Proposta sugere corte total de 22 carreiras de autocarros (Arquivo)
Supressão das ligações marítimas de Lisboa à Trafaria/Porto Brandão e ao Seixal, redução do horário de funcionamento do Metropolitano de Lisboa, supressão de 22 carreiras de autocarros da Carris e de uma de eléctricos e redução do número de lugares nos comboios da CP nos períodos de menor procura. Estas são algumas das medidas previstas pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo para estudar a reformulação da rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa.
Este grupo de trabalho, nomeado em Setembro por despacho do Secretário de Estado dos Transportes, inclui repersentantes da Autoridade Metropolitana de Transportes, do Metropolitano de Lisboa, da Carris, da CP, da Transtejo e da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros.
As propostas do grupo, que foi também chamado a propôr soluções para uma "simplificação tarifária", foram já dadas a conhecer às câmaras municipais da Área Metropolitana de Lisboa. E merecerem, como apurou o PÚBLICO, a "rejeição absoluta" dos vereadores da mobilidade, que estiveram reunidos esta manhã.
O estudo agora apresentado às autarquias, e ao qual o PÚBLICO teve acesso, não contém qualquer estimativa de qual a redução de custos prevista com estas medidas.
O resumo das alterações pode ser o seguinte:
Carreiras da Carris a suprimir totalmente
10: ISEL-Pç. Chile 21: Saldanha-Moscavide Centro 22: M. Pombal-Portela 25: Est. Oriente-Prior Velho 201: Cais do Sodré-Linda-a-Velha 202: Cais do Sodré-Linda-a-Velha 203: ISEL-Boa Hora 205: Cais do Sodré-Bairro Padre Cruz 206: Cais do Sodré-Sr. Roubado (Metro) 207: Cais do Sodré-Fetais 208: Cais do Sodré-Estação Oriente 210: Cais do Sodré-Prior Velho 49: ISEL-Est. Entrecampos 76: Algés-Cruz Quebrada-Fac. Motricidade Humana 79: Olivais (circ.) 753: Pr. José Fontana-Centro Sul 797: Sapadores-Arco do Cego 799: Colégio Militar (Metro)-Alfragide Norte 745: Terreiro do Paço-Prior Velho 764: Cidade Universitária-Damaia de Cima 777: Campo Grande (Metro)-Ameixoeira 790: Gomes Freire-Príncipe Real ------------------ 18 (Eléctrico) R. Alfândega-Cemitério da Ajuda
Nota: Além destas 23 supressões totais, a proposta do grupo de trabalho inclui mexidas noutras 24 carreiras, seja encurtamento do percurso ou redução do período de funcionamento. ------------------ Cenários para Transtejo: Cenário 1 Supressão das ligações Lisboa à Trafaria/Porto Brandão e Lisboa ao Seixal Ligação ao Montijo só aos dias úteis e períodos de ponta
Cenário 2 Supressão da ligação Lisboa à Trafaria/Porto Brandão Ligação ao Montijo e ao Seixal só aos dias úteis e períodos de ponta ------------------ Metropolitano Diminuição da velocidade máxima de 60 para 45 km/h, fora dos períodos de ponta Na Linha Verde, diminuição de quatro para três carruagens Encerramento da rede às 23 horas; nos troços entre Pontinha e Amadora Este (Linha Azul) e Campo Grande e Odivelas (Linha Amarela), encerramento às 21h30.
Depois de se sentar à mesa de negociações, Silvio Berlusconi discutiu ontem com os restantes líderes europeus a salvação da economia comunitária. Antes disso, conferiu os atributos físicos da nova primeira-ministra dinamarquesa.
Quando os vários chefes de Governo da União Europeia se preparavam para reunir, ontem, o primeiro-ministro italiano teve a oportunidade de cumprimentar a recém-eleita Helle Thorning-Schmidt.
Cruzaram-se na sala, fez uma pequena reverência, apertou-lhe a mão e cada um seguiu para o seu lugar. Apanhando-a ‘pelas costas’, Berlusconi não perdeu a oportunidade e olhou para o traseiro de Thorning-Schmidt.
O momento foi apanhado pelas câmaras e é agora difundido pela imprensa – sobretudo a italiana – e na internet.
Cortes vão afectar os principais teatros nacionais (Miguel Madeira)
Os cortes de 20% no orçamento comunicados na quarta-feira aos trabalhadores do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia Nacional de Bailado (CNB), entidades geridas pelo Opart, vão afectar também o Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, e o Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), em Lisboa.
Em comunicado, a secretaria de Estado da Cultura (SEC), que na quarta-feira não quis comentar a situação, explica hoje que os cortes anunciados não são apenas para a cultura.
“Por decisão tomada pelo Governo, todas as empresas incluídas no sector empresarial do Estado reflectirão obrigatoriamente uma redução de 20% no seu orçamento para 2012”, pode-se ler na nota da SEC emitida esta quinta-feira.
Segundo o gabinete de Francisco José Viegas, na sequência destes cortes no teatro de ópera e na CNB vão ser tomadas medidas que “incluirão uma indispensável redução da massa remuneratória e uma diminuição dos montantes envolvidos nas produções de espectáculos”.
Lisboa - Marquês de Pombal | Porto - Praça da Batalha | Angra do Heroísmo - Praça Velha | Braga - Avenida Central | Coimbra - Praça da República | Évora - Praça do Sertório | Faro - Jardim Manuel Bivar | Resto do Mundo
Somos “gerações à rasca”, pessoas que trabalham, precárias, desempregadas ou em vias de despedimento, estudantes, migrantes e reformadas, insatisfeitas com as nossas condições de vida. Hoje vimos para a rua, na Europa e no Mundo, de forma não violenta, expressar a nossa indignação e protesto face ao actual modelo de governação política, económica e social. Um modelo que não nos serve, que nos oprime e não nos representa.
A actual governação assenta numa falsa democracia em que as decisões estão restritas às salas fechadas dos parlamentos, gabinetes ministeriais e instâncias internacionais. Um sistema sem qualquer tipo de controlo cidadão, refém de um modelo económico-financeiro, sem preocupações sociais ou ambientais e que fomenta as desigualdades, a pobreza e a perda de direitos à escala global. Democracia não é isto!
Queremos uma Democracia participativa, onde as pessoas possam intervir activa e efectivamente nas decisões. Uma Democracia em que o exercício dos cargos públicos seja baseado na integridade e defesa do interesse e bem-estar comuns.
Queremos uma Democracia onde os mais ricos não sejam protegidos por regimes de excepção. Queremos um sistema fiscal progressivo e transparente, onde a riqueza seja justamente distribuída e a segurança social não seja descapitalizada; onde todas as pessoas contribuam de forma justa e imparcial e os direitos e deveres dos cidadãos estejam assegurados.
