Nomes completos, números de BI e NIF de bolseiros do ensino superior estiveram a descoberto na web. Dados do agregado familiar também estiveram acessíveis
Os dados pessoais de 220 mil estudantes bolseiros do ensino superior estiveram acessíveis durante várias semanas no site da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES). A situação foi corrigida quinta-feira pela empresa responsável pelo desenvolvimento da plataforma, mas vai ser investigada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD).
Os nomes completos e os números dos bilhetes de identidade e de identificação fiscal dos mais de 220 mil alunos candidatos a bolsas de estudo podiam ser consultados sem grandes dificuldades numa área específica do site da DGES. O sistema permitia também aceder aos mesmos dados pessoais dos pais e restantes elementos do agregado familiar destes estudantes do ensino superior.
O problema prendia-se com o acesso à área reservada do site a bolseiros, que era feita através de um endereço inseguro, que podia ser manipulado. O link à vista no browser de qualquer computador mostrava os parâmetros de acesso "ID" preenchidos com vários X. Substituindo os X pelos números de contribuinte ou de BI dos estudantes era possível aceder a essa zona do site. Uma vez ultrapassada a barreira, os dados pessoais estavam inteiramente disponíveis.
Solução é temporária
Uma denúncia anónima fez com que o portal "pplware.com", associado à rede Sapo Tek, tivesse detectado o problema, dando origem a uma publicação naquele site feita anteontem. A forma como a notícia se começou a espalhar levou também o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e a DGES a olhar para o caso e, a meio do dia de ontem, já havia uma solução, ainda que temporária.
O endereço de acesso à zona "reservada" a candidatos foi desactivado, o que impede agora o acesso à área onde os dados pessoais estavam acessíveis. A solução não corrige, todavia, o problema em definitivo. Numa nota escrita enviada ao PÚBLICO, o MEC garante que "têm vindo e estão a ser desenvolvidos os procedimentos normais nestas circunstâncias, designadamente em matéria de auditoria informática".
"O endereço já não se encontrava acessível através da plataforma de candidatura, onde tinha sido substituído, na sequência da adopção de um método diferente de geração de formulários", informa o gabinete de Nuno Crato.
Segundo o ministério, "nunca esteve em risco a divulgação de qualquer informação acerca, designadamente, dos rendimentos e património dos candidatos e do seu agregado familiar". Além disso, a consulta da informação através do endereço em causa "não era possível por engano ou casualidade", obrigando a uma "deliberada e intencional" manipulação de dados, uma prática que é ilegal, explica o MEC.
Retirado do P3
Dezenas de milhares de estudantes universitários e agentes políciais espanhóis entraram em "guerra" nas ruas da segunda principal cidade de Espanha.
Pelo menos duas pessoas foram já detidas, na sequência dos confrontos entre a polícia e os estudantes, junto à praça da universidade no centro de Barcelona. Muitos alunos estão refugiados na reitoria da universidade que continua cercada pelos "Mossos d'Esquadra".
Quando a manifestação de estudantes em protesto contra os cortes no ensino chegava ao fim, foram incendiados alguns caixotes de lixo e arremessadas pedras contra os "Mossos d'Esquadra", nome da polícia local.
Para se abrigarem dos confrontos, que decorriam nas ruas adjacentes, centenas de manifestantes procuraram refúgio no edifício da reitoria que pelas 15 horas (menos uma em Portugal), já se encontrava cercado pela polícia que chegou a disparar balas de borracha.
A manifestação com partida e chegada à praça da universidade, e na qual também marcaram presença professores e funcionários, parou por completo o centro de Barcelona. A encabeçar o desfile, em que participaram 25 mi pessoas, segundo a polícia, e 70 mil, segundo o "El Mundo", estavam uma enorme faixa onde se podia ler: "Não pagaremos as vossas aldrabices - Salvemos a universidade pública".
