Este ano estão agendados 240 espectáculos para um festival que, como afirmou em Maio ao PÚBLICO o director do Museu de Serralves, João Fernandes, pretende proporcionar "um primeiro contacto com áreas experimentais da cultura contemporânea". Haverá portanto música, "elemento agregador de todo o festival", como assumiu o director: da peça para 200 músicos Oh Brass On The Grass Alas, do compositor norte-americano Alvin Curran, à conexão luso-angolana de Batida e ao jazz do trio MALUS, formado por Hugo Antunes, Chris Corsano e Nate Wooley, passando pelos Crystal Ark de Gavin Russom, membro da banda de palco dos LCD Soundystem, que prometem uma rave de ritmos latinos para a madrugada de amanhã. O festival encerra domingo com os ingleses The Irrepressibles, formados por músicos vindos da pop e da erudita e cujos espectáculos vivem de uma cuidada dimensão coreográfica. Uma boa representação do ecletismo, sem distinção entre aquilo que é considerado alta e baixa cultura, que é basilar ao espírito do festival. Serralves abre as suas portas amanhã. A festa arranca hoje.
Logo pela manhã, o Porto acordará com Serralves: do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, onde veremos Super-Homens (é a peça Blue Tired Heroes, do suíço Massimo Furlan) ou um macaco de circo nada discreto, criação do inventor Fred Abels e da marionetista Mirjam Langemejier, os Electric Circus, ao Campo dos Mártires de Pátria, onde, criação de Mariana Bacelar, se jogará um Monopólio em tamanho real, convite a reflectir no urbanismo das nossas cidades. No Largo de Miragaia, às 19h, será apresentado O Baile, espectáculo de dança contemporânea com coreografia de Aldara Bizarro e música de Artur Fernandes, que transporta o imaginário do filme homónimo de Ettore Scola para a realidade popular portuguesa.
Na festa non stop que se seguirá amanhã e depois, todos estes espectáculos serão também apresentados no espaço de Serralves, e muitos outros continuarão a acontecer fora dos seus limites, espalhados pelo Porto. Música, claro, mas também cinema, dança, teatro ou artes circenses. Deambulando pelo parque, poderemos apreciar o Duo Para Um Bailarino e Uma Escavadora, da companhia francesa Beau Geste, ou queimar calorias com o rockuduro dos portuenses Throes + The Shine. Durante 40 horas, um espaço institucional será casa aberta a todos (festa é festa e as entradas são gratuitas).
Serralves em Festa tem "todas as condições para se transformar no grande festival de Verão da cidade", sublinhava o presidente da Fundação, Luís Braga da Cruz, na apresentação do programa. O sucesso tem sido evidente (cerca de 600 mil visitantes desde a primeira edição) e os constrangimentos financeiros este ano, com o orçamento reduzido em 10%, não serão razão para que o cenário se inverta. Os cortes, afirmou João Fernandes, incidiram sobre a logística e não afectaram a programação. Que pode ser consultada em www.serralvesemfesta.com
Noticia do Público