratório de Shechtman – e publicaram, na noite de Natal de 1984, um artigo que fazia a síntese das duas descobertas e dava aos novos cristais o nome de “quase-cristais”.

 

Via Público



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Quarta-feira, 05.10.11

981 asteróides de grande dimensão ameaçam a Terra

 

Dos quase 20.000 asteróides que rondam o planeta, cerca de 981 são muito perigosos. Alguns  poderão ter mais de 10 quilómetros de diâmetro, semelhantes aos que causaram a extinção dos dinossauros há milhões de anos.

 

Na hipótese de colisão de um asteróide com o planeta, toda a Terra seria afetada

Afinal, os asteróides entre 100 e 1.000 metros de diâmetro que rondam o planeta não são 35.000, como era suposto, mas sim apenas cerca de 20.000. O risco de colisão também é mais pequeno do que era estimado até agora. O problema é que 981 (pensava-se que fossem 1000) são de grandes dimensões e podem, de facto, chegar a ameaçar a Terra.

 

As novas observações desses corpos celestes - que orbitam a uma distância máxima do sol de 195 milhões de quilómetros e se aproximam da órbita terrestre - foram feitas pelo satélite Wise, da NASA, que observou mais de 100.000 asteróides na cintura entre Marte e Júpiter, 585 dos quais estão próximos da Terra.

 

Os resultados  do estudo dirigidos pelo cientista Amy Maizer, investigador da NASA, foram publicados no "Astrophysical Journal". 

 

NASA localizou 90% dos 981 asteróides de grande dimensão

 

"Este programa permite-nos fazer uma mostra mais completa da quantidade de asteróides que rondam a Terra e estimar da forma mais precisa possível a sua população total", enfatizou Amy Mainzer.

 

A NASA, em colaboração com outros organismos, localizou mais de 90% dos 981 asteróides de grande tamanho. Ou seja, 911.

 

O estudo permite concluir que o risco de colisão com a Terra é inferior ao que se pensava. No entanto, a maior parte desses asteróides, ou seja, cerca de 15.000, está ainda por descobrir. O que significa que são necessários mais estudos para avaliar o risco que representam. 

 

Recorde-se que os dinossauros foram extintos há milhões de ano devido - a teoria mais corrente - à colisão de um asteróide de mais de 10 quilómetros de diâmetro com a Terra. Acredita-se que muitos dos 981 asteróides que rondam o planeta terão dimensão semelhante. 

 

Via Expresso



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Terça-feira, 04.10.11
Afinal de contas ainda não é desta que a Apple lança o iPhone 5
Afinal de contas ainda não é desta que a Apple lança o iPhone 5
Paul Sakuma/AP

 

Sem Steve Jobs no palco, Apple apresentou hoje o novo iPhone 4S que já irá correr a última versão do sistema operativo para dispositivos móveis.

Se tradição for respeitada pela Apple, os fãs incondicionais da tecnológica norte-amerciana terão de esperar mais alguns meses pelo iPhone 5.

Ao contrário do que tinham avançado alguns blogues de tecnologia e diversas publicações especializadas, hoje a empresa criada por Steve Jobs anunciou apenas uma versão intermédia do smartphone da moda. Mas não faltam novidades neste modelo.

 

O iPhone 4S virá equipado com um novo processador com dois núcleos, o A5, que segundo a Apple melhora consideravelmente o desempenho a nível gráfico.

 

A bateria do iPhone 4S, informa a Apple, tem uma autonomia de oito horas em conversação e seis horas a navegar na Net (nove horas se se estiver com acesso WiFI). Na visualização de vídeos a bateria só precisa de ser recarregada ao fim de dez horas e a ouvir música aguenta 40 horas.

Em Portugal lá para o Natal

O iPhone 4S inclui ainda um novo sistema de gestão de redes sem fios que permite, de uma forma transparente para o utilizador, enviar dados por uma antena e recebê-los por outra. Resultado: downloads duas vezes mais rápidos do que no seu antecessor. Segundo a Apple passa de 7.2 para 14.4 megabits por segundo.

 

Quem decida investir num 4S vai poder desfrutar de uma câmara com 8 megapixéis (3264x2448 pixéis), composta por cinco elementos (lentes), que deverá permitir captar fotografias 30% mais definidas. A Apple garante ainda que será preciso apenas 1.1 segundos para poder fazer o primeiro disparo.

