Segunda-feira, 25.06.12

OS TRUQUES DOS PORTUGUESES PARA GASTAR MENOS NAS FÉRIAS

Os portugueses vão viajar menos e para destinos mais próximos este verão, gastando menos e passando menos dias fora, na confirmação de tendências dos últimos meses, disseram à Lusa vários elementos do setor das agências de viagem.

«É verdade que os portugueses estão a gerir o menor rendimento disponível indo para férias mais baratas, concretamente optando por períodos mais curtos, mais do que quebras de quantidade e, portanto, optam por períodos mais curtos para pagarem menos», disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, que admite que as quedas destas empresas podem vir a atingir os dois dígitos.

Ainda assim, Pedro Costa Ferreira acredita que a redução vai ser mais ao nível da faturação do que ao nível de passageiros, o que significa que as pessoas vão continuar a fazer férias, mas vão escolher destinos ou formas mais baratas, algo a que as agências têm estado sensíveis, apresentando propostas «com preços mais razoáveis».

Não deixam de ir de férias, mas vão para mais perto e por menos tempoFonte da Agência Abreu explicou, em resposta a questões colocadas pela Lusa, que se está a assistir «à confirmação de tendências que emergiram nos dois últimos anos, menos tempo de viagem e maior procura do turismo interno», do Algarve à Madeira e Açores.

Por seu lado, a Top Atlântico, em respostas escritas, afirmou que, de 2011 para este ano, as alterações de comportamento sentiram-se «no reajustamento das férias dos portugueses, tanto ao nível do número de viagens por ano (uma em vez de duas ou três), como ao nível do crescimento de procura de destinos de proximidade, não tão procurados anteriormente, como as ilhas espanholas».

Porém, a mesma fonte da Top Atlântico realçou não estar a verificar um crescimento do destino Portugal «em detrimento de destinos no estrangeiro».

A Abreu disse estar «praticamente em linha quanto ao número de reservas, o que não deixa de ser relevante», tendo em conta a situação conjuntural.

«Parece haver uma tendência grande, que nós saudamos, para escolhas de destinos em Portugal, que é também uma tendência expectável. Isso pode provocar uma menor quebra na hotelaria nacional, sendo certo que os números que existem de turistas nacionais registam, neste momento, quebras muito grandes», explicou Pedro Costa Ferreira.

A nível de destinos, depois da experiência que foi a Páscoa, há oferta para os vários gostos, explicam os diversos intervenientes, desde o Algarve ao sul de Espanha, passando por Marrocos e Tunísia (em «franca recuperação», segundo a Abreu), até Cabo Verde, que continua «líder» no médio curso, disse o presidente da APAVT.

«Nota sublinhada também, «puxada» pelos preços baixos, para a procura de cruzeiros (sobretudo no Mediterrâneo), circuitos europeus (nalguns casos combinando com cruzeiros) e cidades europeias», acrescentou a Agência Abreu, sublinhando que Miami, através da TAP, e destinos como a Índia têm também despertado interesse no mercado nacional.


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Quinta-feira, 21.06.12

MERKEL CONSIDERA «IMPRESSIONANTES» MEDIDAS TOMADAS POR PORTUGAL

 

Angela Merkel considerou esta quarta-feira «impressionantes os passos que Portugal, Espanha e Itália deram» para aumentar a competitividade no mercado mundial, e voltou a sublinhar que a austeridade é tão importante como o crescimento económico.

«O crescimento sustentável não é possível sem a consolidação orçamental», disse a chanceler alemã em Berlim, após uma reunião com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, para preparar o Conselho Europeu de 28 e 29 de junho, em Bruxelas.

Merkel lembrou, citada pela Lusa, que na referida cimeira deverá ser aprovada uma agenda para o crescimento na Zona Euro, que incluirá o combate ao desemprego, vincando também que «é importante que o crescimento seja orientado para aumentar a competitividade» da Europa face a outros mercados mundiais.

Chanceler alemã diz que austeridade é «tão importante como crescimento económico»A responsável voltou a manifestar o seu apoio ao requerimento que a Espanha anunciou que irá apresentar para financiar a sua banca através do fundo de resgate europeu, lembrando que melhorar a supervisão dos bancos é uma das medidas que a Zona Euro terá de tomar, «passo a passo», para evitar erros cometidos anteriormente.

É importante também que o requerimento do Governo espanhol «seja especificado e que os mercados saibam o que realmente representa», advertiu.

«Só assim se pode recuperar a confiança na Zona Euro, e é sobretudo de confiança que a Zona Euro precisa», disse ainda a chefe do Governo alemão.

Convidada a comentar notícias saídas hoje na imprensa internacional sobre uma eventual compra de dívida pública espanhola da Espanha e da Itália através do atual e do futuro fundo de resgate, no montante de 750 mil milhões de euros, a chanceler garantiu que «não há planos concretos» nesse sentido.

Mas lembrou que no atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e no futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) está prevista a compra de títulos da dívida pública de países do euro no mercado secundário, «sob determinadas condições».

Rutte manifestou apoio à política de austeridade defendida por Berlim, e advertiu que a Holanda, a Alemanha ou a Finlândia, apesar de terem uma boa situação financeira, só poderão continuar a ajudar os países mais endividados do sul da Europa «se estes respeitarem os compromissos que assumiram».

 

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Terça-feira, 05.06.12

PSP operações stop

 

No caso de os condutores terem dívidas fiscais podem ver o seu carro apreendido por elementos das Finanças

 



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Quinta-feira, 31.05.12

«As famílias precisam de ajuda já! Todos os dias há famílias a perderem as suas casas». O apelo é de Natália Nunes, da DECO, feito à AF. Em resposta, todos os partidos vão discutir a 8 de junho no Parlamento alterações temporárias às regras do crédito habitação no caso de sobreendividamento das famílias.


Em cima da mesa estarão medidas mais ou menos consensuais e que passam por dar, a quem ficou no desemprego ou sofreu uma quebra acentuada do seu rendimento, alternativas à devolução da casa ao banco. 

No rol de medidas, todos os partidos querem limitar o aumento dospread (margem de lucro do banco) em caso de divórcio, viuvez ou desemprego, ao mesmo tempo que defendem a moratória. Os sociais-democratas propõem que famílias onde, pelo menos, um dos elementos esteja no desemprego, que se deparem com uma taxa de esforço no crédito acima dos 45% e um rendimento anual bruto do agregado, no momento do incumprimento, inferior a 25 mil euros, possam ficar entre 6 a 18 meses sem pagar prestações ou ficar até 4 anos só a pagar juros com um spread de 0,25%. Nestas circunstâncias, o prazo do empréstimo pode ser alargado até o devedor ter 75 anos e o banco não poderá cobrar comissões adicionais.

Desempregados e famílias em crise vão ter alternativas para pagar o crédito habitaçãoO Bloco, por exemplo, defende uma moratória, total ou parcial, mais alargada: por um período até 24 meses, sem que as condições do crédito sejam revistas.

entrega da casa ao banco será então uma medida-limite. O PSD quer que esta pague a dívida quando o imóvel em causa seja a única habitação da família, que o valor da casa não seja superior a 250 mil euros e que o valor da avaliação da casa e das prestações pagas não seja igual ou superior ao valor do empréstimo inicial. O devedor pode ainda retomar a casa se pagar as prestações vencidas, juros de mora e as despesas do processo, querem sociais-democratas e socialistas.

O PS defende, no entanto, que, para os desempregados, o valor fiscal do imóvel não pode exceder os 200 mil euros e, em situações de quebra acentuada no rendimento, o valor da habitação não pode superar os 300 mil. 

Já o BE considera que o valor da casa não conta para esta equação. A devolução da habitação deve acontecer quando a moratória não é já uma «solução viável» ou numa «situação avançada de execução da hipoteca». Uma situação a considerar para quem está desempregado e tem uma taxa de esforço acima de 50%. Depois da moratória, se o devedor não conseguir pagar as prestações, o Bloco quer obrigar os bancos a aceitar o imóvel, se este for a única habitação permanente. 

O devedor poderá ainda optar por arrendar a casa ou pela permuta de outra mais barata. Neste último caso, o PSD quer limitar condições na lei: o novo imóvel terá de ficar, no máximo, a 15 km de distância em linha reta, dimensão e em estado de conservação equivalentes. Esta via não será uma opção para o banco, mas antes uma obrigação. 

Uma medida consensual, ao contrário do fundo de garantia, no valor de 150 milhões de euros, proposto pelo PS. Um mecanismo que seria idêntico a um seguro de crédito habitação, sendo pago pelo banco e pelo devedor.

O PS defende, ainda, a resolução do contrato se três prestações vencidas não forem pagas e que o reembolso do Plano Poupança Reforma ou Plano Poupança Educação possa pagar prestações sem penalizações fiscais.

PS e PSD defendem ainda a necessidade de dar prioridade ao crédito habitação quando há outras dívidas.

Já o CDS, que entregará a sua proposta a 1 de junho, está mais preocupado na prevenção de casos críticos. Os democratas-cristãos defendem a obrigatoriedade de uma reunião para reanálise do crédito, antecipando «riscos de incumprimento», e quando se justifique, que o banco apresente soluções para evitar a entrada do contrato de crédito em mora». O CDS defende ainda a definição de um manual de boas práticas e alteração à lei das penhoras.

 

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Sábado, 26.05.12

Um homem de 60 anos e uma mulher de 90 morreram esta quinta-feira, na Grécia, quando se atiraram do telhado do prédio de cinco andares onde viviam juntos em Atenas.


Segundo testemunhas citadas pelo «El Mundo», mãe e filho saltaram de mãos dadas. De acordo com o «The Huffington Post», ambos vivam da reforma de 340 euros da mãe, porque o flho, músico, estava desempregado há dois anos.

No site «Stoixoi.info» ficou registada a última mensagem do suicida: «O meu nome é Antonis Perris. Durante 20 anos, cuidei da minha mãe, de 90 anos. Desde há três ou quatro anos que ela sofre de Alzheimer e foi-lhe recentemente diagnosticada esquizofrenia e outros problemas de saúde. Os lares de idosos não aceitam pacientes assim. O problema é que eu não estava preparado e não tinha emprego quando a crise económica chegou. Apesar de ter propriedades e de ter vendido tudo o que pude, fiquei sem dinheiro e não tenho nada para comer. Recentemente, comecei a ter sérios problemas de saúde. Não encontro nenhuma solução. Tenho propriedades, mas não tenho dinheiro efetivo, o que significa que não tenho comida. Alguém conhece uma solução?»

Homem de 60 anos deixou uma mensagem. Meios de comunicação social gregos noticiam casos destes quase todos os diasOs suicídios devido às dificuldades económicas têm sido notícia nos meios de comunicação social gregos praticamente todos os dias. Antes da crise, a Grécia tinha uma das taxas de suicídio mais baixas do mundo: 2.8 por cada 100 mil habitantes. O governo admitiu um aumento de 40 por cento no primeiro semestre de 2010, mas não divulgou mais dados oficiais. Segundo a Reuters, vários especialistas acreditam que esta taxa duplicou para os 5 suicídios por cada 100 mil habitantes.

«A crise tem aumentado o sentimento de culpa, a perda de auto-estima e a humilhação para muitos gregos. As pessoas não querem ser um fardo para ninguém e cresce a sensação de desamparo. Alguns desenvolvem um atitude de ódio próprio que conduz à auto-destruição. É isto que justifica o aumento dos suicídios e das tentativas de suicídio. Estamos a assistir a uma nova categoria: os suicídios políticos», explicou à Reuters o psicanalista Nikos Sideris.

