Sábado, 23.06.12

Mundo gay de Lisboa

 

 Há várias décadas que o Príncipe Real é a principal zona gay de Lisboa, por causa dos muitos bares, discotecas e engates. Mas, se ganha na quantidade, perde na qualidade. Não é aí que ficam os melhores ambientes nocturnos gay. É no Bairro Alto - que sempre atraiu certa franja das profissões criativas e liberais, cheias de homens e mulheres homossexuais.

 

Foi a assíduos do Bairro Alto que o i perguntou pelos dois melhores bares gay de Lisboa. E o prémio, sem grande hesitação, foi quase sempre para? Maria Caxuxa e Purex. Dois sítios colados um ao outro, embora em ruas diferentes, de ambiente bem definido, livre e sofisticado, onde as pessoas se divertem a sério.

 

O Caxuxa, como é conhecido, puxa mais os homens gay; o Purex, as lésbicas. Tanto um como outro recusam o rótulo de bar gay e, bem vistas as coisas, até têm razão. Há neles de tudo um pouco. Mas não poderia ser de outra maneira, numa cidade onde consta que o apartheid da orientação sexual não existe. Agora dizer que a sexualidade de quem lá vai não importa nada também soa a falso. São os clientes, com as suas características todas, e não só metade delas, que fazem as casas. Se nunca lá foi, experimente.

 

Para eles: Maria Caxuxa Três salas, um bar, aspecto rústico propositado, um não-sei-quê de seguro e libertino. Um cantor aqui, um bailarino ali, um actor acolá. Sempre muitos gays.

 

Os actuais donos do Maria Caxuxa trabalharam em tempos noutro bar do Bairro Alto, o Clube da Esquina - assumidamente gay. Há quatro anos, quando abriram o Caxuxa, trouxeram com eles muitos clientes. Além disso, esta antiga tasca e fábrica de bolos (o forno mantém-se, ao centro do bar) foi uma lufada de ar fresco na cidade. Pela atitude - discreta, mas sabida - e pelo ambiente - familiar e moderno. Tudo aquilo que muitos homens gay apreciam.

 

Situa-se na Rua da Barroca, a principal rua gay do Bairro. Nos concorridos fins-de-semana fica facilmente sobrelotado. Por dentro e por fora. Os lugares sentados são disputados ao centímetro. E à porta junta-se uma multidão compacta de copo na mão. A atracção é tal que há quem prefira comprar bebidas mais baratas nos bares ao lado e ir despachá-las à porta do Caxuxa.

 

Por não ser um gueto, longe disso, nem vestir a camisola de nenhuma causa, permite que toda a gente se sinta bem lá dentro. O som electrónico modernaço, as excelentes tostas servidas até à uma da manhã e a rapidez do serviço fazem o resto.

 

Para elas: Purex Em pouco anos tornou-se um dos melhores bares de Lisboa e, por via da clientela que lá vai, um dos melhores bares lésbicos. Há quem lhe chame "fufex". Costuma associar-se às iniciativas LGBT lisboetas, como o Arraial Pride (a maior festa gay anual) e o festival de cinema Queer Lisboa.

As suas responsáveis preferem falar em bar gay friendly, porque dizem receber bem toda a gente. É um facto que sim. Cruzar as grandes portas cor-de-laranja do Purex não é a mesma coisa que meter o pé noutros bares do Bairro. A maior parte deles, verdade seja dita, não são bares - são balcões de venda de bebidas, sem personalidade ou ambiente. Muitas vezes sem nome. No Purex isso não acontece. Há espírito e carácter, ambiente e boa música.

 

A casa demorou a fazer-se. Tinha uma clientela lésbica pouco dada ao consumo de bebidas, que fazia do espaço uma sala de estar para amigas e conhecidas. As responsáveis conseguiram dar a volta ao caso com uma selecção musical rígida, pouco comercial e atenta às novidades. O suficiente para afastar um público menos exigente e atrair as (e os) vanguardistas.

 

Via ionline

 



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Quinta-feira, 14.06.12
A reforma das freguesias de Lisboa ainda está no Parlamento
A reforma das freguesias de Lisboa ainda está no Parlamento (Nuno Ferreira Santos)
Jorge Miranda aponta inconstitucionalidade na reforma de freguesias sem consulta ao município de Loures.

O constitucionalista Jorge Miranda defende que a criação da freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, com território de Loures, prevista na reforma administrativa de freguesias, viola a Constituição por não ter existido consulta ao município de Loures nem às freguesias de Moscavide e de Sacavém.

Um parecer, pedido pela Câmara Municipal de Loures, é claro sobre a inconstitucionalidade da norma da reforma das freguesias, feita pelo PSD e PS, e que transfere parcelas de Loures para a nova freguesia do Parque das Nações. Jorge Miranda recorre a um dos artigos da lei fundamental sobre a criação, extinção ou alteração das áreas e que obriga à "consulta dos órgãos das autarquias abrangidas". 

"Perante o imperativo do artigo 249º da Constituição, tem de se concluir que a norma pertinente do decreto (...) se ache ferido de inconstitucionalidade", lê-se no parecer, a que o PÚBLICO teve acesso. O professor catedrático considera ainda que a inexistência de qualquer consulta aos órgãos municipais representa também uma "ilegalidade" face à lei da reorganização administrativa territorial autárquica que entrou em vigor a 1 de Junho. Foi neste mesmo dia que se votou na especialidade a proposta de alteração do PS e PSD que previa transferência de território de Loures para a nova freguesia do Parque das Nações. Esta alteração surgiu já nas votações em plenário e suscitou, na altura, o protesto por parte do líder da bancada do PCP. Bernardino Soares alertou para a ilegalidade de se fazer uma alteração nas fronteiras do município sem uma consulta prévia aos órgãos municipais, mas a maioria considerou que a lei não o exigia. Com o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, a assistir nas galerias, a votação de toda a reforma prosseguiu e a maioria viabilizou a proposta para a nova freguesia da capital. 

Jorge Miranda não tem dúvidas de que a consulta tinha de ser feita. "Independentemente da razoabilidade ou não da emenda, indiscutível é que os cidadãos directamente interessados não foram ouvidos, através dos seus órgãos representativos autárquicos por incúria do Parlamento. E esta não pode prevalecer sobre regras e princípios da Constituição e da lei", conclui.

A reforma das freguesias de Lisboa está ainda no Parlamento para acerto de redacção final. Depois segue para o Presidente da República para promulgação.

A Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais interpôs ontem uma providência cautelar para suspender a entrega da gestão urbana do Parque das Nações à Câmara de Lisboa, no âmbito da extinção da Parque Expo. Rosa do Egipto, citado pela Lusa, explicou que a autarquia lisboeta não pretende "furtar-se" à sua responsabilidade, mas neste momento não tem capacidade para assumir os 500 mil euros por mês da gestão urbana do Parque das Nações.

 

Noticia do Público



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Terça-feira, 12.06.12
Fundação Saramago abre quarta-feira com entrada gratuita até ao fim do mês
A sede da Fundação José Saramago, que abre ao público na quarta-feira, em Lisboa, com uma exposição sobre a vida e obra do Nobel da Literatura, vai ter entrada gratuita até ao final de Junho, anunciou hoje a presidente da entidade.

De acordo com Pilar del Río, a Fundação vai ter entrada livre até ao final do mês e, depois, os portugueses vão pagar um bilhete de três euros, enquanto os estrangeiros pagarão «entre cinco e seis euros», indicou a responsável durante uma visita organizada para jornalistas.

 

O Nobel da Literatura faleceu há dois anos, a 18 de Junho de 2010, e a Câmara Municipal de Lisboa cedeu a Casa dos Bicos à Fundação José Saramago, presidida pela mulher.

 

«Vamos viver dos direitos de autor e do nosso trabalho aqui dentro. Não temos qualquer outro apoio oficial e os tempos estão difíceis para conseguir mecenato. Por isso o público vai ter de pagar entrada», justificou.

 

A Fundação Saramago ficará aberta nos dias úteis das 10:00 às 18:00 horas, e aos sábados das 10h00 às 14h00 horas, e terá uma loja com livros de José Saramago em várias línguas, e artigos com a marca da entidade.

 

A inauguração oficial da Fundação Saramago está prevista para as 11:30 de quarta-feira, feriado municipal e dia de Santo António, padroeiro de Lisboa.

 

Abrirá ao público a partir das 14h00, com a exposição permanente ‘A Semente e os Frutos’, com livros que Saramago traduziu, manuscritos, notas pessoais, agendas, recortes de jornais, e os livros do autor, com uma selecção de exemplares em português e edições noutras línguas.

 

Poesia, crónicas, romances, fotografias que recordam as amizades de Saramago, a natividade cívica e política, a família - os avós da Azinhaga, a quem aludiu no discurso na Suécia, na altura da entrega do Nobel, em 1998 - cobrem as paredes do espaço expositivo.

 

Também está disponível equipamento de áudio com entrevistas, discursos, e vídeos documentais. No fim da exposição há um espaço onde foi reproduzido o primeiro escritório onde Saramago escreveu, contendo a secretária e outros objectos pessoais, como os óculos e a máquina de escrever.

 

Fernando Gomez Aguilera, comissário da mostra, é presidente da Fundação César Manrique, e foi também responsável pela exposição ‘José Saramago. A Consistência dos Sonhos’, que esteve patente em Lanzarote em 2007, depois em Lisboa, e fez uma digressão pela América do Sul.

 

O projecto de remodelação e design de interiores da Casa dos Bicos, edifício do século XVI, é da responsabilidade dos arquitectos João Santa-Rita e Manuel Vicente.

 

Em Junho do ano passado, as cinzas José Saramago foram depositadas junto a uma oliveira centenária que foi propositadamente plantada junto à Casa dos Bicos.

 

A oliveira foi transportada da Azinhaga do Ribatejo, aldeia natal de Saramago, e plantada junto ao edifício, porque o escritor se referia a esta árvore no livro.

 

Retirado do Sol



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Quarta-feira, 30.05.12

O Festival de humor de Lisboa está de volta

 

A 2ª Edição do The Famous Humour Fest (Festival de humor de Lisboa) chega nos dias 6,7 e 8 de Julho e agrega os melhores humoristas do país no cinema São Jorge.


O maior festival do género nacional promete uma vez mais ser a "referência de o humor em Portugal" que justifica o envolvimento da marca com a "irreverência e criatividade que espelham o festival" conforme declarou André Marques gerente da marca, The Famous Grouse, na apresentação.


A boa adesão da primeira edição, de cerca de 8000 visitantes, fez com que a organização mantivesse os nomes sonantes como Bruno Nogueira, Nuno Markl, Aldo Lima, Herman José. E continua com a comédia aliada ao cinema, que estará em grande com a antestreia nacional de 'Bernie- Morre e deixa-me em paz' a protagonizar com Jack Black ou mesmo um cheirinho de 'Balas e Bolinhos 3', para além disto estarão presentes ainda nos festival workshops com destaque para a escrita criativa de Frederico Pombares e o humor físico de Cesár Mourão.


No entanto a organização a cargo da H2N por Hugo Nóbrega, traz novidades ao São Jorge, com a noite do open mic que visa transportar ao palco pessoas desconhecidas da plateia, uma exposição 'Amor com humor se paga II' onde será exposto personalidades fotografadas de forma humorística, The Famous Ladies, será a Ladies Night que contará com a apresentação de Joana Cruz.


Em conversa, Joana Cruz revelou estar "aterrorizada",  dizendo que o convite não se trata somente de "contar uma história para 600 pessoas", mas sim envolve também interagir com as convidadas,  Tânia Barbosa que não conheçe, Inês Lopes Gonçalves e Ana Markl que nunca fizeram stand up e Marta Gautier a qual afirma importar  intensidade às suas actuações.


Um dos humoristas nacionais já consagrados e que vai pisar o palco do São Jorge na noite de 6 de Julho é Luís Franco Bastos, o conhecido imitador tem preparado material renovado e afirma "as pessoas que me conhecem e querem ver, têm uma noção do que eu faço e esperam determinadas coisas e para além disso há sempre material novo com personagens já conhecidas e outras novas, vai ser uma mistura de 'hits' e alguns novos". Em exclusivo ao Hardmusica confidenciou que uma das personagens novas será Francisco Louçã, mas promete fazer o possível para que seja atirado ao Rio Tejo pelos seguranças do Cristiano Ronaldo, pois como diz o próprio "Neste momento quem não é atirado ao Tejo, é sinal de que não está a trabalhar bem".


Os bilhete do  The Famous Humour Fest já estão à venda nos locais habituais, para mais informações sobre o cartaz visite thefamoushumourfest.pt ou veja na página do facebook.com/thefamousgrouseportugal.

