Nas minhas habituais pesquisas cibernáuticas descobri que afinal a crise, além de nos dar cabo das carteiras pode arruinar por completo a nossa vida sexual. E não é que o ditado antigo do amor e da cabana só têm lógica se esta cabana for, por exemplo, um pequeno bungalow nas ilhas Maldivas, com o mar à porta, e claro com bilhete de volta, porque isto de ser ilhéu com vantagens já está com os dias contados.
Pois bem, o livro chama-se "spousonomics - using economics to master love, marriage and dirty dishes", de Paula Szuchman e Jenny Anderson, e pretende demonstrar a forma como a economia doméstica pode alterar a duração e frequência da actividade sexual entre os casais. Digamos que esta é directamente proporcional à existência ou não de saldo na conta bancária, assim como do bom relacionamento entre quatro paredes.
Digamos que, assim "por miúdos" se a conta é negativa, é provável que a sua ligação esteja por um fio, por isso digamos que é bem provável que o número de separações aumente, já que o saldo bancário da grande maioria dos portugueses está pelas ruas da amargura. O segredo está em administrá-la o melhor possível, se não quer ficar em jejum por muito mais que a próxima Quaresma.
Mas não fica por aqui, se é daquele tipo de mulher ou homem que discute frequentemente sobre quem lava mais a loiça, deixa roupa espalhada pelo chão ou muda o rolo de papel higiénico, acredite que está bem mais perto da falência do que imagina.
Mas agora, deixando um pouco a ironia de parte e colocando a mão na consciência:
Já parou alguma vez para pensar que o excesso de trabalho, e chegar continuamente fora de horas a casa, sem tempo para quem vive consigo (e não conta se vive numa casa de hóspedes, se bem que muitas relações assim o parecem), pode estar a destruir a vida a dois? (se é que já não destruiu e nem sequer pensa nisso).
Não precisamos que nenhum livro nos diga o que afeta os relacionamentos atualmente, mas certamente andamos todos a economizar muito mais os afetos do que deveríamos.
Poderão pensar, ou dizer, que o amor verdadeiro resiste a todas estas mudanças de clima, mas digo-lhe que depois de um tsunami poucos são os que se conseguem aguentar de pé.
Os que ficam mais cedo ou mais tarde têm de construir novos abrigos, afinal não há economia deficiente que não caia em crise severa e bancarrota, e o amor não deveria ser um lugar comum, mesmo que não seja nada romântico compará-lo com um negócio a dois. E se não há dinheiro para um bungalow nas Maldivas, existem uns bem jeitosos na Galé e a um preço bem mais acessível.
O segredo, esse está sempre nas pequenas coisas, um beijo, por exemplo. Sabia que: 59% dos homens e 66% das mulheres afirmam ter terminado uma relação por causa de um mau beijo? É que o beijo simboliza impulso sexual, amor romântico e apego, razões essas que tornaram este numa forma evolutiva da espécie humana.