Na passada quinta-feira, o seleccionador da Dinamarca, Morten Olsen, enumerou um conjunto de circunstâncias que poderiam valer uma vitória frente à Holanda: “um bocado de sorte”, “uma decisão favorável do árbitro”, “uma lesão” ou “um remate ao poste”. Não anteciparia, contudo, a conjugação de todos estes factores. Bafejados pela felicidade, mas também com muito mérito próprio, os nórdicos protagonizaram a primeira grande surpresa deste Europeu e bateram uma “laranja” recheada de estrelas, mas com pouca alma.
A Dinamarca demonstrou que não poderá mais ser considerada o elo mais fraco deste Grupo B. Frente aos vice-campeões mundiais e um dos principais favoritos à vitória no torneio da Polónia e Ucrânia, a equipa de Olsen manteve a sua identidade e derrotou a Holanda, por 1-0. A equipa mais concretizadora da qualificação para o Euro 2012, com 37 golos (média de 3,7 por partida), ficou em branco, o que já não acontecia desde a final do Mundial, a 11 de Julho de 2010, em que perdeu com a Espanha, após prolongamento, por este mesmo resultado.
É verdade que a Holanda não teve sorte. Não teve decisões favoráveis do árbitro em lances polémicos, não sendo penalizadas duas mãos na bola (discutíveis, de resto) na área dinamarquesa. Teve lesões na defesa e foi obrigada a apresentar uma linha de recurso, com a chamada do mais novo jogador de sempre num Europeu, Jetro Willems, de 18 anos e 71 dias. E teve uma bola de Robben ao poste, no único verdadeiro brinde concedido pelo guarda-redes dinamarquês Stephan Andersen, que rendeu o lesionado Sorensen.
Mas os holandeses só devem queixar-se de si próprios e da pálida imagem que deram como equipa, ou melhor, aos dois blocos divorciados que desligaram o seu jogo: à frente do guarda-redes, seis jogadores separados por vários metros das suas quatro unidades ofensivas. Nesta zona do terreno não faltava qualidade (o problema parece mesmo ser o excesso e a escolha), mas sim solidariedade.
Apesar de tudo, não faltaram oportunidades para a selecção de Van Marwijk chegar ao golo. Robben protagonizou o primeiro desperdício flagrante, mas Afellay, Van Persie e Huntelaar (que entrou aos 70’, numa altura em que a “laranja” já não disfarçava algum pânico) imitaram o atacante do Bayern Munique.
A perder por 1-0, desde os 24’, quando os nórdicos demonstraram como pode ser permeável a defesa adversária (subida de um lateral, uma movimentação interior de um extremo, dois defesas batidos e o golo de Krohn-Dehli), o mais inconformado holandês dentro de campo foi Sneijder, especialmente no segundo tempo, com cruzamentos milimétricos para os seus companheiros. Nenhum foi aproveitado.
Ficha de jogo
Estádio do Metalist, em Kharkiv, na Ucrânia
Assistência 35 mil espectadores
Holanda – Dinamarca, 0-1
Ao intervalo: 0-1
Marcador: 0-1, Krohn-Dehli, 24 minutos
Holanda Maarten Stekelenburg, Gregory van der Wiel (Dirk Kuyt, 85'), John Heitinga, Ron Vlaar, Jetro Willems, Mark van Bommel, Nigel de Jong (Rafael van der Vaart, 71'), Ibrahim Afellay (Huntelaar, 71'), Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin van Persie
Dinamarca Stephan Andersen, Lars Jacobsen, Daniel Agger, Simon Poulsen, Simon Kjaer, William Kvist, Niki Zimling, Krohn-Dehli, Dennis Rommedahl (Tobias Mikkelsen, 84'), Christian Eriksen (Lasse Schone, 74') e Nicklas Bendtner
Árbitro Damir Skomina (Eslovénia)
Acção disciplinar: cartão amarelo para Mark van Bommel (67'), Simon Poulsen (78') e William Kvist (81')
Noticia do Público