 

Retirado de HardMúsica



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Quarta-feira, 09.05.12
A Lisboa Sem Reservas que viu Anthony BourdainBourdain em Lisboa, aquando das filmagens agora já emitidas (Foto: Rui Soares/Arquivo)

Quando passou por Lisboa em Dezembro de 2011, Anthony Bourdain, autor do programa de viagens e gastronomia No Reservations (que os canais SIC Radical e 24Kitchen, ambos no cabo, emitem) deixou o aviso de que não estava na cidade para a retratar como um bilhete postal.

 

Muito se falou na altura sobre o que se ia conhecendo das suas escolhas. Sabia-se que tinha ido aos fados com António Lobo Antunes, às conservas, no Sol e Pesca, com os Dead Combo e às bifanas. Tinha estado também na Cervejaria Ramiro e nos restaurantes de José Avillez (Cantinho do Avillez), Henrique Sá Pessoa (Alma) e Ljubomir Stanisic (Bistro 100 Maneiras). Nas redes sociais opinava-se sobre o que deveria ter comido e onde deveria ter ido e muitos foram surpreendidos com a sua popularidade. 

Agora que finalmente o episódio foi disponibilizado no YouTube ficámos a conhecer as opções de Anthony Bourdain. À primeira vista parece que só se fala de crise, da ditadura de Salazar e dos portugueses como um povo pessimista e melancólico, sobretudo, na sessão de fado em que entram António Lobo Antunes e a fadista Carminho. Contudo, embora esses temas sejam recorrentes ao longo do episódio – tal como aconteceu em relação à ditadura de Franco, num capítulo anterior sobre Madrid – é possível vislumbrar além deles.

Bourdain é fiel ao seu estilo e coerente com o seu percurso. Procura o testemunho de pessoas de vários quadrantes – que sejam emblemáticas, ou que tenham vivido certos momentos da história da cidade ou do país –, busca lugares pitorescos e, geralmente, fora dos roteiros turísticos habituais. Por último, no que diz respeito à gastronomia, rodeia-se de quem intervém no panorama local. Pode ser um artista, um jornalista da área, ou um chef. No caso do episódio de Lisboa, Bourdain aparece conduzido por chefes de cozinha nossos conhecidos embora fique subjacente que as sugestões serão deles mas as opções são suas.



O episódio começa bem, na Cervejaria Ramiro. Na companhia de José Avillez e Henrique Sá Pessoa, a conversa vai discorrendo sobre os predicados do local e sobre o que Portugal tem de bom. A sequência passa-se entre imperiais, percebes, camarões “de morrer”, lagostins “de fazer chorar”, amêijoas, búzios, santolas e pregos (“a sobremesa”). A partir deste momento Bourdain parece deixar-se envolver numa atmosfera introspectiva e uma cidade mais sombria aparece. Sobretudo na parte com Lobo Antunes e Carminho, na Tasca do Chico, mas, também, com os Dead Combo, no Sol e Pesca, ou com Tozé Brito no Cantinho do Avillez. Mas Bourdain dá também alguma cor à cidade e mostra uma Lisboa diferente e pitoresca pautada pela presença de pessoas simples - como nas cenas do grupo do jogo de chinquilho, na pesca de polvo, ou o no almoço com o os pescadores).

Como sempre acontece nos seus episódios, o norte-americano procura a autenticidade no que come, seja numa bifana no café da esquina, num prego e uma mariscada no Ramiro, ou numa das propostas dos “chefes talentosos” que o acompanham no episódio (clique aqui para a página relativa a este episódio no site do Travel Channel).

Neste caso deixa-se render pelos pezinhos de porco e peixinhos da horta, de Avillez; pela cavala, o bacalhau e o leitão, de Sá Pessoa; ou pelo cabrito com arroz de miúdos, de Stanisic - todos pratos de raiz tradicional e de reinterpretação contemporânea. Uma proposta que pareceu algo forçada, e não tão “very traditional”, como foi apresentada, é o guisado de coração de cavalo, fígado de touro e mioleira de porco deste último chef – cujo protagonismo pareceu apagado tendo em conta a sua personalidade e a sua experiência televisiva.

Em Dezembro, na conferência de imprensa que deu no final das filmagens, Bourdain referia que se aprende muito sobre as pessoas vendo “o que elas comem, como comem, em que circunstâncias, o que cozinham, o que lhes dá prazer”. É fácil apontar erros e faltas, como a ausência do multiétnico Martim Moniz, da cozinha goesa, dos vinhos da região ou do pastel de nata, só para dar alguns exemplos. Contudo, em traços gerais e com uma montagem muito feliz (excelentes os pormenores com os Dead Combo), Bourdain cumpre o desígnio de forma coerente e de acordo com a filosofia do programa.

 


* Miguel Pires é critico gastronómico, autor do blogue Mesa Marcada e do livro “Lisboa à Mesa – Guia onde comer. Onde Comprar”

Retirado do Público

 



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Terça-feira, 17.04.12
“Não estou a pensar em reformar-me”
“Não estou a pensar em reformar-me” (Miguel Manso)
A rodar em Lisboa uma co-produção europeia, o filme Comboio Nocturno para Lisboa, o actor Jeremy Irons alertou hoje, em conferência de imprensa, para a necessidade de se preservar a zona histórica de Lisboa, que, no seu entender, constitui “uma verdadeira jóia”.

Alojado num palácio junto ao Castelo de S. Jorge, o britânico conhecido pelas personagens de moralidade dúbia que costuma interpretar afirmou-se chocado com os aglomerados de prédios nos arredores de Lisboa que viu nestes dias. “É uma pena”, declarou, elogiando, ao mesmo tempo, o potencial da cidade e do país. 

“Vocês têm de perceber aquilo que têm na Lisboa antiga”, disse, acrescentando que o mesmo tipo de erros urbanísticos foram cometidos Europa fora. Jeremy Irons – um apaixonado por castelos antigos, tendo já comprado e reabilitado um destes monumentos – falava numa conferência em que estiveram presentes o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e os secretários de Estado do Turismo e da Cultura, respectivamente Cecília Meireles e Francisco José Viegas. Questionado sobre as advertências do actor, Francisco José Viegas disse ser da mesma opinião: “A valorização do património e da paisagem é uma das perspectivas da secretaria de Estado”, referiu, criticando o facto de “não se ter feito conservação preventiva durante os últimos anos”. 

Vestido de maneira informal, com botas e um casaco de capuz abotoado até acima, Irons foi recebido nos Paços do Concelho com a restante equipa do filme, incluindo o realizador dinamarquês Billie August. Apesar de não ter financiado parte do filme, ao contrário do que chegou a estar previsto, a autarquia cedeu o Palácio de Santa Catarina, na Bica, para sede dos trabalhos e local de filmagens. Orçado em 7,7 milhões de euros, conta a história de um professor de latim suiço cuja vida rotineira sofre uma reviravolta quando decide embarcar para Portugal após ter ido à estação entregar o casaco perdido de uma rapariga que salvara do suicídio. Num bolso do casaco há um livro de um escritor português, Amadeo de Prado, um médico anti-salazarista. 

August, que há duas décadas tinha estado no Alentejo a realizar A Casa dos Espíritos, também com Irons, descreve o filme, que se baseia num best-seller de Pascal Mercier, como um “thriller filosófico”: centra-se num homem que tenta dar um sentido à vida quando já tinha desistido dela. A Secretaria de Estado da Cultura contribuiu com 195 mil euros, enquanto o Turismo de Lisboa e o Turismo de Portugal com 250 mil. Num momento de austeridade, o país devia estar mais aberto a acolher a rodagem de produções estrangeiras, defendeu Irons, que espera poder regressar um dia a Portugal para mais filmagens. É que apesar dos seus 63 anos não pensa em deixar ecrãs e palcos tão cedo: “Não estou a pensar em reformar-me”.

 

Via Público



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Sexta-feira, 30.03.12

Porto escolhido como 'Melhor Destino Europeu' 2012

Porto foi eleito 'Melhor destino Europeu' numa competição online onde participaram outras 19 cidades europeias, entre as quais Lisboa, oitava classificada

 

A cidade do Porto foi, hoje, distinguida pela European Consumers Choice como o 'Melhor Destino Europeu 2012', após três semanas de concurso online que contou com a participação de mais de 212 mil votantes.

 

A Invicta foi escolhida entre outras 19 cidades europeias, seguida como melhores destinos para férias por Dubrovnik, Viena, Praga, Bruxelas, Berlim, Budapeste, Lisboa, Florença e Edimburgo.

 

"Com a variedade de recursos disponíveis, o Porto conquista todos os seus visitantes, desde os que o procuram pela história e autenticidade àqueles que o buscam para explorar uma nova cidade, mais cosmopolita e contemporãnea", diz o site da organização.

 

O Vinho do Porto, o centro histórico Património Mundial, museus, lojas de moda de designers nacionais e internacionais são outras das atrações da melhor 'city-trip' do ano a nível europeu.

Procura do Porto sobe dois dígitos

Para o vice-presidente e vereador do Turismo da Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, este prémio vem aumentar a responsabilidade da cidade enquanto destino turístico, ao mesmo tempo que "reforça o seu posicionamento como elemto âncora na promoção do país e da região".

 

Segundo Vladimiro Feliz, em 2011 a procura de informação nos postos de turismo municipais cresceu 19%, o número de passageiros no Aeroporto Fancisco Sá Carneiro aumentou 13,4%, "valores que foram acompanhados por um crescimento também de dois dígitos no número de hóspedes e dormidas no Porto".

 

Via Expresso



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A abertura de novos bares e discotecas vai ser mais difícil fora de certas zonas da cidade
A abertura de novos bares e discotecas vai ser mais difícil fora de certas zonas da cidade (Cláudia Andrade)
Abrir restaurantes, bares e discotecas em locais como o Bairro Alto, a Bica, Santos ou a Mouraria pode, daqui a meses, vir a tornar-se mais difícil. A Câmara de Lisboa quer restringir a animação nocturna nos bairros históricos aos locais onde já existe, impedindo a abertura de novos estabelecimentos, de forma a preservar o sossego dos moradores.

A medida, reconhece o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, é controversa. Por um lado, pode suscitar críticas dos empresários do ramo; por outro, pode gerar a insatisfação dos moradores das zonas de maior animação nocturna, que pretendem ter ali menos bares e discotecas. No Bairro Alto a câmara estabeleceu como área privilegiada de bebidas e diversão nocturna a área delimitada pelas ruas da Rosa, D. Pedro V e da Misericórdia. 

Segundo Manuel Salgado, os estabelecimentos que existam fora desta área circunscrita não serão encerrados, mas também não serão autorizados novos espaços.

"Todas estas actividades [similares de hotelaria e salões de jogos] passam a estar limitadas aos espaços já licenciados para o efeito. Qualquer modificação fica dependente da verificação cumulativa da ausência ou minimização de impactos na qualidade ambiental urbana(...) e de parecer da junta de freguesia" - referem as propostas de alteração aos planos de urbanização dos bairros históricos, que vão ser submetidas a discussão pública. Além de interditar novos estabelecimentos, o município quer condicionar o funcionamento dos que já existem à "inexistência de prejuízo para a qualidade ambiental urbana, nomeadamente circulação, ruído e segurança para os utentes e residentes". 

Para não desincentivar a "gastronomia local", a câmara propõe restrições mais mitigadas para os restaurantes. Mesmo assim, a abertura de novas casas passará a só ser permitida nos bairros em causa "nos troços de arruamentos, entre duas transversais, onde já existam utilizações autorizadas para a mesma actividade". Manuel Salgado explica: "Numa rua onde já existam três ou quatro restaurantes podemos permitir a abertura de mais um. Se noutra rua não existe nenhum, não autorizaremos sequer o primeiro". 

Na Madragoa, ficam dentro do novo perímetro de animação nocturna o Largo de Santos, a Calçada Marquês de Abrantes, a Rua da Esperança e parte da Avenida D. Carlos I. Na Bica apenas foi seleccionada a rua do elevador. Já no Cais do Sodré, local cujos moradores têm instado a autarquia a actuar por causa dos excessos provocados pela animação nocturna, as ruas dos bares foram igualmente incluídas no mesmo tipo de zonamento. 

Mas se estas são medidas que podem ser consideradas insuficientes pelos residentes, a reunião de câmara de ontem ficou marcada pelas críticas, por parte da oposição, a outro aspecto destes mesmos planos: a forma como poderá vir a ser feita de agora em diante a reabilitação urbana nos bairros em causa. A possibilidade de alguns prédios poderem vir a crescer em altura ou a neles serem abertas caves, usadas para estacionamento mas também para outros fins, levou a vereadora do PSD Mafalda Magalhães de Barros a falar no perigo de descaracterização destes bairros históricos, nomeadamente das fachadas originais das casas. 

