Está presa há cinco anos. Sob a bárbara tortura das chibatadas confessou o crime: adultério e cumplicidade no assassinato do marido. Qualquer pessoa teria confessado fosse o que fosse desta forma. Mas Sakineh Ashtiani acabou, mesmo assim, por ser condenada pelas autoridades iranianas. Pena de morte, por apedrejamento. Quando se pensava que tal veredito estava suspenso, graças à pressão internacional, o caso volta à estaca zero e Sakineh pode morrer a qualquer momento.
O caso arrasta-se desde 2006. Cinco anos de vida de uma mulher, que todos os dias acorda sem saber se vai ser o último. Se vai ou não ser enrolada num lençol branco, enterrada na areia até aos ombros e golpeada com pedras até fechar os olhos para sempre, como manda a tradição desta prática desumana. Por si só, esta tortura da dúvida é uma morte lenta demasiado dolorosa.
A história de Sakineh, de 43 anos, correu mundo pela mão dos ativistas dos direitos humanos. Pelo meio, o seu filho, o seu advogado e dois jornalista alemães foram detidos. Mas o caso nunca foi totalmente silenciado. Em julho deste ano, mais 300 mil pessoas de todo o mundo - entre elas inúmeras figuras públicas - assinaram uma petição que serviu, em boa parte, de volte face à decisão da sharia. Os líderes iranianos quiseram abafar mais um escândalo e afastar as atenções, sob risco de consequências políticas. Por outro lado, não querem demonstrar que estão a ceder às pressões do Ocidente. Pelo meio fica em jogo a vida de uma mulher. De forma atroz. Absurdamente injusta.
Relembro que dados da Amnistia Internacional revelam que, apenas no ano passado, foram executadas 388 pessoas no Irão, quase todas enforcadas. Em espera para morrer por lapidação há dez homens e quatro mulheres. Agora, novamente Sakineh.
Em pleno dia de Natal a confusão voltou a ser lançada: a iraniana recebeu nova ordem de execução na prisão. Em dúvida fica apenas se será por apedrejamento ou enforcamento. De imediato sugiram novos apelos da Amnistia Internacional e dos governos alemão, francês e espanhol.
Agora, chegou também a vez de todos nós darmos o nosso pequeno contributo. Dar voz a Sakineh é dar voz a todas as mulheres que sofrem tais barbáries. Assinar a petição não custa nada e pode ajudar a salvar uma vida. Demora apenas 10 segundos e pode fazê-lo aqui . Eu já o fiz e você?