Quão longe você iria para conseguir ter um iPhone à borla? Sei de casos de quem abdicou das férias. De quem deixou de jantar fora com os amigos para o conseguir comprar. De quem arranjou um trabalho extra para amealhar, em prol do dito telefone inteligente. Até aqui, tudo bem. Opções. Mas vender a virgindade em troca de um telemóvel, é coisa que, a mim, me tira do sério.
Depois do caso do rapaz que trocou um rim por um iPad 2, chega agora a história da adolescente de 14 anos que decidiu oferecer a virgindade numa rede social em troca de um iPhone4. Consta na imprensa chinesa que o pai da rapariga se negou a oferecer-lhe o smartphone e que a jovem, por uma "questão de fama entre as amigas", decidiu obtê-lo custasse o que custasse. Eu diria que o preço a pagar foi longe demais.
Não considero que perder a virgindade seja um drama grego, em que o ideal é guardar o bem precioso para o príncipe encantado (até porque isso não existe). Sejamos realistas: as coisas mudaram. Mas que seja um ato consciente - mesmo que se tenha apenas 14, 15 ou 16 anos - parece-me essencial. Se as meninas desta idade não o conseguem entender, então que os que as educam tenham a sensatez de, uma vez por outras, falar sobre isto sem papas na língua. Iniciar a vida sexual é (!) um passo importante para qualquer mulher. E a forma como o faz vai, na grande maioria dos casos, determinar a vivência da sua sexualidade ao longo da vida. "Para o bem e para o mal", já ouvi eu tantas vezes da boca de especialistas.
Confesso que me assusta a crescente falta de valores e bom-senso passados a uma geração para a qual ter um iPhone ou uma camisola GAP dá um estatuto especial. Vive-se cada vez mais para a futilidade. Para o que os outros têm. Para a marca dos ténis. Para o telemóvel xpto que se traz no bolso. Para as divisões sociais criadas desde cedo. Demasiado cedo. Culpa dos miúdos? Era mais fácil dizer que sim. Mas e que tal apontarmos o dedo a quem lhes promove todos esses supostos "estatutos" com um simples clique do botão verde no cartão de crédito?
Ainda não sou mãe. E sei que também vou errar quando o for... infelizmente não há manuais de instrução no que diz respeito à educação. Mas que não haja preguiça quando o que está em jogo são os valores base. Como o respeito por nós mesmos.