Cerca de 23 mil crianças estarão a ser criadas por famílias homoparentais, quer por somente uma pessoa, quer por casais do mesmo sexo, em Portugal. E outros tantos adultos terão pais ou mães homo ou bissexuais.
Baseada nos dados preliminares do primeiro estudo português sobre a homoparentalidade, a estimativa surge nas vésperas do Parlamento se pronunciar - hoje, ao final da manhã - sobre as propostas do Bloco de Esquerda e do partido Os Verdes quanto ao direito dos casais gays recorrerem à adoção.
Segundo Pedro Alexandre Costa, investigador do Instituto Superior de Psicologia Aplicada e da Universidade da Beira Interior, autor do "Estudo sobre Atitudes da População Portuguesa em relação à Homoparentalidade", os dados quantitativos recolhidos "apontam para uma percentagem de 8 a 10% de pessoas auto-identificadas como lésbicas, gays e bissexuais com filhos".
Aplicando aquele valor obtido pelo investigador à estimativa internacional da população homossexual (5% no casos dos homens adultos e 2% a 3% de mulheres adultas) atinge-se o valor considerável de um outro formato familiar no nosso país.
"A família tradicional, constituída por um pai e uma mãe com pelo menos um filho ou filha biológica é cada vez menos regra", explicou.
"Mesmo as famílias heteroparentais são cada vez mais constituídas por recurso a outras formas de parentalidade como a inseminação artificial ou a adopção, assim como famílias monoparentais", disse o psicólogo, que fez chegar à comissão parlamentar, que analisou os projetos de lei, o "lamento" de só terem sido ouvidos a Ordem dos Advogados e o Ministério Público sobre matérias que não são só "legais".
"São fundamentalmente do foro psicológico. Está em causa avaliar a competência e qualidade das pessoas que assumem, ou pretendem assumir, funções parentais", frisou, criticando que técnicos e entidades que desenvolvem trabalho na área não tenham sido ouvidos.
Via JN