Um filho alto, magro e bonito é o sonho dos pais que acreditam que a beleza se traduz em felicidade e sucesso. Cada vez mais crianças e adolescentes chegam aos consultórios médicos trazidos por mães e pais que querem corrigir defeitos que às vezes nem têm.
O caso de Britney, uma menina californiana de oito anos, que recebe injecções de botox porque a mãe não quer que tenha rugas, chocou os EUA.
Em Portugal não se conhece uma situação semelhante, mas há quem faça pedidos radicais a cirurgiões plásticos, endocrinologistas, pediatras e nutricionistas. «É mesmo muito frequente», admite o cirurgião plástico Biscaia Fraga, habituado a receber mães preocupadas com o aspecto físico de filhos e filhas.
«Às vezes, é complicado explicar que não precisam ou ainda não podem fazer alguma cirurgia, porque sei que saem daqui e vão tentar fazê-la noutro lado», conta.
No caso de Britney, a mãe queria que vencesse os concursos de beleza infantis, muito populares nos EUA, e que o pediatra Armando Fernandes considera perigosos: «Há uma erotização precoce e desadequada da criança». O cirurgião plástico Vinício Alba reconhece que «a pressão dos média», que mostram corpos perfeitos tem parte da culpa. «Mas no caso da americana que injectava botox na filha, é a mãe que está doente».
São sobretudo as mães que insistem com os clínicos para que façam tratamentos estéticos aos filhos. No caso das raparigas, o que mais as preocupa é o peso, o nariz e o peito. No caso dos rapazes a altura e as dimensões do pénis.
Mas muitas vezes ouvem um «não» dos médicos. A endocrinologista Isabel do Carmo, do Hospital de Santa Maria, já pediu a várias «mães para que saíssem da consulta» por pressionarem os filhos a emagrecer.
Biscaia Fraga teve de convencer uma mãe a não operar um filho de seis anos ao pénis, por este ser «perfeitamente normal». O endocrinologista Galvão Teles «manda embora muitos pais» que querem submeter os filhos, perfeitamente saudáveis, a um tratamento para crianças com défice de crescimento e que não se importam de pagar 1200 euros por mês, durante um ano.
O médico Armando Fernandes fez tudo para dissuadir um casal a submeter «a filha de onze meses a uma cirurgia para tirar um angioma do rosto», que normalmente desaparece aos dois anos. Mas há situações em que os defeitos dos menores levam os cirurgiões a aceitar intervir.
É o caso das crianças gozadas por terem um nariz grande ou orelhas de abano. De resto, muitos médicos estão a pôr limites de idades (16 ou 17 anos) para fazer lipoaspirações e reduções mamárias.
Via Sol