 

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Domingo, 13.05.12

Passos Coelho e a mulher no momento em que um grupo de pessoas o apupou

Passos Coelho e a mulher no momento em que um grupo de pessoas o apupou (Enric Vives-Rubio)

 

O primeiro-ministro foi esta tarde à Feira do Livro de Lisboa com a mulher, numa visita que se pretendia particular e informal. Deteve-se demoradamente nos pavilhões e comprou livros, acompanhado pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco Viegas, e pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Miguel Freitas da Costa. Mas não saiu de lá sem ser vaiado.

 

O passeio foi quase perfeito até aos últimos 20 minutos, quando algumas dezenas de indignados, que estavam concentrados desde a véspera num dos lados do Parque Eduardo VII, o vaiaram exibindo cartazes.

Passos Coelho não se descompôs e até dialogou por instantes com uma representante dos manifestantes, para nervosismo dos seguranças pessoais e da força policial que surgiu do nada. 

A contestação subiu de tom, as palavras de ordem tornaram-se mais agressivas (“Fora, fora daqui, a fome, a miséria e o FMI”, “Passos, ladrão, o teu lugar é na prisão”, “Quem deve aqui dinheiro é o banqueiro”) e o primeiro-ministro desistiu: “Debate e diálogo, sim, mas não nestas condições.” Pouco depois entrava no automóvel oficial e abandonava a Feira do Livro.

Passos Coelho chegou ao Parque pelas quatro horas, pouco depois de terem sido largados mil balões amarelos sobre o Marquês de Pombal. O gesto parecia ser para ele, mas não – era uma das iniciativas programadas no âmbito da Feira, que termina este domingo.

“Como foi este ano?”, perguntou de rajada ao secretário-geral da APEL. A conversa evoluiu depois para as datas do evento e os resultados de negócio, não sem antes esclarecer que tinha decidido, fora de qualquer agenda, aproveitar o último dia para a visitar.

Livros é algo que, por estes tempos, o primeiro-ministro pouco lê. A última leitura, disse, foi uma obra sobre Singapura e as suas enormes transformações económicas e sociais. A mulher, Laura Ferreira, confirmaria mais tarde ao PÚBLICO que os dossiês da governação não deixavam espaço para outras leituras: “Antes, ele lia vários livros ao mesmo tempo, mas agora é impossível. De vez em quando, alugamos um filme para descontrair.”

“Os homens nascem sem alma”, de Jorge Augusto Vieira, é o primeiro título a chamar a atenção de Passos Coelho e a suscitar um comentário bem-humorado: “Espero que não nasçam muitos nessa condição...” Decide comprá-lo conjuntamente com outro de poesia (“Jaca em escamas”, de Isabel de Santiago) e faz questão de os pagar, sem esquecer o respectivo recibo. Para as filhas escolheu, mais à frente, “Onde vivem os monstros”, de Maurice Sendak e “Adoro chocolates”, de Davide Cali. E perguntou a Francisco Viegas onde poderia adquirir os livros da Mafalda, que “as minhas filhas adoram”.

Num roteiro orientado pelo secretário de Estado da Cultura, Passos Coelho foi circulando pelo recinto, de pavilhão em pavilhão, sempre sem pressa e perante a indiferença ou a vaga curiosidade de quem passava. Zita Seabra, da Aletheia, ofereceu-lhe “Os Cantos”, obra de Maria Filomena Mónica, que apresentou como uma obra sobre “o maior e mais visionário empresário dos Açores”. 

O encontro com Ricardo Araújo Pereira e José Diogo Quintela (do grupo humorístico Gato Fedorento) proporcionou ao primeiro-ministro o elogio da crítica e da autocrítica: “Fazem muita falta e são sempre boas.” Não podia adivinhar que seria submetido a essa prova pouco depois.

 

Retirado do Público



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Sábado, 28.04.12

Universidade de Coimbra é uma das que escreveram cartas aos devedoresUniversidade de Coimbra é uma das que escreveram cartas aos devedores (Foto: Nelson Garrido)


Dezenas de recém-licenciados podem ver os seus graus anulados por causa da existência de propinas em atraso. As universidades estão a fazer um esforço para recuperar milhões de euros de dívidas existentes. Nas últimas semanas, enviaram cartas aos antigos alunos dando-lhes uma última oportunidade para regularizarem a situação. Caso não a resolvam, podem ser alvo de penhoras ou, em último caso, ver cancelados os actos curriculares relativos a esses anos lectivos.

 

Nas três instituições que disponibilizaram os valores em dívida, a verba chega aos 3,6 milhões de euros. Na Universidade do Minho, Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Coimbra há mais de 4500 antigos alunos em incumprimento. As universidades estão a cobrar uma taxa de juro de mora, aplicável às dívidas ao Estado, e cujo actual quadro legal fica em 1% ao mês, até um máximo de 7%. A Associação Académica de Coimbra defendeu um perdão de juros, mas a reitoria da universidade mais antiga do país recusa essa possibilidade.

 

Via Público



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Sábado, 21.04.12
Chico Buarque no Coliseu do Porto, em 2006
Chico Buarque no Coliseu do Porto, em 2006 (Foto: Paulo Pimenta)
Os cinco concertos de Chico Buarque anunciados para Portugal estão ameaçados por razões económicas, soube o PÚBLICO.

A sobrevalorização do real face ao euro obrigou os representantes do cantor brasileiro a procurar eventuais patrocínios junto de empresas portuguesas, para viabilizar os concertos, mas esses contactos, iniciados há cerca de três meses, não deram qualquer resultado.

A notícia foi confirmada pelo PÚBLICO junto do assessor de imprensa do artista, Mário Canivello, que adiantou que “se até ao início de Maio” não houver qualquer evolução, os concertos em Portugal serão cancelados.

Portugal seria o único destino internacional da tournée do espectáculo onde o cantor tem vindo a apresentar o seu mais recente disco, “Chico”, lançado em 2011. O espectáculo, que já foi visto no Brasil por cerca de 200 mil pessoas, em seis cidades, terá ainda mais quatro apresentações: Recife, Fortaleza, Natal e Brasília. Este último seria em Agosto, pouco antes dos cinco concertos em Portugal, planeados para a primeira quinzena de Setembro nos coliseus de Lisboa e Porto. Mas se estes acabarem por ser cancelados, o concerto de Brasília será antecipado para Junho e fechará definitivamente a tournée.

Chico Buarque de Hollanda, um dos maiores compositores da história da música brasileira, apresentou-se pela última vez em Portugal em 2006, no casino de Espinho e nos coliseus de Lisboa e Porto. Um total de nove concertos com lotações esgotadas onde, após 13 anos de ausência dos palco portugueses, apresentou o disco “Carioca”.

 

Retirado do Público



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Quarta-feira, 18.04.12

Rei de Espanha caça elefantes

 

Depois de ver a fotografia infeliz do rei Juan Carlos ( aparentemente feliz em 2006), de caçadeira em riste, com um elefante morto atrás de si com a tromba dobrada  e colocada propositadamente - em jeito de troféu - de encontro a uma árvore, o mínimo em termos de sofrimento que desejo a este senhor são as múltiplas fracturas na anca a que teve direito ao cair de rabiosque no chão, há poucos dias, em pleno acampamento de caça grossa. Por mim podia ter partido a real tromba, ser atropelado por uma manada de elefantes em fuga ou servir de entrada à ceia de meia dúzia de leopardos. Dormia (eu, e não o rei) bem mais descansado.

 

A proprietária do acampamento onde Juan Carlos deu o tombo - a empresa Rann Safaris - cobra milhares para que este tipo de pessoas goze com a vida, neste caso regozije com a morte, imputada de forma facínora e cruel a diferentes animais selvagens que têm oportunidade nula de se defenderem. É caso para perguntar: quem é o selvagem, o elefante ou o rei? Cobarde. Um verdadeiro nojo.

 

A mesma empresa oferece pacotes de diversão/massacres selvagens que vão de safaris de 14 dias para caçar elefantes no Botswana ao preço de 59.500 dólares, 14 dias de safari para caçar leopardos por 46.900 dólares ou ainda 14 dias para caçar búfalos a 29.120 dólares. O rei nuestro hermano parece adorar este tipo de pacotes pois figura numa outra foto divulgada de espingarda na mão junto ao corpo já sem vida de dois búfalos. Haja dinheiro (crise? o que é isso?), falta de humanidade e sobretudo excesso de estupidez. Curiosamente, ou não, poucos minutos após a publicação desta informação a página principal da Rann Safaris foi bloqueada : 'This Account Has Been Suspended'.

 

Até há algum tempo achava que as famílias reais europeias mantinham a função (paga e bem pelos contribuintes dos países que ainda sustentam esta pândega)  de animar os súbditos com historietas de faca e alguidar, imbecilidades, debilidades, escândalos e disparates. Mudei de opinião: esta gente não serve para rigorosamente nada.


Brigitte Bardot, em carta aberta ao rei de Espanha, foi clara: "É indecente, repugnante e indigno de uma pessoa com a sua responsabilidade. Você é a vergonha de Espanha". Nada a acrescentar.


Retirado do Expresso



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Terça-feira, 10.04.12
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Por cada dez desempregados dos serviços, quatro são do sector imobiliário

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Por cada dez desempregados dos serviços, quatro são do sector imobiliário

 (Foto: Rui Gaudêncio)

Quando se analisa de onde vieram os desempregados inscritos nos centros de emprego, verifica-se que a sua esmagadora maioria veio da construção e dos serviços afectados pela contracção da procura interna.

 

Desde que vigora o Plano de Assistência Financeira assinado com a troika, o desemprego disparou nos sectores mais dependentes da procura interna. De acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional de Fevereiro (que dava conta de 648.018 desempregados, mais 16% do que o mesmo mês do ano passado), quatro em cada cinco desempregados da indústria vieram da construção. E, entre os desempregados dos serviços, cerca de 80% trabalhavam no comércio, no imobiliário, no Estado ou na restauração e hotelaria. 

A conclusão retira-se da evolução dos números de desempregados registados nos centros de emprego, por sector de origem. Não são valores que reflictam os fluxos dos novos desempregados. O desemprego registado é um indicador do nível do desemprego, após todos os actos administrativos dos centros de emprego. Ou seja, após políticas activas de emprego, de formação profissional ou mesmo anulação de inscrição como desempregado. Apesar disso, os valores constituem uma amostra significativa da origem dos desempregados inscritos nos centros de emprego. 

A vantagem destes dados é que tornam possível traçar um retrato da actual crise, através dos níveis do desemprego sectorial. 

Primeiro, pelo perfil da anterior fase de subida do desemprego em 2009, tudo indica que o desemprego apenas começou agora a subir. O ponto de inflexão da trajectória ascendente parece ainda estar longe. Essa tendência é corroborada pelos fluxos de novos desempregados. Em Fevereiro passado, foram mais 60 mil pessoas, ou seja, mais 20% do que no mesmo período de 2011. 

Depois, verifica-se que é o desemprego nos serviços que está a marcar o desemprego registado nos centros de emprego. Enquanto na fase anterior de subida do desemprego, a indústria e os serviços contribuíram com um número semelhante para a subida do desemprego, agora o perfil é outro. 

