Terça-feira, 13.03.12
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet (Foto: Paulo Pimenta)
Nesta segunda-feira faz um ano que milhares de portugueses saíram à rua. E depois? Para onde foi a indignação? Uma historiadora, um sociólogo, um psicanalista e um activista arriscam respostas

Há um ano, o país levou uma bofetada. Milhares de pessoas (cerca de 300 mil, segundo a polícia; mais de 500 mil, diz a organização) saíram à rua para protestar contra a precariedade que lhes foi imposta. O apelo à mobilização correu célere no Facebook, com alguns jovens até então anónimos a conseguirem aquilo que nenhum sindicato e nenhum partido haviam conseguido. Um ano depois, para onde foi tanta indignação? "Está paralisada pelo medo e pela estupefacção", responde Joaquin Estefanía, ex-director do diário espanhol El País, para quem o medo foi transformado numa arma de controlo social (ver entrevista na página ao lado). 

Dizendo-se "atónita com tanta passividade" portuguesa, a historiadora Irene Flunsel Pimentel concorda que as pessoas estão "amedrontadas, aterrorizadas e desorientadas, sobretudo porque não vêem nenhuma luz ao fundo do túnel". "As que ainda têm emprego têm medo de o perder mas também não sabem muito bem o que fazer", explica, para, no jogo das diferenças com as reacções à crise nos outros países, atirar culpas à herança deixada por Salazar. "A Espanha e a Grécia tiveram tremendas guerras civis, com milhares de mortos, e isso acaba por se inscrever no código genético das populações. Nós tivemos um ditador que viveu sempre com o apoio de uma parte da população, não se pode dizer que subsistiu apenas através da repressão. Não havia liberdade, mas havia aquela pessoa que zelava pela nossa segurança, que não nos deixava cair na miséria total e que nos habituou a pensar que os outros é que mandam em nós". 

O psicanalista Coimbra de Matos também alude à sensação de que nada se pode contra o que está a acontecer para explicar o que tem mantido a indignação portuguesa no reduto doméstico. "Somos um povo passivo, sem aquilo a que os ingleses chamam empowerment, de pessoas habituadas a não ter poder nas suas mãos, e suponho que isso deva algo à ditadura. Esta, sendo relativamente suave - não era como em Espanha, que matava muito mais -, apelava à capacidade de conformação dos portugueses e usava métodos que não suscitavam uma reacção tão maciça e tão discordante". Temos assim todo um país mergulhado numa "depressão patológica, que ?? uma reacção à perda e a um sentimento de injustiça, mas que, no caso português, não comporta a revolta e até acredita que a culpa é um bocado nossa, porque vivemos acima das nossas posses". 

Numa leitura diferente, o sociólogo e político Augusto Santos Silva sustenta que a indignação se domesticou porque perdeu o alvo directo. "A actuação política em Portugal tornou-se exógena. Com a celebração do pacote de ajuda financeira, a capacidade de actuação autónoma do Governo diminuiu radicalmente aos olhos da opinião pública; logo, as acções reivindicativas deixaram de ter tantas condições de atingir os seus objectivos". 

Inquestionável é que se a revolta que há um ano saiu à rua não assumiu entretanto contornos de violência, não é porque as perspectivas tenham melhorado. Ao contrário. O desemprego galgou entretanto até aos 14%: 770 mil pessoas sem trabalho. Se olharmos só para os sub-25, são 30,7% os desempregados. É a terceira maior taxa da UE. O resto é o que se sabe. A perpetuação dos contratos a prazo a assumir letra de lei, os estágios sem remuneração, a instabilidade dos recibos verdes a adiar o futuro. Mas os jovens não estão mais à rasca que os outros. A manifestação de há um ano, porque mobilizadora de todas as idades, mostrou-o. Havia pensionistas de pensões congeladas, logo sem dinheiro para a conta dos medicamentos. Havia famílias sobretaxadas, nomeadamente pelo medo de deixarem de conseguir pagar a casa. Sublinhem-se, a propósito, as 670.637 famílias que chegaram ao fim de 2011 a não conseguir pagar os empréstimos aos bancos. 

