Christine Lagarde disse aos cidadãos gregos para pagarem os seus impostos e revelou que estava muito mais preocupada com as crianças em África do que com os contribuintes helénicos. Com isto, atraiu sobre si as atenções. E não é que, afinal, a directora-geral do FMI nem paga impostos?
Não é uma revelação, mas a constatação de um facto, que circulou pela internet em reacção à declaração de Lagarde, feita em entrevista ao jornal «Guardian», e é registado nesta terça-feira pela imprensa francesa. Lagarde beneficia de um estatuto fiscal específico, na qualidade de funcionária internacional.
Todas as verbas que ganha provenientes do Fundo Monetário Internacional são livres de impostos. São 380 939 euros por ano, um salário base de 323 257 euros, a que se juntam 57 829 euros de despesas de representação.
Directora do FMI beneficia de estatuto especialA informação não é nova. Já tinha sido noticia, por exemplo, no site francês Tout sur les impots, há quase um ano. Mas ganhou actualidade depois das críticas de Lagarde ao incumprimento grego.
Lagarde beneficia da Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas, de 1961. Diz o artigo 34 da convenção que «o agente diplomático está isento de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais, nacionais, regionais e comunais». Salvaguarda no entanto que é responsável «pelos impostos sobre bens imóveis situados no território do Estado credor».
O jornal «Le Figaro» cita o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês a recordar que aquele estatuto fiscal se aplica a vários outros dirigentes de instituições internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atómica, a Organização Mundial de Saúde ou a Unesco. E os funcionários europeus também beneficiam em parte daquele estatuto.
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