Divulgado por Hamish Pritchard, do British Antarctic Survey, na reunião anual da União Americana de Geofísica, que decorre em São Francisco (Califórnia), o novo mapa da paisagem do grande continente branco incorporou mais de 27 milhões de medições. A primeira versão do mapa, divulgada em 2001, incorporava 1,9 milhões de medições.
“É como se tivéssemos tornado tudo muito mais focado”, disse Hamish Pritchard à BBC online, que noticiou a conclusão do novo mapa digital da Antárctida. “Em muitas áreas, pudemos agora ver depressões, vales e montanhas como se estivéssemos a olhar para a Terra a que estamos habituados exposta ao ar.”
Menos de um por cento do relevo rochoso da Antárctida sobressai acima do gelo. Ao contrário da rocha, o gelo é transparente às ondas do radar, pelo que através da emissão de microondas para o gelo e consequente recepção dos seus ecos é possível ter informação sobre o relevo e a profundidade da camada de gelo.
Ter um mapa deste género é importante para perceber como é que a Antárctida está a responder ao aquecimento global e ajuda os cientistas a perceber o que poderá vir a acontecer. Nas margens da Antárctida estão a verificar-se grandes alterações, com a queda de gelo que vem do interior do continente para o mar, o que aumenta o nível global dos oceanos. “A cobertura de gelo está constantemente a ser alimentada pela queda de neve, e o gelo desce até à costa, onde se libertam grandes blocos no mar ou se derretem. É um grande e lento ciclo hidrológico”, explicou Hamish Pritchard à BBC online. “Modelar este processo requer conhecimentos da complexa física do gelo, mas também da topografia onde está a mover-se – e isso é o BEDMAP.”
Mas há mais trabalho pela frente, pois duas grandes áreas da topografia do continente gelado continuam pouco nítidas. Uma é nos Montes Subglaciares de Gamburtsev, a outra é a Cordilheira de Shackleton.
Via Público