Terça-feira, 19.04.11
Hergé defendia que o livro reflecte a visão inocente e ingénua do pensamento da sua época
 
Tintin foi ao Congo em 1931 e o mundo contemporâneo não lhe perdoa. Nem mesmo em casa, na Bélgica, onde um cidadão congolês, Bienvenu Mbutu Mondondo, desencadeou um processo judicial para pelo menos retirar o livro das prateleiras destinadas às crianças. Hoje, um tribunal de primeira instância de Bruxelas decide as datas do julgamento.
 
Hergé defendia que o livro reflecte a visão inocente e ingénua do pensamento da sua época (Foto: DR)

O fim do colonialismo e a mudança na forma como os europeus olham África atirou “Tintin no Congo” para a má fama. A segunda aventura de banda desenhada do jornalista criado por Hergé é há muito acusada de promover estereótipos racistas. No caso, Mondondo diz-se indignado por os congoleses serem retratados como “estúpidos e sem qualidades”. O Conselho Representativo das Associações Negras, organismo francês comummente conhecido como Le Cran, está com ele.

A decisão de hoje acontece depois de o tribunal de primeira instância se ter declarado competente para julgar o caso, em resposta às dúvidas levantadas pelo ministério público belga, que tentou levá-lo para a justiça comercial. A queixa, essa, foi apresentada em Agosto de 2007, cerca de um mês depois de a Comissão pela Igualdade Racial da Grã-Bretanha ter oficialmente reconhecido o teor racista da obra.

“De qualquer ponto de vista que se observe, o conteúdo deste livro é flagrantemente racista”, deliberou a comissão, que exortou os donos das livrarias britânicas a repensar a visibilidade dada a “Tintin no Congo” – ou mesma a sua venda. A obra foi destruída pela comissão: “o único lugar onde pode ser aceitável ter o livro exposto é num museu, com uma enorme placa por cima a dizer 'coisas racistas e antiquadas'”.

“Todas as lojas devem ter muito cuidado ao decidir se vão vender ou exibir este livro. Ele contém imagens e palavras de um preconceito racial repugnante, em que os 'nativos selvagens' parecem macacos e falam como imbecis”, acrescentaram os responsáveis da comissão, no comunicado então emitido, em resposta a uma queixa de um advogado especializado em direitos humanos – David Enright.

O livro foi mudado das prateleiras de literatura infanto-juvenil para as de banda-desenhada para adultos. Esse é o mínimo que pede agora Bienvenu Mbutu Mondondo, admitindo alternativas à saída do volume das bancas. A aplicação de uma cinta em cada exemplar a alertar para o conteúdo racista é uma delas. Outra é um prefácio que explique o contexto histórico em que a obra surgiu.

Hergé escreveu e desenhou “Tintin no Congo” quando tinha 23 anos e defendeu até à sua morte, em 1983, que a obra reflectia a visão inocente e ingénua que caracterizava o pensamento da época. No entanto, o Congo, que se manteve uma colónia belga até 1960 – quando passou a República Democrática do Congo e, entre 1971 e 1997, a Zaire –, tem uma das histórias mais violentas da presença europeia em África, denunciada no início do século XX e recuperada para a literatura por Joseph Conrad, em “O Coração das Trevas”.

As acusações de racismo surgiram ao longo das últimas décadas e começaram agora a ter repercussões. Além da decisão britânica e do processo judicial belga – que senta no banco dos réus a sociedade Moulinsart, detentora dos direitos, e as edições Casterman –, há ainda a assinalar uma medida avulsa nos Estados Unidos. A biblioteca pública de Brooklyn, em Nova Iorque, passou o livro para uma colecção de literatura para crianças que só pode ser consultada mediante marcação.

 

Via Público



publicado por olhar para o mundo às 08:05 | link do post | comentar

Quarta-feira, 09.02.11

Ou a crise acaba ou fazemos greve de sexo

Se a moda pega, esta ameaça poderá chegar ao parlamento português. A ideia é de uma senadora belga que apresentou a solução para quebrar a crise política do país: "uma greve de sexo das esposas dos políticos".

A Bélgica está desde junho do ano passado a tentar formar um governo de coligação, mas os seus sete partidos mais importantes não chegam a acordo. Ao fim de 239 dias, com o país prestes tornar-se recordista na duração do "desgoverno" , a solução foi avançada por uma senadora: "Vamos fazer uma greve de sexo!".