Via Expresso
Bruno Quelhas e José Eça de Queiroz frequentam 12.º ano no Ribadouro (Foto: Nelson Garrido)
A Torre dos Clérigos é um dos edifícios emblemáticos do centro histórico do Porto que promete dar luta. "É que é bastante detalhada, ainda não a concluímos", explicam Bruno Quelhas e José Eça de Queiroz. Estes jovens estudantes, de 17 e 18 anos, estão a desenvolver para o Google Earth, em regime de voluntariado, um projecto de modelação, a três dimensões (3D), de edifícios e monumentos de referência da cidade do Porto. O Google Earth é um site da Internet que funciona como um localizador geográfico tridimensional do planeta Terra.
A modelação em 3D já não é novidade. O que distingue mesmo o trabalho de Bruno e José é o rigor, além do carácter voluntário da participação. A meta a cumprir está estabelecida: modelar todos os edifícios históricos do Porto. Vêem a iniciativa como uma forma de divulgar a cidade, permitindo a descoberta de "mais pontos de interesse".
Visitando o Porto no Google Earth, já se vêem vários trabalhos dos jovens. Concluíram a Sé Catedral do Porto, a Igreja de S. Francisco e o Palácio da Bolsa. "Ou a Estação de S. Bento, a Cadeia da Relação e a Casa da Música", acrescentam. A "alma" da cidade não foi esquecida e, na lista, incluem-se também o Mercado do Bolhão e parte da Ribeira, com todas as casas de diferentes tamanhos, formatos e cores que dão vida às fachadas. Esta vertente do Google Earth é aberta à participação dos internautas, pelo que podem surgir diferentes propostas de modelação do mesmo edifício? Nessse caso, explicam Bruno e José, o Google avalia as opções e escolhe. "Nunca fomos substituídos, mas já substituímos a da Casa da Música, feita por uma empresa que a posicionou mal."
Portuenses, Bruno e José partilham o gosto pela cidade e pela arquitectura. A frequentarem o 12.º ano de Artes Visuais, no Externato Ribadouro, a ideia de construir um Porto em 3D surgiu na disciplina de Área de Projecto, embora tenha acabado por ser desenvolvida fora desse âmbito, por não se enquadrar no tema das Ciências do Ambiente que a professora definiu. Em finais de Novembro de 2010, começaram a concretizar o projecto e converteram-se em "voluntários da modelação", sem apoio financeiro. "Ele convenceu-me", ri-se José. "Em termos de currículo é muito bom, o que é um incentivo", explica Bruno.
O processo de trabalho destes estudantes é simples: tiram fotografias aos edifícios e, depois, utilizam o Google SketchUp, uma ferramenta grátis do Google, para fazer modelação. Para Lisboa, está disponível o Google Building Maker, um programa que facilita a criação de edifícios em 3D, mas, no Porto, a opção é usar o SketchUp. É mais lento, "mas mais detalhado", defendem. "Quando nos conhecemos, achei engraçado que o José conhecesse também o SketchUp", diz Bruno. As maiores dificuldades que se lhes deparam consistem em conseguir representar com fidelidade e rigor as texturas, alturas e perspectivas. E em não ultrapassar o limite de espaço (10 megabytes) definido pelo Google.
Paralelamente, estes jovens estão a desenvolver um manual - Como modelar o Porto - sobre modelagem de edifícios em 3D. Mas nem todo o tempo livre é dedicado a este projecto. Bruno diz gostar de jogos de computador, de acompanhar a carreira do FC Porto e de desenhar casas, enquanto José prefere "fazer maquetes de aviões históricos e militares". Não sabem se, no futuro, continuarão a ter tempo para investir neste projecto. Bruno Quelhas graceja que os alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, na qual quer ingressar, "são conhecidos por não dormirem". José Eça de Queiroz pretende seguir Design Industrial.
Insistindo que qualquer pessoa pode modelar, iniciaram a promoção do seu blogue, O Porto em 3D. Adeptos das redes sociais, no Twitter, por exemplo, têm seguidores dos EUA, de Inglaterra ou do Canadá. Criaram até um desafio: a 150ª pessoa a "gostar" da página do projecto no Facebook teria direito a ter a sua casa (no distrito do Porto) modelada em 3D por um elemento do blogue. Na semana passada, foi ultrapassada a meta da centena e meia de aprovações e o autor do 150.º "Gosto" recebeu esta mensagem dos autores: "Filipe Brígida é o vencedor do prémio! Aceitando, terá o edifício onde habita modelado em 3D!"
Via Público