Queremos uma Democracia onde quem comete abuso de poder e crimes económicos e financeiros seja efectivamente responsabilizado por um sistema judicial independente, menos burocrático e sem dualidade de critérios. Uma Democracia onde políticas estruturantes não sejam adoptadas sem esclarecimento e participação activa das pessoas. Não tomamos a crise como inevitável. Exigimos saber de que forma chegámos a esta recessão, a quem devemos o quê e sob que condições.
As pessoas não são descartáveis, nem podem estar dependentes da especulação de mercados bolsistas e de interesses financeiros que as reduzem à condição de mercadorias. O princípio constitucional conquistado a 25 de Abril de 1974 e consagrado em todo o mundo democrático de que a economia se deve subordinar aos interesses gerais da sociedade é totalmente pervertido pela imposição de medidas, como as do programa da troika, que conduzem à perda de direitos laborais, ao desmantelamento da saúde, do ensino público e da cultura com argumentos economicistas.
Os recursos naturais como a água, bem como os sectores estratégicos, são bens públicos não privatizáveis. Uma Democracia abandona o seu futuro quando o trabalho, educação, saúde, habitação, cultura e bem-estar são tidos apenas como regalias de alguns ou privatizados sem que daí advenha qualquer benefício para as pessoas.
A qualidade de uma Democracia mede-se pela forma como trata as pessoas que a integram.
Isto não tem que ser assim! Em Portugal e no mundo, dia 15 de Outubro dizemos basta!
“Provavelmente vamos reservar um dia por mês”, diz Francisco José Viegas (Foto: Paulo Pimenta)
O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, afirmou que vai acabar com a entrada grátis nos museus ao domingo, admitindo reservar apenas um dia por mês para as visitas gratuitas.
“Provavelmente vamos reservar um dia por mês”, disse ontem à noite Francisco José Viegas em entrevista à SIC Notícias, questionado sobre a revisão do regime de gratuitidade dos museus.
O secretário de Estado sublinhou que a percentagem de entradas pagas nos museus é actualmente 36 por cento e que o nível ideal para a sustentabilidade destas instituições seria 80 por cento.
Segundo Francisco José Viegas, as entradas pagas são “necessárias para conservar” os museus e permitiriam que estes obtivessem mais receitas para financiar horários mais alargados de abertura ao público.
Na entrevista à SIC Notícias, o secretário de Estado falou várias vezes na necessidade de poupar, considerando que “o facto de haver menos dinheiro é uma oportunidade para administrar melhor o dinheiro do contribuinte”.
O fim das entradas gratuitas nos museus nacionais "é uma medida periférica" que vai ter um "fraco efeito financeiro" nas receitas destes espaços culturais, afirmou o presidente do ICOM Portugal, organismo internacional que representa o sector.
De acordo com Luís Raposo, presidente da direcção do comité nacional do ICOM (International Council of Museums), organismo ligado à UNESCO, o anúncio do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, em declarações à SIC, sobre o fim da gratuitidade "é risível".
"Em termos dos efeitos financeiros seria um ganho de 300 a 400 mil euros por ano, o que representa dois a três por cento dos custos de funcionamento dos museus e palácios nacionais", sustentou o responsável, que também é director do Museu Nacional de Arqueologia.
Luís Raposo considera que, sendo "irrelevante" o benefício financeiro desta medida, vai ter, por outro lado, "um impacto social enorme junto das famílias".
"As famílias teriam de fazer um grande esforço para irem aos museus pagando três, quatro ou mais bilhetes", observou.
Para o presidente do ICOM Portugal, esta medida anunciada pela Secretaria de Estado da Cultura "é contrária à evolução mais recente em várias cidades dos países desenvolvidos".
Deu o caso de Londres, "onde a gratuitidade generalizada das entradas nos museus públicos acabou por tornar-se muito vantajosa porque aumentou muito o turismo e a venda nas lojas". Luís Raposo indicou que o mesmo exemplo está a ser seguido por Paris e por Copenhaga.
O director do Instituto dos Museus e Conservação (IMC) sustentou hoje que o fim das entradas gratuitas nos museus e palácios nacionais "não é uma receita milagrosa", mas traria "um aumento muito significativo" de receitas em tempo de crise.
João Brigola indicou que um estudo apresentado em 2010 ao Ministério da Cultura (actual Secretaria de Estado) estimou que o fim da gratuitidade nos museus e a revisão do preço das entradas traria um acréscimo de 800 mil euros anuais ao orçamento destes organismos.
"Seria um aumento muito significativo em tempos de crise, porque os museus estão a viver dificuldades", comentou o responsável, recordando que este sector tem sofrido uma desorçamentação desde 2009.
Para o director do IMC, o facto de 63 por cento das entradas nos 29 museus e cinco palácios nacionais não serem pagas e de "uma grande maioria" das restantes 37 por cento de entradas pagas "beneficiar ainda de descontos, não é comportável com a situação actual de dificuldades financeiras".
João Brigola comentou que "idealmente os cidadãos que pagam os seus impostos deveriam ter acesso gratuito a uma série de serviços públicos, mas a situação de crise está a afectar seriamente o funcionamento destes organismos por falta de verbas".
Em Portugal, o valor médio de um bilhete para um museu público é de 4,5 euros.
Jardim desafia Estado português "a mostrar aos portugueses a sua dívida indirecta" (Miguel Silva)
O presidente do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, disse nesta sexta-feira que se o Estado português olha para a Madeira e o Continente como “dois países”, então que dê a independência ao arquipélago madeirense.
“Se Portugal vai resolver os problemas de todos os portugueses, vai ter que resolver os problemas dos portugueses do Continente e dos portugueses da Madeira, porque se há dois países – a Madeira e o Continente –, então dêem-nos a independência”, disse no jantar-comício do PSD-M realizado esta noite na freguesia da Camacha, no concelho de Santa cruz.
Alberto João Jardim atribuiu o “barulho à volta da dívida” da Madeira alegadamente ao facto de “eles [Continente]” quererem “que nós não tivéssemos dívida, para ajudá-los a pagar a dívida deles, que é muito mais grave que a nossa, e queriam também que nós ficássemos sozinhos a aguentar os nossos problemas”.
O cabeça da lista social-democrata às eleições legislativas regionais acusou o que disse ser “aquela cambada das televisões em Lisboa ”, porque “fala da Madeira”, o que disse que “serve às mil maravilhas ao PS, porque ninguém fala do Estado que o PS deixou a Portugal”.
Acrescentou que “também serve ao governo PSD/CDS”, por entender que “enquanto falam da Madeira não estão dando notícias das medidas graves que estão a ser tomadas no nosso país”.
Jardim desafiou ainda o Estado português a fazer o mesmo que o governo regional fez hoje ao divulgar a dívida directa e indirecta, avaliada em 5.800 milhões de euros.
“Faço um desafio ao Estado português: Eu apresentei a dívida directa mais a indirecta. Agora desafio o Estado português a mostrar aos portugueses a sua dívida indirecta”, disse.
