
Quem passar no Largo de Santos, em Lisboa, às quintas-feiras entre as 16h00 e as 20h00, já pode comprar legumes e frutas sem pesticidas
Joaquim Vicente tem 69 anos e Maria Beatriz 64. "Somos uns jovens", riem-se. Há sete anos que se renderam à agricultura biológica. A sua banca é uma das quatro que compõem o novo mercado biológico no Largo de Santos, em Lisboa. "Sem exagero, devo ter uns 100 manuais sobre agricultura biológica", conta Joaquim, com orgulho mal disfarçado.
Começaram com produção integrada - agricultura com o uso controlado de pesticidas - mas Joaquim era alérgico aos químicos e estava decidido a encontrar uma solução. "Um cunhado meu falou-me da agricultura biológica e a partir daí nunca mais tive problemas. Ia todos os meses ao médico por causa das alergias, agora vou de três em três meses, só para controlar", garante Joaquim.
Maria Beatriz, que também faz compotas caseiras que vende no mercado, confirma e garante a qualidade dos seus produtos: "Os nossos legumes são muito gostosos."
Há alface, espinafres, acelga, toranjas, cenouras e laranjas de uma árvore com mais de 100 anos. Sílvia Feliciano, uma cliente de 40 anos, confessa que sempre que pode compra biológico. "Não tanto pelo sabor, mas por causa da saúde."
Patrícia Serôdio, 34 anos, trabalha para a Casa da Caldeira, um retiro de agro-turismo, em Rio Maior, de produção biológica. Apesar dela própria já se aventurar no maravilhoso mundo da agricultura biológica, os legumes que vende são não foram plantados por si. "É difícil porque ou vêm as lesmas e comem tudo, ou são ratos, ou uma geada... este ano não consegui nada", confessa. Entre cebola roxa, batatas, amêndoas, a Casa da Caldeira tem 32 tipos de compotas diferentes, todas feitas com produtos biológicos e alguns nomes originais como o doce de marmelão.
Já na banca onde trabalha Mário Guerreiro, de 28 anos, nem todos os legumes e fruta são portugueses. Há produtos de Espanha e da Holanda, ao lado das favas portugueses a 1,90€.
Nicolai, empregado da empresa Urze, é quem tem a banca mais colorida e variada. Há couve-flor romanesca, verde em vez de branca, cujo centro parece esculpido à mão, há uma espécie de cenouras brancas chamadas pastinaca "muito saborosas", diz Nicolai, e um sem fim de legumes e fruta. No entanto, é a banca com os preços mais altos, quer em Santos, quer no mercado do Jardim do Príncipe Real, onde também participa.
Alice Leal não pára de pedir cebolas, batatas e afins a Patrícia Serôdio, que vai pesando tudo e apontando num papelinho, à mão. "A minha neta só come sopa com coisas biológicas", diz Alice que há três anos que se converteu aos legumes e frutas sem pesticidas. Este novo mercado, veio mesmo a calhar: "Trabalho aqui perto por isso posso vir todas as semanas abastecer-me."
Quanto aos preços, as opiniões divergem. Alice diz gastar menos dinheiro no mercado, Sílvia confessa que "é dispendioso".
Via Ionline