Diz um ditado que "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher". Mas talvez esta máxima perca o sentido quando são os protagonistas da história que abrem a porta da sua vida e quando o resultado é - no mínimo - surreal. Ora hoje as velhas discussões de casal saltam para as redes sociais, sendo as consequências muitas vezes infelizes.
É o caso da mais recente discussão no Facebook que foi noticiada esta semana no estado do Texas, nos EUA. Benito Apolinar, 36 anos, escreveu no seu mural uma mensagem evocando o aniversário da morte da sua mãe e enquanto vários amigos colocaram um "like" na publicação, a mulher ignorou a mensagem. Tal atitude levou a uma discussão com a sua esposa de quem estava recentemente separado, tendo-a mesmo agredido quando foi levar os filhos a sua casa.
"É impressionante como toda a gente gosta do meu status, menos tu, que és minha mulher. Devias ser a primeira colocar um like", alegou Benito.
O indivíduo foi preso acusado por agressão física e será presente a julgamento no dia 22 de dezembro. Digam-me se esta história não é inacreditável? E porquê? Porque este homem não sabe o valor do não, nem do conceito do Facebook.
Não há dúvida de que as redes sociais mudaram as nossas vidas. Pode dizer-se que o Facebook é a nova novela da vida real, e por vezes a feira das vaidades, mas há limites e devo dizer que muitas vezes fico espantada com a falta de bom senso e de realidade das pessoas. Afinal, as redes sociais aproximam as pessoas, mas também afastam a cada dia, como consequência do seu uso irresponsável.
As relações interpessoais mudaram em alguns casos para pior. E a culpa é das pessoas que não as sabem usar. São namorados que se zangam pelo status do seu parceiro/a, colegas de trabalho que ficam irritados por não serem aceites como amigos no Facebook, familiares ou ex-namorados que controlam a vida dos outros pelas redes sociais. Há que perceber que todos temos uma bolha e que a nossa liberdade acaba quando começa a do outro. Mas, na verdade, há muitos que deixam de viver a sua vida para viver a dos outros.
Como defende Charles Leadbeater, especialista em inovação e criatividade, "deixámos de ser aquilo que possuímos e passámos a ser o que partilhamos com os outros", como as mensagens, as fotografias ou a presença em eventos agendados no Facebook .
Em plena era digital, se uma empresa não estiver na Web e nas redes sociais é quase como se não existisse. Já para as pessoas, as redes sociais podem servir para fins profissionais ou pessoais - como reencontrar velhos amigos, levantar o ego, arranjar affairs ou camuflar a solidão. No entanto, cabe a cada um impôr os seus limites e o grau de exposição e medir o seu impacto ao nível das relações interpessoais. Se isto acontece com os cidadãos adultos, assusta-me às vezes pensar nas consequências nos nativos digitais, crianças que já nasceram neste mundo virtual. Por isso, defendo que os programas escolares deviam ter uma disciplina de ética para a Internet, com destaque para as redes sociais. Afinal,a educação cívica começa em casa e continua na escola ou não?
Veja um vídeo que satiriza o uso das redes sociais:
Via Expresso