O espectáculo começou como se impõe numa altura destas. Com a entrega do troféu de campeão nacional, o 26.º da história do FC Porto. Num estádio lotado, o Sporting ajudou com um bom jogo até ao momento em que se viu reduzido a dez (por expulsão de Onyewu) e depois a nove (Polga). Lances que definiram o rumo dos acontecimentos, já que Hulk converteria a grande penalidade antes de um lance de génio, para delírio dos adeptos, que viram a noite terminar com um espectáculo de cor e luz. O Sporting despediu-se de vez da possibilidade de lutar pela pré-eliminatória da Champions.
A festa como que inebriou os jogadores portistas. Homens como Moutinho ou Lucho estiveram longe daquilo que se lhes pedia. Foram claramente menores no confronto com a dupla Schaars-Elias. O lateral Alex Sandro ainda apareceu num ou noutro lance de ataque, mas foi uma nulidade a defender. E outros elementos da formação de Vítor Pereira tentaram adornar demasiado os lances. Demasiados pecados quando pela frente estava uma equipa que há muito não se apresentava no Dragão com organização e disposição de tentar ganhar o jogo.
O Sporting mostrou-se inicialmente mais agressivo na procura da bola e a marcar sempre em terrenos muito adiantados. Com uma defesa exemplar, com Insúa a confirmar que é um dos melhores laterais esquerdos desta Liga e Onyewu a dar uma consistência que Xandão nunca conseguiu transmitir, com Polga a exibir-se a um nível muito superior ao que lhe é habitual.
E as coisas até nem começaram da melhor forma para a formação de Alvalade. Do aquecimento vieram notícias dolorosas para Sá Pinto. Izmailov, um dos elementos fundamentais na equipa, não poderia jogar. E o mesmo aconteceu a João Pereira, lateral que foi substituído por Pereirinha. Um mal aparentemente menor.
O problema foi mesmo a indisponibilidade do russo, ele que define as jogadas como poucos e dá outra capacidade à equipa. Para o seu lugar entrou Carrillo. Uma agradável surpresa. O peruano conseguiu aproveitar as fragilidades do jovem lateral Alex Sandro e construir um punhado de sustos para Helton. Venceu quase sempre no confronto directo com o lateral brasileiro.
Curiosamente, o Sporting conseguiu assumir o jogo, explorando as alas (com Capel e Carrillo). Mas fundamentalmente pela acção de Elias e Schaars no miolo, a bloquearem as tentativas dos portistas de saírem em ataque controlado.
Sá Pinto viu logo no primeiro minuto Wolfswinkel muito perto do golo, com Maicon a salvar quando o holandês se isolava. Assistiu a uma boa jogada de Carrillo e a uma defesa apertada de Helton, e depois a uma bomba de Insúa. O FC Porto resumia-se ao talento individual de James.
A segunda parte voltou a trazer um Sporting com mais atitude. Elias continuou imperial no confronto perante Lucho. O argentino como que não existiu, tal a exibição do internacional brasileiro a recuperar bolas e a sair a jogar. Os adeptos portistas voltaram a tremer quando estavam decorridos 51’: Polga subiu num livre e, num remate violento de ressaca, acertou no poste. Respondeu o FC Porto com uma abertura de James que Varela não aproveitou e com um remate de Hulk.
No banco, Sá Pinto (60’) deu conta que Carrillo já não rendia o que tinha rendido e trocou-o por Jeffrén, isto numa altura em que o Braga (o adversário directo dos “leões” nesta altura) já vencia.
A aposta do técnico do Sporting em tentar vencer a partida sofreu, porém, um duro golpe pela acção de Hulk. O brasileiro teve, aos 66’, uma das suas explosões e obrigou Onyewu a cometer uma falta à entrada da área, falta essa que valeu ao norte-americano o segundo amarelo e o consequente vermelho. O lance desequilibrou o jogo.
O golpe final veio em mais uma jogada iniciada em Hulk: o brasileiro tirou o cruzamento, Janko falhou, mas a bola sobrou para James que sofreu grande penalidade de Polga. O brasileiro também foi expulso e Hulk inaugurou o marcador (80’). O Dragão explodiu em festa. E repetiu a dose dez minutos mais tarde, numa arrancada de Hulk desde o meio-campo que só terminou na baliza.
POSITIVO
Elias
O internacional brasileiro foi o melhor elemento em campo. Conseguiu anular Lucho, recuperou bolas e soube sair a jogar. Encheu o meio-campo. A boa exibição de Elias foi o reflexo de um Sporting que se apresentou no Dragão a jogar para ganhar.
Hulk
Poderá ter sido o último jogo que realizou no Dragão, devido ao interesse dos grandes clubes europeus. E nem realizou propriamente um jogo de encher o olho. Mas a verdade é que decidiu a partida, com dois golos.
NEGATIVO
Alex Sandro
O jovem lateral foi o elo mais fraco de uma equipa que parecia inebriada pela festa. Sofreu em demasia com Carrillo e também com Capel. As poucas incursões que teve em termos ofensivos não foram suficientes para compensar o fracasso da prestação defensiva.
Ficha de jogo
FC Porto, 2
Sporting, 0
Estádio do Dragão, no Porto.
Espectadores 50.212
FC Porto Helton, Sapunaru (Danilo, 57’), Maicon, Otamendi, Alex Sandro, Fernando, João Moutinho, Lucho González (Defour, 64’), Varela (Janko, 57’), James Rodríguez e Hulk. Treinador Vítor Pereira.
Sporting Rui Patrício, Pereirinha, Polga, Onyewu, Insúa, Elias, Schaars (Diego Rubio, 78’), Matías Fernández (André Martins, 71’), Carrillo (Jeffren, 60’), Capel e Wolfswinkel. Treinador Sá Pinto.
Árbitro Pedro Proença, de Lisboa. AmarelosSapunaru (14’), Carrillo (16’), Onyewu (20’ e 66’), João Moutinho (41’), Fernando (42’ e 90+3’), Lucho (49’) e Hulk (83’). Vermelho por acumulação Onyewu (66’) e Fernando (90+3’). Vermelho directo Anderson Polga (80’).
Via Público