Por cada dez desempregados inscritos em Fevereiro, sete vieram dos serviços e três da indústria. Mas a esmagadora maioria deste desemprego industrial não vem da indústria transformadora, mas sim da construção. Aliás, o sector industrial tem um contributo algo desigual. Enquanto o sector têxtil, vestuário, couro, madeira e cortiça e automóvel estão com recuo no desemprego face ao que se passou em 2011, há sectores que estão a alimentar o desemprego. É o caso do sector alimentar, mobiliário, metalúrgico e, depois em menos escala, o do papel, dos produtos petrolíferos e electricidade. 

Em terceiro lugar, além da construção civil, os sectores dos serviços que estão a contribuir, de sobremaneira, para a subida do desemprego registado vêm de actividades fortemente dependentes da procura da generalidade da população. 

Por cada dez desempregados dos serviços, quatro vieram do imobiliário, seguindo a queda da construção civil. Dois vieram do comércio, outros dois do Estado e mais um da restauração e hotelaria. 

Por outras palavras, a subida do desemprego mais recente pode estar a ser explicada, primeiro, pela queda do sector imobiliário, após a descida acentuada dos rendimentos, ligado ao desemprego. Depois, pela contracção das despesas públicas e pelos esforços de redução dos quadros de pessoal do Estado. E como corolário pela retracção das actividades comercial e restauração e hotelaria, agravadas ainda pelas medidas de austeridade. 

Este perfil de desemprego tem outra expressão quando se analisa as profissões dos desempregados. Cerca de 27% dos desempregados eram operários da indústria ou construção, a que se somam mais 5% de actividades de engenharia. Depois, cerca de 20% são trabalhadores não qualificados. Os trabalhadores de escritórios representam 10% dos desempregados. E há ainda mais 3% de trabalhadores com actividades geralmente ligadas a funções públicas - educação, saúde. 

O perfil é semelhante quando se analisa quais são as profissões com maiores subidas nos últimos meses. Os trabalhadores não qualificados e operários da indústria ou construção são os primeiros. O mesmo acontece com os vindos dos escritórios, dos serviços de protecção e segurança e vendedores. Nos quadros de direcção, enquanto o desemprego entre os quadros superiores da Função Pública parece ter-se atenuado, os directores de empresas e gerentes de pequenas empresas estão a contribuir para a subida do desemprego.

 

Via Público



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Domingo, 25.03.12

A crise chegou ao sexo

 

Contas para pagar, desemprego, falta de clientes, filhos a pedir brinquedos... A crise instalou-se nos lares portugueses e chegou ao quarto - e à cama. Falámos com casais, consultámos sexólogos, terapeutas e médicos e tentámos traçar o diagnóstico: afinal, como é que a austeridade está a afetar a nossa vida sexual? E como é que estamos a lidar com isso?

 

Quando decidiu pedir alteração do horário, a enfermeira Sandra queria mais tempo para investir na relação com o namorado. Cansada de sair sempre às 23h00 do centro de saúde madeirense onde trabalha, farta de não ter vida social e de perder sucessivamente concertos e peças de teatro, colocou a vida pessoal acima das exigências profissionais e aceitou perder quase duzentos euros no fim do mês - garantidos pelas horas de trabalho noturno - para ter tempo para Pedro, professor do ensino primário, que entra às nove e sai às seis. Arrependeu-se. O corte nos subsídios, o aumento da taxa de IRS e a prestação do carro baralharam-lhe as contas do final do mês.

 

Passou a sair mais cedo mas está longe de andar feliz. E o objetivo não foi alcançado: planeia cada vez menos programas a dois e o desaire financeiro fá-la ter cada vez menos vontade de se entregar à intimidade com o namorado. Rondam ambos os 30 anos, são funcionários públicos, não correm o risco de perder os empregos repentinamente e têm a vida pela frente. Mas pensar no futuro tornou-se doloroso. Sobretudo quando o presente não facilita a vida a dois. Pedro tem a matemática em dia e os cálculos feitos: sem subsídios de férias e de Natal, este ano vai perder cerca de quatro mil euros, úteis para pagar o mestrado em que se tinha inscrito e de que entretanto já desistiu. A relação tem quase dois anos, mas tem ultrapassado obstáculos e provações. Resistirá também à crise? «Sem dúvida», diz ele. «Agora damos mais valor ao tempo que passamos juntos.»

 

No entanto, o sexo é mesmo menos frequente. «A Sandra levanta-se às oito da manhã e trabalha o dia inteiro. À meia-noite quer dormir», diz ele. Não se veem todos os dias, mas não desistiram das saídas mesmo que os programas sejam cada vez mais low cost: desde jantar no hipermercado com happy houra partir das 22h30 - «é a única hipótese de continuarmos a jantar fora» até aproveitar as promoções para comprar presentes um ao outro, tudo tem de ser orçamentado e esquematizado. Sandra deixou de viajar e Pedro, natural de Mirandela, pela primeira vez não passou o Natal com os pais e decidiu ficar na ilha. Uma avaria no carro levou-lhe o dinheiro dos bilhetes. As contrariedades da vida diária deixam-nos sem vontade para se entregarem ao prazer, um peso comum a tantos casais nacionais que, sem conseguirem fugir à crise, se deixam afetar e acabam por cortar numa das poucas atividades sem custos, que pode até diminuir níveis de stress e ajudar ao controlo da ansiedade: o sexo.

 

«Quando a vida funcional deixa de ser estável, obviamente vai atrapalhar a vida emocional», confirma a psicóloga e terapeuta de casais Celina Coelho de Almeida. «Quando os casais percebem que não têm dinheiro para pagar as despesas têm de cortar numa série de coisas importantes para a sua dinâmica. As pessoas podem ficar mais fechadas, mais pessimistas e, portanto, menos disponíveis para a relação. E isto provoca um choque e uma readaptação.» Ou seja: um casal com uma boa estrutura, feita de cumplicidade e intimidade, será capaz de resistir a esta turbulência, ainda que momentaneamente possa tirar menos prazer da relação. Se não houver suporte emocional de parte a parte, será difícil para a relação «aguentar estes impactes». «A crise não é motivadora da separação», diz Celina Coelho de Almeida, «mas pode ter um efeito catastrófico».

 

Mas nem todos os casais enfrentam a crise da mesma forma. E se, para uns, o momento económico parece ter erguido barreiras que ainda não se sabe quão intransponíveis se tornarão, para outros a ausência do stress do trabalho parece ter revitalizado a vida a dois. É esse o caso de Maria e de Francisco. Vivem em Lisboa, ela é Relações Públicas, ele piloto de aviação. Quando começaram a namorar, há dois anos e meio, Maria, 33 anos, tinha ficado desempregada há poucos dias. «O tempo foi aproveitado para o romance. Não faltaram dias de praia, jantares à luz de velas na varanda, conversas até às seis da manhã. Sentia-me de férias, não estava desesperada porque sempre juntei dinheiro e tinha noção que durante o verão era improvável arranjar trabalho. E não me enganei: aproveitei o verão todo e só encontrei emprego no outono.»

 

No seu caso, a atividade sexual até melhorou. «Sobretudo a frequência. Preciso de muitas horas de sono, detesto acordar cedo, e às oito da noite já me sinto estoirada, só quero jantar e ir para a cama. Ou seja, durante a semana, quando estava a trabalhar, o sexo não era inexistente, mas era raro. Às vezes parece que tínhamos de combinar quando íamos ter sexo: "No sábado, porque não há energia para mais". Eu pelo menos não aguento o cansaço.» Seis meses depois, Maria voltava ao desemprego. «Nesta época, a frequência sexual era capaz de ser maior. Mais do que o número de vezes que tínhamos sexo, a disponibilidade era outra por não me sentir cansada. Nestas épocas, era quase sempre à luz do dia, altura em que ainda não tínhamos as baterias gastas. Foi uma época ótima, porque passámos muito tempo juntos.»

 

Cada pessoa - e cada casal - encontra uma forma de lidar com a crise. Mas há outros fatores a interferir no estado de espírito. A sensação de projetos adiados, nomeadamente a maternidade, também pode influenciar o desmoronar da vida íntima: as mulheres têm mais dificuldade em lidar com a frustração do desejo de serem mães, ainda que neste campo o cérebro, mais do que a emoção, pareça ditar as escolhas das portuguesas. Já em tempo de crise - e muito associado ao adiamento do casamento e ao prolongamento dos estudos, que favorece uma entrada mais tardia na vida ativa - o declínio da fecundidade é a nota dominante nos estudos mais recentes sobre a situação demográfica em Portugal. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2009, a média de idades das portuguesas que tiveram o primeiro filho foi de 28,6 anos. E o nível da taxa de fecundidade entre os 35 e os 39 anos tem vindo a aproximar-se da do grupo dos 20 aos 24. Por outras palavras, os portugueses têm filhos cada vez mais tarde. E cada vez menos filhos.

 

Graças à contraceção, a redução do número de nascimentos pode não estar diretamente relacionada com a frequência sexual dos portugueses, mas não deixa de ser um barómetro a considerar. E se, em tempos antigos, a crise motivou um baby boom pela falta de distrações e ausência de tecnologias que hoje absorvem grande parte da nossa atenção, atualmente a situação é bem diferente: o risco calculado e o planeamento familiar impedem gravidezes que, em épocas de contenção forçada, podem ser fonte de despesas a evitar. Os únicos dados disponíveis até à data sobre 2011 referem-se aos testes de diagnóstico precoce de doenças metabólicas, o vulgar «teste do pezinho». Os números divulgados pelo INE confirmam as expetativas: apenas 97 112. Desde 1960, quando se iniciou a contabilização rigorosa de nados-vivos em Portugal, apenas dois anos tiveram menos de cem mil nascimentos: 2009 e 2011.

 

Ainda assim, o ideal é não desesperar e acreditar que a pirâmide etária nacional ainda tem salvação. Porque 2012 ainda tem uns quantos bebés para registar. Que o digam João e Teresa, empresários na casa dos 40, a viver em Cascais, que foram surpreendidos com mais uma gravidez. Teresa está à espera do terceiro filho do casal, numa altura em que o trabalho aumenta e a atividade sexual diminui. «Como empresários, e com um negócio e colaboradores para pagar, a dedicação é cada vez maior», diz João. «A crise tem-nos obrigado a trabalhar mais para manter os negócios em crescimento, o que não é fácil. A falta de tempo é o maior fator, mas também o cansaço. Logo, o clima de romance por vezes não é o mais propício e a atividade sexual diminui», lamenta, embora garanta que, apesar do cansaço, parte também do casal fazer um esforço adicional. «É obrigatório que o casal se reinvente, largue as crianças num fim de semana e passeie. As tarefas diárias dão cabo do estofo de qualquer um e o apetite sexual é obviamente afetado. Às vezes estamos os dois em casa, com os portáteis no colo, a trabalhar às 23h30 com os miúdos a dormir, em vez de nos deitarmos cedo, namorarmos e podermos dormir umas boas horas. O que nos safa é que temos consciência disso e combatemo-lo de uma forma positiva. Com umas aventuras esforçadas, umas saídas de fim de semana, um jantar romântico.» como o último que tiveram, que deu origem ao terceiro filho, que deverá nascer em abril.