 

O iPhone 4S chega às lojas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido, França e Alemanha a 14 de outubro. Quem subscrever um contrato de permanência de 24 meses com uma operadora móvel terá de pagar 199,32 dólares (€149,7) pela versão com 16GB de memória, 299 dólares (€225) pela de 32GB e 399 dólares (€299,6) pela de 64GB. Até ao Natal deverá chegar também a Portugal.



 

Via Expresso



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Quinta-feira, 22.09.11
Assumir a ideia que existia um único gene capaz de controlar o envelhecimento é simplista
Assumir a ideia que existia um único gene capaz de controlar o envelhecimento é simplista (Daniel Rocha (arquivo)) 
A investigação de Filipe Gomes Cabreiro foi publicada na Nature e destrói a relação íntima que se pensava existir entre as sirtuínas e a longevidade. Cai por terra também a ideia abraçada pelo mundo dos cosméticos que o resveratrol (produto natural encontrado no vinho tinto) é capaz de hiperactivar esta enzima, perdendo assim os seus super poderes no atraso do processo de envelhecimento. O investigador português a trabalhar no University College London participou no estudo que poderá ser a machadada final no conceito criado no século XXI da existência do chamado “gene de longevidade”.

Os primeiros resultados divulgados sobre as sirtuínas (por Sinclair e Guarente) referiam que a sua sobre-expressão era capaz de aumentar a longevidade e também que estas eram necessárias para os efeitos de restrição calórica [capaz de atrasar o envelhecimento]. 

Por outro lado, demonstravam também que o resveratrol activava as sirtuínas e, consequentemente, aumentava a longevidade. Tudo isto foi comprovado primeiro no modelo da levedura e, mais tarde, em vermes (C. elegans) e moscas (Drosophila). No caso do verme sustentava-se mesmo que a activação de sirtuínas podia levar estes a viver 50 por cento mais tempo. O popular gene das sirtuínas acabou por ficar conhecido como “gene da longevidade”, tal era o seu promissor potencial.

Porém, o trabalho de outros grupos de investigação fez perceber que, afinal, as sirtuínas não eram necessárias para o desejado efeito de restrição calórica na levedura e que não era claro que o resveratrol activasse as sirtuínas. O castelo de cartas começava a cair. Outras investigações feitas mais tarde provaram também que o resveratrol não aumentava a longevidade nos vermes ou nas moscas e que as sirtuínas não eram necessárias para a restrição calórica nos vermes. Mais um ataque ao conceito inicialmente proposto. 

Agora, o trabalho apresentado por Filipe Gomes Cabreiro na Nature – com colegas da UCL, da Universidade de Washington (Seattle), e da Universidade de Semmelweis (Budapeste) - acaba por destruir o pouco que restava. “Mostramos que de facto a manipulação deste gene não promove a longevidade quer da mosca quer do verme, que o resveratrol não activa a sirtuínas da mosca e que as sirtuínas não são necessárias para a restrição calórica nestes organismos”, resume o investigador ao PÚBLICO, numa resposta por email.

Assim, a única informação que parece ainda permanecer de pé é que a sobre-expressão desta enzima aumenta a longevidade na levedura. “Contudo, estudos recentes não publicados mostram que a sobre-expressão desta enzima aumenta a longevidade apenas da levedura (Budding yeast) mas não da Fission Yeast (que possui processos biológicos mais semelhantes aos processos humanos)”, explica Filipe Cabreiro. 

Ao longo dos últimos anos, as sirtuínas tornaram-se num “produto” muito apetecível. Aliás, a empresa ligada a esta descoberta foi comprada em 2003 pela farmacêutica Glaxo SmithKline por 720 milhões de dólares. O objectivo seria o desenvolvimento de produtos anti-envelhecimento e drogas que prevenissem doenças associadas ao envelhecimento, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e mesmo cancro. 

O alegado papel do resveratrol também tem sido explorado (no mundo dos cosméticos, por exemplo). Vários cremes anti-envelhecimento foram lançados no mercado contendo o produto natural encontrado no vinho tinto e supostamente um activador das sirtuínas. É o fim deste negócio? “O envelhecimento é multi-factorial. Assumir a ideia vendida por estes papersque existia um único gene capaz de controlar o envelhecimento era de facto muito simplista. Este estudo, conjuntamente com os anteriores põe de facto em causa todos os produtos que tinham como alvo as sirtuínas de forma a retardar o envelhecimento. Não só as sirtuínas não têm nenhum efeito na longevidade como para além disso o resveratrol, apesar de ter benefícios, não activa as sirtuínas. Contudo, não excluímos que o resveratrol tenha outros benefícios, mas estes não são mediados pelas sirtuínas e mesmo que fossem estas não teriam o efeito desejado e esperado com base nas anteriores descobertas”, responde Filipe Cabreiro.