"Estes planos alargam a possibilidade de demolição dos imóveis", criticou, por seu turno, António Carlos Monteiro, vereador do CDS-PP. "Basta [o proprietário] alegar que eles são técnica e economicamente inviáveis para a câmara autorizar a demolição", exemplificou.

 

Via Público



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Quinta-feira, 15.03.12

Sapatas dos pilares da ponte 25 de Abril decoradas com animais marinhos

Sapatas dos pilares da ponte 25 de Abril decoradas com animais marinhos (Daniel Rocha)

Nos últimos meses, vários grupos de golfinhos foram vistos a passear no estuário do Tejo. A Estradas de Portugal (EP) aproveitou a deixa e decidiu desenhar imagens de golfinhos e de outros mamíferos e aves marinhas nas sapatas dos pilares da ponte 25 de Abril, que liga Lisboa a Almada.

 

Esta iniciativa, intitulada "Ponte Viva", tem como parceiro o Projecto Delfim, uma associação científica que estuda animais marinhos e se dedica, por exemplo, a acompanhar a população de golfinhos residentes no estuário do Sado.

O objectivo é "mostrar que é possível fazer o casamento entre as infra-estruturas rodoviárias, que normalmente têm um grande impacto no ambiente, e os projectos de sensibilização ambiental", disse a responsável pelo gabinete de Ambiente da EP, Ana Cristina Martins, que acompanhou os jornalistas nesta quarta-feira numa visita aos pilares da ponte.

As pinturas estão integradas nos trabalhos técnicos de conservação das sapatas da ponte, uma intervenção que se tornou necessária depois de a inspecção subaquática aos pilares, que decorreu entre Fevereiro e Abril do ano passado, ter detectado "alguma corrosão" naquelas estruturas.

"As obras de conservação das sapatas já foram feitas, esta é a última fase desse trabalho", afirmou a responsável da EP pela ponte 25 de Abril, Fernanda Santos, acrescentando que o orçamento necessário para este projecto se inclui no valor total destinado aos trabalhos de inspecção, 76.300 euros. A pintura das sapatas estava já prevista, só mudam as cores das tintas, que variam entre o cinzento claro e escuro, o preto e o branco. 

As pinturas, que estão a ser feitas por 15 trabalhadores, decorrem em função das marés. Quando há maré cheia, a água sobe dois metros e obriga a interromper os trabalhos. Quando a maré está baixa, tem de ser limpa a superfície de cimento, é aplicada uma primeira demão de tinta, e meia hora depois os pintores avançam para a segunda demão. 

Para já ainda só está concluída a pintura do pilar três, que fica junto à margem Sul do Tejo. No pilar quatro, que fica a meio da ponte, os trabalhadores ainda não concluíram as imagens dos golfinhos e das orcas. Em terra, nos pilares junto às Docas de Alcântara, em Lisboa, vão ficar também golfinhos, que acompanham os flamingos, os maçaricos e os alfaiates.

As pinturas deverão estar concluídas no final de Março. Até ao final do ano, a EP conta terminar todos os trabalhos que dizem respeito à inspecção da ponte, que voltará a acontecer daqui por cinco anos.

 

Via Público



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Domingo, 11.03.12
Lisboa está à procura de soluções para resolver o excesso de táxis na cidade
Lisboa está à procura de soluções para resolver o excesso de táxis na cidade (Ricardo Silva)
O vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa quer melhorar a qualidade do serviço de táxis no Aeroporto da Portela. A ideia de Fernando Nunes da Silva é restringir a possibilidade de efectuarem serviços no aeroporto aos taxistas que cumpram um conjunto de requisitos, nomeadamente de apresentação, conhecimento de línguas e da cidade, limpeza e antiguidade do veículo.

O vereador refere que este sistema é semelhante ao que existe em Barcelona e explica que a fiscalização seria feita por gestores de praça indicados pelos próprios taxistas. 

O presidente da Federação Portuguesa do Táxi concorda com a necessidade de regular o exercício da actividade no Aeroporto da Portela e reconhece que as situações de incumprimento “não são esporádicas”. “Há um grupo de pessoas forte que domina aquilo e dá uma má imagem do sector. Não há dúvida que é preciso travar aquilo urgentemente”, diz Carlos Ramos. 

Este dirigente concorda com a proposta da Câmara de Lisboa e defende a criação de um código de conduta e de um regulamento disciplinar para quem quiser trabalhar no aeroporto. Quem estiver disposto a cumprir as condições aí impostas deverá inscrever-se e se for seleccionado passará a constar de uma base de dados e sujeitar-se-á à fiscalização de um gestor de praça. 

"O carro deve ser limpo, ter um determinado número de anos e ar condicionado. O motorista não deve ter mangas à cava, chinelos de dedo e calções que deixam as pernas à mostra", exemplifica o presidente da federação. 

Carlos Ramos também defende que deve deixar de haver dinheiro a circular, passando todos os pagamentos de serviços com partida do aeroporto a ser feitos com vouchers comprados previamente. Hoje a Associação de Turismo de Lisboa já disponibiliza um produto deste tipo. 

Lisboa à procura de soluções para o excesso de táxis 

A Câmara de Lisboa está também a estudar soluções para resolver o excesso de táxis na cidade, entre as quais a obrigatoriedade de cada veículo parar um dia por semana ou de uma parte das viaturas circular apenas durante o dia e outra à noite. Os representantes do sector concordam com a necessidade de se atacar o problema e apresentam outras sugestões, como alguns taxistas deixarem temporariamente de exercer a sua actividade durante períodos de crise. 

Segundo o vereador da Mobilidade, na capital há cerca de 3450 táxis, número "claramente" superior às necessidades mas que está abaixo do tecto dos 3500 veículos definido há duas décadas pela autarquia. Nunes da Silva lembra que esse contingente foi fixado quando a cidade tinha milhares de habitantes a mais do que hoje, acrescentando que o excesso de táxis é agravado pela actual crise económica. 

O vereador garante que o município "está a a dialogar" com os representantes do sector para listar as soluções possíveis para o problema e chegar a uma proposta concreta de discussão. Entre as hipóteses equacionadas por Nunes da Silva estão cada táxi parar um dia por semana, alguns dias circularem aqueles que têm matrícula par e outros os que têm matrícula ímpar ou ainda uma parte das viaturas só poder transitar durante o dia e outra à noite. 

"Há centenas largas de táxis a mais em Lisboa", concorda o presidente da Federação Portuguesa do Táxi, sublinhando que o contingente de 3500 veículos foi definido na década de 90 e devia ser reavaliado a cada dois anos, o que segundo diz nunca aconteceu. Carlos Ramos atribui parte desse excesso à saída de habitantes e de empresas para os concelhos limítrofes mas também aponta responsabilidades à Câmara de Lisboa, nomeadamente por ter decidido atribuir 50 novas licenças a táxis adaptados para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida. 

"Não há mercado suficiente de cadeiras de rodas que alimente financeiramente esses 50 carros, que vão acabar por ir buscar dinheiro aos clientes dos táxis tradicionais", acusa o presidente da federação, entidade que mantém com a autarquia um diferendo em tribunal sobre esta matéria. 

Excesso também no Porto 

Para resolver o desfasamento entre a oferta e a procura na capital, Carlos Ramos apresenta várias propostas, que sublinha serem utilizadas em cidades como Barcelona e Madrid. Uma delas é os taxistas deixarem temporariamente de exercer a sua actividade durante períodos de tempo pré-definidos, que a autarquia classifique como de crise. "É uma forma de o sector se auto-regular e evita que os especuladores andem a comprar licenças por dez tostões aproveitando-se das dificuldades dos outros", diz o dirigente. Outra ideia é que os empresários interessados em vender as suas licenças passem a fazê-lo, pelo valor de mercado, a um fundo criado para o efeito. Carlos Ramos explica que consoante a procura de táxis em Lisboa num determinado momento esse fundo poderia acumular as licenças compradas ou vendê-las. 

O presidente da Federação Portuguesa do Táxi está de acordo com a hipótese de cada táxi parar um dia útil por semana. "Permite rentabilizar a actividade dos que ficam a trabalhar. Não podemos continuar a viver como se estivéssemos todos ricos", diz Carlos Ramos, defendendo que também ao sábado e ao domingo os veículos deviam circular alternadamente, consoante a matrícula. 

Esta ideia também é bem vista por Carlos Lima, vice-presidente da federação no Porto. "Há 699 táxis na cidade e 500 chegavam bem", diz, salientando que nos últimos meses se assistiu a "uma quebra de facturação de 40 a 50%".

Diferente é a posição do presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), que não concorda com a paragem de um dia por semana. "Não há no país nenhum comércio ou indústria que seja obrigado a parar. Por que é que nós havemos de ser?", questiona Florêncio Almeida, acrescentando que seria impossível alterar os horários de trabalho dos motoristas sem a sua concordância.

Ainda assim, o presidente da ANTRAL afirma que há pelo menos mil táxis a mais na cidade de Lisboa e diz que a solução para isso tem de ser encontrada pelos empresários do sector, "não pela câmara ou pelo Governo". Uma das hipóteses admitidas por Florêncio Almeida seria a de alguns veículos só circularem durante o dia e outros durante a noite. "Com isso muita gente vai para o desemprego, mas é necessário", diz. 

Este dirigente também não concorda com a decisão da Câmara de Lisboa de alargar a Zona de Emissões Reduzidas da cidade, proibindo na Avenida da Liberdade e na Baixa a circulação de viaturas anteriores a 1996, e ameaça com uma providência cautelar. "Criem corredores para os transportes públicos e portagens à entrada da cidade, que assim diminuem mais o CO2", alvitra Florêncio Almeida. 

Nunes da Silva sublinha que os empresários do sector tiveram vários anos para se adaptar. O presidente da Federação Portuguesa do Táxi concorda e garante que a maioria dos veículos está preparada. Mas Carlos Ramos acrescenta que a autarquia devia ter feito a sua parte e deixado de licenciar os táxis anteriores a 1996 ou esclarecido que estes teriam restrições à circulação.

 

Via Público



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Sexta-feira, 09.03.12
O austríaco Fennesz, uma das figuras mais consensuais da electrónica contemporânea, toca amanhã com Manuel MotaO austríaco Fennesz, uma das figuras mais consensuais da electrónica contemporânea, toca amanhã com Manuel Mota (DR)

Música, vídeo, performance e instalação no Teatro Maria Matos, na discoteca Lux e na Faculdade de Belas Artes. O festival SuperStereo DEMOnstration começa esta quarta-feira em Lisboa.

 

É um festival errante, com três edições em dez anos, mas que nem por isso deixa de ser menos estimulante. São três dias de música, arte sonora, vídeo, performance e instalação, divididos pelo Teatro Maria Matos, pela discoteca Lux e pela Faculdade de Belas Artes, em Lisboa. 

Hoje é o arranque com performances de Carlota Lagido e também de Luís Elgris e Fernando Fadigas (ver texto ao lado), no Maria Matos. Nos restantes três dias sobressai a música, com nomes como Fennesz, Chris & Cosey ou Atom™. Por trás do evento estão duas estruturas: o Pogo, mais ligado ao teatro, performance e vídeo, e a Variz, mais ligada à música.

Desde a primeira edição, em 2002 na ZDB, que estão juntas, diz Miguel Sá, da Variz. "O Pogo assume mais o lado da produção, a vertente mais estrutural, enquanto a Variz está mais próxima da programação, embora não existam realidades estanques."

O SuperStereo DEMOnstration, assim se chama o festival, assume- -se como projecto multidisciplinar ou, como resume Miguel Sá, "trata-se de cruzar disciplinas onde há uma imensa possibilidade poética". Noutra perspectiva: "A ideia é impulsionar áreas, como a música electrónica mais exploratória, que são cinzentas, não definidas, em aberto." 

Amanhã, o austríaco Fennesz e o português Manuel Mota tratarão de testar o conceito. O último é um guitarrista de recursos, mas que se apresenta ao piano, propondo para este instrumento uma abordagem tão original como a que desenvolve com a guitarra. Depois, Fennesz tratará de mostrar porque é uma das figuras mais consensuais da electrónica contemporânea, um lugar onde as fronteiras entre abstracção e desenho melódico, experimentação e sensibilidade pop, harmonia e distorção são abolidas. Desde o álbum "Endless Summer" (2001) que se consagrou como máximo representante de uma geração de guitarristas que utilizam as possibilidades digitais como extensão instrumental. 

Em Lisboa apresenta o seu novo álbum utilizando um objecto - Protótipo [432] - que viu pela primeira vez em 2007, em Lisboa, no festival Número Projecto. "Essa peça estava exposta no festival e ele ficou curioso com as suas potencialidades", conta Miguel Sá. O objecto é da autoria do arquitecto lituano Bernardas Bagdanavicius, um complexo instrumento de forma cúbica composto por grelhas e estruturas que suportam 432 cordas de guitarra entrecruzadas. Será estreado no festival. 