Para Irene Pimentel, a heterogeneidade dos manifestantes foi a força mas também a fraqueza daquela manifestação e uma das razões para que, a seguir, nada de extraordinário tenha acontecido. "Aquilo englobou desde a extrema-esquerda, à extrema-direita. Até neonazis. E criou-se em torno dessa manifestação um unanimismo que englobava todas as opções políticas contra um fenómeno muito complicado que era a precariedade. Mas aquilo vivia de uma falsa solidariedade e de um falso corporativismo, porque muitas pessoas estavam lá para derrubar o Governo". O sociólogo e ex-ministro do anterior executivo Augusto Santos Silva também sustenta que foi o contexto político que ditou que o protesto tivesse há um ano uma expressão que não viria a repetir-se. "Naquela manifestação confluíram os interesses do BE, do PCP e do PSD, que criaram uma lógica de tenaz para derrubar o Governo socialista, liderado por um ministro muito enérgico, José Sócrates, que concentrava em si todo o amor e todo ódio político possível. Hoje, Portugal vive uma situação de tutela e isso levou a uma mudança do horizonte de expectativas, isto é, as pessoas assimilaram a ideia de que as perdas que sentem decorrem de uma imposição externa mais do que de uma posição autónoma do Governo de Passos Coelho, e, portanto, sentem que as condições de obtenção dos objectivos diminuíram radicalmente a partir do momento em que a troika passou a regular o funcionamento do país". 

A tensão existe. Rebenta? "A explosão da revolta social pode acontecer, mas tem vindo a ser contrariada pela actuação muito prudente do PCP e da CGTP, que entretanto recuperaram a liderança do protesto", contextualiza Santos Silva, para recordar que, "ao longo da História, os movimentos mais propícios às revoluções nunca foram os momentos de máxima privação mas aqueles em que a exequibilidade de mudança se tornou mais real". Ora, João Labrincha, um dos desempregados que apareciam a assinar o manifesto que apelou à manif de 12 de Março, acredita que a mudança já começou. "As dinâmicas sociais criadas neste momento em Portugal mostram que as pessoas estão a fazer acontecer como nunca antes na nossa democracia. Há movimentos a aparecer um pouco por todo o lado, estão é a fazer um trabalho de formiguinha que não é visível porque tem muita dificuldade em disputar o espaço mediático com os partidos políticos", defende, para reforçar: "Quando aconteceram o Maio de 1968 e a contestação à guerra do Vietname, era muito difícil na altura perceber o que é que aquilo ia mudar. Só muito mais tarde se teve noção das enormes mudanças que aqueles movimentos geraram". Para Labrincha, "o sistema baseado no petróleo e na ganância vai ruir, como já está a ruir, e, ao mesmo tempo, vai aparecer um novo paradigma, como já está a aparecer, sem que seja preciso um crash". De resto, "é visível que as pessoas se estão a desidentificar com as estruturas tradicionais do Estado e a procurar caminhos alternativos". E essa foi, diz, "a grande conquista da manifestação de há um ano".

 

Via Público



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Quarta-feira, 24.08.11

Em março conseguiram levar à rua mais de 200 mil pessoas, em Lisboa. Agora a luta contra a precariedade promete voltar com o protesto "15 de outubro a Democracia sai à Rua".

A 12 de março conseguiram juntar mais de 200 mil pessoas nas ruas de Lisboa, num protesto contra a precariedade laboral. Agora, o movimento da "Geração à Rasca" promete voltar à rua dentro de dois meses, numa manifestação que mais uma vez já tem página criada no Facebook, sob o nome "15 de Outubro a Democracia sai à Rua ".

