Mas foi preciso planear o festival em contexto de crise, ou seja, com menos custos. “É cada vez mais difícil viabilizá-lo”, reconheceu esta quinta-feira, numa conferência de imprensa, César Viana, director artístico do festival. “Este ano tivemos que alargar muito as parcerias, não só económicas como artísticas”.
A fórmula encontrada, explicou João Villa-Lobos, administrador do Opart, a entidade que gere o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado (CNB), passa por “usar os recursos da casa” e complementá-los com parcerias. O orçamento do festival é de 250 mil euros. “Não houve um corte substancial”. À semelhança de outros anos, disse ainda o administrador, “60 a 70% dos custos do festival” têm a ver com o trabalho dos próprios organismos do Opart.
“Este ano fizemos uma aposta muito forte na ópera, bailado e teatro”, sublinhou César Viana. “Não tem havido muita ópera no Largo – este ano haverá”. Assim, a programação arranca nos dias 29 e 30 com a ópera em versão concerto (não encenada, portanto) Peer Gynt, de Edvard Grieg, música de cena para o texto do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (haverá leitura por Irene Cruz), com direcção musical de Martin André para o coro do São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
A 13 e 14 de Julho o cenário passa para Espanha, com outra ópera em versão de concerto, desta vez Goyescas, de Enrique Granadas (inspirada em seis pinturas de Goya), com direcção musical de João Paulo Santos. E por fim, a 27 e 28 de Julho, chega ao Largo Turandot de Ferruccio Busoni, também ópera em versão de concerto, com direcção musical de Moritz Gnann.
Esta programação “remete para espaços geográficos, o Oriente [através das viagens de Peer Gynt], a Espanha, a Rússia, e foi esse o ponto de partida para a procura de parcerias”, explicou o director artístico. De Espanha vem Carmen (6 e 7 de Julho), ballet inspirado na obra de Prosper Mérimée pela Companhia Antonio Gadés.
Do Oriente vêm, a 29 de Julho, a Orquestra Chinesa de Macau (que usa exclusivamente instrumentos tradicionais chineses), e, da Indonésia, Dança e Música de Sumatra (26 de Julho). E o Leste estará presente sob diferentes formas, desde o Programa Rakhmaninov-Chostakovitch, por um “trio de luxo” composto por Tatiana Samouil (violino), Pavel Gomziakov (violoncelo) e Plamena Mangova (piano).
A programação do Festival ao Largo 2012 inclui ainda Dança no Largo com a CNB (Du Don de Soi, com coreografia de Paulo Ribeiro, obra inspirada no universo cinematográfico de Andrei Tarkovski, e La Valse, curta-metragem de João Botelho. E, entre outros espectáculos, uma concerto dos Barokksolistene Oslo (uma espécie de “música de cervejaria do século XVII) e uma parceria com o Festival de Almada: Lisboa, espectáculo poético de rua da Fondazione Pontedera Teatro, em torno de Fernando Pessoa – no largo onde o poeta nasceu.
Noticia do Público