Não nós, mas Bert Stern, fotógrafo americano. E conseguiu. Em 1962, ano em que a diva morreu de uma overdose de barbitúricos. Stern foi o último homem a fotografá-la. Foram precisas várias garrafas de champanhe Dom Perignon de 1953, muita paciência, três dias e três noites de trabalho para que Marilyn se despisse na suite 261 do Hotel Bel-Air, em Los Angeles. Ao todo, o fotógrafo captou 2571 imagens da actriz. Desses milhares, Stern escolheu 60 para uma exposição: "Marilyn Monroe - A última sessão", inaugurada em 2006 em Paris e que dia 5 de Junho vai estar aberta ao público no Centro Cultural de Cascais, numa iniciativa da Fundação D. Luís I. A exposição, patente até 17 de Julho, já esteve em Paris, Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque, Seul e Londres.
Os negativos da maioria das imagens ficaram guardados a sete chaves pelo fotógrafo - com excepção das utilizadas pela revista "Vogue", que patrocinou a sessão - que só as revelou ao mundo em 1982, 20 anos mais tarde.
Segundo Salvato teles de Menezes, administrador Delegado da Fundação D. Luís I, que viu a exposição em Paris e nunca mais a esqueceu, "o que distingue estas fotografias de todas as outras que foram tiradas à actriz, é que nestas há já naquele rosto marcas de uma infelicidade que não é recente". "Nestas fotografias, Marilyn exibe-se ainda mais do que no célebre calendário [de 1949 com fotos deTom Kelley] e essas marcas tornam-se mais fortes, mais evidentes", continua Salvato.
A acompanhar a exposição há um catálogo com as 60 imagens e com um texto do próprio fotógrafo que acompanha as fotografias e que descreve toda a sessão.
A sessão
Diz Bert Stern que o desejo de a fotografar "tinha começado há muito tempo". No entanto, foi preciso criar confiança e respeito por si próprio, profissionalmente, antes de se aventurar numa sessão com Marilyn.
Pediu à assistente que ligasse para a agente de Monroe, para que ela pousasse para ele, para sair na Vogue. O sim - de Marilyn e da "Vogue", que nunca tinha publicado fotos da diva - chegou rapidamente.
A única condição da actriz era que a sessão fosse feita em Los Angeles. E assim foi. Com cinco horas de atraso, uma das manias da actriz, Marilyn apareceu no hotel Bel-Air, pronta para ser fotografada.
Bert Stern, nasceu em 1929 em Brooklyn. Começou por ser moço de recados numa revista. Passou por algumas publicações, foi enviado para o Japão durante a Guerra da Coreia e tornou-se num dos fotógrafos mais bem pagos do mundo com a campanha que fez para a Smirnoff, a marca de vodka.
A diva Não se espante se der por si a admirar as fotografias de Stern e a parar no estômago descoberto de Marilyn, de sobrolho franzido. É só uma cicatriz, de uma remoção da vesícula que a actriz tinha feito seis semanas antes da sessão. A promessa de que seria retocada perdeu-se com o tempo e a verdade é que a ideia de Stern era fotografá-la "em estado puro".
Muitas das fotografias foram, inclusivamente, tiradas sem maquilhagem, apenas batom e sombra dos olhos. Marilyn não precisava de artefactos.
Norma Jeane Mortenson, rapidamente rebaptizada pela mãe como Norma Jeane Baker, faria este ano 85 anos.
Teve uma infância difícil, feita de sucessivas casas de acolhimento, misturada com episódios traumatizantes protagonizados pela sua mãe que sofria de graves distúrbios psicológicos.
Marilyn foi casada três vezes, e três vezes se divorciou, com James Dougherty, Joe DiMaggio e Arthur Miller. Teve uma longa lista de amantes e de psicólogos. Foi encontrada morta, aos 36 anos, pelo seu último psiquiatra, no dia 5 de Agosto de 1962. A causa provável terá sido suicídio, mas há outras teorias.
Via Ionline