 

Mas nem todos se podem dar ao luxo de ter três filhos. Ou dois, sequer. O dinheiro a menos obriga a muitas contenções de despesas. E quando os fundos faltam, dificilmente sobram recursos para consultar um especialista e iniciar a terapia de casal que pode dar uma ajuda. «Pontualmente, tenho um caso ou outro que acaba por não ter capacidade para levar até ao fim o processo terapêutico», diz Celina Coelho de Almeida. A sexóloga Marta Crawford sente o mesmo problema: «Muitos casais começam a espaçar as sessões, dizem que não têm capacidade para vir com tanta regularidade.» A preocupação sobre os problemas financeiros veio influenciar a disponibilidade para o sexo, e apesar de procurarem soluções para a quebra na intimidade, «há quem chegue e diga logo à partida que está desempregado, mas precisa imenso de vir», acrescenta Marta Crawford. «E perguntam se eu faço um desconto.»

 

Nem sempre a terapia acaba por salvar o casamento, porém. Possivelmente porque já não havia grande volta a dar. E a crise acaba por ser pretexto para pôr fim a uma relação que já não funcionava: as preocupações com o lado mais prosaico da vida servem muitas vezes de desculpa para o afastamento do casal. Mas, se não for esse o caso, «há sempre alternativas», diz Marta Crawford, mesmo que seja preciso inventar programas para substituir as escapadelas de fim de semana ou os jantares a dois no restaurante favorito. «Há pouco tempo um casal dizia-me: "Não temos dinheiro para viajar, para jantar fora, para ir ao cinema, estamos amorfos em casa a olhar para a televisão." É este espírito depressivo que temos de tentar combater.» Até porque o sexo pode ser terapêutico: «Durante a atividade sexual libertamos uma série de neurotransmissores que nos fazem sentir bem, que fazem que as pessoas se sintam mais próximas, logo, mais capazes de vencer os obstáculos», explica a especialista.

 

Isabel e Duarte, residentes em Almada, viveram alguns destes constrangimentos na pele. «Em sete anos o meu marido esteve cinco anos desempregado», diz Isabel, 45 anos. «O facto de não haver disponibilidade monetária para fazer coisas de que se gosta ou para nos cuidarmos faz que tenhamos menos vontade de socializar, seja a que nível for. Num primeiro momento, há tanta coisa que preocupa que nem nos lembramos que era bom ter vida sexual», admite. Ainda assim, Isabel acredita que é possível remar contra a maré, embora tenha noção da dificuldade de manter a libido a funcionar.

 

«A individualidade de cada um é muito importante porque, apesar de muito unidos, cada um tem as suas coisas e podemos partilhar o que vivemos em comum.» Ao fim de trinta anos de casamento, Isabel garante que «existem mil maneiras de reacender a paixão e colocar a libido a funcionar. Mas tem de ser a dois. «Temos um espírito aberto, mantemos as nossas amizades, saímos juntos e separados, não temos crianças, nunca dormimos separados. E além disso, gostamos de sexo...», diz a rir. «Amar não custa dinheiro, além de que podemos sempre receber muito em troca.»

 

O princípio faz sentido e as palavras são sábias, mas será que os dois elementos do casal pensam da mesma forma? E os homens, sentem isso de maneira diferente das mulheres? Marta Crawford acha que não. «O homem é mais pragmático na sexualidade e consegue pôr mais rapidamente os problemas de lado, mas nem sempre. As mulheres talvez sejam mais complicadas.». No entanto, segundo o sexólogo Júlio Machado Vaz, um despedimento ou despromoção normalmente faz que seja o homem o mais afetado na sua sexualidade. A razão? Os estereótipos clássicos. «Os homens, sobretudo os mais velhos, sentem a situação como uma ameaça à sua virilidade e estatuto de chefes de família. Acresce que costumam ter mais dificuldades em abrir-se sobre os seus problemas», explica o psiquiatra. «O número de queixas vem subindo e com elas os efeitos sexuais colaterais. Há pessoas que me referem, surpresas, que já não se lembram de pensar em sexo.»

 

A situação não se vive apenas em Portugal. Já em fevereiro de 2009 a revista brasileira Época dava conta de uma investigação realizada nos EUA, segundo a qual 62 por cento das mulheres norte-americanas apontava a crise como responsável por a vida sexual ter piorado. No ano anterior, no Canadá, 12 por cento dos inquiridos numa sondagem admitiam ter tido um casamento desfeito devido a «motivos financeiros» nos seis meses anteriores. Em Londres, uma pesquisa realizada com operadores e corretores da Bolsa de Valores mostrou que 79 por cento deles acredita que o risco de o seu casamento acabar aumenta durante períodos de recessão. E em Wall Street, o problema atingiu proporções tais que foi criado um Dating a Banker Anonymous - «Namoradas de Financeiros Anónimas», numa tradução literal. Segundo o The New York Times, o grupo pretende levar as chamadas «viúvas de Wall Street» a partilhar o abandono emocional e sexual que sentem.

 

Apesar de o stress ser mais frequente em pessoas que trabalham no mundo financeiro, devido ao desgaste psicológico, a verdade é que a sombra do desemprego e das reduções salariais tem sido um fator determinante nos últimos tempos, precisamente devido à ligação que muitos homens continuam a teimar fazer entre salário ganho e virilidade.

 

«As disfunções da libido têm muito que ver com o humor da pessoa», diz José Palma dos Reis, chefe de serviço de Urologia do Hospital Santa Maria. «Mas o conceito de "disfunção sexual" é muito lato e envolve várias situações: disfunção da libido, disfunção erétil e disfunção orgásmica.» No atual contexto de crise, em que o stress pessoal tende a atingir níveis elevados, «será de esperar uma disfunção da libido: «O stress, e sobretudo a depressão, manifestam-se por via desta disfunção.» Mas não é preciso fazer soar os alarmes. Geralmente esta disfunção e a erétil não têm de estar relacionadas - ao contrário do que muita gente pensa. Além disso, «a disfunção erétil pode ser tratada com medicamentos».

 

Nestes casos, no entanto, Palma dos Reis considera «normal e expetável que haja um agravamento dos casos existentes, porque muitas vezes os pacientes não têm capacidade de pagar os medicamentos». Quatro comprimidos custam cerca de quarenta euros, um valor proibitivo para muita gente nos tempos que correm.

 

Quintino Aires é sexólogo, leva 22 anos de consultas, e não tem dúvidas: «os homens são os mais afetados por estas preocupações. Numa mudança financeira, social e económica, as mulheres começam rapidamente a utilizar a lógica. Os homens sentem-se mais perdidos». Por isso, em terapia, são sobretudo as mulheres quem relata a procura de sexo - nem sempre com o companheiro - para aliviar e esquecer as preocupações. Curiosamente, apesar da crise, no último ano e meio o sexólogo registou um aumento das consultas com queixa de natureza sexual. «Num olhar rápido, o sexo serve para dar prazer, mas não só. Serve para criar intimidade naqueles dois adultos que são diferentes. Se ela existir, então uma despromoção, uma empresa a falir, os bancos que deixam de dar crédito... tudo isso faz o casal esforçar-se e inventar alternativas. Se não, a probabilidade de a relação quebrar é muito maior», explica.

 

A situação de Eduardo e Rita, com 48 e 39 anos, não é muito diferente. Vivem em Bragança e ainda não pensaram na terapia, talvez por estarem mais longe dos grandes centros urbanos. Mas vivem o dia a dia com a sensação de «quem anda a contar tostões», sobretudo desde que a empresa de venda de material informático de Eduardo desceu abruptamente na faturação. «Tínhamos uma vida sexual normal», diz Rita, administrativa numa instituição de ensino, «mas agora chega-se ao fim do dia e o sexo não apetece». Eduardo, cansado das deslocações entre clientes que as vendas lhe vão exigindo, preocupado com o futuro dos colaboradores da loja, confessa-se «cada vez mais descontente», mas reconhece que é necessário deixar os problemas à porta de casa «antes que a vida familiar desmorone».

 

Têm dois filhos, uma rapariga de 3 e um rapaz de 9 anos, que também não ajudam a aliviar as tensões. «Todas as tardes, quando vou buscá-la à escola, a conversa é sempre a mesma: "Mãe, compras-me uma coisa?" Já lhe disse que tem de cortar a palavra "compras" do dicionário.» Juntos há cerca de 15 anos, o casal ainda não perdeu a ligação forte que os une, mas o sexo é quase forçado, «como se decidíssemos que temos de sair um bocadinho deste mundo de problemas e de crise», diz Eduardo. Antes, quando levávamos as coisas de forma mais descontraída, não era assim.»

 

À noite, depois de deitarem as crianças, reconhecem que lhes sobra pouco tempo para porem a conversa em dia e os poucos minutos em que se sentam no sofá servem para ver o noticiário da noite ou a primeira parte de um filme que esteja a começar. Um erro grave que a sexóloga Marta Crawford aponta todos os dias aos casais que recebe: «É preciso desligar a televisão! Primeiro, porque se poupa na conta da eletricidade, e depois porque a TV ocupa demasiado espaço na vida das pessoas. Quem adormece no sofá a fazer zapping não vai dali para a cama ter um momento de intimidade.»

 

Pelo menos neste quesito, João e Teresa, o casal de Cascais, parece estarem no bom caminho. «Uma vez por semana, religiosamente, vemos um filme e vamos para a cama cedo», diz João. O resto acontece naturalmente.

 

*Todos os nomes de casais desta reportagem são fictícios, a pedido dos próprios

 

Via JN



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Terça-feira, 13.03.12
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet (Foto: Paulo Pimenta)
Nesta segunda-feira faz um ano que milhares de portugueses saíram à rua. E depois? Para onde foi a indignação? Uma historiadora, um sociólogo, um psicanalista e um activista arriscam respostas

Há um ano, o país levou uma bofetada. Milhares de pessoas (cerca de 300 mil, segundo a polícia; mais de 500 mil, diz a organização) saíram à rua para protestar contra a precariedade que lhes foi imposta. O apelo à mobilização correu célere no Facebook, com alguns jovens até então anónimos a conseguirem aquilo que nenhum sindicato e nenhum partido haviam conseguido. Um ano depois, para onde foi tanta indignação? "Está paralisada pelo medo e pela estupefacção", responde Joaquin Estefanía, ex-director do diário espanhol El País, para quem o medo foi transformado numa arma de controlo social (ver entrevista na página ao lado). 

Dizendo-se "atónita com tanta passividade" portuguesa, a historiadora Irene Flunsel Pimentel concorda que as pessoas estão "amedrontadas, aterrorizadas e desorientadas, sobretudo porque não vêem nenhuma luz ao fundo do túnel". "As que ainda têm emprego têm medo de o perder mas também não sabem muito bem o que fazer", explica, para, no jogo das diferenças com as reacções à crise nos outros países, atirar culpas à herança deixada por Salazar. "A Espanha e a Grécia tiveram tremendas guerras civis, com milhares de mortos, e isso acaba por se inscrever no código genético das populações. Nós tivemos um ditador que viveu sempre com o apoio de uma parte da população, não se pode dizer que subsistiu apenas através da repressão. Não havia liberdade, mas havia aquela pessoa que zelava pela nossa segurança, que não nos deixava cair na miséria total e que nos habituou a pensar que os outros é que mandam em nós". 

O psicanalista Coimbra de Matos também alude à sensação de que nada se pode contra o que está a acontecer para explicar o que tem mantido a indignação portuguesa no reduto doméstico. "Somos um povo passivo, sem aquilo a que os ingleses chamam empowerment, de pessoas habituadas a não ter poder nas suas mãos, e suponho que isso deva algo à ditadura. Esta, sendo relativamente suave - não era como em Espanha, que matava muito mais -, apelava à capacidade de conformação dos portugueses e usava métodos que não suscitavam uma reacção tão maciça e tão discordante". Temos assim todo um país mergulhado numa "depressão patológica, que ?? uma reacção à perda e a um sentimento de injustiça, mas que, no caso português, não comporta a revolta e até acredita que a culpa é um bocado nossa, porque vivemos acima das nossas posses". 