O jantar de pré-campanha do PSD-M na Camacha reuniu mais de um milhar de pessoas.
Marina do Lugar de Baixo, túneis de São Vicente e do Seixal, ribeira da Madalena do Mar e o aterro do Porto do Funchal. Estas são as cinco "obras loucas de Jardim" que a revista "Visão" garante terem feito disparar a dívida da Madeira.
A Marina do Lugar de Baixo, por exemplo, que já terá custado 105 milhões de euros, "tem capacidade para 291 embarcações" mas "está às moscas".
Os seis túneis de São Vicente (costa norte da Madeira), parte dos quais continuam por inaugurar, também terão contribuído para o agravamento das contas públicas.
Já o Túnel no Seixal (concelho de Porto Moniz), feito para desviar o trânsito de uma freguesia com 700 habitantes, rompeu um lençol freático que desde há cinco anos corre diretamente para o mar. Água doce que até então ficava retida no solo.
O previsível impacto ambiental das obras na Ribeira da Madalena (concelho da Ponta do Sol), também está em destaque. A "Visão" falou com o investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Raimundo Quintal, que alertou para as previsíveis "enchentes-relâmpago", em tudo semelhante às que vitimaram 43 pessoas em fevereiro do ano passado.
A fechar a galeria das "obras loucas de Jardim", a "Visão" destaca o aterro do Porto do Funchal, onde o governo regional pretende construir um cais de atracagem. Um projeto de 80 milhões de euros.
O secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar afirmou hoje, em Vila Real, que os programas e-Escolinhas e e-Escolas, que distribuem os computadores Magalhães, vão ser reavaliados durante este ano lectivo para saber se o dinheiro aplicado está a ter retorno.
«Aquilo que nos estamos a fazer com todos os programas que dão corpo àquilo que é a escola portuguesa é reavaliar, ver se os critérios estão ajustados e se não estiverem ajustá-los», afirmou João Casanova de Almeida à margem da inauguração do Centro Escolas das Árvores.
O governante acrescentou que o Governo quer saber «se o dinheiro que está a ser aplicado em qualquer dos programas está a ter o retorno que deve ter para a educação das crianças e jovens».
João Casanova de Almeida garantiu, no entanto, que as novas tecnologias se vão manter na escola.
«As novas tecnologias fazem parte da educação do futuro dos nossos jovens. Agora não é despejando tecnologias nas escolas que eles se tornam mais capazes e têm mais competências nos domínios das tecnologias», acrescentou.
Por isso mesmo, considera que é preciso estudar «dossiês para saber que mais valias foram provocadas e se seriam necessários tantos recursos para provocar essas mais valias».
O secretário de Estado frisou que o PSD entrou no Governo numa altura em que estava a terminar o ano lectivo e era preciso lançar o seguinte.
«Tivemos que ter em conta, primeiro de tudo, as urgências que estavam em cima da mesa, como pacificar as escolas através de um novo modelo de avaliação de professores e preparar o lançamento do ano lectivo», salientou.
Agora que as emergências estão concluídas diz que a tutela se vai «debruçar sobre dossiês importantes».
«Tudo vai ser reavaliado para que no contexto que nós vivemos neste momento possamos racionalizar os investimentos. Quando eu digo racionalizar não é cortar, é com o mesmo que nós temos ser muito mais criativos», sublinhou.
Questionado sobre as queixas lançadas por algumas escolas quanto à falta de professores e auxiliares, o governante considerou tratarem-se de «situação pontuais», que estão a ser devidamente acompanhadas e em menos de uma semana «esfumaram-se».
«Não vamos confundir uma árvore com a floresta. A floresta está bem de saúde e recomenda-se. Se existe algum problema com uma árvore estamos cá nós para solucionar essa questão, mas não vamos desviar atenções do que está bem para falar apenas de uma questão que precisa de ser reequacionada», concluiu.
O Centro Escolar das Árvores vai acolher cerca de 200 crianças no primeiro do primeiro ciclo e 75 no pré-escolar, depois de um investimento de 2,4 milhões de euros, comparticipados em 80 por cento pelos fundos comunitários.
Este é o primeiro de três centros escolares a construir em Vila Real, seguindo-se depois o Centro Escolar do Sudeste e o de Mouçós, que representam um investimento de cinco milhões de euros.
Na última semana, o debate sobre o agravamento de 'impostos sobre os ricos' apaixonou o país, O resultado acabou por ser uma taxa extraordinária de IRS e IRC decidida pelo Governo, mas no meio apareceram inúmeras propostas de vários quadrantes políticos: o regresso do imposto sucessório ou a imposição de taxas sobre grandes fortunas foram as mais badaladas. Mas o pior é passar do papel e das ideias para a aplicação no terreno.
Ao contrário do que se possa pensar ao ouvir o debate público, o património já é tributado em Portugal através de impostos como o IMI. E a legislação fiscal permite que manifestações de fortuna como barcos de recreio, aeronaves de turismo, automóveis ou casas acima de determinado valos façam com que suba a factura em sede de IRS.
A última auditoria interna das Finanças ao controlo de manifestações de fortuna, em 2009, foi desanimadora. A administração fiscal encontrou «constrangimentos» persistentes à actividade inspectiva. Com «falta de informação» e de sistemas informáticos adequados, os serviços tributários debatem-se com «diversas dúvidas» sobre os pressupostos e a forma de fazer avaliar o património, refere a auditoria. Boa parte das tentativas de correcção das declarações de impostos na sequência destas inspecções cai em saco roto. Os contribuintes vidados põem recursos a correr em tribunal e, em 62% dos casos, a decisão dos juíses é total ou parcialmente favorável aos queixosos. As avaliações de riqueza do Estado não são consideradas sólidas o suficiente para fazer com que os contribuintes paguem mais impostos.
Dificuldade de avaliação
Nas acções das Finanças, bens como obras de arte, jóias ou peças em ouro são algumas dores de cabeça. A inexistência de registos centralizados sobre este tipo de artigos e a necessidade de contratar avaliadores externos dificultam a determinação dos impostos a pagar. Nos próprios leilões de arte, não são divulgados os compradores, lembra Nuno Barroso. «Podemos estar em frente a uma casa de dois milhões de euros e não fazer ideia do que está lá dentro», diz. Mesmo na determinação do valor das casas há dificuldades, já que as avaliações feitas pelas Finanças só são actualizadas quando há uma transacção. E pôr um imóvel em nome de uma empresa é possível, tal como é possível transferir essa empresa para uma sede fiscal fora do país.
Não é por acaso que apenas qutro países do Mundo têm um imposto sobre fortunas, segundo um levantamento feito pelo grupo de peritos que, em 2009,entregou ao Governo um extenso estudo sobre possíveis reformas da política fiscal.
