Otis Taylor, Socalled, Lofti Bouchnak e L’Enfance são as mais recentes confirmações no cartaz do FMM Sines 2012 – festival que regressa a Sines nos dias 19, 20, 21, 26, 27 e 28 de julho.
Nascido em Chicago em 1948, o bluesman Otis Taylor é praticante de um estilo de blues criado por si - o “trance-blues” -, onde a crueza da canção negra americana se cruza com o rock psicadélico e o jazz e ganha uma componente não menos genuína mas mais hipnótica em palco.Cantor, guitarrista, banjista e tocador de harmónica, Otis Taylor é também um criador de canções, bebendo principalmente na riqueza da experiência histórica dos afroamericanos.
A sua carreira teve um interregno entre 1977 e 1995, mas, desde que se dedicou por completo à música, a sua produção discográfica tem sido impressionante, ao ritmo de quase um álbum por ano desde a estreia, em 1997, com “Blue Eyed Monster”.
“White African” (2001) foi o disco que o estabeleceu na cena blues norte-americana, acumulando, a partir de aí, prémios e nomeações para prémios, incluindo o mais prestigiado do género - o prémio W. C. Handy - e várias distinções da revista “DownBeat”. Em 2004, foi considerado o melhor entertainer de blues do ano pelos leitores da revista “Living Blues”, ex-aequo com a lendária Etta James.
“Contraband”, o seu 12.º álbum, lançado em fevereiro de 2012, é mais um testemunho dos blues como força contra a violência e como género capaz de se reinventar sem perder os princípios.
O artista canadiano Socalled (Josh Dolgin) não podia ser mais diversificado e inclassificável. A sua lista de ocupações criativas inclui pianista, acordeonista, produtor, compositor, arranjador, rapper, cantor, jornalista, fotógrafo, cineasta, mágico, cartoonista e construtor de fantoches.
Com formação clássica de piano, começou muito cedo a interessar-se pelo jazz e depois pelo hip-hop, um género que considera universal devido à elasticidade com que se funde com músicas de todas as origens e tradições.
A descoberta da sua voz aconteceu precisamente quando começou a misturar o rap com as músicas dos seus antepassados judeus.Hoje, ele, que trabalhou com um dos mestres do revivalismo klezmer, o clarinetista David Krakauer, situa-se neste território hebraico urbano, mas a sua música transpõe outros horizontes.
Colaborador prolífico com outros artistas e noutros projetos, tem quatro discos em nome próprio: “HiphopKhasene” (2003), “The So Called Seder” (2005), “Ghettoblaster” (2007) e “SleepOver” (2011).
O projeto At-tufuula al-hamra’ nasceu da iniciativa do cantor tunisino Lofti Bouchnak, quando viu a banda franco-italiana L’Enfance Rouge a atuar na televisão Al Jazeera e ouviu o seu álbum de fusão rock / música árabe “Trapani-Halq al Waady”(2008).
Lofti Bouchnak é um dos maiores, se não o maior cantor árabe vivo. Nasceu em 1952 e foi criado na medina de Tunis entre músicos de rua, encantadores de serpentes e cafés cantantes. Além do “malouf” tunisino, estilo musical com raízes andaluzas, domina a música de todo o mundo árabe como cantor, alaudista e compositor.
Com François Cambuzat (voz e guitarra), Chiara Locardi (voz e baixo) e Jacopo Andreini (bateria), L’Enfance Rouge é, desde 1995, um dos mais aclamados grupos de rock progressivo da Europa.
Presente já uma vez no FMM Sines, em 2009, a sua música tem uma componente política assumida e um interesse especial pelas relações Norte-Sul, sobretudo as relações entre as duas margens do Mediterrâneo (Europa e Norte de África).
Além destes, já está também confirmada a presença no festival de Marc Ribot, Astillero, Dhafer Youssef, Gurrumul e Narasirato, Mari Boine (Noruega), JuJu (Gâmbia/Reino Unido), Oumou Sangaré & Béla Fleck (Mali / EUA), Hugh Masekela (África do Sul), Fatoumata Diawara (Mali), Bombino (Níger – Cultura Tuaregue) e Jupiter & Okwess International (R. D. Congo).
Até ao momento, ainda não há informação sobre o preço dos bilhetes para o festival de world music, que comemora este ano a sua 14ª edição.
Sara Novais