Cerca de 200 ciclistas participaram na primeira World Naked Bike Ride de Lisboa, para promover o uso da bicicleta na cidade, mas não houve nudez porque a polícia não deixou.
Cerca de 200 ciclistas em trajes menores participaram hoje na primeira World Naked Bike Ride de Lisboa, com partida do Parque Eduardo VII, para promover o uso da bicicleta na cidade, como uma forma de proteger o ambiente. "Este evento não é uma corrida, nós estamos aqui a manifestar-nos em prol da utilização da bicicleta como meio de transporte, em defesa do ambiente", disse hoje à Lusa Pedro dos Santos, organizador em Portugal da iniciativa, que nasceu em Espanha com o grupo Manifestación Ciclonudista e no Canadá com os Artists For Peace. A primeira corrida realizou-se em 2004 em vários países. "Censurada"Como a lei portuguesa proíbe a nudez integral, tal como recordou um agente do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, antes do início do passeio, que terminará junto à Torre de Belém, os participantes foram aconselhados a manter vestida a pouca roupa que envergavam, na maioria calções de banho ou de ciclismo, embora houvesse também kilts escoceses e mesmo um "top" de cartão onde se lia a palavra "censurada". "Esta manifestação tem por base a World Naked Bike Ride, que é uma manifestação de sensibilização para o uso da bicicleta em que as pessoas vão nuas ou podem ir nuas. Aliás, o lema é 'As bare as you dare' [tão despido quanto se atrever] e serve para mostrar a vulnerabilidade do ciclista face ao automóvel", disse à Lusa Ana Brutt, que ajudou a organizar este evento e trazia escrita nas costas a frase "Obsceno é o trânsito". "Também tinha medo das colinas"Para Pedro dos Santos, que congregou os presentes gritando palavras de ordem como "Viva a bicicleta!" e "Viva o ambiente!" e trazia nas costas o desenho de um homem, seguido do sinal de mais e de uma bicicleta: homem mais bicicleta é igual a "máquina perfeita" e "menos CO2", a bicicleta é o meio de transporte ideal para se deslocar em Lisboa, apesar de esta ser conhecida como "a cidade das sete colinas". "Eu ando de bicicleta em Lisboa há cerca de dois anos, três anos, comecei com uma bicicleta pequenina e comecei com muito medo, também tinha medo das colinas, mas se não formos por aquele caminho que nós conhecemos que é mais rápido e formos dar uma volta um bocadinho maior, vemos que não subimos colina nenhuma ou subimos de uma maneira mais suave", observou. "O maior problema de Lisboa são os carros e a falta de condições para bicicletas""É super-possível -- também não há vergonha nenhuma em apearmo-nos da bicicleta e levarmo-la à mão -- e temos uns ótimos transportes públicos, que nos deixam levar a bicicleta, alguns com horários específicos, mas deixam levar a bicicleta de forma gratuita. Portanto, não há razão para não se andar de bicicleta: faz bem à saúde, faz bem ao stress, faz bem a tudo", defendeu. Ana Brutt está de acordo e aponta alguns aspetos da cidade que podem ser melhorados para facilitar a circulação dos ciclistas, dizendo que o maior problema "não são as colinas e a velocidade". "O maior problema de Lisboa são os carros e a falta de condições para bicicletas: não há ciclovias, não há estacionamentos e há uma enorme falta de civismo por parte dos automobilistas", enumerou. Veja a fotogaleria:
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Via Expresso
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Pedro dos Santos, da organização, relatou à Lusa que a autorização do Governo Civil de Lisboa foi dada até porque legalmente não se podem impedir manifestações.
Mas estando em causa nudez pública há outros quadros legais a ter em conta e por isso a PSP «terá de decidir no dia e no momento conforme as condições envolventes».
Entre essas «condições» pode estar uma queixa de um cidadão, exemplificou o impulsionador da iniciativa, que não deixou de sublinhar que o mais importante é passar a mensagem ambiental e de que é possível usar bicicleta como meio de transporte nas cidades.
«Vamos o mais nus que pudermos: de fato de banho ou de lingerie», ou seja, situações que já se repetiram em Espanha, no México ou mesmo na Grécia, no passado fim-de-semana.
Na rede social Facebook, a WNBR de Lisboa tem 400 seguidores, 74 pessoas com a presença confirmada, mas Pedro dos Santos prefere dar cerca de 60 participantes como garantidos.
«No Brasil, a primeira WNBR, há oito anos, teve dois participantes», lembrou.
O ponto de encontro será a Praça Marquês de Pombal, pelas 15e30, e a partida cerca de uma hora depois em direcção a Belém.
A hora de ‘intervalo’ servirá para concentrar participantes, que podem pintar no seu corpo as mensagens que queiram transmitir em prol do ambiente.
A iniciativa nasceu em Espanha com o grupo Manifestación Ciclonudista e no Canadá com os Artists for Peace.