O caso mais conhecido é o de França: ao património líquido superior a 790 mil euros é aplicado um «imposto de solidariedade». Mas o grupo de fiscalistas sublinha que o exemplo francês «não tem tido aceitação an generalidade dos países» e é desaconselhado para Portugal, já que a «tributação especial de grandes fortunas teria um efeito imediato de fuga de capitais e bens móveis». Em suma, «o país perderia atractividade e competitividade, ou seja, empobreceria ainda mais». São também apontadas todas as dificuldades de operacionalização. «No que se refere a fortunas em dinheiro vivo, obras de arte, jóias ou outros bens móveis, cuja posse em geral não é objecto de registo, será sempre muito difícil a sua identificação, quanto mais a sua valorização».
A subida dos juros e da Euribor colocam novas dificuldades às famílias e as perguntas são muitas. Há alternativas à insolvência? Posso pedir um período de carência? Que opções legais tenho? Conheça as respostas
A subida da Euribor desequilibrou o meu orçamento familiar. Não consigo pagar o empréstimo. Sei que foi o que combinei no contrato, mas há outras opções para renegociar que não passem por uma declaração de insolvência?
Num cenário de subida da taxa de juro que torne incomportável o pagamento da prestação mensal, a primeira alternativa é a renegociação dos termos do empréstimo (contratar taxa fixa, aumentar a maturidade do empréstimo, etc.) com o banco. Esta renegociação pode ser da iniciativa do devedor e, note-se, é também do interesse do banco, uma vez que pode evitar situações de incumprimento. Dentro das possibilidades de cada devedor, a contratação de produtos adicionais (um seguro de crédito, seguro do imóvel, constituição de um depósito, etc.) pode fortalecer a posição negocial e facilitar a alteração das condições do crédito. Em paralelo, deve ser ponderada a possibilidade de transferir o crédito para outra instituição que ofereça condições mais vantajosas; é importante reter, contudo, que esta hipótese envolve quase sempre penalizações, que devem ser devidamente avaliadas.
Estou desempregado. Posso pedir um período de carência? Não tenho condições para pagar o empréstimo. Ou estender o prazo de maturidade? Não existe mecanismo legal que confira protecção específica ao devedor em caso de perda de emprego. Assim, não tendo sido contratado seguro de crédito que assegure o cumprimento temporário das obrigações perante o banco, a solução passa pela renegociação das condições vigentes, procurando reduzir o valor das prestações no curto prazo (por exemplo, aumentando a maturidade). Note-se que é prática comum os contratos de crédito obrigarem o devedor a comunicar ao banco a eventual perda de emprego e, em caso de incumprimento, permitirem ao banco decretar o vencimento antecipado do crédito.
Há exactamente um ano, quando a Moody's descia o rating da dívida portuguesa e uns poucos manifestavam a sua indignação, a esmagadora maioria dos economistas e comentadores especializados mostraram o seu desdém: andávamos a queixar-nos de quem apenas analisa factos e emite opiniões em vez de tratarmos de nós. Um grupo de economistas - daqueles que, por não alinharem pela propaganda oficial, raramente falam nos media - apresentou uma queixa à Procuradoria Geral da Republica em que se mostrava como estas agências manipulam de forma deliberada e em interesse próprio os mercados. Ficaram quase sozinhos.
Sobre estas agências e a suposta insensatez de quem as criticava, disse, na SIC, a 31 de Março, o jornalista e comentador económico José Gomes Ferreira: "Estes ratings dos bancos e da nossa dívida que estão todos os dias a cair, reflectem o quê? O conhecimento dos investidores dessa realidade [das contas públicas]." Realidade pela qual o governo de então deveria "pedir desculpa".
O nosso Presidente também lamentou o tempo perdido com moinhos de vento. Cavaco Silva avisava que "não compensa absolutamente nada para a economia portuguesa e para o emprego em Portugal estabelecer uma retórica de ataque aos mercados". E deixava o aviso: "ninguém conte comigo para prejudicar o país numa retórica desnecessária que é absolutamente negativa para o emprego no nosso país". E, sobre a descida do rating, há um ano, dizia: "Não vale a pena recriminar as agências de rating. O que nós devemos fazer é o nosso trabalho para depender cada vez menos das necessidades de financiamento externo. Quando nós não precisarmos de pedir dinheiro no estrangeiro não temos de nos preocupar com agências de rating".
O governo mudou. O programa que estes políticos e comentadores defendiam foi finalmente aprovado. O nosso rating voltou a descer e agora é "lixo". O que nos dizem agora estas mesmas pessoas sobre as intocáveis agências?
Para José Gomes Ferreira, que voltou ao tema a 6 de Julho, "só os ingénuos acreditam que esta descida do ratings da Moody's em quatro pontos tem a ver com critérios puramente técnicos". O que dantes reflectia a nossa realidade passou a ser coisa em que só ingénuos acreditam. Aquilo pelo qual antes o governo devia "pedir desculpa" passou a "isto não é uma questão portuguesa". As agências, que apenas davam "conhecimento" aos investidores, agora "servem os insteresses obscuros da América contra o euro e os alvos fáceis são a Grécia e Portugal" e de "investidores que querem ganhar dinheiro com os CDS". Felizmente, disse, "nós, jornalistas, podemos dizer com clareza o que os políticos não podem". Podemos? Quando?
Mas mais extraordinário é mesmo o nosso Chefe de Estado, que esquecendo o apelo para o abandono da "retórica contra os mercados" e a constatação de que "não vale a pena recriminar as agências de rating" passou, subitamente, mas só para espanto dos ingénuos que ainda acreditam na sua seriedade política, para o outro lado da barricada. "Àqueles que sofrem de ignorância na análise, eu apenas posso recomendar um pouco mais de estudo", disse, referindo-se à Moody's. Do tom professoral dirigido a quem criticava as agências de rating passou para o tom professoral dirigido às "agências de rating norte-americanas" que, afinal, "são uma ameaça". Coerente, só mesmo a altivez do costume.
Os comentadores dizem o que querem. Apenas falam em seu nome. Concordamos ou discordamos e pronto. Grave é quando um presidente, ainda por cima recorrendo ao seu suposto conhecimento técnico, manda toda a gente calar-se perante decisões que afetam o País quando se quer ver livre de um governo e é o primeiro a gritar quando o governo é da sua cor política. Porque ficamos a saber que antes do Estado que representa está o seu partido. Que antes do rigor está o cinismo. Que antes da verdade está a propaganda política.
Ou o que o Presidente da República dizia há um ano não fazia sentido e Cavaco Silva, para prejudicar o governo, não hesitava em trair o seu País através do silêncio; ou o que diz hoje está errado e para defender um governo não hesita em ser irresponsável. Ou o seu silêncio era oportunista ou as suas palavras são imprudentes. Não se pode dizer para não recriminar quem depois se ataca só porque o partido que governa muda entre uma declaração e outra.
Pretende-se que neste piquenique sejam discutidas iniciativas e formas de luta futuras para combater a precariedade no trabalho. Do programa fazem parte mesas redondas e debates, música e performances.
