Os pais homossexuais que educam crianças não provocam, por essa condição, infelicidade nos seus filhos. Um estudo realizado na Universidade da Virgínia (EUA) indica que as crianças são felizes de igual modo e nos casos em que têm pais do mesmo sexo parece existir maior harmonia.
A parentalidade homossexual foi alvo de uma pesquisa nos Estados Unidos, que tentou avaliar a felicidade das crianças, consoante a composição do seu agregado familiar: casal heterossexual, dois pais e duas mães.
A grande conclusão deste estudo, segundo a investigadora Charlotte Patterson, é que, independentemente daquele agregado, “todas as crianças estão igualmente bem”, o que indica que não há qualquer relação entre a sua felicidade e a sexualidade dos pais.
Aquela docente da Universidade da Virgínia refere, em declarações à agência Lusa, que “esta é a principal conclusão que deve ser retirada deste estudo”, que analisou 104 famílias, com casais formados por homem e mulher, dois homens ou duas mulheres.
Há aparentes vantagens na educação da criança por parte de um casal homossexual: “Os casais formados por pessoas do mesmo sexo parecem partilhar a educação dos filhos de forma mais igualitária, em comparação com os heterossexuais”.
O facto de se eliminar o conceito de que a mãe está mais próxima do filho do que o pai, mais envolvido nas tarefas profissionais, fica normalmente colocado de lado nestas famílias, porque não existe essa separação. “Ambos provavelmente trabalham e envolvem-se de forma equilibrada”, sustenta Charlotte Patterson.
Nos casais heterossexuais existe uma repartição de tarefas na educação dos filhos, conclui este estudo, que surge em vésperas da primeira conferência internacional sobre parentalidade lésbica, gay, bissexual ou transgénero, que decorre em Lisboa, com a presença de Patterson.
Esta professora – vista como uma referência mundial na psicologia da orientação sexual – indica que a homossexualidade “não parece ter qualquer interferência” na felicidade e qualidade da educação dos menores.
“As crianças com pais são felizes parecem estar bem. Os casais infelizes nas suas relações transportam para as crianças esse sentimento. O facto de os pais se darem bem e o grau de satisfação com o relacionamento são, isso sim, questões com efeitos nas crianças”, sublinha a investigadora.
Segundo Charlotte Patterson, a pesquisa carece de ser aprofundada, em virtude da idade das crianças analisadas. O estudo envolveu filhos com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos, cujos comportamentos e dinâmica de família ficaram gravados em vídeo.
Portugal vai discutir esta questão, num quadro de ausência de legislação para a adoção por parte de casais homossexuais. A ILGA é a entidade organizadora desta conferência que decorre na capital.
Via PT Jornal