Via Expresso
Desde a presença da fadista Mariza em 2002 que o fado estava ausente deste festival. Mas no sábado voltou e seria consensual concluir que saiu com “nota +”.
A receita foi fado e jazz e até mesmo um misto fado-jazz, quando se fez acompanhar por Tim Ries, o músico responsável e criador do projecto Rolling Stones.
Hora e meia de actuação bastou para a voz da fadista, com uma figura graciosa e sensual, encantar a plateia cheia do Teatro Maisoneuve no âmbito do 32º. festival de jazz de Montreal, a ponto de a fazer cantar em português o refrão de “Leva-me aos fados”.
Em resposta, o público deu à artista várias ovações de pé e pediu “encores”.
Em declarações à Lusa no final do concerto, Ana Moura manifestou-se feliz com a receptividade demonstrada pelo público grande conhecedor de jazz, mas na sua maioria ainda curioso do fado.
“O fado integra-se bem em festivais de jazz e é muito gratificante ver como as pessoas que não sabem a língua portuguesa sentem o fado e se emocionam”, respondeu quando instada sobre as quatro presenças marcadas para certames de jazz (São Francisco, nos Estados Unidos, e Vancouver, Montreal e Otava) que, de resto, constituíram a maioria dos seus concertos na curta digressão aos Estados Unidos e Canadá.
Por sua vez, Tim Ries elucidou à agência Lusa que a sua participação no concerto da fadista portuguesa foi decidida à última hora.
“Estava em Toronto e quando soube do espectáculo de Ana Moura vim de propósito para estar presente”, explicou à Lusa, adiantando que também irá estar hoje no último concerto da artista em Otava.
Ries enalteceu as qualidades vocais de Ana Moura, frisando que a sua voz “tem uma incrível emoção profunda que vai directa ao coração” e confessou gostar também muito de fado.
No concerto de sábado, Ana Moura interpretou 19 temas acompanhada pelo seu trio de guitarristas: Custódio Castelo (guitarra portuguesa), José Elmiro Nunes (viola de fado) e Filipe Larsen (baixo acústico).
O repertório centrou-se no mais recente álbum “Leva-me aos fados”, com “Fado vestido de fado”, “Fado das águas”, “Que dizer de nós” e “De quando em vez”, a que juntou outros temas populares como “Vou dar de beber à dor”, “os Búzios” “Bailinho à portuguesa”.
Ries subiu ao palco para tocar em “No expectations” e “Sugar Brown” em variações com o “Fado da Mouraria” (temas que Ana Moura cantou no seu CD “Stones World”, de 2008), assim como nos fados “A sós com a noite” e em improviso final de “Fadinho Serrano”.
Via Sol