Também quinta, mas já no Lux, a electrónica terá um cariz mais lúdico e festivo, destacando-se o concerto do alemão Uwe Schmidt, uma das mais carismáticas figuras das electrónicas desde os anos 1990, que ao longo dos anos tem assumido vários disfarces (Senõr Coconut, Erik Satin, Lisa Carbon Trio, Flanger...). Em Lisboa assumirá o alter-ego Atom™ e sua prestação terá uma vertente audiovisual forte, sendo a música pré-programada e improvisada, o que leva a que cada actuação seja diferente. 

Sexta, atenções viradas para o duo Chris & Cosey, ou seja Chris Carter e Cosey Fanni Tutti, dois dos fundadores dos históricos Throbbing Gristle, peças-chave para perceber parte significativa da música mais exploratória do nosso tempo. Nos anos 1980, a dupla criou uma série de registos marcantes, assentes numa sonoridade electrónica pós-industrial, e não dá concertos há mais de uma década. 

Na mesma noite haverá ainda Rafael Toral com, nas suas palavras, "electrónica pós-free-jazz", tendo a acompanhá-lo um duo de electrónica e bateria com Afonso Simões (Gala Drop, Curia). Para fim de festa, o objecto Protótipo [432] voltará à acção, para ser manipulado por Manuel Mota, Marco Franco e os The Producers. 

Nas tardes dos três dias, há trabalhos em vídeo a passar em contínuo na sala de audiovisuais da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, tendo como ponto de partida a arte sonora.

 

Via Público



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Festa do Desempregado com anúncios reais de emprego

“Se estiveres desempregado/a traz o teu currículo com uma carta de apresentação que mostre que és o sonho de qualquer empregador. Se não estiveres, trá-lo na mesma — não sabes o dia de amanhã”

O Lusitano Clube, em Lisboa, acolhe no sábado, dia 10, a Festa do Desempregado, onde, além de dançar, beber e comer, será possível procurar-se emprego, pesquisando nos anúncios que vão decorar as paredes ou entregando o currículo à organização.

 

“Como somos mais pela luta que pelos braços cruzados e porque achamos que os momentos maus podem ser momentos de oportunidade decidimos fazer esta festa”, disseram ngela, Joana e Frederico, responsáveis pela Festa do Desempregado, à agência Lusa.

 

A organização está a cargo do Alfama-te, “um grupo de amantes da cidade que não consegue estar quieto e descobriu o coração de Lisboa nos miradouros e becos de Alfama”.

 

O Lusitano Clube, contaram, estará “decorado com anúncios (reais) de emprego”. Mas também é possível apostar na candidatura espontânea. “Se estiveres desempregado/a traz o teu currículo com uma carta de apresentação que mostre que és o sonho de qualquer empregador. Se não estiveres, trá-lo na mesma — não sabes o dia de amanhã”, refere a página do evento criada na rede social Facebook.

 

A ideia da organização é “com a autorização das pessoas cruzar informação e empregar nem que seja uma”. Depois, vão “tentar seguir-lhes o rasto”. “Tentamos sempre. Vamos pedir às pessoas que nos digam depois se fizeram contactos interessantes na festa ou se responderam a algum anúncio e tiveram sorte”, referiram.

 

A entrada na festa custa quatro mil alfamareis, mas quem levar currículo só paga metade (um euro equivale a mil alfamareis). O Alfama-te garante que a festa terá — além do ambiente de uma colectividade de um bairro histórico lisboeta, que inclui um salão de baile, uma mesa de bilhar e uma televisão a passar o jogo de futebol do dia — “tudo o que é preciso para que a magia aconteça: um DJ dos bons e um VJ para fazer sorrir, dois bares, um ambiente incrível e muitas surpresas”. O início da festa está marcado para as 22h30

 

Via P3



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Quinta-feira, 01.03.12
Costa diz que safe house” foi proposta pela Obra Social das Irmãs Oblatas
Costa diz que safe house” foi proposta pela Obra Social das Irmãs Oblatas ()

António Costa rejeita que a Câmara de Lisboa esteja a estudar o surgimento de um bordel na Mouraria, mas admite que foi apresentada uma proposta com vista à criação de “uma safe house” onde, entre outras coisas, as profissionais do sexo se poderiam dedicar a uma “prática segura” da sua actividade.

 

Em declarações aos jornalistas à margem da reunião camarária nesta quarta-feira, António Costa explicou que a instalação da referida “safe house” foi proposta pela Obra Social das Irmãs Oblatas, que há vários anos lidam com o problema da prostituição na zona do Intendente.

Segundo o autarca, a intenção desta ordem religiosa é abrir um espaço “onde possa ser garantida a segurança física e psíquica das profissionais do sexo”.

Questionado sobre a legalidade dessa “safe house”, António Costa disse que isso “está a ser estudado”.

O presidente da Câmara de Lisboa recusou no entanto responder se esta ideia se enquadra na sua visão para a requalificação da Mouraria, projecto que tem assumido como uma das suas bandeiras. 

 

Via Público



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Domingo, 26.02.12

TRANSTEJO Novos horários entram em vigor amanhã

Ao fim de semana a frequência da oassagem dos barcos passa para os 60 minutos.Imagem: Carla Silva Costa


Na ligação entre o Montijo e o Cais do Sodré haverá a supressão diária de duas carreiras no período da manhã (quatro ligações, contabilizando idas e voltas), uma delas antes a hora de ponta e outra depois, e de duas carreiras ao sábado (quatro ligações) e duas ao domingo (quatro ligações), ambas durante a manhã.

 

A ligação entre Cacilhas e o Cais do Sodré também vai sofrer reduções, com a supressão de quatro carreiras diárias (um total de oito idas e voltas), uma delas de manhã e três após as 21:45, e de nove carreiras ao sábado e nove ao domingo (nove idas e nove voltas, em cada um dos casos).

 

A maior redução está prevista para a travessia Seixal - Cais do Sodré, com menos cinco viagens diárias durante a semana (10 idas e voltas), três das quais entre as 10:05 e as 15:30 e duas entre as 19:05 e as 20:30, e menos seis ao sábado e menos seis ao domingo (um total 12 idas e voltas em cada dia do fim de semana).

 

A ligação Trafaria - Belém, que esteve para ser desativada na primeira versão da estratégia para o setor dos transportes, mantém-se, sofrendo uma redução de duas viagens durante a semana (quatro idas e voltas), a primeira delas da manhã e uma na hora de almoço, bem como uma diminuição de três ao sábado e de três ao domingo (seis ligações em cada um dos dias).

 

Na ligação da Soflusa (empresa do mesmo grupo) entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, haverá menos três carreiras diárias (seis ligações) e a frequência das carreiras ao fim de semana passa para os 60 minutos.

 

Os trabalhadores do grupo condenam a redução das carreiras, pois consideram-na "um erro que não defende o serviço público", e já anunciaram plenários, com a paralisação de atividade, nas duas empresas.

 

Na Soflusa o plenário está agendado para segunda-feira, com as ligações a pararem entre as 13:25 e as 16:20 no sentido Barreiro - Terreiro do Paço, enquanto que no sentido inverso vão estar paradas entre as 13:25 e as 16:50.

 

Na empresa Transtejo, o plenário realiza-se na quarta-feira, com paralisação da atividade entre as 14:50 e as 16:50. Os trabalhadores ameaçam avançar para novas greves.

 

A Câmara do Seixal também está contra a redução de carreiras e enviou na sexta-feira um ofício ao ministro da Economia e do Emprego em que demonstra o seu desagrado com a decisão.

 

Via Sapo Notícias



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Terça-feira, 14.02.12
Quem estiver interessado só tem de aparecer às 17h num dos três quiosques
Quem estiver interessado só tem de aparecer às 17h num dos três quiosques (Foto: Nuno Ferreira Santos)
Arranjar um par a quem está só ou mal acompanhado neste Dia dos Namorados é o objectivo de uma iniciativa conjunta da Câmara de Lisboa com os quiosques de refrescos de Catarina Portas.

Quem estiver interessado neste blind date só tem de aparecer às 17h num dos três quiosques - Príncipe Real, Praça de Luís de Camões ou Praça das Flores - e tentar a sua sorte. "Nós contribuímos com um kir de groselha para ajudar a soltar a língua e a timidez", explica uma porta-voz de Catarina Portas, Manuela Costa. "Esperamos que as pessoas tenham uma boa conversa e se divirtam". Afinal, quem disse que o amor não pode ser descoberto à mesa de um quiosque? Tempo não há-de faltar, porque tanto o quiosque do Príncipe Real como o da Praça das Flores fecham à meia-noite e o do Camões só encerra à uma. Ontem, a meio da tarde, a iniciativa, que se intitula justamente O amor é cego, contava com 13 inscrições, mais mulheres do que homens. 

E, se as coisas correrem de feição, ainda há tempo para, nos próximos dias, participar com a nova cara metade nas múltiplas iniciativas da Câmara de Lisboa para assinalar que estamos em época de namoro. No jardim de S. Pedro de Alcântara, termina hoje, pelas 19h, um campeonato de slows, enquanto no quiosque do jardim das Amoreiras decorre uma semana gastronómica inspirada nas receitas afrodisíacas de Isabel Allende. E como muitas vezes o caminho para o coração passa pelo estômago, a culinária é também o ponto forte das celebrações desta semana dos namorados no mercado de Santa Clara, local onde também se cantará o fado. 

Até que a morte nos separe é um passeio com partida no cemitério dos Prazeres para dar a conhecer histórias de amor que atestam, e nalguns casos até ultrapassam, o romantismo do juramento nupcial. Para os amantes da natureza, a autarquia organizou visitas a Monsanto, nas quais promete desvendar os segredos da biodiversidade, do acasalamento e da reprodução. 

Já os adeptos dos ritmos tropicais podem rumar à Rua Nova do Carvalho, no Cais do Sodré, para onde estão prometidas aulas de morna na sexta-feira. O programa das festividades românticas promovidas pelo município está todo disponibilizado num site criado para o efeito.

Já quem preferir aprender a cortejar ao estilo vitoriano só tem que se dirigir ao centro comercial das Amoreiras. Na sua clínica de cortejo refinado, a marca de gin Hendrick"s oferece dicas de etiqueta tanto a solteiros que procuram atrair potenciais pretendentes como a casais que pretendam "desenvolver as suas relações com um grande nível de compostura". Num ambiente vitoriano, várias personagens ajudarão os visitantes a encontrar a sua cara metade e a desenvolver as suas capacidades amorosas. Entre os ensinamentos figuram temas como a etiqueta do primeiro encontro, o que vestir em cada ocasião, como convidar alguém para dançar ou como participar num speed-dating.

 

Via Público



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Sexta-feira, 27.01.12

Preços dos bilhetes e passes aumentam em média 5% no sector público
Preços dos bilhetes e passes aumentam em média 5% no sector público (Rui Gaudêncio)
Os aumentos foram publicados nesta sexta-feira em Diário da República. A partir de quarta-feira, 1 de Fevereiro, o transporte público encarece em média 5% nos passes e bilhetes. Nos privados o aumento ronda os 4%. Mas há outras alterações. Confira as principais mudanças nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto:

Em Lisboa:

É criado o novo título Navegante, que associa os actuais passes combinados “Carris e Metro de Lisboa urbano” ao da CP, nos circuitos urbanos de Lisboa, por 35 euros. A modalidade que permite associar os passes “Carris e Metro de Lisboa rede” à CP Lisboa custa 40 euros.

O Navegante permite viajar na CP nos percursos Belém-Cais do Sodré, Benfica-Rossio, Benfica-Oriente, Oriente-Santa Apolónia e Alcântara Terra-Oriente. 

Vão também ser criados passes Navegante combinados com a Transtejo/Soflusa: até Cacilhas vai custar 45 euros; para o Barreiro 56,1 euros; e o que inclui o Seixal e Montijo vai custar 49,5 euros.

O passe normal Carris urbano a 30 dias sobe para 29 euros e o passe Carris rede 30 dias passa a custar 35 euros. O preço dos bilhetes a bordo mantém-se: 1,75 euros nos autocarros e 2,85 euros nos eléctricos.

O passe mensal do Metro aumenta de 23,90 euros para 29 euros. Já o passe para toda a rede do Metro sobe de 32 para 35 euros.

Deixa de ser possível fazer novas adesões aos passes monomodais da Carris e do Metro. Em Janeiro de 2013, deixam de existir os passes e outros títulos que permitem utilizar apenas um meio de transporte, à excepção dos bilhetes comprados a bordo da Carris.

Quem trocar as assinaturas actuais pelo Navegante beneficiará de um desconto mensal de três euros, até 31 de Dezembro deste ano.

