Por ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia, as organizações defensoras dos direitos das minorias sexuais alertam esta quinta-feira sobre a persistência da discriminação e da violência contra homossexuais pelo mundo, opção sexual ilegal em 78 países e punida com pena de morte em cinco.
A Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (ILGA) divulgou esta semana em Genebra um relatório sobre a situação da homossexualidade que revela que dez países permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo e 12 admitem a adopção de filhos por parte de casais.
Irão, Arábia Saudita, Iémen, Mauritânia e Sudão penalizam a homossexualidade com pena de morte, o que ocorre também em algumas regiões do norte da Nigéria e do sul da Somália.
A Europa é a região onde os direitos dos homossexuais são mais atendidos, na América Latina o maior problema é a violência - pois a maioria de países não conta com legislação que proíba a homofobia -, enquanto metade dos países da Ásia ainda criminaliza a homossexualidade.
Nos Estados Unidos, onde os activistas consideraram um grande avanço o recente pronunciamento do presidente Barack Obama em favor de casamento homossexual, foram convocados actos de protesto. O apoio de Obama ao casamento gay levou o debate ao centro da campanha eleitoral no país, já que o seu provável rival republicano, Mitt Romney, opõe-se à união entre pessoas do mesmo sexo.
Em Cuba, o Dia contra a Homofobia é lembrado com actos que começaram no último dia 8 com actividades académicas, educativas, artísticas e eventos públicos e a já tradicional «conga» contra a homofobia realizada nas ruas de Havana no sábado passado.
A iniciativa é promovida desde 2007 pelo Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), dirigido por Mariela Castro, filha do presidente cubano Raúl Castro, como parte da sua campanha para sensibilizar sobre o respeito à diversidade sexual.
A Sociedade de Integração Gay Lésbica Argentina (Sigla) manifestar-se-á em frente ao Ministério da Educação, em Buenos Aires, enquanto outros grupos como a Comunidade Homossexual Argentina (CHA) apoiará guias escolares - a Argentina foi o primeiro país da América a autorizar o casamento homossexual em 2010.
Na Europa, e especificamente no Reino Unido, foram convocados para hoje 150 actos para celebrar a data, nos quais se incluem protestos contra a situação dos homossexuais noutros países como o Irão e a Nigéria.
Em Paris, a associação Osez Le Féminisme pretendia organizar um «flash-mob Kiss-in» de mulheres contra a discriminação de lésbicas, numa praça próxima ao centro Pompidou. Com o beijo público entre mulheres, a associação pretende chamar a atenção sobre «a violência especificamente dirigida contra as mulheres por ocasião de sua homossexualidade».
Entre os eventos previstos na capital alemã, está uma maratona de beijos «Kiss.In» sob o lema «Homofobia, um perigo para a nossa juventude. Contra a banalização da violência contra homossexuais e transexuais».
Na Rússia, os índices de homofobia são alarmantes. Cerca de 45% dos russos dizem ter emoções negativas ao lidar com homossexuais, segundo uma pesquisa publicada esta quinta-feira por ocasião da data. A Câmara de Moscovo equaciona negar autorização para a realização de duas manifestações de orgulho gay no centro da capital russa nos próximos dias 26 e 27.
A África do Sul é a excepção africana no reconhecimento dos direitos da comunidade gay, num continente onde a homossexualidade é proibida em cerca de 30 países e punida com a prisão em muitos deles. A Constituição sul-africana de 1996 é uma das mais avançadas da África e reconhece o direito de união civil de casais do mesmo sexo.
Retirado de Diario Digital