Numa leitura diferente, o sociólogo e político Augusto Santos Silva sustenta que a indignação se domesticou porque perdeu o alvo directo. "A actuação política em Portugal tornou-se exógena. Com a celebração do pacote de ajuda financeira, a capacidade de actuação autónoma do Governo diminuiu radicalmente aos olhos da opinião pública; logo, as acções reivindicativas deixaram de ter tantas condições de atingir os seus objectivos". 

Inquestionável é que se a revolta que há um ano saiu à rua não assumiu entretanto contornos de violência, não é porque as perspectivas tenham melhorado. Ao contrário. O desemprego galgou entretanto até aos 14%: 770 mil pessoas sem trabalho. Se olharmos só para os sub-25, são 30,7% os desempregados. É a terceira maior taxa da UE. O resto é o que se sabe. A perpetuação dos contratos a prazo a assumir letra de lei, os estágios sem remuneração, a instabilidade dos recibos verdes a adiar o futuro. Mas os jovens não estão mais à rasca que os outros. A manifestação de há um ano, porque mobilizadora de todas as idades, mostrou-o. Havia pensionistas de pensões congeladas, logo sem dinheiro para a conta dos medicamentos. Havia famílias sobretaxadas, nomeadamente pelo medo de deixarem de conseguir pagar a casa. Sublinhem-se, a propósito, as 670.637 famílias que chegaram ao fim de 2011 a não conseguir pagar os empréstimos aos bancos. 

Para Irene Pimentel, a heterogeneidade dos manifestantes foi a força mas também a fraqueza daquela manifestação e uma das razões para que, a seguir, nada de extraordinário tenha acontecido. "Aquilo englobou desde a extrema-esquerda, à extrema-direita. Até neonazis. E criou-se em torno dessa manifestação um unanimismo que englobava todas as opções políticas contra um fenómeno muito complicado que era a precariedade. Mas aquilo vivia de uma falsa solidariedade e de um falso corporativismo, porque muitas pessoas estavam lá para derrubar o Governo". O sociólogo e ex-ministro do anterior executivo Augusto Santos Silva também sustenta que foi o contexto político que ditou que o protesto tivesse há um ano uma expressão que não viria a repetir-se. "Naquela manifestação confluíram os interesses do BE, do PCP e do PSD, que criaram uma lógica de tenaz para derrubar o Governo socialista, liderado por um ministro muito enérgico, José Sócrates, que concentrava em si todo o amor e todo ódio político possível. Hoje, Portugal vive uma situação de tutela e isso levou a uma mudança do horizonte de expectativas, isto é, as pessoas assimilaram a ideia de que as perdas que sentem decorrem de uma imposição externa mais do que de uma posição autónoma do Governo de Passos Coelho, e, portanto, sentem que as condições de obtenção dos objectivos diminuíram radicalmente a partir do momento em que a troika passou a regular o funcionamento do país". 

A tensão existe. Rebenta? "A explosão da revolta social pode acontecer, mas tem vindo a ser contrariada pela actuação muito prudente do PCP e da CGTP, que entretanto recuperaram a liderança do protesto", contextualiza Santos Silva, para recordar que, "ao longo da História, os movimentos mais propícios às revoluções nunca foram os momentos de máxima privação mas aqueles em que a exequibilidade de mudança se tornou mais real". Ora, João Labrincha, um dos desempregados que apareciam a assinar o manifesto que apelou à manif de 12 de Março, acredita que a mudança já começou. "As dinâmicas sociais criadas neste momento em Portugal mostram que as pessoas estão a fazer acontecer como nunca antes na nossa democracia. Há movimentos a aparecer um pouco por todo o lado, estão é a fazer um trabalho de formiguinha que não é visível porque tem muita dificuldade em disputar o espaço mediático com os partidos políticos", defende, para reforçar: "Quando aconteceram o Maio de 1968 e a contestação à guerra do Vietname, era muito difícil na altura perceber o que é que aquilo ia mudar. Só muito mais tarde se teve noção das enormes mudanças que aqueles movimentos geraram". Para Labrincha, "o sistema baseado no petróleo e na ganância vai ruir, como já está a ruir, e, ao mesmo tempo, vai aparecer um novo paradigma, como já está a aparecer, sem que seja preciso um crash". De resto, "é visível que as pessoas se estão a desidentificar com as estruturas tradicionais do Estado e a procurar caminhos alternativos". E essa foi, diz, "a grande conquista da manifestação de há um ano".

 

Via Público



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Domingo, 04.03.12
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Empresas que contratarem o estagiário serão premiadas

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Empresas que contratarem o estagiário serão premiadas

 (Foto: Jorge Silva/Arquivo)

O programa que o Governo apresentou ontem em Bruxelas para combater o desemprego jovem prevê o reforço dos estágios profissionais e vai premiar as empresas que acabem por contratar o estagiário.

 

A medida faz parte do programa Impulso Jovem, que, ao todo, abrangerá entre 77 mil e 165 mil jovens e representa um investimento entre os 352 e os 651 milhões de euros. 

Os estágios são a principal arma do Governo para combater o desemprego jovem, um problema que, no último trimestre de 2011, afectava 35,4% dos jovens portugueses. 

A medida "passaporte-emprego" mobiliza uma parte significativa dos fundos e destina-se a jovens inscritos há pelo menos quatro meses nos centros de emprego e que se proponham fazer um estágio numa PME, em organizações da economia social ou no estrangeiro. 

O documento a que o PÚBLICO teve acesso não precisa se a duração do estágio continuará a ser de nove meses, como actualmente, mas o valor da bolsa continua a ser em função do grau académico do estagiário. A grande novidade é que a bolsa pode ser prolongada por mais seis meses no caso de as empresas integrarem os estagiários por um período mínimo de dois anos.

O Governo é optimista quanto à adesão a uma medida desta natureza e conta apoiar entre 35.500 a 91 mil jovens.

É também proposto um "incentivo à promoção da orientação profissional" de jovens sem escolaridade obrigatória e de jovens com habilitações escolares, mas sem qualificação profissional. Cria-se ainda a possibilidade de os jovens com habilitações escolares e profissionais receberem apoios específicos à criação do próprio emprego, embora não se diga em que moldes. Ao todo, estas acções poderão chegar, no máximo, a 65 mil pessoas.

O Governo quer ainda apostar no empreendedorismo, com destaque para o apoio a jovens agricultores e para projectos em regiões menos desenvolvidas, e nos apoios à colocação de jovens em empresas estrangeiras.

No plano, o Governo traça dois cenários para o financiamento e metas a atingir. Num primeiro cenário, as verbas disponíveis resultam da reprogramação do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), o que permitirá realocar perto de 352 milhões de euros para o programa e abranger 77 mil jovens. O segundo cenário conta com um reforço das verbas comunitárias, o que permitiria abranger perto de 165 mil jovens com um total de 651 milhões de euros.

O Governo reconhece que o financiamento das medidas - que incluem também um reforço dos apoios às pequenas e médias empresas e à criação de microempresas nos territórios menos desenvolvidos ou que se insiram na revitalização das cidades - implica uma reafectação dos fundos estruturais existentes e alerta que "existe uma margem reduzida de verbas" para essa reprogramação.Isto acontece porque os programas operacionais estão praticamente esgotados. Esta reprogramação foi aprovada ontem em Conselho de Ministros e depende da aprovação de Bruxelas.

O programa apresentado ontem é a resposta de Lisboa a uma carta enviada por Durão Barroso aos chefes de Governo dos países onde o desemprego jovem é mais preocupante - Portugal é o terceiro país com a taxa mais elevada, a seguir à Grécia e à Espanha - e deverá ser posto no terreno a partir do segundo trimestre de 2012.

 

Via Público



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Quinta-feira, 01.03.12

Dezenas de milhares de estudantes universitários e agentes políciais espanhóis entraram em "guerra" nas ruas da segunda principal cidade de Espanha.

 

Pelo menos duas pessoas foram já detidas, na sequência dos confrontos entre a polícia e os estudantes, junto à praça da universidade no centro de Barcelona. Muitos alunos estão refugiados na reitoria da universidade que continua cercada pelos "Mossos d'Esquadra".

 

Quando a manifestação de estudantes em protesto contra os cortes no ensino chegava ao fim, foram incendiados alguns caixotes de lixo e arremessadas pedras contra os "Mossos d'Esquadra", nome da polícia local.

 

Para se abrigarem dos confrontos, que decorriam nas ruas adjacentes, centenas de manifestantes procuraram refúgio no edifício da reitoria que pelas 15 horas (menos uma em Portugal), já se encontrava cercado pela polícia que chegou a disparar balas de borracha.

 

A manifestação com partida e chegada à praça da universidade, e na qual também marcaram presença professores e funcionários, parou por completo o centro de Barcelona. A encabeçar o desfile, em que participaram 25 mi pessoas, segundo a polícia, e 70 mil, segundo o "El Mundo", estavam uma enorme faixa onde se podia ler: "Não pagaremos as vossas aldrabices - Salvemos a universidade pública".





Via Expresso



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Quarta-feira, 15.02.12
Instituto Superior Técnico obrigado a suspender centenas de projectos de investigação
Problema resolvia-se com alteração no decreto (Helder Olino (arquivo))
O Instituto Superior Técnico (IST) vai ser obrigado a suspender centenas de projectos de investigação envolvendo dezenas de milhares de euros caso seja aplicado o decreto-lei que estabelece as normas de execução orçamental para o corrente ano.

Em declarações ao PÚBLICO, Arlindo Oliveira, presidente do IST, defendeu que a norma que proíbe os organismos públicos de assumirem compromissos se não tiverem disponibilidade financeira a curto prazo “não é exequível no caso dos projectos de investigação” das universidades. “Temos de contratar pessoas, equipamento e só depois no fim com os resultados do projecto é que recebe o financiamento”, explicou.

Arlindo Oliveira salientou que já chamou a atenção ao Ministério da Educação e Ciência, que “também está preocupado com esta situação”. 

Para o presidente do Técnico, este problema resolvia-se com duas soluções: se a obrigação prevista no decreto-lei nº32/2012, publicado anteontem em Diário da República, “não se aplique às receitas próprias das universidades mas só às verbas provenientes do Orçamento do Estado”. E se, por outro lado, “os fundos [do OE] que já cá estão disponíveis de anos anteriores também sejam considerados para efeitos desta disponibilidade”.

Num comunicado enviado hoje às redacções, o IST alerta que não é só a actividade científica que está em risco mas também a “prestação de serviços por um período indeterminado”. “Este bloqueio, que é irrazoável para instituições do ensino superior com significativa actividade geradora de receitas próprias, poderá implicar que o IST perca milhões de euros” e contribuir “para a fuga de talentos e a degradação do tecido científico nacional”, lê-se no comunicado. 

 

Via Público



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Domingo, 05.02.12

O presidente do Marítimo, Carlos Pereira, disse à Agência Lusa ter pago uma dívida fiscal com um cheque sem cobertura, por um montante de 130 mil euros que se encontra em dívida.


