Escrever que o derradeiro encontro da 100.ª edição do Open da Austrália foi a mais longa final masculina de um torneio do Grand Slam de que há registo, resume em poucas linhas o que se passou na Rod Laver Arena. Infelizmente, como o próprio campeão disse, não podiam ganhar os dois intervenientes. Ao fim de quase seis horas de um jogo emocionante e cheio de intensidade, Novak Djokovic foi o mais forte. E derrotou, pela terceira final consecutiva de um major, o rival Rafael Nadal.
“Rafa, tu és um dos melhores tenistas de sempre, um dos mais respeitados no circuito. Hoje, fizemos história. Infelizmente, não podia haver dois vencedores e desejo-te o melhor para o resto da época. Espero que tenhamos muitas mais finais”, disse Novak Djokovic com a Norman Brookes Challenge Cup na mão, no seguimento da vitória, por 5-7, 6-4, 6-2, 6-7 (5-7) e 7-5.
Quando o líder do ranking fechou o terceiro set ao fim de duas horas e meia de jogo, poucos foram os que acreditaram nas hipóteses de Nadal, apoiados nas estatísticas que mostram que o último campeão na Austrália depois de recuperar de 1-2, triunfou em 1988.
Mas Nadal encontrou forças para reagir e salvou três break-points quando perdia por 2-4. Essa reacção, apoiada pelos 15 mil espectadores que lotaram a Rod Laver Arena, levou-o mesmo a forçar o tie-break, que o sérvio liderou por 5/3. Mas ao beneficiar de um falhanço perto da rede do adversário, Nadal passou a comandar por 6/5 e concluiu após mais um erro do adversário, deixando-se cair de joelhos enquanto celebrava.
Na partida decisiva, entre dois jogadores com bons registos em cinco sets — Nadal, com 15-3, e Djokovic, com 14-5 — o espanhol parecia menos cansado. Djokovic foi o primeiro a acusar o desgaste e o número dois do ranking aproveitou para fazer o break para 4-2 — o que não acontecia desde o segundo set. Mas um erro incrível de Nadal com o court aberto, a 4-2, 30-15, abriu caminho para o contra-break.
Após o 4-4, Djokovic beijou o crucifixo e dispôs de um break-point no jogo seguinte, salvo com um grande serviço. Mas seria a 5-5, que o sérvio aproveitou uma quebra do espanhol para o quebrar e servir para fechar o encontro.
Djokovic falhou a primeira oportunidade, colocando um smash na parte inferior da rede, entregando ao espanhol um break-point. Mas à segunda oportunidade, o sérvio serviu forte e, a meio do court, somou o 57.º winner, para fechar ao fim de cinco horas e 53 minutos, ultrapassando o anterior recorde da final do Open dos EUA de 1988, quando Mats Wilander bateu Ivan Lendl em quatro horas e 54 minutos, e do encontro mais longo no Open da Austrália (cinco horas e 14 minutos, entre Nadal e Fernando Verdasco, em 2009).
Djokovic, que já tinha estado cinco horas no court 48 horas antes, para ultrapassar Andy Murray, nunca tinha ganho dois encontros seguidos em cinco sets. Pela primeira vez também, os dois finalistas tiveram que se sentar durante os longos discursos da cerimónia de encerramento para evitar as cãibras.
Num encontro que terminou às 1h35 da manhã de segunda-feira em Melbourne, Djokovic somou 193 pontos, enquanto Nadal acumulou 176. E o sérvio juntou-se à restrita elite dos jogadores na Era Open que já conquistaram três torneios do Grand Slam consecutivos: Rod Laver, Pete Sampras, Roger Federer e Nadal. Por seu lado, Nadal tornou-se no primeiro tenista a perder três finais do Grand Slam consecutivas.
Via Público