Tão igual e tão diferente de tantas outras, a nossa família é composta por um pai português, um pai francês, um filho americano, uma rafeira loira e uma rafeira morena e desde a semana passada mais dois pequenos peles vermelhas aquáticos…
Desde que declaramos o nosso amor, sempre quisemos que a nossa família crescesse. Como muitas outras famílias arco-íris, o mais fácil, e o que a magnânima lei portuguesa nos autorizava, era termos cães. Mas como muitas outras famílias arco-íris ou unicolor, ainda sentíamos a falta de termos mais um ou uns seres humanos para educar e dar o nosso amor.
A primeira ideia foi a adopção, mas infelizmente está proibido em Portugal para um casal do mesmo sexo. Graças à bendita internet, conseguimos explorar outras vias noutros países. O nosso pressuposto sempre foi que tudo estivesse legal e que os dois tivéssemos direitos iguais sobre a nossa criança. E foi! Graças a lei americana, o nosso filho tem legalmente dois pais. E apesar de um deles ser Português, Portugal não lhe deu a nacionalidade portuguesa, história que se repetiu no consulado francês.
Temos portanto uma família internacional e quem fica a perder são Portugal e França. E não vamos deixar que leis retrógradas nos impeçam de sermos felizes. O nosso filho vai à creche, gostam muito dele e de nós. Vivemos num bairro antigo de Lisboa, toda a gente conhece a nossa realidade, todas as pessoas mais idosas do bairro adoram brincar com o nosso filho e nem reparam que os pais dele são do mesmo sexo: “Ele é tão grande! É normal com dois pais tão altos!!!”.
Tão diferente e tão igual a tantas outras, a nossa família só pede um reconhecimento legal em Portugal, pois o reconhecimento popular, já está!