Em 2013, o preço do Navegante urbano vai aumentar para igualar o preço do Andante Z3 (no Porto), que deverá também subir de acordo com a taxa de inflação.

Cada viagem no Metropolitano de Lisboa vai custar 1,25 euros. Quem carrega o cartão Viva Viagem com a modalidade zapping passa a pagar um valor único de 1,15 euros por uma viagem.

Na rede urbana da CP Lisboa, os aumentos vão dos dois aos 5,9%. Por exemplo, o passe mensal da zona 1 vai custar 29,5 euros. O da zona 2 vai aumentar para 39,6 euros e o da zona 3 vai passar a custar 45,1 euros.

Os novos valores das assinaturas e dos bilhetes estão disponíveis no site (www.cp.pt) da transportadora na Internet.


No Porto:

Não serão aceites novas adesões às assinaturas monomodais da STCP. Estas deixarão de existir a partir de 1 de Janeiro de 2013.

Para quem já tem assinatura da STCP, o preço sobe para os 29 euros na STCP Porto (A) normal. 

O valor do Andante Z3 normal diminui 0,50 euros, para os 36 euros. 

Até ao final do ano, os actuais assinantes de títulos mensais da STCP que migrem para o Andante nas modalidades de 6 ou mais zonas, e 10 ou mais zonas, beneficia de uma bonificação correspondente ao preço diferencial de uma e duas zonas, respectivamente.

Deixará de haver passes e assinaturas de dias úteis, que vão dar lugar aos passes a 30 dias, tanto em Lisboa como no Porto.


A nível nacional, nos passes escolares 4_18 (para estudantes entre os 4 e os 18 anos) e sub-23 (para estudantes do ensino superior até 23 anos), diminui o desconto de 50% para 25%, mas só até Junho. Depois o desconto dependerá dos rendimentos da família. Os estudantes que beneficiem do escalão A do apoio social escolar continuam a ter um desconto de 50% sobre o preço total.

Além disso, o Governo vai criar um passe com desconto de 25% exclusivo para reformados, pensionistas e crianças que viajem nos transportes públicos fora das horas de ponta. Esta bonificação não depende dos rendimentos e pode ser acumulada com outros benefícios. Os reformados que recebam o rendimento social de inserção e o complemento solidário para idosos mantêm um desconto de 50%.

O Passe Social+ é alargado a famílias com rendimentos até 1258 euros, que tenham dois sujeitos passivos e dois dependentes (idosos ou jovens), com descontos progressivos consoante o rendimento. 

 

Via Público



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Terça-feira, 03.01.12

Milhares de pessoas escolheram o Parque das Nações, em Lisboa, para entrar em 2012. No Porto, a Avenida dos Aliados foi o local escolhido

 

 

 

 

Via Expresso



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Terça-feira, 27.12.11

Desde o dia dos namorados que José deixa uma flor e uma mensagem no metro de Lisboa

Desde o dia dos namorados que José deixa uma flor e uma mensagem no metro de Lisboa (Rita Chantre)

 

Há mais de dez meses que, todos os dias, uma flor viaja clandestinamente no metro de Lisboa. José propôs-se a espalhar o amor pela capital durante um ano, com flores e poesia para quem as quiser apanhar. Não falhou um único dia. E já obteve resposta.

 

É dia dos namorados, 14 de Fevereiro, em Lisboa. Um jovem entra num restaurante, para um “jantar de encalhados”. Gente sem namoro reunida para uma refeição cercada por casais e flores e velas e beijinhos. Sairá comprometido com o peculiar projecto de espalhar o amor pelos subterrâneos da capital, plantando diariamente flores na última carruagem do metro, linha azul, a partir de Santa Apolónia. Mas ainda não sabe.

Há uma rosa na mesa e a brincadeira dita que fique para quem estiver “encalhado” há mais tempo. José, 28 anos, denuncia-se e fica com ela. No regresso a casa, olha a alavanca que serve para accionar o sinal de alarme do metro e engendra uma brincadeira romântica para acabar o dia. Escreve uma mensagem: “Só me volto a encontrar contigo quando apanhares a flor que vai no metro da linha azul”. Envia e fica à espera.

A rosa não chega ao destinatário. Nem a segunda flor, enviada no dia seguinte, nem a terceira. Enquanto falha, mais uma vez, pensa: “Isto teria piada se fosse para toda a gente”. E é com esta reflexão que nasce a ideia de, durante um ano, plantar uma flor no sinal de alarme do metro. Uma por dia, sem falhar, endereçada a quem a encontrar. Cada flor leva um aforismo e pede resposta, por carta, “para obrigar as pessoas a parar”. 

“A paixão é tremoço, o amor é azeitona”

“Perdeu-se uma coisa, ganhou-se outra”, lembra José ao PÚBLICO, relativizando a insucesso da primeira empreitada, com destinatário certo. “Estava com vontade de escrever à mão cartas de amor, bilhetes. E [esta ideia] foi um estímulo para escrever todos os dias, para fazer um exercício de escrita criativa: escrever frases de amor, definições ou não, que me surgem no dia-a-dia. Coisas patéticas como ‘A paixão é tremoço, o amor é azeitona’. E qualquer pretexto serve. As frases são inesgotáveis.”

Esta é a parte prática da história de José, que não revela o resto do nome porque considera que o seu anonimato coloca a ênfase no projecto, que designou Sinal de Alarme. O título tem uma origem absolutamente prosaica, como acontece com os aforismos: é na alavanca do sinal de alarme do metro que as flores são postas a circular por Lisboa. O conceito é construído em cima dessa mundanidade.

O mesmo acontece, por exemplo, com o destino das flores, o fim da linha azul: à vista desarmada é apenas Amadora; numa perspectiva romântica, é o “feminino de quem ama”. É isso que o Sinal de Alarme faz: transforma o quotidiano em romance e assume posições. Incluindo em momentos importantes da vida nacional, em dia de eleições, de manifestações ou greves, na declaração do fado como Património da Humanidade. “A paixão faz greves, o amor faz revoluções”, lia-se a 24 de Novembro, dia de greve geral.

É a política a imiscuir-se nos afectos. José não tem qualquer pejo em assumir o seu carácter interventivo: “O amor também é política. Claro que é. E é importantíssimo que assim seja. O amor tem de se comprometer com alguma coisa”. Mas não se fica por aí: há a questão das flores, de onde as vai apanhar. “O Banco de Portugal, na Almirante Reis, tem um canteiro fantástico. E, por uma questão de justiça social, vou deixar de as comprar e passar a levar as do Banco de Portugal. Quando estiver sem flores, eu assumo as culpas. Só tenho de ter cuidado com aquilo, que pica.”

O crime e a resposta

Santa Apolónia é uma estação terminal e os maquinistas têm de sair da cabine da carruagem que, com a mudança de direcção, se transforma na última, percorrer todo o veículo e entrar na cabine lá na outra ponta. No minuto que essa operação dura, José planta a flor no sinal de alarme e tira uma fotografia. Não pode fazer uma coisa nem outra – e sabe que está a ser vigiado, através das câmaras –, mas nunca foi incomodado.

Nem pelos responsáveis do metro, nem pelas pessoas que, sobretudo em hora de ponta, enchem a estação. “Às vezes encostam-se ao sinal e é mais complicado [pôr a flor]. De resto, não dizem nada. São poucos os curiosos que vão ver o que aquilo é”, observa. As reacções chegam-lhe sobretudo via Facebook, onde mantém uma página dedicada ao Sinal de Alarme, com fotografias de cada “crime” e com as respostas que recebe.Foi através daquela rede social que um maquinista partilhou a fotografia de uma flor que colheu no metro. É naquela rede social que os “fãs” do Sinal de Alarme gostam, comentam e partilham as melhores frases, que ficam abismados com os desvarios proporcionados pelas bodas do projecto – a cada 50 ou 100 dias que passam, José faz acompanhar as flores de objectos estranhos, como um vaso de alface, uma camisa ou um abacaxi; na última boda, já neste mês, um bacalhau seguiu em direcção à Amadora. “A ideia é fazer sorrir as pessoas que vão para o trabalho, muitas vezes sob stress”, diz.

“O Sinal de Alarme provoca sorrisos deliciosos nas pessoas mais sisudas e sérias”, conta, revelando que nunca acompanhou uma flor durante todo o percurso. A escolta, às vezes, dura apenas duas paragens. “Não fico muito tempo. O meu papel é pôr a flor. Depois, o metro que a leve e as pessoas que façam o que quiserem.” Algumas apanham-na e nada dizem; outras enviam perguntas por e-mail; outras ainda aceitam o desafio de responder por carta. Não muitas: sete, uma das quais a partir do Canadá.

As cartas são anónimas. Faz parte das regras – afinal, são respostas a um “crime”. “As pessoas escrevem de forma mais livre, mais pura, sem se comprometerem com nada. É uma forma de desabafarem, de se conhecerem um pouco melhor. É mais para elas que para mim”, sublinha. “O acto de parar, sentar, pensar, pegar na caneta e começar a desenhar as letras é importante. O Sinal de Alarme é mesmo uma paragem. Como no Caos Calmo [filme de Antonello Grimaldi], quando o Moretti perde a mulher e passa todo aquele tempo parado, sentado no banco. É isso que faz falta. Se accionares o sinal de alarme no metro, ele pára. As cartas são isso: parar para avançar.”

“O que ando aqui a fazer?” Esta é a pergunta que José quer que as pessoas façam a elas próprias. “Só se pensa nisto quando ficamos doentes ou morre alguém. Hoje, as pessoas estão a ficar completamente soterradas”, lamenta, antes de construir uma ponte entre o quotidiano cinzento das grandes cidades e as possibilidades do amor, que “também assusta muito”.

“O que vou fazer com as cartas, não sei. Tenho de arranjar uma forma de as plantar. Não sei o que vou fazer com isto. Passado um ano gostava de ter vida”, desabafa. Entretanto, gostaria de ver o projecto contaminar outras paragens. “As pessoas seriam mais sãs. Já desafiei pessoas de outras cidades, mas não aceitaram. Porque isto tem de ser todos os dias: o amor é todos os dias. Acordas todos os dias, comes todos os dias... o amor é todos os dias. Pode estar alguém à espera e se a flor não chega...”

Sem férias

O Sinal de Alarme não falhou um único dia. E a ideia é que assim continue até 14 de Fevereiro de 2012, quando completar um ano. É o comprometimento sem mácula de que fala José e pelo qual abdicou de tudo que, ao longo deste ano, pudesse comprometer o projecto: férias e viagens, festas, funerais e aniversários, sono. “Houve um dia em que não pude mesmo, mas a flor foi lá posta por outro louco apaixonado pela poesia e o amor.”

“Tive medo de não conseguir fazer isto todos os dias. No início, era um impedimento: tinha de ir ao metro todos os dias e colocar lá a flor, estar sempre no mesmo local. Mas isto já se tornou tão rotineiro que tenho medo do que vai acontecer a 14 de Fevereiro, da desabituação. Já faz parte de mim.”

José é de Vila Nova de Famalicão. Na Páscoa, obrigou a família a descer até Lisboa, onde vive, para a refeição festiva. É assim tão sério. Mais tarde, a avó, de 88 anos, teve de viajar sozinha até à capital para matar saudades do neto, que há muito não ia à terra natal. “A minha família sabe da flor, mas não sabe que é por isso que não vou lá acima. Se souberem, internam-me. Digo que é por causa do trabalho, tenho vergonha de dizer que é pela flor. Se digo à minha avó, ela pensa que estou choné”, brinca.“Não fui de férias, não viajei, fiquei várias vezes sem hora de almoço, gastei dinheiro em táxis, em flores. Fui a velórios, mas não a funerais”, recorda. No aniversário da mãe, fez uma “visita de médico”, de surpresa. Vai e volta todas as sextas-feiras a Braga, por causa do doutoramento na Universidade do Minho. Nunca fica no norte.

Nas últimas legislativas, a 5 de Junho, fez parte de uma mesa de voto em V.N. Famalicão, como é seu hábito. Foi e voltou no mesmo dia: chegou às 5h a casa, foi para as mesas de voto às 7h, ficou até às 19h e uma hora depois estava em Campanhã, no Porto, a apanhar o comboio para Lisboa.

É um destes ralis de transportes públicos que José está a fazer neste Natal, que foi passar a casa, com a família. A consoada é um interlúdio no frenesi do amor, antes de novo regresso a Lisboa, para não falhar. Porque “é importante fazer uma coisa todos os dias, sem falhar. Como uma mãe que vai acordar o filho todos os dias, dar-lhe um beijo, carinho. O resultado, depois, é exponencial. Se todas as pessoas escrevessem todos os dias, por exemplo, seria óptimo para os Correios. Talvez não precisassem de ser privatizados.”

