"Aurora". Fotos: DR

 

Durante uma semana, o Porto, e em particular o Bairro do Lagarteiro, vai andar mais animado. Teatro, dança, conversas, oficinas, mostras de vídeo e exposições integram o programa do primeiro Festival Mexe – Encontro de Arte e Comunidade, que vai acontecer entre 21 e 27 de Novembro.

 

É através da arte que actores, bailarinos e outros artistas não profissionais, oriundos do Bairro do Lagarteiro, querem comunicar com a cidade.

“A arte tem a capacidade de pôr as pessoas a dialogarem de verdade”, disse Hugo Cruz, responsável pela associação PELE, especializada em teatro comunitário, que organiza o Mexe, na apresentação do evento, esta quinta-feira.

 

O festival é também pretexto para inaugurar um novo equipamento social e desportivo no bairro, o Animar.

Teatro activo

"Meto a Colher"

 

No programa [PDF], destaca-se, por exemplo, o espectáculo “Meto a colher”, a 25 de Novembro na estação de metro do Bolhão, pelas 17h30. Improvisando sobre o tema da violência domestica, a PELE convida os cidadãos a participar.

 

“Aurora” é outro ponto forte do cartaz. Marcada para dia 28, às 18h, na Fábrica da Rua da Alegria, esta peça improvisada, representada por mulheres do bairro do Lagarteiro, propõe-se a explorar a discriminação na primeira pessoa. “É a melhor forma de mostrar [o tema] aos outros, com actores que já passaram por essas situações”, refere Irene Oliveira, actriz do Teatro Fórum.

 

Outro contributo vem do Grupo de Teatro de Surdos do Porto que, com a peça “Quase nada” (dia 26, pelas 21h30, no espaço Animar), leva a cena a poesia de Eugénio de Andrade. Sofia Quintas, actriz surda, refere que o objectivo é “criar uma relação entre ouvintes e surdos, de forma a estabelecer uma ligação com o público e com a poesia”.

Oficinas

Mas não só de teatro é composto o Mexe. As oficinas foram uma aposta da organização e é por causa delas que estará no Porto a brasileira Bárbara Santos, uma das maiores referências mundiais do teatro comunitário. Vai dar um seminário teórico sobre teatro do oprimido e uma oficina prática de teatro-fórum.

 

Ricardo Silva, presidente da Associação de Jovens do Lagarteiro – Pega a Moda, diz que o festival vai permitir “mostrar ao resto da comunidade que [o bairro] não é só crime, como costuma ser rotulado”.

 

Para Hugo Cruz, o Mexe é um desejo da PELE há mais de 4 anos que agora ganha vida. A associação, criada em 2007 já tem “um percurso suficientemente sólido para propor à cidade um encontro sério em que serão discutidas as questões da arte e comunidade”.

 

À excepção das oficinas, a maioria das iniciativas do festival é de entrada livre.

 

Via Porto 24