Um golo sofrido que deixou algumas dúvidas, uma exibição horrível durante meia parte, um penálti falhado, pouco futebol jogado e mais alguma polémica à mistura. Estes foram alguns dos ingredientes da primeira derrota do Sporting sob comando de Ricardo Sá Pinto (1-0 em Setúbal), que deixa os “leões” a 11 pontos do Braga.
É certo que o Sporting se pode queixar de algumas decisões da equipa de arbitragem, mas também não se pode esquecer que falhou um penálti e que deu meia parte de avanço a um rival que apareceu transfigurado em relação ao que fez há duas semanas frente ao FC Porto.
Rejuvenescida pela ausência de alguns habituais titulares (Ney, Neca, Meyong), a equipa de José Mota foi muito aguerrida. Já a equipa de Sá Pinto surgiu em campo sem garra, com pouca iniciativa e sem capacidade de criar perigo.
A diferença de atitude foi de tal ordem que o facto de o Vitória ter chegado ao intervalo a vencer por 1-0 só espantou quem não viu o que aconteceu no Bonfim. A equipa da casa criou quatro boas oportunidades de golo durante os primeiros 45 minutos, contra nenhuma do Sporting.
E como se não bastasse aos “leões” que Capel fosse o único capaz de criar alguns desequilíbrios, a defesa estava ainda pior. Polga e Xandão cometeram falhas graves. Na primeira delas, Targino isolou-se e acertou no poste (12’). À segunda (20’), Bruno Amaro isolou-se, permitiu a defesa a Patrício e na recarga fez o 1-0, num lance que deixou dúvidas sobre se foi um golo verdadeiro ou um golo-fantasma.
Xandão cortou a bola, mas, segundo o árbitro assistente, o esférico já tinha ultrapassado completamente a linha de baliza. No estádio ficaram dúvidas, embora numa das repetições televisivas dê a sensação (sem certeza absoluta) de que a bola terá mesmo ultrapassado a linha. Certo é que fica outra vez demonstrado quão útil será a tecnologia de baliza, se o International Board aprovar a 2 de Julho um dos sistemas que seleccionou para testes finais.
E se a tecnologia teria sido algo útil para confirmar a total legitimidade do golo sadino, pelo contrário não era necessária nenhuma máquina para perceber que o Vitória de Setúbal era a melhor equipa em campo e que dificilmente o Sporting conseguiria jogar pior do que na primeira parte.
Conhecido pelo discurso forte para os jogadores, Sá Pinto deve ter tentado abanar a equipa ao intervalo, altura em que avançou com duas substituições: Carrillo e Matías entraram para os lugares de Carriço e Schaars. Os dois sul-americanos deram outra dinâmica ao Sporting, que conseguiu finalmente criar um lance de perigo, com Izmailov a obrigar Diego a uma boa defesa (52’).
A pressão leonina acabou por resultar num penálti, por suposta falta de Hugo Leal sobre Rubio (84’) – antes, Matías caíra na área num outro lance, bem mais merecedor de falta (69’). Só que a noite não era mesmo do Sporting e Diego defendeu o penálti de Matías para o poste. Com a quinta derrota na prova, os “leões” deixam agora o quarto lugar à mercê do Marítimo
e ir à Champions é cada vez mais uma miragem.
POSITIVO
Bruno Amaro e Diego
Foram dois dos principais rostos de um Vitória renascido. O médio marcou o golo e correu quilómetros. O guarda-redes voltou a ser especialista nos penáltis e garantiu três pontos.
NEGATIVO
Ribas
Tinha a responsabilidade de liderar o ataque na ausência de Wolfswinkel (doente). Foi uma nulidade, tal como quase toda a equipa. Salvaram-se Capel e Matías.
Incidentes no final
Assim que o árbitro terminou o jogo, Carrillo agrediu um adversário. Foi expulso. E sucederam-se as cenas lamentáveis.
Árbitro
O jogo foi difícil de dirigir, com vários casos, mas André Gralha só lançou mais combustível para a fogueira. Poupou várias vezes a expulsão a Suswam, deixou por marcar um penálti e marcou outro que não era. E mais erros houve.
Ficha de jogo
V. Setúbal, 1
Sporting, 0
Jogo no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
V. Setúbal Diego, Peter Suswam (Tengarrinha, 64’), Ricardo Silva, Amoreirinha, Miguelito, Hugo Leal, Bruno Amaro, Bruno Gallo, Rafael Lopes (Bruno Severino, 75’), Targino (Djikiné, 90+5’), Igor.
Treinador José Mota.
Sporting Rui Patrício, Arias, Xandão, Polga (Diego Rubio, 76’), Insúa, Carriço (Matías Fernández, 46’), Schaars (Carrillo, 46’), Elias, Izmailov, Capel, Ribas.
Treinador Sá Pinto.
Árbitro André Gralha (Santarém).
Amarelos Peter Suswam (14’), Ricardo Silva (27’), Capel (39’), Ribas (58’), Igor (65’), Elias (66’), Insúa (90’), Bruno Severino (90+2’), Bruno Amaro (90+3’).
Vermelho André Carrillo (após o final do jogo).
Golos 1-0, por Bruno Amaro, aos 19’.
Via Público
Acabou a série invencível do FC Porto que já durava desde os tempos de Jesualdo Ferreira. Os "dragões" sofreram neste domingo em Barcelos a sua primeira derrota desde 2010, ao perderem com o Gil Vicente por 3-1 em jogo da jornada 17 da liga portuguesa.
Mas pior do que não igualar o recorde de 56 jogos sem perder do Benfica estabelecido em 1976 e 1978 foi deixar fugir a equipa "encarnada" no topo da liderança. Depois do triunfo "encarnado" em Santa Maria da Feira e da derrota em Barcelos, a diferença entre os dois primeiros é agora de cinco pontos.
O triunfo dos comandados de Paulo Alves começou a ser construido aos 15', com um golo de Cláudio, após livre cobrado por Richard. O mesmo Cláudio fez o 2-0 de penálti aos 45', após mão na bola dentro da área de Otamendi.
Pouco depois do início da segunda parte, aos 52, o Gil Vicente elevou para 3-0, por André Cunha, com o actuais campeões nacionais a marcarem o seu único golo do encontro aos 77', por Varela, após passe de Belluschi.
Via Público