 

Via Público



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Quinta-feira, 22.12.11

As antigas instalações do Hot Clube de Portugal
As antigas instalações do Hot Clube de Portugal (Foto: Enric Vives-Rubio)
Dois anos depois de ter sido destruído num incêndio, o novo Hot Clube de Portugal, que se orgulha de ser um dos mais antigos clubes de jazz do mundo, é esta quarta-feira inaugurado. De volta à Praça da Alegria, em Lisboa, mas algumas portas abaixo da sua localização original, o Hot Clube de Portugal está de regresso com três dias de espectáculos gratuitos.

Apesar de as obras ainda não estarem totalmente terminadas e faltar também uma parte da mobília, o antigo clube de jazz da Praça da Alegria, que em 2008 comemorou 60 anos de existência, está pronto para voltar à sua rotina habitual, com uma actuação, às 22h, do grupo original do Hot Clube, composto por Justiniano Canelhas, Bernardo Moreira e Manuel Jorge Veloso, e que vai contar com a presença de alguns convidados.

Logo depois sobe ao palco o septeto Hot Clube de Portugal, do qual fazem parte os músicos Bruno Santos, João Moreira, Pedro Moreira, Luís Cunha, Rodrigo Gonçalves, Bernardo Moreira e André Sousa Machado.

Na quinta-feira, a celebração continua com um concerto a cargo da Big Band, dirigida pelo trombonista Luís Cunha, que apresentará na primeira parte um reportório de Duke Ellington, enquanto a segunda parte é dedicada aos compositores portugueses.

Os três dias de festa encerram na sexta-feira com um concerto dos alunos do Hot Clube de Portugal – desde os anos 1980 que este clube tem também a funcionar uma escola de música de jazz, actualmente situada em Alcântara.

O Hot Clube de Portugal, que foi considerado pela revista norte-americana Downbeat como um dos cem melhores clubes de jazz do mundo, tem agora morada fixa nos números 47 a 49 da Praça da Alegria, num espaço cedido pela Câmara Municipal de Lisboa. Para os que conheceram a cave do antigo clube, que ficou destruída no incêndio de Dezembro de 2009, as comparações serão escusadas, uma vez que o novo clube, que é ligeiramente maior, não foi remodelado à imagem do anterior. O clube de jazz tem agora uma sede maior, com camarins, sistema de som renovado e um novo piano. “Desta vez, é um espaço feito para isto, enquanto o que tínhamos não era”, disse recentemente ao PÚBLICO Inês Cunha, presidente do conselho directivo do Hot Clube de Portugal. As instalações incluem ainda um jardim arborizado, para o qual já começam a ser pensados alguns espectáculos ao ar livre.

O edifício, onde outrora funcionava a casa do jazz, foi demolido no ano passado, restando apenas a sua fachada.

“O que é importante é que as pessoas voltem a sentir que o espaço é delas e que o Hot Clube está vivo”, disse Inês Cunha à Lusa, explicando que, apesar de diferente, “o que faz o espaço são as pessoas”.

Depois desta festa de reabertura, o clube irá iniciar, a partir de Janeiro, uma programação regular, que ainda está a ser definida. 

Fundado em 1948, o Hot Clube de Portugal acolheu grandes nomes do jazz, como Count Basie, Dexter Gordon, Trummy Young, os músicos da orquestra de Quincy Jones, Herb Heller, Pat Metheny ou Sarah Vaughn. E foi o palco privilegiado para muitos nomes do panorama português, de Mário Laginha a Carlos Barreto, de Zé Eduardo a Barros Veloso, de Maria João a Maria Viana.

 

Via Público



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Domingo, 11.12.11

Autor admite que gosta dos jogos com cores e animais
Autor admite que gosta dos jogos com cores e animais (Foto: Rui Soares)
Maioria dos transeuntes aprecia intervenção de arte urbana, mas há quem critique sujidade e desmazelo na zona envolvente.

Lisboa tem uma nova atracção turística. Graffitado há poucos dias numa empena nas traseiras da Avenida da Liberdade, o gigantesco cavalo não passa despercebido a ninguém - e poucos são os visitantes da cidade que resistem à tentação de o captar com um disparo da máquina fotográfica.

Obra de um homem só, o graffiter espanhol Aryz, o desenho não custou um tostão à cidade. Uma loja e galeria do Bairro Alto ligada a este tipo de arte urbana, a Montana, convidou o artista de 23 anos, e quatro dias depois o cavalo de sete andares de altura coloria o desengraçado prédio branco e cinzento junto ao Teatro Tivoli. "É com orgulho que passamos a ter uma peça de Aryz na cidade", diz Sílvia Câmara, da Galeria de Arte Urbana da autarquia de Lisboa, departamento que se encarregou de encontrar uma fachada suficientemente grande e cujo proprietário estivesse disposto a acolher o trabalho. Sílvia Câmara recorda que os desmesurados trabalhos de Aryz estão espalhados por várias cidades europeias. Só em 2011 o artista pintou na Polónia, em Itália, na Finlândia e ainda na Catalunha, onde mora. 

"Fez tudo sozinho, sem ajuda de ninguém", descreve, impressionado, o guarda do estacionamento improvisado que fica ao lado da agora célebre empena. "Chegava às 8h e ficava até ser noite, às vezes até às 22h." E nem os cozidos à portuguesa e outros pratos típicos que foi comendo numa das tasquinhas defronte lhe tolheram os gestos. O pior é mesmo quando lhe perguntam que significado dá ao cavalo, mais ao esqueleto e aos peixes cabeçudos que compõem o desenho. "Quando lhe perguntei, disse que era o imaginário dele. Mais nada", conta a proprietária da tasca. Contactado pelo PÚBLICO através do proprietário da Galeria Montana, Miguel Santos, também desta vez Aryz se mostrou pouco dado a interpretar o seu trabalho: "Ele diz que não há nenhum conceito por trás do desenho. Que gosta destes jogos com cores e animais." 

"Obra de mestre"

Um comunicado da Galeria de Arte Urbana dá algumas pistas na descrição de uma obra que lembra, nalguns aspectos, as obras surrealistas de Dali: "Respeitando os vestígios ainda patentes de um edifício contíguo, anteriormente demolido, o autor traçou directamente sobre o reboco cru de toda a empena uma espiral enleada entre o corpo e o esqueleto de dois cavalos, pontuada por certos apontamentos "burgueses" que introduzem um afável humor nas suas obras, como um laço e um chapéu mínimos ou até pequenos peixes que parecem nadar sorridentes em redor das figuras centrais." 

São de agrado a maioria das reacções dos transeuntes. "Pelo menos a empena está mais alegre", observa uma moradora, de 75 anos. "É uma obra de mestre", elogia o sócio do restaurante em frente ao prédio. Vizinho do megacavalo, o arquitecto paisagista Ribeiro Telles lamenta que a empena não tivesse sido limpa. "Tem um aspecto de degradação muito feio que o graffiti não resolveu", declara.

Ainda que sem custos envolvidos, o patrocínio pela autarquia de uma forma de arte pouco consensual como é o graffiti suscita críticas. "Qual passa a ser a credibilidade do presidente da câmara, quando multa um miúdo de Chelas que pintou a parede do metro?", questiona o director-geral de uma farmacêutica, Samuel Maurício, de 42 anos. "A cidade devia opor-se a tudo quanto é graffiti", opina. O pior, nota Ana Alves de Sousa, do movimento cívico Forum Cidadania, é nada na zona envolvente ter sido arranjado: "O ecoponto em frente está um nojo, com o lixo todo cá fora; os passeios estão completamente destruídos e o estacionamento no terreno ao lado está todo entrapado à volta, como se fosse clandestino..."

 

Via Público



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Sexta-feira, 02.12.11

A capital portuguesa surge na 41ª posição do ranking anual das cidades do mundo com maior nível de qualidade de vida. Saiba aqui quais são elas.

 

Lisboa está entre as 50 melhores cidades do mundo para se viver. A Mercer, consultora internacional de gestão e investimentos, acaba de lançar o estudo "Quality of Living 2011", no qual revela o ranking das cidades com maior nível de qualidade de vida e a capital portuguesa surge na 41ª posição a lista, à frente de cidade como Madrid, Roma e Los Angeles.

 

No topo da lista, que contabiliza 221 cidades tendo Nova Iorque como termo de comparação., surge Viena, na Áustria, seguida de Zurique, na Suiça, e Auckland, na Nova Zelândia. As piores classificadas são N'Djamena, no Chade, Bangui, na República Centro-Africana, e Bagdade, no Iraque.

 

As condições de vida são analisadas de acordo com 39 critérios, agrupados em 10 categorias, que vão desde o ambiente social, político, económico e cultural, aos fatores médicos e sanitários, passando pelas condições de educação e também de habitação.

Este ano, para além das cidades com maior classificação de qualidade de vida, o estudo da Mercer identifica também as cidades com segurança pessoal mais elevada, tendo por base critérios como estabilidade interna, níveis de criminalidade, eficácia da política de segurança e das relações internacionais do país.

 

Neste contexto, o Luxemburgo encontra-se em primeiro lugar, seguido de Berna, Helsínquia e Zurique. Lisboa, a única cidade portuguesa a figurar nos dois estudos, volta a fazer parte do ranking, desta vez em 47º lugar. Em termos de segurança, a nossa capital surge à frente de cidades como Londres, Paris e Washington.


Via Expresso



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Domingo, 13.11.11

Militares e funcionários públicos saíram à rua em protesto contra as medidas do Orçamento do Estado apresentado pelo Governo. Veja as imagens captadas pelos fotojornalistas do Expresso, Tiago Miranda, Jorge Simão e José Ventura.

 

Via Expresso



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Sexta-feira, 11.11.11
Há 12 fotos de grande resolução no site do Sapo
Há 12 fotos de grande resolução no site do Sapo (Foto: Rui Gaudêncio/Arquivo)
O Sapo disponibiliza a partir desta quinta-feira fotos panorâmicas de alta resolução, a maior das quais, tirada a partir do Castelo de São Jorge, em Lisboa, é composta por 18 mil fotografias.

As fotografias vão estar disponíveis no site Sapo Panoramas – ao todo, são 12 fotos, onde o utilizador pode fazer zoom até níveis de imagem muito detalhados.

Para além de fotos de Lisboa (tiradas de sítios como o Castelo de São Jorge, a Ponte 25 de Abril e o Centro Cultural de Belém, entre outros), há fotografias captadas em Sagres, no Cabo da Roca e uma fotografia que foi tirada no Estádio de Alvalade, durante o jogo Sporting-Lazio.

As fotografias vão incluir elementos de interactividade e ligação a redes sociais: os utilizadores podem partilhar locais específicos captados nas fotos, assinalarem a sua presença ou a de amigos (através de tags) ou solicitarem a remoção de conteúdo que considerem impróprio.

A apresentação do projecto é feita hoje, na quinta edição do Sapo Codebits, um evento que inclui dezenas de palestras e um concurso de criação de projectos que envolve uma maratona de 48 horas de programação e desenvolvimento.

No Codebits, a foto panorâmica de Lisboa será exibida numa tela de 25 metros e, numa parceria com a Microsoft, poderá ser controlada através de gestos, usando uma adaptação do Kinect, o acessório daquela empresa para controlar jogos através de gestos na consola Xbox.

O objectivo do Panoramas, explica o director de tecnologia do Sapo, Celso Martinho, é documentar Portugal, “começando pelos pontos emblemáticos” e, no futuro, bater o recorde mundial para fotografias deste género.

A fotografia de Lisboa composta por 18 mil imagens totaliza 60 gigapixeis – um gigapixel tem 1000 vezes mais informação do que um megapixel; as câmaras fotográficas de telemóveis tipicamente oscilam entre os três e os 12 megapixeis.

Na Internet, estão disponíveis exemplos de imagens maiores do que as do Sapo. Há, por exemplo, uma foto panorâmica de Londres com 80 gigapixeis e uma foto de Sevilha com 111 gigapixeis. A detentora do recorde do Guinness é uma imagem panorâmica de Shangai, feita a partir de 12 mil fotografias e com 272 gigapixeis.

O projecto do Sapo começou há cerca de cinco meses, com uma equipa (de fotógrafos a engenheiros) a rondar as 15 pessoas. As imagens foram captadas por um robô, colocado nos locais de captura por períodos normalmente de seis a 12 horas, durante as quais tirava milhares de fotografias. O processo de colagem das imagens para construir a panorâmica é parcialmente automatizado, mas é necessária intervenção humana para corrigir erros.

O Sapo aproveita ainda o Codebits para mostrar uma nova homepage e inaugurar uma loja de conteúdos, destinada a quem queira criar serviços e aplicações que usem conteúdos do portal, que vão de farmácias de serviço a meteorologia e notícias. Segundo Celso Martinho, será uma “loja self-service” em que será possível comprar conteúdos como quem compra aplicações móveis. 