Consciente da situação, o líder do clube insular justificou a atitude, referindo que solicitou à administração fiscal "um encontro de contas", que foi recusado, acabando por originar o pagamento com o referido cheque sem provisão.

"É incompreensível que uma administração fiscal, sabendo das grandes dificuldades que os clubes estão a atravessar, não seja compreensiva. Por isso, posso afirmar que passei um cheque sem cobertura, por um montante de 130 mil euros, depois de ter solicitado um entendimento à Direcção Regional de Finanças, para fazer uma compensação de dívida e de a mesma não ter sido aceite", lamentou o dirigente.

Carlos Pereira disse saber também que o seu nome pessoal está neste momento "a ficar vermelho" no Banco de Portugal e afirmou temer que a actual situação leve a que as pessoas se recusem a assumir cargos nas direcções dos clubes.

"Sei que corro riscos a nível pessoal e neste momento o meu nome está a ficar a vermelho no Banco de Portugal, mas espero que o prejuízo seja reparado, porque, se as coisas continuam assim, a curto prazo haverá poucas pessoas disponíveis para desempenhar cargos nas direcções dos clubes", observou o presidente do Marítimo.

O dirigente fez ainda mais críticas, afirmando que "há funcionários públicos, que depois de terem desempenhado o papel de dirigentes, mudaram de cadeira e ao mesmo tempo alteraram o discurso".

Carlos Pereira assume que o Marítimo atravessa uma situação financeira "pouco confortável", o que tem originado "constantes atrasos nos salários ao futebol profissional", mas realçou a "compreensão" dos jogadores, "sem prejuízo no aspecto desportivo".

 

Via Público



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Sexta-feira, 03.02.12
Passos diz que “ninguém perceberia” que tal que houvesse tolerância de ponto
Passos diz que “ninguém perceberia” que tal que houvesse tolerância de ponto ()
Passos Coelho, anunciou nesta sexta-feira que o Governo não dará tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval.

Para o primeiro-ministro, “ninguém perceberia” que houvesse tolerância de ponto no Carnaval numa altura em que o Executivo se propõe acabar com feriados.

“Julgo que ninguém perceberia em Portugal, numa altura em que nos estamos a propor acabar com feriados como o 5 de Outubro ou o 1.º de Dezembro ou até feriados religiosos, que o Governo pensasse sequer em dar tolerância de ponto, institucionalizando a partir de agora o Carnaval como um feriado em Portugal”, anunciou o primeiro-ministro.

Sublinhando que a terça-feira de Carnaval “não é um feriado”, embora tenha sido habitual dar tolerância de ponto aos funcionários públicos nesse dia, esta é “uma matéria que está mais do que decidida” para o Governo.

Passos Coelho salvaguardou, contudo, que “o facto de poder haver municípios que têm especiais tradições na comemoração do Carnaval quererem fazer eles próprios a tolerância de ponto a nível local é uma matéria que será decidida por cada município”.

“Mas, evidentemente, que os municípios não são competentes para darem tolerância de ponto aos funcionários públicos, isso é o Estado”, acrescentou.

O primeiro-ministro falava à saída da cerimónia de aniversário da Associação Industrial Portuguesa (AIP), em Lisboa. 

A terça-feira de Carnaval comemora-se este ano a 21 de Fevereiro.

O Governo anunciou nesta semana o corte dos feriados do Corpo de Deus (7 de Junho), da Nossa Senhora da Assunção (15 de Agosto), Implementação da República (5 de Outubro) e Restauração da Independência (1 de Dezembro).

 

Via Público



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Godinho Lopes busca investidor externo

 

O presidente do Sporting desvalorizou o relatório da auditoria ao grupo empresarial, que revelou um passivo global de 375 milhões de euros.

Godinho Lopes admitiu ainda ter optado por um “círculo virtuoso” em vez do anterior “vicioso” para recolocar as contas dos “leões” em ordem e seduzir investidores externos, mesmo que isso implique que o clube perca a maioria das acções da SAD, mas sempre consultando os sócios.

“Estes resultados não são mais do que o espelhar a situação que já era do conhecimento público em Março. O Sporting é um clube que sempre foi auditado e não há nenhuma novidade. É o único clube nacional ou internacional que fez um filme desde 1997 até ao presente e o colocou na praça pública”, justificou.

O universo “verde e branco” tem “capitais próprios negativos de 183 milhões de euros, situação estruturalmente desequilibrada, usualmente denominada como de falência técnica”, segundo os técnicos que procederam à auditoria aos últimos 13 anos de gestão em Alvalade, ao longo dos mandatos dos presidentes José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco e José Eduardo Bettencourt.

“Eu tenho a certeza de que nenhum dos presidentes actuou como actuou de forma dolosa, a procurar prejudicar o Sporting ou ter qualquer benefício próprio. Todos eles procuraram fazer tudo o que podiam e sabiam pelo Sporting”, garantiu o actual líder do clube de Alvalade.

Este ano vão existir “prejuízos significativos”

O presidente “leonino” reconheceu que este ano, mercê do investimento na equipa principal de futebol, vão existir “prejuízos significativos”, mas que os “buracos na tesouraria deste ano e do próximo” deixarão de existir em 2014. “Os números eram conhecidos e foi definida uma estratégia, correta, para pagar a dívida e responder ao desafio que tínhamos pela frente”, afiançou, explicando ter rejeitado a hipótese de reduzir custos, porque a mesma implicaria a redução de receitas devido à consequente diminuição da prestação desportiva, algo que levaria ao afastamento dos sócios e da publicidade.

Em alternativa, o presidente do Sporting explicou pretender “recolocar a marca Sporting” através da equipa principal de futebol, com jogadores de qualidade individual e colectiva, essencial para o incremento das assistências, do número de sócios e das receitas televisivas.

Para tal, visando as referidas receitas de 60 milhões de euros no final da próxima época e 70 milhões na seguinte, Godinho Lopes apontou três rubricas: quotas, roupa (renegociação do patrocinador dos equipamentos desportivos) e direitos televisivos. “A minha preocupação é encontrar condições, através de um parceiro, nacional ou estrangeiro, exterior ao Sporting, para que possa comprar as VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) e garantir tesouraria para esta época e a próxima. O equilíbrio só se vai verificar no terceiro ano. É uma aposta que fiz e tenho a certeza de que vou levar a carta a Garcia”, concluiu.

Godinho Lopes frisou, no entanto, que respeitaria aquilo que foi preconizado por direcções anteriores no sentido de consultar sempre os sócios do clube na eventualidade de abrir mão da maioria do capital da SAD.

 

Via Público



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Segunda-feira, 23.01.12
Portugueses mudam de vida devido à crise
Portugueses mudam de vida devido à crise (Nuno Saraiva)
A crise obriga a mudar de vida. Mas que hábitos e comportamentos vamos alterar? O que pode surgir de novo na organização do quotidiano? Falámos com investigadores e registámos transformações que poderão ocorrer, para lá de comer mais em casa ou andar de autocarro.

Usar mais os transportes públicos ou levar comida para o trabalho são apenas alguns exemplos que identificamos de imediato como hábitos que se poderão acentuar em 2012. Mas o PÚBLICO foi ouvir, entre outros, historiadores, sociólogos e escritores sobre o tema e há respostas mais surpreendentes. Há quem acredite que o associativismo e as tertúlias regressarão; os adolescentes procurarão trabalho nas férias; os universitários tentarão arranjar part-time para pagar os cursos; os quintais terão mais hortas; e os vizinhos passarão a conhecer-se melhor.

Passar mais tempo em casa, conhecer melhor os vizinhos 

À força de consumirmos menos e pouparmos mais, vamos reduzir as idas ao restaurante e a outros espaços de lazer, e estar mais tempo em casa. Uma das consequências será o aumento das refeições caseiras, até para levar também comida para o trabalho. O escritor Mário Zambujal acredita que as pessoas vão "visitar-se mais": "Vão juntar-se nas casas umas das outras para uma festinha." 

Os encontros familiares serão mais frequentes e, em alguns casos, diferentes gerações poderão viver juntas: "É possível que deixe de ser viável que as pessoas da classe média tenham familiares em instituições privadas, que são caras. E que os familiares mais idosos fiquem mais tempo junto das famílias, que voltam a ser alargadas", avança o sociólogo e professor da Universidade de Coimbra, Elísio Estanque. 

Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia, também acredita que tal poderá acontecer, sobretudo "nas famílias com baixos recursos": "Haverá um retorno dos avós ao lar. Com o desemprego, as pensões dos idosos acabam por ajudar na gestão do orçamento." Estanque também sustenta que poderão surgir relações de proximidade entre vizinhos: "Se as pessoas passarem a estar mais na sua zona, têm mais probabilidade de se encontrarem com as que residem ao lado, e que muitas vezes nem sabem quem são". E, cada vez mais, a casa será o escritório: "Trabalhar em casa de pijama é algo que já está a acontecer", diz Zambujal. 

Maior vivência comunitária, tertúlias e associativismo 

 

Via Público



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Sexta-feira, 13.01.12
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França estava avaliada com um rating AAA pela S&P há 37 anos

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França estava avaliada com um rating AAA pela S&P há 37 anos

 

A ameaça concretizou-se e abre um novo capítulo na composição dos ratings na zona euro: a agência Standard & Poor’s (S&P) fez nesta sexta-feira uma vaga de cortes que abrange nove países e retira à França e à Áustria a nota máxima de avaliação. Portugal fica classificado com uma nota já considerada “lixo” financeiro. A Itália fica pela primeira vez abaixo do patamar A.

 

ratings de Portugal, Itália, Espanha e Chipre baixaram em dois níveis, enquanto os de França, da Áustria – que perdem o triplo A – e de mais três países (Eslováquia, Eslovénia e Malta) foram cortados em um nível.

Portugal viu o seu rating descer em dois níveis, de BBB- para BB, ficando, assim, classificado por todas as três grandes agências de notação norte-americanas com o rating considerado nos mercados sem categoria de investimento. 

A confirmação foi dada oficialmente pela S&P ao início da noite, já depois de fechar a bolsa de Nova Iorque, e de a agência Reuters ter avançado a informação durante a tarde. 

A ameaça de cortar o rating à Alemanha, a maior potência da zona euro, e um dos seis países que até agora tinham a nota AAA, não se confirmou. Mas o grupo de países da zona euro avaliados com nota máxima fica reduzido a quatro: sem a França e a Áustria, restam a Alemanha, a Holanda, a Finlândia e o Luxemburgo com o triplo A. Todos tinham sido avisados, a 5 de Dezembro, que as suas dívidas estavam em processo de revisão.

As reacções políticas em França, a segunda maior economia da moeda única, ouviram-se ainda antes de a S&P se pronunciar, logo que o ministro das Finanças, François Baroin, confirmou que o Governo fora notificado da decisão. 

 

Via Público



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Segunda-feira, 09.01.12
Um grupo de cidadãos «rebaptizou» no sábado seis estações do Metro de Lisboa com nomes de empresas e do FMI para protestar contra o patrocínio da PT na paragem da Baixa-Chiado.

Um grupo de amigos voltou a colar vários autocolantes com logótipos de empresas e do FMI nos diagramas de rede das carruagens das composições que circulam nas linhas verde, vermelha e amarela do Metro de Lisboa.

 

'Restauradores Repsol', 'Marquês de Pombal EDP', 'São Sebastião Banco BIC', 'Campo Grande Zon Multimédia', 'Oriente Vodafone' e 'Terreiro do Paço FMI' (Fundo Monetário Internacional) são os nomes atribuídos mais uma vez pelo grupo, que há uma semana tinha colado a primeira série de autocolantes.

