Pôr todos os meses algum dinheiro de parte foi a forma conseguida por Pedro Martins para planear a sua reforma. O Plano Poupança Reforma (PPR) foi o instrumento escolhido. "Na altura apresentava benefícios fiscais bastante atractivos e, ao mesmo tempo, tinha a vantagem de nem sequer ver o dinheiro, já que este é transferido automaticamente todos os meses para o PPR", diz ao i.
Mesmo com a redução dos benefícios fiscais, o comercial garante que vai continuar a investir neste produto. Tudo em nome de uma reforma mais descansada. "Se não for assim, muito dificilmente continuava a fazer um pé-de-meia. Já me habituei a não contar com esse dinheiro no final do mês e, como optei por fazer transferências reduzidas, não causa um grande impacto no orçamento."
A verdade é que este não é um caso isolado. Planear a reforma com alguma antecedência para evitar desagradáveis surpresas é cada vez mais a estratégia seguida pelos portugueses. No entanto, nem sempre é uma tarefa fácil, já que o orçamento familiar para a maioria dos consumidores está cada vez mais asfixiado.
Para alguns especialistas o truque é simples: poupar no mínimo 10% dos rendimentos mensais para esse fim. Além do valor também a idade deve ser tida em conta. A Deco lembra que esta decisão deve ser tomada o mais cedo possível. Um dos erros típicos é assumir que basta preocupar-nos com este assunto a cinco ou 10 anos da reforma. Uma visão que pode trazer desagradáveis surpresas, já que em cinco ou 10 anos dificilmente iremos poupar o suficiente para complementar a pensão de reforma.
Mas vamos a números. Se poupar 50 euros por mês a partir dos 40 anos consegue juntar mais de 25 mil euros até aos 65 anos. Conclusão, "é preferível constituir uma poupança pouco a pouco do que adiar a decisão, já que consegue atingir uma poupança considerável a partir de quantias reduzidas", admite a associação. Esta refere, no entanto, que o consumidor não deve aplicar todo o dinheiro em produtos a longo prazo, uma vez que, pode vir a precisar dessa verba para responder a algum imprevisto.
acautelar o futuro De acordo com o Axa Barómetro 2010, os reformados portugueses começam a poupar mais e mais cedo face aos congéneres europeus. Segundo as conclusões deste inquérito, a população reformada começou a poupar, em média, aos 38 anos, num montante médio de 4400 euros anuais (mais 5% do que a média da Europa Ocidental). Também a população reformada preparou-se melhor que os actuais trabalhadores, de entre os quais, apenas quatro em dez pessoas já o começou a fazer.
Onde investir? Há várias ofertas no mercado, cabe ao consumidor escolher a modalidade que mais se adequa ao seu caso. O cliente deverá ter em conta alguns factores, nomeadamente a necessidade de diversificar os investimentos, o perfil de risco do investidor e o espaço de tempo até à chegada da reforma. A partir daí é só escolher o produto mais indicado (ver caixas e testemunhos).
Os PPR são os produtos eleitos pela maioria dos consumidores, mas também aqui a Deco chama a atenção para alguns factores. Por exemplo, quem tem menos de 35-40 anos não deve investir ainda em PPR. Nesta faixa etária os portugueses devem investir em áreas com forte exposição aos mercados bolsistas - nomeadamente fundos de acções ou mistos agressivos - numa lógica a longo prazo. Segundo a associação, a idade ideal para investir neste produto ronda os 40 anos. "Isso não significa que pessoas mais novas descurem a poupança para a reforma", conclui, "existem sim ofertas alternativas".
Cinco alternativas de poupança
Plano poupança Reforma (PPR)
É o instrumento de poupança mais conhecido junto dos consumidores portugueses e é o que tem mais adeptos. A maioria da oferta tem capital garantido, como tal o perfil de risco é moderado. Os benefícios fiscais inerentes a este produto ditaram o seu sucesso nos últimos, no entanto, o governo impôs limites a estes benefícios já este ano. Passou a existir um tecto máximo ao valor dos benefícios de que os contribuintes poderão usufruir. Estes limites serão bastante restritivos e vão variar entre os zero e os 100 euros consoante os escalões de rendimento. Não se esqueça que agora é mais fácil movimentar um PPR caso não esteja satisfeito com a performance do produto, ou seja, pode transferir o capital investido para um PPR de outra instituição. O processo foi simplificado em 2009, altura em que foram impostas comissões máximas que os bancos e seguradoras poderiam cobrar por este processo. Desta forma, transferir um PPR que não tenha garantia de capital deixou ter qualquer custo. Já no caso dos produtos com garantia de capital, a comissão máxima prevista é de 0,5% do valor a resgatar.
Via Ionline