Quando o sonho de ter um bebê não se concretiza de maneira espontânea, até os casais mais reticentes se rendem às simpatias e fórmulas infalíveis para alcançar o objetivo de aumentar a família.
Dizem até que alguns truques usados na hora do sexo podem viabilizar o tão sonhado encontro bem sucedido entre o espermatozóide e o óvulo.
Mas será que eles funcionam mesmo? "Não existe nada cientificamente comprovado, mas são difundidos alguns procedimentos que facilitam para algumas mulheres", diz Dr. Amaury Mendes Jr., ginecologista, sexólogo e secretario-geral da Sociedade Brasileira de Sexualidade.
Uma das dicas do médico é a mulher ficar deitada depois do coito, com um travesseiro erguendo o bumbum, para que os espermatozóides possam descer em direção ao colo do útero. Ter orgasmos também ajuda. "Quando mais a mulher goza mais movimentos contráteis o útero faz, aspirando o esperma para o colo do útero", explica o médico.
Outra prática sugerida pelo Dr. Amaury é o homem gozar bem próximo à entrada do colo do útero, assim, mesmo o esperma consegue vencer toda a lubrificação vaginal e chegar até lá. Na hora de escolher a posição sexual para facilitar o processo, o médico indica: "A posição de quatro encurta a vagina e a entrada do colo do útero fica mais baixa e mais aberta. E se a mulher estiver ovulando, as chances de engravidar aumentam mais ainda", afirma Dr. Amaury.
Caso as dicas não sejam suficientes para realizar o sonho da maternidade, Dr. Amaury sugere que o homem faça um espermograma para saber se há algo errado. Assim ele poupa a mulher de certos desgastes. "Quando o casal apresenta dificuldade para engravidar, o homem faz apenas um exame, diferente da mulher, que precisa passar por uma bateria deles para saber se o problema é com ela", diz o ginecologista.
O especialista lembra ainda que o casal precisa encontrar prazer na relação, fazer brincadeiras e ser espontâneo na hora do sexo com objetivo de fecundação, pois é comum que nessas horas que os parceiros tenham relações muito programadas.
"Conheço caso de homens que costumam brochar na hora, por conta da pressão e pela forma como ele é usado pela parceira. É como se o filho passasse a ser mais importante do que a relação em si", critica. "Por isso, é importante lembrar que o casal é protagonista da relação e não coadjuvante da história e saiba aproveitar bem o momento com muito romantismo", lembra o médico.
Via Vila dois
Mulher que perdeu o namorado quis engravidar, mas os pais dele opuseram-se. Caso é o primeiro do género a chegar ao Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.
Seria apenas mais um casal com problemas de infertilidade que se ia submeter a um tratamento de procriação medicamente assistida, se o companheiro não tivesse morrido num acidente antes de o processo estar concluído. Apesar da morte do parceiro, a mulher quis engravidar, mas o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) não autorizou.
A fertilização do óvulo com espermatozóides, para formar o embrião e depois tentar a gravidez, tinha dia marcado numa clínica de Lisboa, lembra o presidente do CNPMA, Eurico Reis. Só que, antes de ter lugar, o homem morreu num acidente. Mesmo assim, a mulher informou o centro de que queria que o processo avançasse. O problema é que os seus "sogros" comunicaram à clínica que se opunham à ideia, uma vez que discordavam de ter um neto de um filho morto. Foi a clínica em causa que pediu o parecer ao CNPMA para saber o que fazer.
A lei portuguesa permite a inseminação post mortem nalgumas situações e se estiverem reunidas algumas condições, explica Eurico Reis, magistrado que preside ao CNPMA. Uma delas é existir vontade expressa do pai falecido "por escrito". Mas esse documento não é necessário quando o casal é casado, porque "a vontade da pessoa que morreu é herdada pelos seus herdeiros", esposa incluída.
Mas, no caso que chegou ao CNPMA, o casal vivia em união de facto e, nestes casos, "o parceiro não é o herdeiro, a não ser que haja um testamento" - os herdeiros são os filhos, se existirem, ou os pais, nota. Não havendo vontade expressa da pessoa que faleceu quanto ao destino a dar ao seu sémen, e "quando não há filhos, pode existir oposição dos progenitores". Foi o que aconteceu.
Alterar a lei
No caso que chegou à consideração do CNPMA, o homem que morreu não deixou qualquer documento escrito - era um jovem e a sua vida foi inesperadamente interrompida num acidente. Assim, não estando reunidas as condições previstas na lei, o CNPMA deu parecer negativo à inseminação do óvulo com sémen do companheiro. À mulher apenas resta tentar a via judicial, algo que Eurico Reis não sabe se aconteceu.
Via Público