Mais de 40% dos consumidores portugueses considera que uma das desvantagens dos automóveis elétricos é o preço. Já 39% aponta a autonomia reduzida como um problema. Estas são algumas das conclusões da sexta edição do caderno automóvel do Observador Cetelem, que analisa a relação dos cidadãos com estes veículos.
Portugal acompanha, assim, a tendência europeia que aponta o fator custo como a razão principal do desinteresse. 41% do total dos inquiridos, na Europa, referem este fator. Para além de «caro», o veículo elétrico conta com «autonomia insuficiente» para 37% dos cidadãos europeus. Países como Alemanha, Espanha, França, Rússia ou Turquia consideram mesmo a autonomia o principal problema, mais do que o custo do veículo.
Mas há mais: 16% dos inquiridos do Velho Continente mostram falta de confiança nos elétricos. Os países com índices de confiança mais baixos são a Rússia (25%), Polónia (24%) e Turquia (23%). Em Portugal, apenas 18% partilha essa opinião.
Preço e autonomia reduzida são os principais travões à compra«Não ter como recarregar a bateria», «demorar muito a recarregar», «ser menos potente» do que um veículo térmico ou «ser perigoso» são outras razões apontadas pelos europeus como pontos fracos.
Já como vantagens, destacam o facto de serem carros «ecológicos» (78%) e económicos (64%).
O estudo tem em conta a opinião de cidadãos de dez países. Pela primeira vez, a Rússia e a Turquia integraram a análise, juntando-se à Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Polónia, Portugal e Reino Unido.
As análises económicas e de marketing, bem como as previsões, foram efetuadas em colaboração com a sociedade de estudos e consultoria BIPE.
Os inquéritos no terreno foram conduzidos pela TNS Sofres, em setembro de 2011. Na totalidade foram inquiridos 6 mil europeus, representativos da população total.
Noticia do Push
Um estudo divulgado esta semana pela empresa de consultoria MarketResearch.com indica que a procura de litío para a construção de baterias de iões de lítio para a indústria automóvel vai quadriplicar ao longo dos próximos 10 anos.
O mesmo estudo revela que em 2010 o mercado mundial de lítio ascendeu a 11 mil milhões de dólares (€8 mil milhões), mas que em 2020 deverá rondar os 43 mil milhões de dólares (€31,5 mil milhões).
Alguns analistas do setor extrativo garantem ao Expresso que Portugal tem aqui uma oportunidade única para "marcar pontos" neste importante mercado, pois atualmente já é o 5º maior exportador mundial de lítio, e tem potencial de exploração para mais 70 anos. Estes dados são confirmados, aliás, num dos relatórios mais recentes do Departamento de Energia norte-americano.
O problema é que Portugal apenas vai até à produção de concentrado de lítio, ou seja, não acrescenta mais valor ao seu produto, tendo que o vender em bruto para os smelters (proprietários de fundições) de outros países. Esses, sim, é que entregam à indústria automóvel o lítio pronto para ser utilizado em baterias de carros elétrios. São também estes intermediários que faturam uma parte considerável do processo de transformação do lítio.
O Expresso sabe, no entanto, que o principal produtor de lítio em Portugal está já a ser sondado por várias empresas multinacionais da indústria das baterias para carros elétricos, no sentido de formar parcerias que possam passar pela criação de uma fundição em Portugal. Ou seja, poderia ser um passo à frente no processo, em que o país acrescentaria valor ao seu recurso natural.
Para além da indústria automóvel, o lítio também, é utilizado na indústria eletrónica (telemóveis), farmacêutica e prevê-se que venha a ter cada vez mais aplicações na indústria aeroespacial e também na área militar.
A preocupação das construtoras de automóveis é tão grande em relação ao lítio que algumas já estão a entrar no capital social de algumas empresas mineiras em várias zonas do globo. A nipónica Mitsubishi ainda recentemente tomou posição em algumas empresas do sector extrativo, na área do lítio, em dois países da América do Sul.
Com estes avanços para a área mineira, a indústria automóvel quer garantir, de alguma forma, que não vai ter problemas no abastecimento dessa importante matéria-prima, para que a nova área de negócio dos carros elétricos, que agora desponta, não fique comprometida.
Via Expresso