É já no sábado, a partir das 10 horas, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
O Código de conduta divulgado pelo Banco de Portugal, no dia 17, revela que os bancos já podem incluir nos contratos de crédito uma cláusula que lhes permita alterar, de forma unilateral, a taxa de juro dos empréstimos, perante determinadas condições. Isso não quer dizer que todos os créditos à habitação venham a ser alvo de subida de spreads
Tome nota das situações em que os bancos o podem fazer.
1- Os contratos que podem ser alterados unilateralmente. Só os contratos que contenham uma cláusula a prever a alteração unilateral das condições acordadas é que podem ser modificados.
2 - As circunstancias em que os bancos podem alterar as condições. Caso a cláusula que permite rever as condições esteja contratualizada, o Banco de Portugal define que os bancos podem alterar as taxas de juro ou outros encargos, desde que exista uma razão atendível ou variações de mercado. Por exemplo, se o programa de apoio financeiro a Portugal sofrer um revés, as intituições bancárias podem-se aproveitar disso para fazer alterações nos juros e encargos cobrados.
3 - Formas dos bancos accionarem as cláusulas. O regulador defende que os bancos devem concretizar com detalhe suficiente os factos que consubstanciam a razão atendível ou as variações de mercado. Os factos que estiverem especificados no contrato devem ser externos ao banco, relevantes e excepcionais. Além disso, têm de ter por base um critério objectivo. Os bancos têm de comunicar aos clientes por escrito as razões que o levaram a alterar o contrato, e a data a partir da qual entram em vigor.
4 - O tempo para as alterações fazerem efeito. Os bancos têm de dar 90 dias para que os consumidores analisem as alterações introduzidas nos contratos. Só assim os consumidores conseguem decidir se querem exercer o seu direito à resolução do contrato e que as novas condições só tenham efeito nas taxas cobradas, após esse período.
5 - Alterações contratuais. As alterações aos contratos não têm de ser definitivas. O Banco de Portugal estipula que a cláusula que permite as alterações unilaterais preveja a reversão das alterações, desde que os factos que as justificaram deixem de existir.
6 - Se o consumidor quiser resolver o contrato. O BdP prevê que os consumidores não têm de pagar as comissões previstas para o reembolso antecipado, se o consumidor preferir resolver o contrato, devido às alterações.
Mais um dos efeitos da crise? Ou as pessoas têm hoje mais informação e, por isso, pensam duas vezes antes de apresentar uma candidatura para adoptar uma criança? O número de candidatos à adopção baixou 28 por cento de 2008 para 2010. E este ano, até meados de Maio, entraram nos serviços da Segurança Social 242 pedidos.
É cedo para perceber se a tendência de quebra se mantém em 2011. Mas, para já, os dados fornecidos pelo Instituto de Segurança Social (ISS) mostram isto: em 2008 houve 876 candidaturas - em média 73 pessoas por mês deram início ao processo para adoptar; no ano seguinte entraram nos serviços 65 pedidos por mês; no ano passado foram já só foram 54 (num total de 628).
"A diminuição do número de candidaturas à adopção vem sendo já constatada desde 2008, pelo que a haver alguma diminuição em 2011, o que não é ainda certo, esta poderá não estar relacionada com a crise e antes ser a confirmação de uma tendência já verificada", faz saber o ISS, por e-mail.
Por outro lado, acrescenta: "Haverá que identificar como possível causa de diminuição do número de candidaturas o facto de se encontrar já em execução o Plano de Formação para a Adopção, que, proporcionando um maior conhecimento do processo de adopção, pode levar a que só formalize uma candidatura quem consciente e amadurecidamente se sinta preparado para o desafio da parentalidade adoptiva."
Acções de formação
Desde 2009 que, no âmbito do Plano de Formação para a Adopção, quem quer adoptar tem de frequentar uma primeira acção de formação. Só depois desta primeira "aula" os aspirantes a pais formalizam (ou não) a sua intenção.
Ainda antes de receberem a resposta sobre se a candidatura foi aprovada (o que, de acordo com os prazos legais em vigor, deve acontecer em seis meses) são chamados a frequentar uma segunda acção de formação. E, depois de integrados nas listas nacionais da adopção, no caso de as candidaturas serem aceites, são chamados para mais acções.
O plano - uma parceria do ISS e da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto - foi criado numa tentativa de diminuir o número de crianças que são devolvidas pelas famílias adoptantes (cerca de 20 casos por ano).
O factor económico
José Esteves de Aguiar que lida com casos de adopção e presta informação a vários casais - foi fundador de uma associação de apoio a quem quer adoptar, a Colo, que entretanto deixou de funcionar por falta de meios - não estranha os números do ISS. "Um factor que terá muita importância é a crise económica", diz.
"Tal como acontece com os pais biológicos que, perante o contexto actual, pensam duas vezes antes de ter mais um filho, ou até de ter o primeiro filho, os que pretendem adoptar também pensam duas vezes se este é o momento. O factor económico estará a levar as pessoas a adiar."
Por outro lado, continua, há alguma desmotivação: "Continuam a colocar-se muitos problemas a quem quer adoptar uma criança, o tempo de espera continua a ser muito elevado." O advogado lembra que muitos dos potenciais candidatos já passaram por processos complicados e demorados para tentar ter filhos, não conseguiram, e quando percebem que a adopção é também um processo moroso, não avançam.
Um estudo da Deco sobre a adopção, divulgado em Janeiro, revelou que os inquiridos (todos pessoas que passaram pela experiência da adopção nos últimos cinco anos) esperaram em média três anos por uma criança.
O dirigente do Bloco José Manuel Pureza apresentou esta terça-feira a nova plataforma interactiva que permitirá aos cidadãos testar as propostas do Bloco, e também as dos outros partidos e as que serão anunciadas brevemente pela troika, avaliando o seu impacto em três níveis: riqueza nacional (valores do PIB – Produto Interno Bruto), desemprego e défice público. Plataforma disponível em www.esquerda.net/decisao2011.php.
Segundo José Manuel Pureza, a plataforma Decisão 2011 constituí-se como um instrumento interactivo essencial para que os cidadão possam decidir pois responde a um propósito essencial: “mostrar que o que está em jogo na campanha eleitoral é acima de tudo, e sempre, a necessidade de cada um e cada uma fazer escolhas”. “Este instrumento é um aplicação informática que permite aos cidadãos avaliar também os impactos das suas escolhas”, acrescentou.
Campanha eleitoral: Bloco “insistirá na clarificação das respostas à crise económica e social”
Durante a conferência de imprensa, o dirigente bloquista falou também sobre como será a campanha eleitoral do Bloco que incluirá iniciativas com a presença de Francisco Louçã em todos os distritos e regiões autónomas, realizando mais de 6 mil km por estrada entre 9 de Maio – dia seguinte à VII Convenção do Bloco - e 3 de Junho.