Em 2004 realizou-se a primeira WNBR em vários países a 12 de Junho, uma data que nem sempre se manteve ao longo dos anos.
A primeira edição em Portugal esteve inicialmente prevista para 5 de Junho, mas a marcação de eleições legislativas e a proibição legal de manifestações nesse dia levou ao adiamento para domingo.
Via Sol
É, acima de tudo, uma opção de vida, uma experiência pessoal que a Câmara Municipal de Aveiro quer ver adoptada por muitos cidadãos, ao abrigo de um projecto europeu que pretende incentivar as pessoas a andarem a pé em pequenas soluções no seu dia-a-dia. E o testemunho de Gracinda Martins não podia ser mais encorajador: "Faço exercício físico, respeito o meio ambiente, ao mesmo tempo que tenho a oportunidade de apreciar pormenores da cidade que não descobriria se andasse de carro."
Parece difícil de acreditar mas, mesmo repetindo o mesmo caminho há já 20 anos - do Bairro do Liceu até à universidade -, Gracinda consegue descobrir sempre coisas diferentes. "É fantástico. No Parque da Cidade por exemplo, adoro apreciar as diferenças de paisagem e cheiros que o espaço tem em cada uma das estações do ano". "Isto já para não falar das pessoas com quem me vou cruzando e a quem tenho a oportunidade de dizer bom dia ou boa tarde", acrescenta esta verdadeira aficionada da circulação pedonal.
Mais barato
Nos dias que correm, com a escalada do preço dos combustíveis, Maria Gracinda encontra outro motivo de peso para manter a sua opção pelas deslocações a pé. "É uma poupança considerável", atesta, ao mesmo tempo que reafirma que se trata de uma escolha que dá prazer e nem sequer obriga a grandes esforços. "Aveiro é plana. Até consigo fazer o meu trajecto diário de saltos altos, sem qualquer dificuldade", sublinha.
À ausência de grandes declives juntam-se outras características que tornam Aveiro uma cidade amiga das caminhadas. Começa desde logo por ter dimensões relativamente reduzidas. Em cerca 45 minutos, qualquer cidadão em condições normais consegue percorrer a pé a distância que liga dois pontos totalmente opostos da cidade. Exemplo? Fazer a ligação da zona das Glicínias até à entrada de Esgueira, ainda que pareça uma grande caminhada, não deverá levar muito mais do que 45 minutos. Ainda que a cidade seja atravessada pelos canais urbanos da ria, nos pontos mais estratégicos da zona urbana não faltam pontes para encurtar distâncias.
Via Público
O dia 5 de Junho vai trazer uma novidade em termos de manifestações em Portugal. A proposta é pedalar nu desde o Parque Eduardo VII até à torre de Belém. É a primeira World Naked Bike Ride (WNBR) portuguesa e a intenção é usar o corpo nu em cima de uma bicicleta para contestar o actual domínio do automóvel sobre a sociedade e toda a poluição que o seu uso promove. E o dia escolhido não foi à toa: É o dia mundial do Ambiente, decretado em 1972 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Na página do Facebook da organização, o apelo é inequívoco. "Venham ajudar-me a criar uma WNBR". E segue um rol de justificações para que uma pessoa tire a roupa e vá pedalar pelas principais ruas e avenidas da capital portuguesa. "Já é tempo de parar com a exposição indecente das pessoas e do Planeta aos carros e a poluição que eles criam"; "Imagem do corpo/respeito pelo nosso corpo. Andar de bicicleta promove o respeito pelo corpo, pois quem anda de bicicleta consegue alcançar um estilo de vida mais saudável"; "Ao andarmos nus de bicicleta, nós declaramos a nossa confiança na beleza e individualidade dos nosso corpos". E há mais à disposição dos curiosos. É óbvio que não é forçoso ir completamente nu. Mas a atitude em temros de vestuário terá de convergir para a ideia de que pedalar nu "é a melhor maneira de defender a nossa dignidade e expondo a vulnerabilidade que os ciclistas e peões enfretam nas ruas", como se pode ler no blogue da organização.
Embora Portugal seja "virgem" neste tipo de manifestações (tirando a sessão fotográfica de Spencer Tunick em Santa Maria da Feira, em 2003, que terá contado com cerca de 300 voluntários nus), a WNBR é já um "must" em países como Espanha, Bélgica, Alemanha ou Inglaterra (ver fotogaleria), mas também Argentina, Brasil, Estados Unidos, entre outros. O movimento nasceu em 2004, em Espanha e no Canáda.
Mas não é a primeira vez que os ciclistas se manifestam em Lisboa. Todas as últimas sextas-feiras de cada mês, pelas 18 horas, o movimento Massa Crítica faz um passeio pelo centro de Lisboa, tendo já conseguido reunir centenas de bicicletas em alguns dos eventos.
Via Ionline