«O INE solicita a todos quantos pretendem ainda responder por esta via que o façam o mais cedo possível, de forma a evitar concentração e picos de resposta no último dia, facto que poderá dar origem a congestionamentos», apela a entidade.
Utilizando como referência as respostas pela Internet até hoje às 17.30, o INE diz que o número de alojamentos familiares recenseados é de 1,639.296 e as pessoas recenseadas via digital são já 4,426.734.
Nas respostas em papel, e tendo como referência a passada quarta-feira, o número de alojamentos familiares é de 1,813.187 correspondentes a 2,061.920 pessoas.
Via SOL
Segundo o Público, as situações de burla foram registadas nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Quase todas foram dirigidas a idosos na suposta entrega dos questionários porta a porta.
Na Figueira da Foz uma idosa de 84 anos foi burlada em mil euros depois de ter aberto a porta a um homem que a interpelara a propósito dos Censos, escreve o jornal.
Algumas juntas de freguesia decidiram, devido a estes casos, personalizar os coletes que identificam os recenseadores e freguesia de Oliveirinha, concelho de Aveiro, divulgou junto da população fotografias dos recenseadores antes de estes irem a casa dos cidadãos.
Via SOL
Assim num instante caí do meu pedestal de cidadã portuguesa orgulhosa de ir figurar nas estatísticas do meu país.
Quando no sábado durante a tarde recebi, à porta da minha casa, o senhor dos Censos senti-me na obrigação de cumprir este dever cívico sem pestanejar.
Pedi-lhe por favor que me deixasse a senha ao que o senhor, amavelmente, acedeu e deixou-me também o impresso sobre o "Alojamento Familiar". Tudo bem até aqui. Esse sentimento reforçou-se na 2º feira enquanto ouvia na rádio que o INE não iria aplicar coimas sobre quem não respondesse ao inquérito (muito bem!) e que, por sua vez, apelava antes ao sentido de cidadania dos portugueses para que o preenchessem e com honestidade.
Foi este sentido de cidadania que me levou a, antes do tempo, procurar na internet uma cópia do questionário que irei preencher amanhã. E foi aqui que o meu sentido de cidadania foi por água abaixo.
Como podem ver na fotografia ao lado, na questão número 32, a pessoa que responde ao questionário é informada que - e passo a citar - "Se trabalha a "recibos verdes" mas tem um local de trabalho fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica efectiva e um horário de trabalho definido deve assinalar a opção "Trabalhador por conta de outrém".
(Pausa, que estou a respirar fundo.
E - assim num instante - caí do meu pedestal de Cidadã Portuguesa orgulhosa de ir figurar nas estatísticas do meu país: Estão a brincar ou eu tenho o impresso errado? Pois... parece que não tenho o impresso errado...
Basicamente o que os senhores dos Censos 2011 dizem na questão número 32 é algo do género "se trabalhar de forma ILEGAL e é explorado pela sua entidade patronal que o obriga a cumprir horário, que o obriga a ter um local de trabalho definido por esta, que até o obriga a ter uma subordinação hierárquica, mas à qual depois passa um recibozinho verde no final do mês... guarde isso para si e diga-nos que trabalha por conta de ontrém" provavelmente deveriam também acrescentar a explicação: "é que nós queremos divulgar os regultados deste Censo e isso ficava assim... um bocadinho mal".
Claro que imagino o confuso inquirido a questionar-se a si próprio, "mas se eu coloco aqui que trabalho por conta de outrém entro para as estatísticas como alguém que tem subsídio de férias, de Natal, direito a baixa e desemprego, indeminização se for despedido, e outras regalias refererentes à situação... isto é a honestidade que pedem?"
Agora percebo porque é que retiraram a multa às pessoas que respondessem com base em principios falsos: é que teriam de multar todas as pessoas que trabalham neste país a recibos verdes, mas que são exploradas por um empresário sem escrúpulos!
Felizmente, devo dizer que não faço parte deste grupo que trabalha unicamente a recibos verdes, mas se o fosse recusar-me-ia a responder a esta questão.
Senhores do Censo, por favor, tenham vergonha! Isto faz-me lembrar algo que aconteceu à alguns anos quando o motorista da Carris perguntava a uma criança quantos anos tinha para lhe poder - ou não - cobrar bilhete e ao que a criança responde inocentemente: lá fora tenho 7, mas aqui tenho 5.
As coisas são como são, não é o que dá mais jeito, e isto era suposto ser um retrato do nosso país! Talvez ainda o seja, mas pelas razões erradas.