Além desta agenda central, composta de encontros com movimentos e vistas temáticas, apresentação de propostas, comícios, sessões de esclarecimento, a campanha contará ainda com numerosos circuitos de iniciativas com a presença de outros dirigentes nacionais do Bloco, em todos os distritos e regiões autónomas. Durante o próximo mês, os principais dirigentes e candidatos do Bloco realizarão, por todo o território nacional, mais de duas centenas de sessões públicas, debates e comícios.
Além disto, explicou Pureza, o “principal instrumento de campanha” será o jornal de distribuição gratuita, “centrado nas perguntas e respostas às grandes questões da crise”, do qual será impresso um milhão de exemplares, com edições específicas para cada círculo eleitoral.
O dirigente do Bloco afirmou que a campanha eleitoral do Bloco “dará toda a prioridade às propostas políticas e insistirá na clarificação das respostas à crise económica e social”.
“Não vamos fazer uma campanha eleitoral norteada por agitação epistolar, mas sem consequências políticas de nenhuma dimensão, nem uma campanha eleitoral que convide a qualquer amnésia relativamente às responsabilidades pela actual situação”, disse.
"Deus está no meio de nós". Mas eu acredito que ele gosta mais de andar junto de alguns do que no meio do resto da carneirada. Uma omnipresença um tanto ou quanto elitista. E com a sua capacidade divina de alterar a vida dos crentes acaba por tocar meia dúzia de afortunados de forma especial. Provavelmente terá a ver com a dedicação que estes lhe retribuem em vida. A retribuição do Padre Melícias é de 7450 euros.
A minha será provavelmente zero. Mas eu não vou à missa a não ser em casamentos, baptizados ou quando alguém estica o pernil. Por isso o Padre Melícias, que até é uma espécie de padre do jet-set foleiro, que casa tudo quanto é azeiteiro da bola e mulher esticada, parece-me perfeitamente justo que ganhe esta exorbitância. E ou muito me engano ou esta notícia gerou uma afluência aos seminários fora do comum. Com uma reforma destas nem um deputado com dois mandatos cumpridos consegue chegar às traseiras das sandálias do franciscano Melícias.
"Com 71 anos, Vítor Melícias declarou, em 2007, ao Tribunal Constitucional um rendimento total de 111 491 euros, dos quais 104 301 euros de pensões e 7190 euros de trabalho dependente. 'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos."
"Acima da média"? Acima da média é o Convento de Mafra, a pensão do Senhor Padre é uma espécie de Capela Sistina em forma formato pensão. Se Da Vinci fosse vivo e tivesse acesso a esta notícia provavelmente teria forrado o tecto da capela em notas de 500€. E D. João V de Portugal teria mandando instalar 4 ou 5 ATM à volta do convento de Mafra.
'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote. Pois não senhor Padre, ricos são aqueles desgraçadinhos que vivem com o ordenado mínimo ou então sem um cêntimo que seja porque estão desempregados há mais tempo do que os dois dedos das mãos conseguem contar. Ricos são aqueles que vivem enrolados em cartão da Renova e em cobertores a cheirar a cavalo. O Senhor Padre perdeu uma excelente oportunidade para estar calado. Ora 7450 euros por mês, uma verdadeira miséria. Imagino as provações por que o senhor padre tem que passar. O que vale é que está habituado a viver uma vida sem luxos e abdicou de tudo o que é supérfluo, porque como se sabe: "Os Frades Menores, também chamados de Franciscanos, são uma fraternidade de irmãos clérigos e leigos, isto é, de irmãos sacerdotes e não sacerdotes, com iguais direitos e obrigações, vivendo no dia-a-dia os votos de pobreza, castidade e obediência."
Eu imagino a triteza que o Padre Melícias deve sentir cada vez que ao final de cada mês olha para o saldo gordo da conta bancária. Deve soar como os 57 sinos do Palácio de Mafra, considerados os maiores e melhores do mundo, a tocar em simultâneo. TLIM. TLIM. TLIM.
Deixai-me agora ir ajudar os pobrezinhos, que aposto que o Padre Melícias graças ao voto que fez entrega tudo o que recebe, vivendo de forma singela e desabonada na pobreza que jurou. Não tenho qualquer dúvida disto, porque de outra forma de padre teria muito pouco, e de Franciscano ainda menos.
Ou até já os padres mamam de forma desavergonhada nesta porcaria de país?
Depois das aventuras na bolha imobiliária e da crise do subprime, as empresas financeiras ficaram à beira do colapso. Para pagar as suas irresponsabilidades os Estados foram chamados a intervir. A primeira ajuda fez-se através da nacionalização do prejuízo. A Irlanda foi mesmo obrigada a aceitar ajuda externa e a consequente destruição da sua economia para impedir que a falência dos bancos nacionais espalhasse o pânico na city londrina. Em Portugal, a nacionalização do BPN fez-se de forma cirurgica. O Estado ficou com os buraco e, generoso, deixou o que valia alguma coisa - a SLN - nas mãos dos acionistas.
Quem esperava que, depois disto, os responsáveis fossem punidos rapidamente percebeu que não estavamos a reformar um sistema que põe as vidas de milhões de pessoas à mercê da ganância de jogadores. Estavamos a salvar esse sistema.
Salvo o que estava prestes a falir com os dinheiros dos contribuintes, ainda faltava ir buscar o resto ao pote público. Começou então o ataque às dívidas soberanas. Aproveitando os absurdos institucionais europeus e a certeza de que na Europa cada um trataria apenas de si, as economias mais frágeis do euro foram a vítima preferencial. O que não foi sacado através das ajudas públicas foi-se buscar através de juros usurários. Basicamente, as economias mais frágeis passaram a trabalhar para pagar uma mesada à banca, pedindo emprestado para pagar os juros. E quanto mais pedem mais os juros aumentam, numa espiral que só acabará quando todo o sangue for sugado.
Tal como aconteceu com subprime, as agência de notação têm um papel central no assalto. Se antes sobrevalorizavam lixo, agora sobrevalorizam o risco. A pressão política para o pedido de "ajuda" externa não é mais do que o apelo para que campangas venham buscar o dinheiro à força. E a extorsão faz-se à custa do Estado Social. O dinheiro que os Estados gastam em saúde, educação, pensões e serviços públicos tem de ser transferido para pagar juros impossíveis. Trata-se de uma transferência de recursos públicos que ainda não acabou. Ela chegará ao fim com a destruição do Estado Social. A esse processo dá-se o pomposo nome de "reformas estruturais".
Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha estão a ser abusados por um novo tipo de máfia que, na ausência de poderes públicos e de políticos corajosos, deixam um rasto de destruição por onde passam. Resta às vítimas três possibilidades: ou entregam tudo o que têm, ou pedem proteção aos mafiosos para que o roubo se faça de forma mais ou menos ordenada ou dão, em conjunto, um murro na mesa.