 

Via Público



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Terça-feira, 20.09.11

A especulação em torno dos catastróficos efeitos da passagem do cometa Elenin, a 16 de outubro, não passam de um fenómeno recorrente de devaneio coletivo ao qual a Internet oferece um palco do tamanho do mundo.

Trajetória do cometa Elenin calculada pela NASA
Trajetória do cometa Elenin calculada pela NASA


Terramotos, furacões, tsunamis, chuva de meteoros, construção de abrigos subterrâneos na Rússia, compra de kit´s de sobrevivência ou comparações ao hipotético Planeta X são algumas das informações veiculadas na Internet relacionadas com a passagem do cometa Elenin pela Terra.

 

Segundo cálculos da NASA, o Elenin, cometa detetado a 10 de dezembro de 2010 por Leonid Elenin (Lyubertsy, Rússia) e cujo nome científico é C/2010 X1 , atingirá a máxima aproximação da Terra no próximo dia 16 de outubro.

 

"O que posso dizer para já é que não há perigo algum com a passagem do cometa Elenin, porque vai passar muito longe", disse, em entrevista à Lusa o investigador Nuno Peixinho, do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra e do Centro de Física Computacional.

 

Aquele cientista refere ainda que não haverá perigo do Elenin tapar o sol, porque para o conseguir teria de estar a 400 quilómetros de distância da Terra e aquele corpo celeste vai passar a uma distância de 35 milhões de quilómetros, o que equivale quase 100 vezes a distância da Terra à Lua.

 

"Seria a mesma coisa que um mosquito passar entre nós e o sol, não o vemos", exemplifica o especialista da área da Astronomia, desmistificando também a ideia divulgada na Internet que o Elenin facilite o aparecimento de catástrofes naturais, como tsunamis, porque simplesmente a força da gravidade exercida sobre a Terra pelo cometa "é mínima", sendo, na prática, essencialmente nula.

Disparates e mais disparates

Mas o fenómeno na Internet sobre o cometa Elenin é de tal ordem que até já se compara aquela bola de gelo sujo com um diâmetro entre os três e os cinco quilómetros, a uns eventuais Planeta X ou ao Planeta Vermelho, recorrendo a místicas interpretações de antigas hipóteses científicas já há muito refutadas.

 

A chegada de uma nave espacial com uma civilização alienígena também são conjeturas que se podem ler em vários sítios da Internet quando se faz uma pesquisa por "cometa Elenin" e há sítios virtuais que referem que os russos decidiram aumentar o número de abrigos em bases subterrâneas como um plano de emergência à passagem do Elenin.

 

Há outros sítios na Internet que indicam que a NASA está num nível de alerta máximo e que a FEMA (Federal Emergency Management Agency ), começou a instalar câmaras de vigilância nos EUA para capturar a "queda de meteoritos".

NASA explica

Para esclarecer dúvidas, a NASA divulgou recentemente, no seu sítio da Internet, um comunicado intitulado: "Cometa Elenin não ameaça a Terra ".

 

O cientista Don Yeomans, que trabalha na NASA, afirma que se tem "verificado especulações incorretas na Internet sobre o alinhamento do cometa Elenin com outros corpos celestiais".

 

No documento da NASA lê-se também que o tamanho do cometa é "modesto", apresentando um diâmetro entre três a cinco quilómetros, e que não oferece "ameaça à Terra".

 

O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto também defende que a passagem do cometa não terá "nenhuma influência na Terra", nem "causará escuridão", porque o cometa nem sequer "cruzará o disco solar e mesmo que cruzasse é tão pequeno e está tão longe que não se notaria diferença no brilho aparente do Sol".

 

"Os cometas são objetos muito pouco densos - são uma mistura de rocha e gelo - e não têm nenhum tipo de influência gravitacional significativa" sobre nós, esclarece Nelma Alas, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto.

 

O Núcleo de Divulgação do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (NDCAUP), informa ainda que nem sequer se sabe ainda se o cometa Elenin será visível a olho nu no céu noturno.

 

"Pensa-se que com uns bons binóculos se conseguirá observar, mas é claro que também é necessário um bom céu - sem nuvens e sem poluição luminosa", indica Nelma Silva, do NDCAU, recordando, por exemplo, que o cometa Hale-Boop, o mais brilhante das últimas décadas, foi bem visível em 1997 a olho nu.


DE ONDE VÊM OS COMETAS? (EM INGLÊS)

 

Via Expresso


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