 

Via Público



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Domingo, 06.11.11

"Inquietos", de Gus van Sant, abre oficialmente o Lisbon & Estoril Film Festival

"Inquietos", de Gus van Sant, abre oficialmente o Lisbon & Estoril Film Festival (DR)

 

Chegados à quinta edição do Lisbon & Estoril Film Festival, e primeira a acontecer igualmente em Lisboa, a oferta de filmes é tal que vale a pena desenhar um pequeno percurso diário por momentos altos do festival. Uma escolha possível de entre inúmeras, levando em conta que muitas das antestreias apresentadas chegam já às salas nas próximas semanas. Siga-nos!
Hoje, 4
A abertura oficial faz-se com "Inquietos", o novo filme de Gus van Sant ("Milk", "Paranoid Park"), que chega às salas de cinema portuguesas na próxima quinta-feira, com a presença do actor Henry Hopper. Mas o acontecimento forte da noite será a inauguração da retrospectiva dedicada a William Friedkin com o seu último filme, "Killer Joe", que só estreará em Portugal para o ano que vem. Vai ser no Centro de Congressos do Estoril, às 21h e às 23h30.

Sábado, 5
Há quatro convidados de peso a dividirem as atenções: Paul Giamatti (apresentando "Nos Idos de Março", de George Clooney, que estreará na próxima semana), Mathieu Amalric (acompanhando "L"Illusion Comique", adaptação para televisão da produção da Comédie Française da peça de Corneille) e Luc Dardenne (mostrando "O Miúdo da Bicicleta", em salas a 15 de Dezembro). Mas, a termos de escolher um, seria o recluso francês Léos Carax, que o festival homenageia com uma retrospectiva integral, e que apresenta o seu filme maldito com Juliette Binoche "Les Amants du Pont-Neuf", nunca estreado em Portugal, vai ser no Monumental, em Lisboa, às 17h.

Domingo, 6
David Cronenberg pode estar entre nós para mostrar a sua mais recente obra, "A Dangerous Method", com Viggo Mortensen, Keira Knightley e Michael Fassbender - mas o filme chega às salas no próximo dia 24, enquanto a oportunidade de ver em sala uma das obras maiores de mestre Vincente Minnelli, "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse", no Casino Estoril, às 15h30, não acontece todos os dias. 

Segunda-feira, 7
No Centro de Congressos do Estoril, pode-se ver em grande écrã a mini-série que Todd Haynes rodou para a HBO com Kate Winslet, "Mildred Pierce". Mas há um filme extraordinário na secção competitiva: "Oslo, August 31st", notável adaptação pelo norueguês Joachim Trier de um romance de Pierre Drieu de la Rochelle anteriormente filmado por Louis Malle. A ver no Casino Estoril, às 15h30. 

Terça-feira, 8
Num dia que mostra o único filme português a concurso, "A Vingança de Uma Mulher", de Rita Azevedo Gomes, e o documentário que Elfi Mikesch dedicou a Werner Schroeter, "Mondo Lux", o destaque vai para um dos objectos mais inclassificáveis do cinema recente: "Target", uma perturbante sátira futurista do russo Aleksandr Zeldovich que é um dos pontos altos da competição, no Monumental, em Lisboa, às 21h.

Quarta-feira, 9
Matthew Barney está entre nós para mostrar três dos seus filmes mais recentes - mas é também a oportunidade de ver "Policeman", do israelita Navad Lapid, e de descobrir um dos filmes mais falados de uma cinematografia em ascensão que pouco se vê entre nós. Acontece no Centro de Congressos do Estoril, às 19h. 

Quinta-feira, 10
"L"Apollonide - Souvenirs de la Maison Close", féerie do cineasta francês Bertrand Bonello sobre o quotidiano num bordel francês da Belle Époque, gerou celeuma em Cannes 2011. Enquanto não chega às nossas salas (algures no próximo ano), Bonello estará entre nós para o apresentar, no Centro de Congressos do Estoril, às 21h30. 

Sexta-feira, 11
Dia forte de antestreias a competir entre si, com a exibição de "Melancolia", do polémico dinamarquês Lars von Trier (estreia a 1 de Dezembro), e "O Deus da Carnificina", adaptação da peça de Yasmina Reza por Roman Polanski com Jodie Foster, Kate Winslet, John C. Reilly e Christophe Waltz (estreia a 29 de Dezembro). O que não tem previsão de chegar cá é "Abrir Puertas y Ventanas", da argentina Milagros Mumenthaler que foi o vencedor-surpresa do Festival de Locarno. No Casino Estoril, às 21h30.

Sábado, 12
Outro dia fortíssimo de antestreias: "Drive", de Nicolas Winding Refn, com Ryan Gosling, que também chegará às nossas salas em Dezembro, e "Faust", do russo Alexander Sokourov, Leão de Ouro em Veneza. Mas a nossa escolha vai para "I Wish", a mais recente obra do japonês Hirokazu Kore-Eda, autor dos belíssimos "Ninguém Sabe" e "Andando", sobre dois meios irmãos que desejam que a família se reencontre. É no Monumental, em Lisboa, às 16h30. 
Domingo, 13
Se conseguiu não ir a nenhuma das antestreias, pronto, ainda tem uma a que pode ir. É o novo de Pedro Almodóver, "A Pele em que Vivo", que faz o encerramento oficial do festival. Acontece no São Jorge, em Lisboa, às 19h, antes de chegar às salas de cinema, a 17.


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Terça-feira, 25.10.11
A obra de William Friedkin vai ser objecto de um miniciclo
A obra de William Friedkin vai ser objecto de um miniciclo (DR)
A quinta edição do Lisbon & Estoril Film Festival 2011, a primeira a abranger Lisboa, vai contar com dez antestreias nacionais, 11 filmes em competição e mais 11 fora da competição. Grandes nomes do cinema e realizadores emergentes são a aposta de Paulo Branco, produtor e director artístico do certame.

Os novos filmes de George Clooney ("Nos Idos de Março"), Pedro Almodóvar ("La Piel que Habito"), Gus van Sant ("Restless"), David Cronenberg ("A Dangerous Method"), Lars von Trier ("Melancholia"), Roman Polanski ("Carnage"), Nicolas Winding Refn ("Drive"), Bertrand Bonello ("L'Apollonide (souvenirs de la maison close)"), Jean-Pierre e Luc Dardenne ("Le Gamin au Vélo") e Agusti Villaronga ("Pa Negre") têm a antestreia nacional marcada para a edição deste ano. 

Em competição, que segundo a organização no site do festival "privilegia sobretudo a abrangência de um vasto leque de territórios europeus de menor visibilidade internacional, dando a conhecer cinematografias que de outra forma não chegariam ao grande público", vai estar um filme português, "A Vingança de Uma Mulher", de Rita Azevedo Gomes, que se inspirou no conto "La vengeance d'une femme", que faz parte de "Les diaboliques" de Barbey d'Aurevilly, publicado em 1874.

O comité de selecção, responsável pela escolha dos filmes a concurso, seleccionou ainda os filmes: "Amnistia", de Bujar Alimani; "Don't Follow Me Around", de Dominik Graf; "One Minute of Darkness", de Christoph Hochhäusler; "Sport de Filles", de Patricia Mazuy; "Twilight Portrait", de Angelina Nikonova; "Beats Being Dead", de Christian Petzold; "La Guerre Est Déclarée", de Valérie Donzelli; "Oslo, August 31st", de Joachim Trier"; "Target", de Alexander Zeldovich; e "Une Vie Meilleure", de Cédric Kahn.

O júri do festival será composto pelos escritores J. M. Coetzee, Paul Auster, Peter Handke, Don de Lillo e Siri Hustvedt, pelo realizador Luca Guadagnino, pelo violinista Gidon Kremer e pelo artista plástico José Barrias.

Fora da competição, o festival vai exibir o vencedor do Leão de Ouro em Veneza, "Faust" de Alexander Sokurov, a mais recente obra de Philippe Garrel, "Un Été Brûlant", e "Killer Joe", de William Friedkin - objecto de uma retrospectiva, com oito filmes, entre os quais "Bug", "The Boys in the Banda", "The Birthday Party" ou "Viver e Morrer em Los Angeles". "I Wish", de Hirokazu Koreeda; "Los Pasos Dobles", de Isaki Lacuesta; "Las Razones Del Corazón", de Arturo Ripstein; "Tokyo Park", de Shinji Aoyama; "Abrir Puertas y Ventanas", de Milagros Mumenthanler; "La Folie Almayer", de Chantal Akerman; "Policeman", de Nadav Lapid; e "Saudade", de Katsuya Tomita, são os filmes que compõem esta secção paralela à competição. 

E estarão no festival Léos Carax, Matthew Barney, David Cronenberg, Yasmina Reza, Christopher Doyle, Paul Giamatti, Miquel Barceló, os Dardenne...

Para lá das salas habituais (Centro de Congressos de Estoril, Casino Estoril, Casa de Santa Maria e Casa das Histórias), o festival prolonga-se este ano para os cinemas Monumental e Nimas (geridos por Paulo Branco), Centro Cultural de Belém, Torre de Belém, Mosteiro de São Vicente de Fora e Museus da Politécnica. 

 

Via Público



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Domingo, 16.10.11

A indignação saiu à rua (fotogaleria)

Cerca de 100 mil pessoas saíram à rua em Lisboa, numa manifestação pacífica que acabou por ter alguns momentos de tensão. Veja as imagens do protesto, captadas por Tiago Miranda e Nuno Fox, fotojornalistas do ExpressoClique para visitar o dossiê Protesto 15 de outubro


Via Expresso



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Sábado, 15.10.11
Lisboa: ateliês de artistas abertos ao público
Durante o fim-de-semana 35 ateliês de artistas da capital estarão visitáveis entre as 14h e as 19h.

A segunda edição da iniciativa Abertura de Ateliê de Artistas irá permitir que o público possa visitar, gratuitamente, 35 ateliês de artistas plásticos de Lisboa e contactar com cerca de 130 artistas alunos da Faculdade de Belas Artes e alguns artistas franceses convidados pela Associação Castelo d’If, mentora do projecto.

 

Este é o segundo ano que esta iniciativa, inspirada na Ouverture d’Atelier d’Artistes de Marselha, decorre na capital portuguesa e conta com o apoio da EGEAC (empresa da Câmara de Lisboa), do Turismo de Lisboa, da Direcção-Geral das Artes e do Instituto Francês.

 

Clique para ver a localização dos ateliês 

 

Via SOL

 



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Quinta-feira, 13.10.11

 

PROTESTO APARTIDÁRIO, LAICO E PACÍFICO

-        Pela Democracia participativa.

-        Pela transparência nas decisões políticas.

-        Pelo fim da precariedade de vida.

 

Lisboa - Marquês de Pombal | Porto - Praça da Batalha | Angra do Heroísmo - Praça Velha | Braga - Avenida Central | Coimbra - Praça da República | Évora - Praça do Sertório | Faro - Jardim Manuel Bivar | Resto do Mundo

 

Somos “gerações à rasca”, pessoas que trabalham, precárias, desempregadas ou em vias de despedimento, estudantes, migrantes e reformadas, insatisfeitas com as nossas condições de vida. Hoje vimos para a rua, na Europa e no Mundo, de forma não violenta, expressar a nossa indignação e protesto face ao actual modelo de governação política, económica e social. Um modelo que não nos serve, que nos oprime e não nos representa.

 

A actual governação assenta numa falsa democracia em que as decisões estão restritas às salas fechadas dos parlamentos, gabinetes ministeriais e instâncias internacionais. Um sistema sem qualquer tipo de controlo cidadão, refém de um modelo económico-financeiro, sem preocupações sociais ou ambientais e que fomenta as desigualdades, a pobreza e a perda de direitos à escala global. Democracia não é isto!

 

Queremos uma Democracia participativa, onde as pessoas possam intervir activa e efectivamente nas decisões. Uma Democracia em que o exercício dos cargos públicos seja baseado na integridade e defesa do interesse e bem-estar comuns.

 

Queremos uma Democracia onde os mais ricos não sejam protegidos por regimes de excepção. Queremos um sistema fiscal progressivo e transparente, onde a riqueza seja justamente distribuída e a segurança social não seja descapitalizada; onde todas as pessoas contribuam de forma justa e imparcial e os direitos e deveres dos cidadãos estejam assegurados.

 

Queremos uma Democracia onde quem comete abuso de poder e crimes económicos e financeiros seja efectivamente responsabilizado por um sistema judicial independente, menos burocrático e sem dualidade de critérios. Uma Democracia onde políticas estruturantes não sejam adoptadas sem esclarecimento e participação activa das pessoas. Não tomamos a crise como inevitável. Exigimos saber de que forma chegámos a esta recessão, a quem devemos o quê e sob que condições.