 

Ora bem, isto podia ser o início de uma comédia de domingo à tarde, mas a triste realidade é que a proposta de resolução da crise política de um país dito civilizado passa mesmo por uma igual crise... mas debaixo dos lençóis dos políticos envolvidos.

Na segunda-feira, senadora social-democrata belga, Marlene Temmerman - ginecologista de profissão -, apelou à chantagem sexual por parte das esposas dos homens envolvidos nas negociações. "Se todas chegarmos a um acordo no que diz respeito à abstinência sexual, estou convencida de que conseguiremos que as negociações sejam mais rápidas". Se por si só este argumento já é, no mínimo, o fim da picada, a frase com deu por findo o seu discurso não o torna melhor: "Vai dar resultado. Já sabemos o que os homens pensam destas coisas...".

Os homens têm cérebro... e nós também

 

Não será esta ideia assim a modos que demasiado redutora para eles... mas também para nós? Vistas as coisas: serão os homens, sejam eles políticos ou varredores de rua (sem qualquer desprimor por esta profissão, entenda-se!), apenas um pénis com pernas? E nós um par de mamas, cujo poder de argumentação e diálogo é nulo? Ora bem, se nos queixamos tantas vezes que eles pensam mais com a cabeça de baixo do que com a de cima, não vamos ser nós a incentivar este comportamento, diria eu. Usar o sexo como uma arma de pressão é um péssimo exemplo a todos os níveis. Lamento, senadora Temmerman, mas não honra o mundo dos saltos altos com tal ideia de génio...

Se a moda pega, qualquer dia temos a Joana Amaral Dias ou a Manuela Ferreira Leite, de dedo em riste, a ameaçar José Sócrates: "Senhor engenheiro, ou a crise económica acaba rapidamente ou o mulherio português aniquila a natalidade do país com uma greve geral de sexo". Haja dó.

Via A vida de saltos altos



publicado por olhar para o mundo às 14:18 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 08.02.11

Senadora apela a greve de sexo para resolver crise politica

 

A senadora socialista flamenga Marlene Temmerman propôs uma iniciativa inédita para resolver o impasse político na Bélgica, que já bateu o recorde de país europeu que mais tempo viveu sem um Governo. Propõe a abstinência sexual para que os políticos se entendam.

 

O apelo foi lançado às mulheres dos políticos. “Se todas nos pusermos de acordo em relação à abstinência sexual, estou convencida de que podemos chegar mais rápido a negociações [para formar Governo]”, disse a senadora flamenga Marlene Temmerman numa entrevista à rádio belga RTL citada pelo diário espanhol “El Mundo”. E adiantou: “Já se sabe o que pensam os homens sobre essas coisas”.

O objectivo desta proposta peculiar é que as esposas dos líderes políticos do país, dividido entre duas grandes comunidades linguísticas de francófonos e flamengos, pressionem os maridos para que haja um entendimento. A Bélgica está sem Governo há já quase oito meses, quando após as eleições legislativas antecipadas de 13 de Junho se chegou a um impasse que tem impedido a formação do novo Executivo. 

O partido mais votado foi então a Nova Aliança Flamenga, dos independentistas Bart de Wever, que não se conseguiu entender com o líder dos socialistas valões, Elio Di Rupo.

A proposta da senadora Temmerman terá entrado em vigor no passado fim-de-semana e o seu impacto não é ainda conhecido, revala o jornal espanhol “El Mundo”. Sabe-se que a crise política se mantém e que a Bélgica bateu já o recorde europeu de 208 dias sem Governo que era detido pela Holanda e está a encaminhar-se para atingir também o recorde mundial que pertence ao Iraque (289 dias sem executivo). 

A senadora socialista flamenga parece estar disposta a contribuir para a resolução da crise de uma forma bastante diferente daquela que foi avançada pelo actor belga Benoit Poelvoorde, que apelou a todos os homens para não fazerem a barba enquanto não haja um novo Governo.


Até agora têm fracassado os vários esforços diplomáticos para chegar a uma solução, porque enquanto a Nova Aliança Flamenga propõe uma reforma do Estado que conceda maior autonomia, os francófonos defendem a continuação de uma Bélgica federal e unida.

 

Via Publico



publicado por olhar para o mundo às 13:33 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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