"Epá, eu não a percebo!". Tenho alguns bons amigos homens e, volta não volta, recebo um telefonema com esta pérola. Invariavelmente pergunto: "Já te puseste no lugar dela?". E pronto, a coisa fica logo 50% resolvida e os homens que - segundo dizia o outro livro - são de Marte conseguem aproximar-se mais um bocadinho da (assumo!) confusa realidade de Vénus. Mas seremos nós assim tão complicadas ou, às vezes, o mundo dos saltos rasos também podia esforçar-se um bocadinho mais?
Antes de me responderem a esta pergunta com assobios e frases do género "Lá vem esta outra vez armada em chica esperta!", peço-vos mais dois minutos. Sei que a (saudável, espero!) guerra dos sexos já fez bater muito carater aqui pelo blogue, mas hoje não resisto em partilhar convosco um email, até porque me foi enviado por um homem com vasto sentido de humor... e interesse pelos complicados saltos altos.
"Se ela adora falar de política e economia, é feminista;
Se não liga a nenhum destes assuntos, é desinformada.
Se mata uma barata sem pestanejar, não é feminina;
Se grita quando vê uma, é medricas.
Se vai para a cama no primeiro encontro, é uma mulher fácil;
Se não vai, está a fazer-se de difícil.
Se ganha menos que o homem, gosta é de ser sustentada;
Se ganha mais que o homem, ele sente-se inferiorizado.
Se adora roupas e maquilhagem, é narcisista;
Se não gosta, é desleixada.
Se sai mais cedo do trabalho, é preguiçosa;
Se faz horas extra, é gananciosa.
Se gosta de séries de telenovelas, é fútil
Se gosta de livros, está a armar-se em intelectual.
Se se chateia com alguma atitude dele, é uma mulher mimada;
Se aceita tudo o que ele faz, é submissa.
Se quer ter 4 filhos, é uma louca inconsequente;
Se só quer ter 1, é uma egoísta que não tem sentido maternal.
Se gosta de rock, é uma doida;
Se gosta de música romântica, é uma bimba.
Se usa minissaia, é vulgar;
Se usa saia comprida, é careta.
Se faz cenas de ciúmes, é uma neurótica;
Se não faz, é porque não gosta assim tanto do namorado.
Se fala mais alto que ele, é uma descontrolada;
Se fala mais baixo, é subserviente.
E depois ainda dizem que as mulheres é que são complicadas..."
Sei que corro o risco de ser apontada como a feminista de serviço, mas a realidade é que muitas das mulheres que me rodeiam já se depararam inúmeras vezes com situações aqui descritas. Contudo, isto teria mais piada se homens e mulheres se entendessem em todas as entrelinhas sem pestanejar? Não me parece.
Para mim, a piada está na diferença e em saber lidar, de forma equilibrada, com ela. Mesmo que isso signifique, de vez em quando, soltar frases como: "Que grande anormal, como é que ele não me percebe?!". O importante, parece-me, é começar a quebrar com as ideias preconcebidas e os tabus de parte a parte. Afinal, para bem dos pecados de muito salto alto, também nem todos os homens gostam é de bola e playstation, certo?
E pelos vistos isto para eles também nem sempre é fácil... já desde o tempo das cavernas! Aqui fica um cartoon em tom de solidariedade com aqueles do mundo dos saltos rasos que fazem o seu melhor para nos compreender.