Para os que adoram apregoar sobre a moral e bons costumes no futebol, para quem passa a vida a falar em campeonatos viciados e a apelar à justiça, para quem adora aparecer em bicos dos pés na televisão em reuniões intimistas com secretários de Estado do desporto a dar uma de inocente, impoluto e defensor da verdade desportiva com meia dúzia dedossiers debaixo do braço, para quem mais não fez do que aplaudir a comissão disciplinar da Liga do ano passado após ter castigado os jogadores do Braga e do Porto pergunto: porque estão tão caladinhos agora? O Braga perdeu o campeonato na última jornada, recordam-se? O Porto não voltou a perder com Hulk em campo, estão lembrados?
"Caso seja provada a agressão, Jesus incorre numa pena de 23 dias a nove meses. A tentativa de agressão prevê uma suspensão de oito dias a três meses." CM
Porque não querem saber o que se passa no interior da Liga de clubes para que um treinador que agrediu um jogador de uma equipa adversária ao vivo, a cores e em directo continue a pisar os relvados três meses após o "incidente" sem ter sofrido entretanto qualquer punição? Porque não se questionam qual a razão para a agressão que todos vimos em canal aberto (e não só meia dúzia no quentinho do estúdio do canal Benfica ou numa sala obscura de direcção) continuar em banho-maria? Por que razão pôde este treinador continuar a empurrar, insultar e tentar agredir jogadores adversários nos jogos subsequentes, como aconteceu contra o Maritimo, sem que nada se tenha passado?
A Liga está à espera de quê? Da Páscoa? A época que celebra a ressurreição de Jesus de Nazaré para finalmente ter a ousadia de tratar este caso com a mesma agilidade que o fez em relação aos treinadores de outros clubes?Convém esclarecer que este Jesus não é de Nazaré, é ali da Amadora. E a única ligação a Deus para além da fé que deve ter, e muita para continuar a acreditar no título, é a comparação descabida que ouvi um conhecido comentador benfiquista fazer, provavelmente defeito profissional de cineasta, ao afirmar que "Jesus é melhor que Mourinho". Coitado do Mourinho, mas que mal fez ele a Deus? Esperem...mas Mourinho não é Deus? Jorge é filho de Mourinho? Tem lógica Jesus era filho de José.
PS: Os senhores da comissão disciplinar da Liga estão à espera de quê? Que o Benfica faça os dois jogos com o Porto para finalmente pendurarem Jesus na cruz? Ou vão castigá-lo durante as férias, de forma a não prejudicar o "calendário" avermelhado?
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Aparentemente o jornal A Bola está mesmo decidido em deixar de ser um jornal dedicado à informação desportiva, mesmo a informação relativa ao clube que lhe alimenta a tiragem diária, e passar a ser uma mistura exótica-avermelhada do falecido 24 horas com o jornal O Crime. E digo isto porque aparentemente para o jornal A Bola a notícia de maior relevo no que toca ao desporto acontecida na passada sexta-feira foi o Vice-Presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, ter levado uns sopapos à saída do restaurante Shis no Porto. De facto é de assinalar tal feito desportivo. Mas será motivo para capa de jornal?
Mas atenção, os agressores afirmaram: "isto é para não dizeres mal do FC Porto". Durante todo o dia de sexta, e com um sítio online actualizado ao minuto, nada se soube, tudo guardado para o dia seguinte. Mais grave, em subtítulo a A Bola acrescenta: "almoçou com o Presidente da Câmara de Paredes no mesmo restaurante da Foz onde se encontrava a almoçar Villas Boas, e à saída foi atacado por três indivíduos". Para bom entendedor...enfim, é triste ver um jornal nacional e que devia ser racional na informação que transmite fazer este tipo de alusões. Ficamos ainda a saber que se um é Vice-Presidente de um clube, o outro é o "Villas Boas". Deve ser um arrumador de carros na zona da Foz, só pode.
São escolhas editoriais? São. Mas não quer dizer que não sejam objecto de crítica pela sua péssima qualidade, perigosidade e claro facciosismo. Um apelo gratuito à violência entre adeptos. A Bola adora semear ventos, e assitir às tempestades. João Gabriel, ministro da propaganda benfiquista, veio logo a terreiro: "Há pessoas que sofrem de miopia dentro do campo e também fora dele. Há certos locais do País onde ninguém vê nem sabe nada. Foi um acto cobarde, levado a cabo por gente cobarde." Concordo com ele em tudo, menos no "certos l ocais do país". E digo mais, quando este senhor era assessor do Presidente Jorge Sampaio duvido que usasse deste tipo de discurso sectário, ou ia parar ao olho da rua. Mas infelizmente neste país de treta sente-se mais protegido quem trabalha na Luz do que em Belém. Coisas de poderes presidenciais.
João Gabriel levantou ainda suspeitas sobre quem terá avisado os agressores da presença de Rui Gomes da Silva naquele restaurante. Questionado sobre André Villas Boas, uma vez que este esteve no local, a resposta ficou no ar:"Vamos ficar por aqui..." Eu acho mesmo que João Gabriel fez bem em ficar por ali, porque até para dizer disparates há um limite. E João Gabriel ultrapassa o limite cada vez que abre a boca. As insinuações são muito piores do que alguns sopapos.
André Villas Boas, pessoa com educação muito acima da média, claramente acima ao que o futebol nos habituou, quando confrontado com os factos, condenou-os como qualquer pessoa de bem faria. Aliás como fez Jorge Jesus, como faço eu e fará qualquer pessoa normal, não atirando mais lenha para a fogueira. A Bola é um jornal ultrapassado e cego por opção.
PS: Depois disto gerou-se uma guerra verbal entre instituições, uma perfeita estupidez. Pinto da Costa desceu ainda mais o nível, com pena minha. O silêncio por vezes é o melhor caminho, nunca o insulto.
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