 

«Queremos usar o diagrama como forma de protesto com a parceria da PT na Baixa-Chiado [que alterou o nome da estação para Baixa-Chiado PT Bluestation em Setembro] o Metro está a vender o espaço público, uma decisão que não foi debatida com os cidadãos e da qual não há nenhuma informação disponível», disse à agência Lusa um dos anónimos que está envolvido na acção.

 

As cerca de 20 pessoas envolvidas nesta acção são utilizadores do Metro, estão ligadas à área da comunicação, design e arquitectura, têm entre 25 e 50 anos e viram nos autocolantes uma forma de demonstrarem a sua indignação pela parceria com a PT.

 

«Ninguém diz que não possa haver mecenato de empresas privadas a públicas, mas há outras formas de o fazer. Não esta apropriação do espaço público. Há espaços para a publicidade, não é ocupar todo o espaço, que as pessoas têm de usar especificamente para se deslocarem», afirmou à Lusa outra das pessoas ligadas ao grupo.

 

«Nós somos cidadãos e utilizadores antes de consumidores de marcas. Queremos que as pessoas ao verem os autocolantes debatam este tema. Depois da Baixa-Chiado o que acontece? As restantes estações também vão ser vendidas? Até onde é que vamos? Qual é que é o limite da venda do espaço público», questionaram.

 

Além de lançar o debate, este grupo de cidadãos pretende que a parceria da PT na Baixa-Chiado “seja uma vez sem exemplo” e que «acabe já», pela «invasão da marca» no espaço público.

 

«Queremos dizer basta às marcas, mas também defender que as empresas públicas não podem ser como os cegos que andam no Metro e perguntam 'Quem tem a bondade de me auxiliar?'. Não podem ser os directores de marketing a decidir como é que o espaço público funciona», afirmaram.

 

Com a parceria, que dura quatro anos, além da alteração do nome, a estação da Baixa-Chiado ganhou cores azuis, que identificam a marca da empresa de telecomunicações, um painel informativo, wi-fi grátis, 'delimitadores' de plataforma iluminados e um programa lúdico-cultural durante os 365 dias do ano, com acções temáticas diárias sempre diferentes e um tema por mês.

 

Via Sol



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Sábado, 31.12.11

 

O fim do sinal analógico e a transição para a Televisão Digital Terrestre, que começa a 12 de Janeiro e acaba a 26 de Abril, não podia calhar em pior altura. Muitos dos portugueses que não têm televisão por cabo e compraram o seu aparelho antes de 2009 - geralmente os que têm menor folga financeira, onde se incluem muitos idosos - terão de pagar um aparelho descodificador. São 77 euros mais IVA, com reembolso de 22 euros pela PT para os pensionistas com menores rendimentos e algumas pessoas mais desfavorecidas. Uma coisa chocante para os senhores da ANACOM: 55 euros é muito dinheiro para quem tenha reformas abaixo dos 300 euros ou para quem esteja desempregado. Pior: quem tenha um televisor sem tomada de interface SCART ou HDMI terá mesmo de comprar uma televisão nova ou um modulador de sinal RF, não comparticipado. E não podemos esquecer todos os que vivem nas zonas não cobertas pela TDT (cerca de 13% da população) que terão de de usar o satélite.

 

Não ponho em causa as vantagens da TDT para a modernização do sector. Mas elas não se farão sentir, de forma evidente, para a maioria dos consumidores. O sinal poderá ser melhor mas continuarão, apesar da despesa, a ter direito aos mesmíssimos quatro canais do costume.

 

Se a transição tecnológica não traz serviços novos e relevantes porque têm de ser os cidadãos a pagá-la? Parece, a quem tenha alguma noção das situações dramáticas que se vivem, no meio desta crise, por este país fora, que esta é uma despesa prioritária para as famílias? Se obrigam as pessoas a isto não seria normal darem-lhes qualquer coisa em troca? Um exemplo: se já pagamos a RTP nos nossos impostos não seria uma boa solução aproveitar as potencialidades da TDT e oferecer no pacote gratuito os restantes canais da televisão pública? Porque temos de pagar duas vezes (nos impostos e na subscrição por cabo) a mesma coisa?

Via Expresso


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Quarta-feira, 21.12.11
"CARTA ABERTA AO SENHOR PRIMEIRO MINISTRO
por Myriam Zaluar a Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011 às 12:35"


"Exmo Senhor Primeiro Ministro


Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.
Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.
Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.
Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.
Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...
Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.
Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.
Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...
Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.
Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.
Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro
e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus
Myriam Zaluar, 19/12/2011"


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Domingo, 11.12.11
Com a devida vénia e o devido respeito, transcrevo o texto da autoria do Tenente-Coronel da Força Aérea, com a especialidade TODCI, José Lucas, que recebi na minha caixa de correio electrónico. Quando dizemos que há mais vida para além do défice, também deve ser a casos destes que nos referimos.
JC
«HERÓI POR 300 € 
A notícia já correu o Mundo inteiro. Seis tripulantes de um barco de pesca, o ‘Virgem do Sameiro’, de Caxinas, foram encontrados por um helicóptero EH-101 da Força Aérea e foram salvos pela tripulação do mesmo, nomeadamente por um Sargento-Ajudante (o recuperador - salvador), que pendurado num guincho, arriscou a sua vida em 6 subidas e descidas.
O panorama é inimaginável.
Um helicóptero no meio da imensidão do mar, com mar agitado, os pilotos tentando colocar o helicóptero na melhor posição (o que é dificílimo, tratando-se de um navio grande, quanto mais de uma simples balsa salva-vidas, a turbulência provocada pelas pás do aparelho, o recuperador - salvador a descer e a subir, a ter de recuperar um a um, estejam feridos ou não. Parece algo de outro mundo, mas não é,... aliás, afinal é!
É algo do outro mundo, pelo menos do meu mundo, pois não tinha condições para o fazer. É algo deste mundo, porque estes heróis da Força Aérea fazem-no diariamente, arriscando a sua vida para salvar outras vidas. Muitas vezes fazem-no mas muito mais longe, a cerca de 150 km da costa. Se houver uma falha humana, uma avaria e o helicóptero cair, provavelmente morrerão (pois é preciso que outro meio aéreo que está em alerta descole, voe, os encontre com vida e consiga recuperá-los). 
Mesmo assim, este militares cumprem o seu dever: têm família, filhos, que têm como dado adquirido que o pai volta mais logo e, nem imaginam que tal pode não acontecer. Poucas pessoas sabem o seguinte:
a) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador está neste trabalho voluntariamente;
b) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador está neste trabalho porque passou por testes e provas dificílimas, apenas acessíveis aos melhores física e psicologicamente; 
c) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador ganha cerca de 1300 € limpos (um profissional com muitos anos de carreira, que arrisca a vida muito mais do que ninguém, voluntariamente, por amor ao serviço, ao próximo); 
d) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador tem de estar disponível 24 horas por dia, deixando a família para trás a qualquer momento, sempre que for chamado ao serviço inopinado; 
e) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador recebe cerca de 300 € líquidos de risco de voo (menos do que os pilotos, que também arriscam a vida, mas arriscam menos pois não estão pendurados num guincho); 
f) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador, tal como os demais militares dos 3 Ramos das Forças Armadas, continua a salvar vidas, com ânimo, profissionalismo e competência, apesar de lhe terem cortado o vencimento desde o ano passado, apesar de lhe terem tirado o subsídio de férias e de Natal, apesar de não ter perspectiva de evolução na carreira nem aumento de ordenado; 
g) O Sargento-Ajudante recuperador-salvador não tem mordomias, carros de luxo, condutor, sala própria, secretária, telemóvel de serviço, despesas de representação chorudas, outros emolumentos mais ou menos disfarçados. 
h) Para mim, estes são os verdadeiros heróis, aqueles que apesar de fortemente penalizados, fortemente incompreendidos, apenas lembrados aquando de actos heróicos mediáticos como este, continuam dia após dia a cumprir além do dever.
O Sargento-Ajudante recuperador-salvador, como todos os militares merecem o respeito por parte de quem governa, para que entendam que não se trata de um funcionário público (aliás muitos respeitáveis), mas sim de um cidadão especial, que jurou publicamente dar a vida pela Pátria, dar a vida para que outros vivam.
À atenção de quem de direito !!!
José Lucas
PS - Num exercício de imaginação, tentei considerar a hipótese dos respeitados e digníssimos representantes do povo, na Assembleia da República (AR) receberem 1300 € de vencimento mais 300 € de risco. Provavelmente a AR ficaria vazia. Dir-me-ão: mas não é a mesma coisa, são responsabilidades diferentes. Pois são: o Sargento-Ajudante recuperador-salvador arrisca a vida  diariamente para que outros vivam!»
Retirado do Persuacção - a força dos argumentos


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Terça-feira, 29.11.11

As datas comemorativas serão celebradas ao domingo em vez de o dia ser feriado
As datas comemorativas serão celebradas ao domingo em vez de o dia ser feriado (Nuno Ferreira Santos)
 O Governo propôs hoje aos parceiros sociais a eliminação dos feriados de 15 de Agosto, o dia de Corpo de Deus (móvel), 5 de Outubro e 1 de Dezembro, afirmou o ministro da Economia à saída de uma reunião de concertação social.

Na reunião de hoje dos parceiros sociais, além da questão do aumento da meia hora de trabalho diário, esteve hoje a ser discutida a supressão de quatro feriados, dois civis e dois religiosos. Estes últimos estão ainda a ser negociados entre o Governo e a Igreja Católica, segundo o ministro Álvaro Santos Pereira.

"Em relação aos [feriados] religiosos estamos a falar com a Igreja, e em relação aos civis propusemos a supressão do feriado de 5 de Outubro e de 1 de Dezembro", anunciou Álvaro Santos Pereira. No entanto, "é importante celebrar essas datas. Não será feriado mas serão celebradas no domingo", disse ainda Santos Pereira aos jornalistas.

As centrais sindicais insurgiram-se contra as propostas do Executivo e garantem não aceitar qualquer uma delas, quer no que concerne ao aumento do tempo de trabalho, quer à supressão de feriados e férias, conforme propõe a Confederação do Comércio (CCP), liderada por João Vieira Lopes.

No final de mais uma reunião, que começou às 10h00 e que durou mais de três horas, o ministro da Economia afirmou ainda que "o Governo disse aos parceiros sociais que se existirem alternativas [o Governo] está disposto a ouvir essas alternativas", mas sem mais detalhes.

A próxima reunião entre Governo e parceiros sociais terá lugar a 20 ou a 22 de Dezembro.

 

Via Público



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Terça-feira, 22.11.11
A vida de saltos altos - A economia no amor a dois

Nas minhas habituais pesquisas cibernáuticas descobri que afinal a crise, além de nos dar cabo das carteiras pode arruinar por completo a nossa vida sexual. E não é que o ditado antigo do amor e da cabana só têm lógica se esta cabana for, por exemplo, um pequeno bungalow nas ilhas Maldivas, com o mar à porta, e claro com bilhete de volta, porque isto de ser ilhéu com vantagens já está com os dias contados.

 

Pois bem, o livro chama-se "spousonomics - using economics to master love, marriage and dirty dishes", de Paula Szuchman e Jenny Anderson, e pretende demonstrar a forma como a economia doméstica pode alterar a duração e frequência da actividade sexual entre os casais. Digamos que esta é directamente proporcional à existência ou não de saldo na conta bancária, assim como do bom relacionamento entre quatro paredes.