A solução começa com duas palavras: "não pagamos". Quando elas forem ditas, em conjunto, por estes quatro países, a Alemanha e a União Europeia mudam, em apenas um minuto, de atitude. É provável que os contribuintes alemães não estejam dispostos a pagar as dividas dos outros. O que eles não sabem é que, quando participam na "ajuda" aos países periféricos, estão a pagar o bailout da banca alemã. Ou seja, estão a pagar a salvação da sua própria economia.
Só no dia em que estes países disserem que, nestas condições, não dão nem mais um tostão para este peditório se começará a discutir a reestruturação da dívida. Não se trata de um favor. Trata-se de pagar o que se deve em condições aceitáveis. Trata-se de um ato de justiça. Pagar com juros decentes e num tempo praticável.
Quando quiseram obrigar a Irlanda a subir o seu IRC - bem abaixo da média europeia - ela fez esta ameaça. O recuo europeu foi imediato. Tivessem os governantes irlandeses tanta coragem para defender os direitos sociais como tiveram para defender o seu dumping fiscal e os seus concidadãos estariam hoje bem melhor.
A escolha que estes Estados têm de fazer é simples mas arriscada. Simples porque resulta de uma revolta legitima: não temos de pagar, com o nosso trabalho, através de juros impensáveis, as irresponsabilidades de quem andou a brincar com o fogo. Arriscada porque vão continuar, como qualquer Estado, a precisar de financiamento. Mas é a única opção: obrigar a Europa a defender os Estados que aceitaram entrar no euro. Nem que seja pela ameaça. Ou isto, ou a destuição por décadas de várias economias.
A crise levou os islandeses a mudar de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem tido cobertura
Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos.
Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe.
Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua.
Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.
Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.
Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia.
Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.
Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).
Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso.
Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.
Nem meia hora tinha passado da entrega do pedido de demissão a Cavaco Silva, e José Sócrates anunciava que vai recandidatar-se às próximas eleições.
Numa declaração em São Bento, sem direito a perguntas, Sócrates afirmou que se demitiu porque "a oposição não deu qualquer espaço para o diálogo político e tirou todas as condições para governar".
O primeiro-ministro demissionário lembrou que fez "tudo para evitar a ajuda do FMI, para que o país não ficasse numa situação igual à da Grécia". E manteve a sua tese de que a "ajuda externa é prejudicial para o país".
Sócrates disse que "tentou evitar" esta situação "até ao último minuto" e que fez inúmeros apelos à responsabilidade", lamentando "ter sido o único a fazê-lo e que ninguém o tenha aceitado".
Sócrates recordou que "quando um PEC tem o apoio das instituições europeias há logo quem o deite abaixo", classificando a esta atitude como uma "obstrução", levada a "um limite intolerável". Classificando esta crise como "desnecessária", criticou de novo aqueles que "julgam ter colhido aqui uma vitória", acusando-os de "estreiteza de vistas". E por ninguém "ter apresentado alternativas, apesar das tentivas de diálogo", Sócrates considerou que a "irresponsabilidadetriunfou sobre o sentido de Estado".
Agora, disse Sócrates, "a crise só poderá ser resolvida pela vontade dos portugueses e eu confio nos portugueses".
O que se está a assistir em Portugal em relação ao comportamento dos diferentes partidos políticos faz-me lembrar a forma como os miúdos se comportavam, e estou certo que continuarão a fazê-lo, por esses recreios das escolas primárias do país.
Eu sei que a comparação é idiota, mas o estado a que chegámos também dificilmente poderá ser adjectivado noutros termos. Os miúdos são inocentes, logo as discussões de recreio entre rapazes giram quase sempre em torno da constituição das equipas e de quem vai à baliza. Depois de muita discussão e alguns empurrões geralmente acaba por ir o desgraçado mais pesado da turma, o gordo cuja movimentação em campo é diminuta acaba entalado entre os postes. Os miúdos costumam associar a largura da pessoa à maior ocupação de espaço na baliza, mas nem sempre as coisas são tão lineares. Ou neste caso arredondadas.
Já os partidos políticos, nada inocentes, estão neste momento envolvidos numa discussão em quase tudo semelhante à dos recreios. A turma A (Portugal) joga contra a turma B (Mercados internacionais). O guarda-redes balofo da turma A - o PS - encontra-se na baliza e a equipa está a levar uma cabazada de todo o tamanho. Mas uma daquelas que já nem nos infantis se usa. O gordo não parece preocupado em manter as redes invioladas, as bolas passam por ele como balas numa favela do Rio. E segue tranquilo com um pacote de "manhãzitos" na mão, como se nada se passasse.
Os avançados da equipa - o PSD e o CDS- estão quase sempre "à mama" e mais não fazem do que esperar que a bola chegue à frente (raras vezes) para mostrarem as suas habilidades, finta para aqui, finta para ali, mas nunca saem do mesmo sitio, nunca marcam um golo nem tão pouco ameaçam a baliza contrária. Preferem ver o gordo sofrer até terminar o jogo. Os defesas da equipa - PCP e Bloco - quase espancam o anafado, desfazem-lhe os tímpanos com insultos mas pouco mais fazem do que gritar enquanto batem desalmadamente na equipa adversária (mercados internacionais) de toda a forma e feitio. Como sabem perfeitamente que nunca irão ter de ir à baliza, podem fazer o que querem dentro de campo.
Conclusão: parem de protestar, comportem-se como homens responsáveis que são e tirem o gordo da baliza. Ele não tem culpa de não saber mais e qualquer dia com tanta bolada ficamos sem rede.
Andar à procura de emprego pode ser uma tarefa cansativa e ingrata, sobretudo nos tempos que correm. Se as entrevistas de trabalho já são, para a maioria dos candidatos, um momento de extremo stresse, as coisas pioram substancialmente num momento de crise, como o que vivemos actualmente, em que poucas oportunidades surgem, os candidatos - em especial os que estão desempregados há muito - estão dispostos a aceitar quaisquer condições e o processo de recrutamento é feito com especial cuidado. Mesmo os mais optimistas e empreendedores por vezes desanimam perante a falta de resposta ou o retorno mais comum: "Neste momento não estamos à procura de ninguém, mas assim que surgir uma oportunidade o seu currículo está no topo do monte." Raramente surge.
Porém, há alguns truques a que pode recorrer para reduzir o stresse e aumentar as suas possibilidades de ser bem-sucedido na busca de emprego.
1. Autoconsciência Os candidatos com melhores resultados na procura de emprego - aqueles que ficam sempre com o trabalho, logo à primeira entrevista, apesar de o seu currículo nem estar perto de ser excepcional - são pessoas que têm bem presentes os seus pontos fortes. Mais que isso, são capazes de fazer corresponder as suas qualidades aos objectivos de carreira que lhes são pedidos e têm plena consciência do tipo de funções capazes de lhes trazer reconhecimento e realização profissional. Antes de mais, é muito importante que não se contente com qualquer coisa; em vez disso, "centre a sua procura numa carreira que tenha a ver com as suas capacidades e qualidades", sublinha Steve Sheward, especialista em carreiras, no "The Guardian". É importante que pense bem no que quer realmente fazer, nas suas potencialidades e na experiência profissional que acumulou. Ter isto claro vai ajudá-lo muito a planear a sua candidatura, centrando-se naquilo em que realmente é bom - e onde, por isso mesmo, terá muito mais hipóteses de se sair bem.
