Quem é a mãe que não se sente culpada por ir trabalhar? Poucas, digo eu... No entanto, não há razões para isso. É altura de deixar cair essa culpa dos ombros. Um novo estudo da Universidade de Colúmbia, nos EUA, garante que as mães que trabalham fora de casa não prejudicam o desenvolvimento dos filhos, longe disso.
Segundo a investigação, o trabalho das mães nos primeiros anos de vida não afeta o desenvolvimento emocional ou intelectual das crianças.
Em média, o tempo de dedicação às crianças pelas mães que estão em casa são apenas mais 11 minutos diários. Só isso. Ora o segredo para quem trabalha é compensar a ausência pela qualidade do tempo com os filhos.
Há que garantir um acompanhamento pleno com a ama, na creche ou com os avós e quando se chega a casa há que multiplicar o tempo "perdido". É fundamental a mãe envolver-se nas rotinas da alimentação, banho e brincadeiras. Quando as crianças já são mais crescidas é preciso também monitorar as trabalhos de casa, as leituras, os filmes ou as músicas infantis. É um percurso de aprendizagem e brincadeira a dois - onde ambos só têm a ganhar.
De acordo com o estudo há até mesmo vantagens em trabalhar fora de casa. As crianças encontram uma mãe realizada profissionalmente, logo mais feliz e por vezes até menos stressada.
No entanto, tão ou mais importante é o pai dividir as tarefas com a mãe e envolver-se nas rotinas diárias da criança. Por exemplo, quando as mães amamentam é importante o pai assumir tarefas como mudar a fralda ou dar banho ao bebé - para reforçar a ligação entre pai e filho. E mais tarde, são os jogos de futebol, a praia, ou o ballet. Além disso, não há supermulheres, óbvio...as funções devem ser partilhadas!
Mas infelizmente ainda há machismo na sociedade e na cultura empresarial portuguesa - e por vezes, quando "jóias raras" fazem questão de gozar a licença de paternidade ainda têm que ouvir bocas do género: "Vais tirar licença, porquê? Já sabes amamentar?". No mínimo é um comentário despropositado, machista e infeliz - sobretudo quando se tratam de colegas mulheres a dizê-lo. (Isso mesmo, leu bem - este caso aconteceu há bem pouco tempo com um amigo meu.)
Por outro lado, há outro problema longe de ter a "morte anunciada" - as empresas não querem mulheres com filhos, como revelou outro estudo recente, que indicava que só 28% das empresas nacionais queriam contratar "mães".
Já era altura de mudar as mentalidades, mas como não acredito na evolução natural, talvez seja necessário estabelecer quotas para promover a contratação de mulheres. Será que ainda ninguém percebeu que a melhor política de natalidade é a criação de emprego e a não discriminação das mulheres?
Via Expresso