 

Digamos que, assim "por miúdos" se a conta é negativa, é provável que a sua ligação esteja por um fio, por isso digamos que é bem provável que o número de separações aumente, já que o saldo bancário da grande maioria dos portugueses está pelas ruas da amargura. O segredo está em administrá-la o melhor possível, se não quer ficar em jejum por muito mais que a próxima Quaresma.

 

Mas não fica por aqui, se é daquele tipo de mulher ou homem que discute frequentemente sobre quem lava mais a loiça, deixa roupa espalhada pelo chão ou muda o rolo de papel higiénico, acredite que está bem mais perto da falência do que imagina.

 

Mas agora, deixando um pouco a ironia de parte e colocando a mão na consciência:

 

Já parou alguma vez para pensar que o excesso de trabalho, e chegar continuamente fora de horas a casa, sem tempo para quem vive consigo (e não conta se vive numa casa de hóspedes, se bem que muitas relações assim o parecem), pode estar a destruir a vida a dois? (se é que já não destruiu e nem sequer pensa nisso).

 

Não precisamos que nenhum livro nos diga o que afeta os relacionamentos atualmente, mas certamente andamos todos a economizar muito mais os afetos do que deveríamos.

 

Poderão pensar, ou dizer, que o amor verdadeiro resiste a todas estas mudanças de clima, mas digo-lhe que depois de um tsunami poucos são os que se conseguem aguentar de pé.

 

 Os que ficam mais cedo ou mais tarde têm de construir novos abrigos, afinal não há economia deficiente que não caia em crise severa e bancarrota, e o amor não deveria ser um lugar comum, mesmo que não seja nada romântico compará-lo com um negócio a dois. E se não há dinheiro para um bungalow nas Maldivas, existem uns bem jeitosos na Galé e a um preço bem mais acessível.

 

O segredo, esse está sempre nas pequenas coisas, um beijo, por exemplo. Sabia que: 59% dos homens e 66% das mulheres afirmam ter terminado uma relação por causa de um mau beijo? É que o beijo simboliza impulso sexual, amor romântico e apego, razões essas que tornaram este numa forma evolutiva da espécie humana.


Via A Vida de Saltos Altos



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Quinta-feira, 17.11.11
Diogo Infante anunciou a suspensão em comunicado
Diogo Infante anunciou a suspensão em comunicado (Laura Haanpaa)
A secretaria de Estado da Cultura (SEC) afastou o director artístico do Teatro Nacional Dona Maria II (TNDM II) com efeitos "imediatos". A saída foi confirmada depois de Diogo Infante ter desafiado o Governo, com a suspensão da programação para 2012 e a ameaça da sua demissão.

Diogo Infante "não será reconduzido no seu mandato e deixará, de imediato, de desempenhar as funções de director artístico do TNDMII, cargo que ocupava em gestão corrente depois de terminado o seu mandato em 30 de Setembro", informou a SEC, em comunicado.

"Em caso algum a SEC permitirá o encerramento de qualquer teatro nacional ou a suspensão integral da programação do Teatro Nacional Dona Maria II, tal como foi sugerido pelo seu director artístico", lê-se na mesma nota, onde se sublinha a "incapacidade" assumida pelo próprio director artístico "para honrar os compromissos de programação" do TNDM II.

Perante os cortes transversais impostos pelo Orçamento de Estado de 2012, o director artístico do Teatro Nacional Dona Maria II anunciou a sua “incapacidade para honrar os compromissos de programação” que assumira e, assim, de prosseguir o trabalho que tem vindo a desenvolver. 

Diogo Infante, director artístico do TNDM II, em Lisboa, tinha admitido mais cedo ao PÚBLICO que poderia deixar a administração do teatro, na sequência dos cortes anunciados pelo Governo, e depois de já ter anunciado em comunicado a suspensão de toda a programação para 2012.

"Se o Governo entender que o TNDM II deva tornar-se num espaço de acolhimento, cedência e aluguer, deixará de fazer sentido um projecto artístico. Nessa circunstância, naturalmente colocarei o meu lugar à disposição, situação para a qual já alertei directamente o sr. secretário de Estado da Cultura", disse ao PÚBLICO Diogo Infante, em respostas por email.

Maior corte deveu-se a incumprimento, diz SEC

A medida é consequência da austeridade anunciada pelo Governo. No caso do teatro, esse pacote de cortes representa um valor acumulado na ordem dos 36%, agravado pelo aumento da taxa do IVA (23%), anunciou esta quarta-feira o teatro nacional em comunicado, assinado pelo seu director artístico Diogo Infante, na véspera da audição do Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, na comissão parlamentar de Economia e Finanças.

No comunicado, Diogo Infante refere que o corte financeiro, “muito superior ao efectuado nos restantes teatros nacionais (...), ignora três anos de gestão equilibrada e taxas de ocupação recorrentes acima dos 90%, comprometendo de forma irremediável o actual projecto artístico do TNDM II, o seu modelo de gestão e toda a programação projectada para 2012”. 

Segundo Diogo Infante esclareceu ao PÚBLICO, o corte financeiro projectado para o TNDM II em 2011 é de 1.050.000 euros (20,1%), contra uma redução nos outros dois teatros nacionais na ordem dos 2,5%". Para 2012, incidirá sobre este montante uma redução de mais de 830 mil euros (20%), o que segundo o director artístico "resultará numa redução acumulada no TNDM II de 1.880.000 de euros (36%)".

A SEC contrapõe: "Quanto ao mencionado valor de 36% de redução nos custos, que o director artístico aponta como superior ao dos restantes teatros nacionais, ele resulta da falta de cumprimento das metas estabelecidas e obrigatórias de redução dos custos operacionais em 15% no ano de 2011. Essa opção de recusa, tomada pela administração do Teatro Nacional Dona Maria II e pelo seu director artístico, leva a que o TNDMII seja agora sujeito a uma redução adicional em 2012 equivalente ao corte obrigatório não efectuado durante o ano de 2011. Deste modo, o TNDMII irá ter uma redução de 36,09% das suas indemnizações compensatórias, no total acumulado relativamente a 2010."

A direcção artística e o conselho de administração do TNDM II alertaram a secretaria de Estado da Cultura para as consequências dos cortes previstos no Orçamento do Estado de 2012, “disponibilizando-se desde sempre para concertar uma solução que viabilizasse um futuro para o TNDM II, com um mínimo de dignidade, qualidade e sentido de serviço público que lhe é exigido e que está reflectido nos seus estatutos e missão”, lê-se ainda no comunicado.

Segundo Diogo Infante, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, não encontrou uma solução para o problema junto do Ministério das Finanças ou do primeiro-ministro, não existindo assim condições para continuar com a programação delineada durante este ano.“Perante este cenário, torna-se impossível elaborar um plano de actividades realista e viável para 2012, pelo que nos vemos obrigados a assumir publicamente a nossa incapacidade para honrar compromissos de programação com produtores, encenadores e actores, e com o próprio público”, continua o comunicado, acrescentando que espectáculos como "A Morte de Danton" de Buchner, em co-produção com os Artistas Unidos e Guimarães - Capital Europeia da Cultura e com encenação de Jorge Silva Melo, ou "Lear" de W. Shakespeare, protagonizado por Eunice Muñoz, ficam assim seriamente comprometidos.

Em 2008, Diogo Infante também abandonou as funções de director artístico do Teatro Municipal Maria Matos, dois anos depois de assumir o cargo, alegando não ter meios financeiros suficientes para prosseguir com o programa que tinha delineado para aquela sala.

 

Via Público



publicado por olhar para o mundo às 10:34 | link do post | comentar

O YouTube está a dividir os lucros dos vídeos virais com os seus autores
O YouTube está a dividir os lucros dos vídeos virais com os seus autores (DR)
Howard Davies-Carr é um cidadão britânico absolutamente comum. Com uma diferença: é o YouTube que vai pagar a escola privada dos seus três filhos. Como? Através do sucesso que obteve com um vídeo que colocou no YouTube em que um dos seus filhos morde o dedo ao irmão repetidas vezes.

Soube-se há poucos dias que Davies-Carr, de 42 anos, recebeu 100 mil libras (116 mil euros) depois de o seu vídeo “Charlie bit my finger - again!" [O Charlie mordeu-me o dedo - outra vez!] já ter sido visto quase 400 milhões de vezes no YouTube.

Uma parte desse dinheiro foi para férias e para “um castelo para o jardim” desta família com três crianças, mas o grosso do dinheiro - revelou o pai e autor do vídeo ao “The Sun” - está a ser investido na educação dos infantes. Estão todos em colégios privados e assim continuarão, com a ajuda do gigante dos vídeos online.

A boa notícia para todos nós é que qualquer pessoa que apanhe um instantâneo divertido dos filhos, dos animais domésticos ou da família alargada pode receber dinheiro do YouTube.

Caso algum vídeo deste género se torne viral, o YouTube irá dividir os lucros com as pessoas que o colocaram online, relatam diversos media. É que vídeos deste género são um íman para os internautas e costumam atrair muita publicidade.

O acordo entre o YouTube e os autores dos vídeos virais pode ser posto em marcha de forma bidireccional. Ou os responsáveis desta plataforma entram em contacto com os autores, e lhes oferecem a possibilidade de ganharem dinheiro, ou podem ser os próprios autores a entrarem em contacto com a empresa, chamando-lhes a atenção para um vídeo em particular.

Davies-Carr não foi até agora a única pessoa a lucrar. Jamie Hagan, de 18 anos, também já arrecadou 40.000 libras (46.000 euros) em três anos ao colocar vídeos cómicos com o seu irmão de 11 anos, Jacob. Por cada mil visitas, Jamie recebe cerca de 70 cêntimos, afiançando que dá uma parte ao seu irmão.

De acordo com o “The Sun”, especula-se que alguns utilizadores norte-americanos já tenham conseguido arrecadar somas de seis dígitos. O YouTube não fornece, porém, quaisquer garantias sobre quanto poderá encaixar um autor de um vídeo viral.

Mesmo em tempos de dificuldades como este talvez o leitor não se arrependa de comprar uma câmara digital. Mesmo que não grave um vídeo viral sempre ficará com boas recordações. De qualquer forma, para ter mais hipóteses de sucesso, o “The Guardian” recomenda que, antes de mais, aponte a câmara aos seus filhos (de preferência bebés) e a seguir aos seus animais de estimação (de preferência bichos estranhos, tipo lémures). Se puder juntar os dois numa sala pode ser que “chegue ao ouro”.

Para que o seu vídeo se torne viral em todo o mundo, evite os diálogos e aposte na comédia física. Se o vídeo tiver diálogos em Português, perca algum tempo a acrescentar-lhe legendas. Outra dica: comece já este Natal.



publicado por olhar para o mundo às 08:31 | link do post | comentar

Terça-feira, 15.11.11

Haja paciência

 

Via HenriCartoon



publicado por olhar para o mundo às 08:35 | link do post | comentar

Domingo, 13.11.11

Militares e funcionários públicos saíram à rua em protesto contra as medidas do Orçamento do Estado apresentado pelo Governo. Veja as imagens captadas pelos fotojornalistas do Expresso, Tiago Miranda, Jorge Simão e José Ventura.

 

Via Expresso



publicado por olhar para o mundo às 19:56 | link do post | comentar

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