 

As pessoas não são descartáveis, nem podem estar dependentes da especulação de mercados bolsistas e de interesses financeiros que as reduzem à condição de mercadorias. O princípio constitucional conquistado a 25 de Abril de 1974 e consagrado em todo o mundo democrático de que a economia se deve subordinar aos interesses gerais da sociedade é totalmente pervertido pela imposição de medidas, como as do programa da troika, que conduzem à perda de direitos laborais, ao desmantelamento da saúde, do ensino público e da cultura com argumentos economicistas.

 

Os recursos naturais como a água, bem como os sectores estratégicos, são bens públicos não privatizáveis. Uma Democracia abandona o seu futuro quando o trabalho, educação, saúde, habitação, cultura e bem-estar são tidos apenas como regalias de alguns ou privatizados sem que daí advenha qualquer benefício para as pessoas.

 

A qualidade de uma Democracia mede-se pela forma como trata as pessoas que a integram.


Isto não tem que ser assim! Em Portugal e no mundo, dia 15 de Outubro dizemos basta!

 

A Democracia sai à rua. E nós saímos com ela.

 

Via Acampada Lisboa



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Sexta-feira, 07.10.11
Filme de abertura: "Crazy Horse", de Frederick Wiseman
DocLisboa

Doc Lisboa 2011: Frederick Wiseman abre, Ross McElwee fecha, Gonçalo Tocha em competição, o Médio Oriente em destaque e muito mais em apenas dez dias de cinema "acordado para o mundo"

 

Se dúvidas havia, é este ano que elas ficam resolvidas: à nona edição, DocLisboa entra definitivamente no "núcleo central" dos festivais de documentários. "Já não estamos na periferia", como disse ontem, na apresentação oficial do Doc, Augusto M. Seabra, programador associado do certame que decorrerá de 20 a 30 de Outubro próximos em Lisboa.

 

Não bastam os quase 37 mil espectadores da edição 2010. A prová-lo, em 2011, estão 172 filmes, entre os quais um "filme-surpresa", cinco estreias mundiais e 17 primeiras obras, exibidos ao longo de dez dias na Culturgest, nos cinemas São Jorge e Londres e na Cinemateca Portuguesa, com extensões no último fim de semana ao Cinema City Campo Pequeno e ao Teatro do Bairro. A abertura é com o mais recente documentário de Frederick Wiseman, "Crazy Horse", sobre o cabaré parisiense, estreado em Cannes 2011; o encerramento com "Photographic Memory", de Ross McElwee, que esteve em Veneza 2011

 

Pela primeira vez em cinco anos, um filme português estará na competição internacional: "É na Terra, Não É na Lua", de Gonçalo Tocha, que concorre ao prémio máximo do festival ao lado de obras que já causaram sensação noutros festivais como "Tahrir - Liberation Square" de Stefano Savona ou "Vol spécial" de Fernand Melgar.

 

Facto tanto mais significativo quanto as selecções competitivas - tanto internacional como nacional - têm este ano menos filmes. É uma opção e não falta de "oferta", como explicou na conferência de imprensa a programadora Anna Glogowski, que assume este ano a direcção do certame. "Vimos cerca de 1400 filmes, fora os que descobrimos em festivais. Mas as nossas grandes orientações para este ano eram tentar concentrar salas, diminuir o número de filmes propostos e estabelecer um diálogo entre as várias secções."

 

Esse diálogo pode, por exemplo, ser entre as actuais convulsões do Médio Oriente e os movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas. No primeiro caso, apresentar-se-ão obras sobre a "Primavera Árabe" de 2011 (casos de "Tahrir", rodado no Egipto durante a ocupação da Praça Tahrir, e do filme tunisino "Plus jamais peur" de Mourad ben Cheikh) e a "Revolução Verde" iraniana de 2009 ("Fragments d'une révolution", obra colectiva sobre as controversas eleições, e o muito aclamado filme sobre a prisão domiciliária de Jafar Panahi, "Isto Não É um Filme", que chegará às salas logo a seguir). No segundo, teremos uma retrospectiva de perto de duas dezenas de obras há muito invisíveis e nunca anteriormente reunidas sobre os movimentos de libertação de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, marcando o 50º aniversário do início da Guerra Colonial.

 

Essa política multidisciplinar prolonga-se para as duas retrospectivas históricas de 2011, dedicadas a um dos nomes centrais da evolução da forma-documentário, Jean Rouch (a decorrer durante o Doc e até Novembro na Cinemateca Portuguesa), e ao cineasta e artista visual Harun Farocki, "um velho sonho realizado" segundo Seabra, prolongada para a exposição "Três Duplas Projecções" que está já patente no Palácio Galveias.

 

Igualmente de nota é a secção musical Heartbeat, que se procurou "tão diversificada quanto possível", abrindo com uma das raras ocasiões de ver em grande écrã o documentário de Martin Scorsese sobre George Harrison, "Living in the Material World". Miriam Makeba por Mika Kaurismäki (irmão de Aki), Michel Petrucciani por Michael Radford (autor de O Carteiro de Pablo Neruda) e os Ramones por Michael Gramaglia e Jim Fields são alguns dos outros nomes em foco na secção.

 

Haverá ainda um "filme-surpresa" de um dos grandes documentaristas da actividade - surpresa não por questão de marketing, segundo Augusto M. Seabra, "mas por constrangimentos relativos ao anúncio prévio" de filme.

 

E muitos mais nomes de peso pelas múltiplas secções do certame: por exemplo, os chineses Jia Zhang-ke e Wang Bing (com "I Wish I Knew" e "The Ditch", respectivamente, ambos em ante-estreia nacional). Ou os americanos James Benning ("Twenty Cigarettes") e Alex Gibney ("Client 9", sobre o escândalo de prostituição que "desgraçou" o governador de Nova Iorque Eliot Spitzer). Ou o alemão Cyril Tuschi, com o seu documentário de investigação sobre Mikhail Khodorkovsky. Ou Agnés Varda, de quem veremos em estreia mundial o primeiro episódio da série televisiva "Agnés de ci de là Varda", parcialmente rodado em Portugal e que Anna Glogowski define como "os passeios de Agnès".

 

É uma programação de luxo para apenas dez dias e só aflorámos a superfície. O melhor mesmo é consultar o programa em http://www.doclisboa.org/. Os bilhetes já se encontram à venda, na bilheteira central da Culturgest.  

 

Via Ipsilon



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Segunda-feira, 26.09.11

Não foram os versos que lhe garantiram o lugar na História. Foi uma receita de amêijoas, que nem sequer é dele. Na Trafaria, nunca faltam as amêijoas à Bulhão Pato.

No livro de crónicas de Miguel Esteves Cardoso Em Portugal Não se Come Mal, há um capítulo chamado simplesmente Amêijoas à Bulhão Pato. Era irresistível começar por aí antes de partir para a Trafaria. Diz assim: "É certo que Portugal tem as melhores amêijoas e a melhor maneira de servi-las, mas também é verdade que 99 em cada 100 vezes são mal confeccionadas". E esta já é uma ideia preocupante para quem se propõe escrever um texto sobre as amêijoas à Bulhão Pato, que chegaram às 21 finalistas do concurso para escolher as sete maravilhas da gastronomia portuguesa (resultados no início de Setembro).

Uma pesquisa rápida pela Internet confirma os factos básicos: Raimundo António de Bulhão Pato (1828-1912) foi um escritor que ficou mais conhecido como amante da boa vida, caçador, gastrónomo e inventor de algumas receitas do que pelos seus poemas. No seu livro Escritores à Mesa (e outros artistas),o crítico gastronómico José Quitério reproduz algumas dessas receitas: perdizes à castelhana (que começa com uma indicação muito prática: "depenem-se quatro perdizes com todo o cuidado e o maior asseio"), arroz opulento e lebre à Bulhão Pato. Tudo pratos com um grau de elaboração superior ao das amêijoas que ganharam o nome do poeta.

Acontece, no entanto, que as amêijoas não foram uma dessas receitas inventadas por Bulhão Pato. José Quitério garante não existir qualquer escrito que demonstre a autoria do prato, admitindo-se que tenha sido uma homenagem de algum cozinheiro ao poeta. A ser o caso, escreve Quitério, só poderia ser João da Mata, chefe de cozinha do antigo Hotel Bragança e, contudo, a receita também não aparece no seu livro Arte de Cozinha, de 1876.

Nos tempos de Bulhão Pato, há muito que se comiam (e apanhavam) amêijoas na zona de Lisboa. Mas parece que ninguém tinha ainda pensado na forma mais simples possível de as cozinhar a forma que Bulhão Pato, poeta menor e com obra esquecida, inspirou. Partimos para a Trafaria, em busca da memória das amêijoas.

Na Antiga Casa Marítima, em frente ao rio, José Manuel Lousada está à espera que lhe tragam os bivalves, que recebe diariamente há quase 40 anos. Lá fora, um pescador arranja redes. Na cozinha do restaurante, prepara-se uma caldeirada que já está reservada para 14 pessoas que hão-de vir almoçar. "A gente, aqui, só gosta da amêijoa de mergulho", diz. A de arrasto, que vem nas redes, não é tão boa, vem mais partida, e essa segue para Espanha. Mas, a mergulhar, que José Manuel saiba, "só andam uns sete ou oito rapazes". E este ano não tem havido tanta talvez porque o defeso (o tempo em que não se apanha, para deixar a amêijoa crescer) não tenha sido devidamente respeitado.

A Antiga Casa Marítima é a mais antiga da Trafaria. Terá, acredita o dono, uns 120 anos. "Ao princípio, era uma tasca que servia petiscos." Ele e a mulher, ambos transmontanos, pegaram nela há 39 anos e o restaurante ganhou fama. As paredes e o tecto estão cobertos de objectos, muitos deles ofertas de clientes há quadros com notas de todo o mundo, há instrumentos agrícolas, uma colecção de ferros de engomar antigos e até um velho telefone de disco pendurado sobre o balcão. E coisa que nunca falta são as amêijoas à Bulhão Pato. "Os clientes pedem sempre um prato para começar".

A filosofia das amêijoas

Difícil mesmo (mas não impossível) será apresentá-las à altura da exigência de MEC. Voltemos à crónica: "É muito, muito difícil fazer amêijoas à Bulhão Pato, porque o principal é o molho e o principal do molho é a delicadíssima água das próprias amêijoas. É facílimo assoberbar o sabor dela: o alho, os coentros, o azeite e o próprio lume dão cabo dela num instantinho." Mas MEC, que se assume como alguém que "já denegriu o nome de Bulhão Pato uma centena de vezes", sabe o segredo (o difícil é pô-lo em prática): "as amêijoas devem comer-se no momento em que morrem quando abrem e deitam o sumo". Passado um segundo, já não é a mesma coisa. Ao ar, os bichos começam a secar e a ficar rijos.

É toda uma tese filosófica sobre como cozinhar amêijoas lume muito intenso, tempo muito breve. E o molho? "Deve ser cinzento e aguado - e pouco! - com o alho e os coentros a flutuar e colorir; o bom - e pouco! - azeite servindo apenas para rematar e dar consistência." MEC aconselha a pensar nas amêijoas "como materializações fantásticas da água do mar", pelo que, "tal como as ostras, não se comem: bebem-se."

Na Trafaria, uma coisa é certa: as amêijoas são fresquíssimas, apanhadas mesmo em frente, no Tejo. Depois é simples, explica José Manuel Lousada: "Não tem grande segredo, é alho, coentros, azeite, deixa-se aquecer bem o azeite e só depois se põem as amêijoas, para elas ganharem sabor. Estando frescas, abrem logo."

Bulhão Pato morou por aqui, no Monte da Caparica, onde morreu, em 1912. E, a dois passos da Antiga Casa Marítima, uma avenida homenageia o poeta cujos versos já ninguém lembra. A placa com o nome está num prédio em ruínas, mas a avenida desce depois até ao rio, onde as amêijoas continuam a esconder-se debaixo da areia antes de serem apanhadas pelos mergulhadores e voarem para o meio dos coentros, do alho e do azeite das frigideiras dos restaurantes ali em frente. E esta, sim, é a grande e sincera homenagem que podemos fazer a Raimundo António de Bulhão Pato.

 

Receita

 

Lavam-se as amêijoas muito bem, com água e sal, para tirar a areia. Leva-se ao lume o azeite com alhos picados, aos quais se juntam as amêijoas e os coentros picados. Tempera-se com sal e pimenta. Vai-se rodando a frigideira sobre o lume até todas as amêijoas estarem abertas, e no fim regam-se com sumo de limão.  

 

Via Público



publicado por olhar para o mundo às 10:19 | link do post | comentar

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