Depois de documentar dez anos de guerra em fotos, o fotojornalista João Silva, reuniu toda a sua obra numa exposição no Centro Português de Fotografia (CPF), no Porto.
Foram dez anos fotografando cenas de guerra, sempre na frente de combate e que levaram João Silva a um fatídico acidente, no qual perdeu as duas pernas, depois de ter pisado uma mina.
“Desde que fui lá em 1994, durante a guerra civil, apaixonei-me logo pelo país e a ironia é que, anos mais tarde, fiquei ferido e deixei uma parte de mim lá“, declarou João em entrevista à Agência Lusa.
Agora podemos ver reunidas numa mostra no CPF, uma coleção de fotografias de cenários de guerra, inaugurada no passado sábado (07), na cidade do Porto.
João Silva é luso-africano e correspondente do ‘New York Times’. Ao longo da sua carreira trabalhou como fotojornalista em cenários de guerra no Líbano, Iraque, Afeganistão e Quénia.
Notabilizou-se por ser um dos membros do ‘Bang- Bang Club’, um grupo de fotógrafos que acompanhou de perto os momentos mais importantes no apartheid na África do Sul, compilados num livro que escreveu em coautoria com Greg Marinovich e que em 2010 foi adaptado ao cinema.
Foi a 20 de outubro de 2010, um dia que definitivamente marcou a sua vida quer profissional quer pessoal, que se deu o acidente no qual viu amputadas as duas pernas. Depois de acompanhar uma patrulha de soldados americanos, na província de Kandahar, João pisou uma mina e esta explodiu.
“Eu costumo dizer que nesse dia tive pouca sorte, mas que também tive muita sorte”, conta João Silva. A mina que provocou o acidente estava conectada a um barril que continha mais de 20 quilos de explosivos caseiros, os quais não rebentaram.
"Os técnicos do exército norte-americano disseram-me que, se aquilo tivesse acontecido, eles não tinham encontrado o suficiente de mim para pôr numa caixa de fósforos”, recorda.
Durante a sua estadia em Washington, a fim de cuidar do processo de reabilitação, recebeu a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, e da primeira-dama, Michelle Obama.
E foi ainda com grande mérito que conseguiu que uma foto da sua autoria fosse publicada na capa do ‘New York Times’, com um grupo de veteranos a observar um exército de paraquedistas.
Passados 14 meses, João Silva regressou a Joanesburgo, onde se encontra a sua residência, na companhia da família e é com grande ansiedade que espera pelo seu regresso aos campos de guerra. “Estou a fazer planos para regressar ao Iraque e também para o Afeganistão”, afirmou.
A exposição presente no CPF estará disponível até ao dia 25 de março e relata os conflitos no Afeganistão de 1999 a 2010. A entrada é de acesso livre.
Via Pt Jornal