O processo de auto-análise através do qual chegará às suas melhores qualidades e competências vai ajudá-lo a definir exactamente a área e o tipo de função através dos quais pode fazer evoluir a sua carreira. Ter em atenção a relação entre o que é proposto em termos de trabalho e em termos de salário ajudá-lo-á a descartar à partida candidaturas que procurem pessoas com currículos muito abaixo ou muito acima das suas capacidades e experiência.
2. Capacidade de planeamento Ter um plano de acção é uma forma simples de centrar e direccionar a sua procura. Disparar em todas as direcções não é saudável e pode resultar em momentos complicados. Se marcar entrevistas com intervalos de uma hora corre o risco de se atrasar e perder oportunidades, ou mesmo de baralhar o chip e começar a falar de como é excelente a trabalhar em grupo numa entrevista em que procuram alguém para trabalhar a solo e a realçar as suas capacidades de teletrabalho e auto-organização quando o que esperam de si é que seja bom a liderar uma equipa.
Para uma busca mais eficaz, comprometa-se com tarefas diárias e objectivos semanais realistas - que seja mesmo capaz de cumprir, dependam ou não de si. Terá de identificar as empresas nas quais mais gostaria de trabalhar, pesquisar dados sobre as mesmas e sobre as pessoas que nelas trabalham, obter informações sobre as tendências de mercado, fazer contactos e só então enviar currículos - com a certeza de que está a direccioná-los à pessoa certa (em muitos casos, não é o director de recursos humanos). Lembre-se que muitas vezes um conhecimento é tudo: não falamos em cunhas propriamente ditas, mas há muitos lugares que ficam livres e são preenchidos sem nunca haver anúncios de procura de profissionais. Sonde os seus amigos e conhecidos, recorra às redes sociais e tente descobrir se nas empresas que elegeu há postos de trabalho disponíveis ou prestes a ficar livres e faça um primeiro contacto pessoalmente. Uma boa rede de conhecimentos profissionais é essencial e hoje a tarefa de construí-la está facilitada com sites como o LinkedIn.
3. Aprender com os erros Se apesar dos seus esforços não está a conseguir chegar sequer à fase de entrevistas e parece que os seus currículos ficaram perdidos no limbo, ou até chega a ser entrevistado mas depois nunca recebe resposta, repense a sua estratégia. Poderá mudar alguma coisa na sua apresentação ou mesmo no currículo de forma a captar mais atenções? Estará demasiado ansioso nas entrevistas? Teste-se como puder e peça ajuda aos amigos: mostre-lhes o seu currículo e como costuma comportar-se nas entrevistas e peça-lhes que lhe contem o que é para eles essencial na escolha de um novo colaborador.
4. Sensibilidade para o marketing Um bom emprego é disputado por dezenas de pessoas; ao lado do seu, há muitos outros currículos a ser analisados. A forma mais eficaz de conseguir uma posição de vantagem em relação aos demais é ter uma apresentação que corresponda àquilo que a empresa procura. Exagerar ou falsear informação não são opções, mas mandar o mesmo currículo para diferentes tipos de candidatura e empresa também não lhe trará bons resultados. Alterar a relevância que dá à informação que disponibiliza no seu currículo consoante o tipo de emprego a que se candidata é essencial para ganhar a vantagem pretendida. Adapte-o ao tipo de trabalho que procura e à empresa à qual se candidata de forma que a sua candidatura responda o mais exactamente possível ao que se procura. Na era das novas tecnologias, uma breve apresentação vídeo disponibilizada no YouTube e comentários inteligentes no Twitter ou em determinados blogues podem valer milhões.
5. Boa atitude Nem todos os conselhos do mundo chegam para garantir que ficará com o primeiro emprego a que se candidatar. Uma boa dose de paciência e optimismo são essenciais para aguentar o processo de busca de emprego e ultrapassar as inevitáveis rejeições e os muitos compassos de espera. O importante é que tenha confiança em si próprio e continue centrado naquilo que quer. Desanimar pode levá-lo a cometer um erro crasso: aceitar a primeira coisa que lhe aparecer - e em menos de um mês encontrar-se profundamente infeliz, o que o obrigará a recomeçar a busca em nome da sua sanidade mental.
Se a moda pega, esta ameaça poderá chegar ao parlamento português. A ideia é de uma senadora belga que apresentou a solução para quebrar a crise política do país: "uma greve de sexo das esposas dos políticos".
A Bélgica está desde junho do ano passado a tentar formar um governo de coligação, mas os seus sete partidos mais importantes não chegam a acordo. Ao fim de 239 dias, com o país prestes tornar-se recordista na duração do "desgoverno" , a solução foi avançada por uma senadora: "Vamos fazer uma greve de sexo!".
Ora bem, isto podia ser o início de uma comédia de domingo à tarde, mas a triste realidade é que a proposta de resolução da crise política de um país dito civilizado passa mesmo por uma igual crise... mas debaixo dos lençóis dos políticos envolvidos.
Na segunda-feira, senadora social-democrata belga, Marlene Temmerman - ginecologista de profissão -, apelou à chantagem sexual por parte das esposas dos homens envolvidos nas negociações. "Se todas chegarmos a um acordo no que diz respeito à abstinência sexual, estou convencida de que conseguiremos que as negociações sejam mais rápidas". Se por si só este argumento já é, no mínimo, o fim da picada, a frase com deu por findo o seu discurso não o torna melhor: "Vai dar resultado. Já sabemos o que os homens pensam destas coisas...".
Os homens têm cérebro... e nós também
Não será esta ideia assim a modos que demasiado redutora para eles... mas também para nós? Vistas as coisas: serão os homens, sejam eles políticos ou varredores de rua (sem qualquer desprimor por esta profissão, entenda-se!), apenas um pénis com pernas? E nós um par de mamas, cujo poder de argumentação e diálogo é nulo? Ora bem, se nos queixamos tantas vezes que eles pensam mais com a cabeça de baixo do que com a de cima, não vamos ser nós a incentivar este comportamento, diria eu. Usar o sexo como uma arma de pressão é um péssimo exemplo a todos os níveis. Lamento, senadora Temmerman, mas não honra o mundo dos saltos altos com tal ideia de génio...
Se a moda pega, qualquer dia temos a Joana Amaral Dias ou a Manuela Ferreira Leite, de dedo em riste, a ameaçar José Sócrates: "Senhor engenheiro, ou a crise económica acaba rapidamente ou o mulherio português aniquila a natalidade do país com uma greve geral de sexo". Haja dó.