A senadora socialista flamenga Marlene Temmerman propôs uma iniciativa inédita para resolver o impasse político na Bélgica, que já bateu o recorde de país europeu que mais tempo viveu sem um Governo. Propõe a abstinência sexual para que os políticos se entendam.
O apelo foi lançado às mulheres dos políticos. “Se todas nos pusermos de acordo em relação à abstinência sexual, estou convencida de que podemos chegar mais rápido a negociações [para formar Governo]”, disse a senadora flamenga Marlene Temmerman numa entrevista à rádio belga RTL citada pelo diário espanhol “El Mundo”. E adiantou: “Já se sabe o que pensam os homens sobre essas coisas”.
O objectivo desta proposta peculiar é que as esposas dos líderes políticos do país, dividido entre duas grandes comunidades linguísticas de francófonos e flamengos, pressionem os maridos para que haja um entendimento. A Bélgica está sem Governo há já quase oito meses, quando após as eleições legislativas antecipadas de 13 de Junho se chegou a um impasse que tem impedido a formação do novo Executivo.
O partido mais votado foi então a Nova Aliança Flamenga, dos independentistas Bart de Wever, que não se conseguiu entender com o líder dos socialistas valões, Elio Di Rupo.
A proposta da senadora Temmerman terá entrado em vigor no passado fim-de-semana e o seu impacto não é ainda conhecido, revala o jornal espanhol “El Mundo”. Sabe-se que a crise política se mantém e que a Bélgica bateu já o recorde europeu de 208 dias sem Governo que era detido pela Holanda e está a encaminhar-se para atingir também o recorde mundial que pertence ao Iraque (289 dias sem executivo).
A senadora socialista flamenga parece estar disposta a contribuir para a resolução da crise de uma forma bastante diferente daquela que foi avançada pelo actor belga Benoit Poelvoorde, que apelou a todos os homens para não fazerem a barba enquanto não haja um novo Governo.
Até agora têm fracassado os vários esforços diplomáticos para chegar a uma solução, porque enquanto a Nova Aliança Flamenga propõe uma reforma do Estado que conceda maior autonomia, os francófonos defendem a continuação de uma Bélgica federal e unida.
Via Publico