 

O protesto coincide com um outro que terá lugar em Espanha, marcado pela plataforma "Democracia Real Já", responsável pela manifestação que aconteceu em Madrid no passado mês de maio. "O dia 15 de Outubro foi escolhido por ser uma manifestação internacional de solidariedade com Espanha, sendo que há questões transversais aos dois países", avançou ao "Público" Paula Gil, uma das fundadoras do protesto "Geração à Rasca", que deu entretanto origem ao Movimento 12 de Março (M12M).
A manifestação de 15 de outubro está marcada para as 15h, no Marquês de Pombal, seguindo até à Assembleia da República, em São Bento. Para a meia-noite está marcada uma vigília.Desta vez o protesto conta com mais mãos, numa organização conjunta entre vários movimentos como os Precários Inflexíveis ou a Acampada Lisboa , que deu origem ao acampamento que teve lugar durante vários dias no Rossio. "Num momento como este é preciso haver união para fazermos compreender que a inevitabilidade não é inevitável e que nas medidas que se tomam as pessoas não podem ser pensadas enquanto números", concluiu Paula Gil.

Até ao momento já se inscreveram mais de 700 pessoas, que aguardam pelo manifesto deste protesto que deverá ser publicado em breve pelos organizadores.


Via Expresso



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Quarta-feira, 16.03.11

Pai, por que é que esta gente toda está aqui?", perguntou o Francisco, de dez anos, no meio da multidão. "Olha, para que um dia possas vir a ter um emprego e uma vida como deve ser", ouviu como resposta. Este motivo pareceu convencer o Francisco que, de máquina fotográfica em riste, marchou lado a lado com mais de 200 mil pessoas na Avenida da Liberdade, naquela que viria a ser a primeira manifestação da sua ainda curta vida.

A minha já vai bem mais longa, mas os meus quase dez anos de precariedade levaram-me igualmente a estrear nestas andanças das manifestações sem ser em trabalho. Tive o prazer de entrevistar os organizadores do "Protesto da Geração à Rasca " há um mês atrás, numa altura em que as incertezas eram mais do que as certezas. Mas não era preciso ser uma iluminada para perceber que aqueles jovens "Deolindos" - como tão depreciativamente um grande comentador da praça os apelidou - iam afinal ser as caras de um momento histórico em Portugal.

Um dia antes do protesto ouvi outro cronista dizer: "Os putos devem achar que a vida é fácil!". Pois é, meus senhores, os putos infelizmente sabem que a vida não é fácil. E foi por isso que, com sangue na guelra, levaram à rua não só uma geração mas sim todo um país à rasca. A verdade é que a precariedade toca a (quase) todos e só mesmo quem vive dentro de uma bolha é que não conhece alguém que esteja ou desempregado, ou a recibos verdes, ou a contratos temporários ou com ordenados que são tudo menos dignos. Por todos eles, que um dia poderemos ser nós, sair à rua fez todo o sentido.

 

"Pai, espero que o Sócrates veja isto na TV"

Demorei duas horas a descer os escassos metros da Avenida da Liberdade e pelo caminho vi miúdos, graúdos, idosos, bebés, grávidas, gente de cadeira de rodas, famílias inteiras, grupos políticos de todas as cores. Gritou-se, cantou-se, riu-se, chorou-se. Houve um vasto sentido de união que eu julgava que já só mesmo em campeonatos de futebol é que seria possível. E não houve violência, embora tenha noção de que muita gente secretamente desejava que isto desse pancadaria da grossa para ter mais um motivo para criticar.

Do alto da genuinidade dos seus dez anos, Francisco deu voz ao pensamento de milhares de pessoas: "Espero que o Sócrates veja na televisão esta quantidade de gente e o que estão a pedir!". Todos sabíamos que nada iria mudar imediatamente no dia a seguir. Mas quando todo um país sai à rua, este gigante reflexo de descontentamento deve, no mínimo, ser analisado.

Cansado, como tantos de nós ao fim de anos de vida precária, o pequeno manifestante pediu para se sentar e comer um pacote de castanhas assadas para enganar um estômago à rasca. O seu olhar percorria atentamente o mar de gente e deixou soltar um curto suspiro: "Espero que não sejam só berros que não dão em nada. Gostava de saber, se quando eu for adulto, valeu a pena cá ter vindo". Como eu gostava de te poder responder a isso, Francisco.

 

 

 

Via A Vida de Saltos Altos



publicado por olhar para o mundo às 19:27 | link do post | comentar

Terça-feira, 15.03.11

José Pacheco Pereira parece viver num mundo à parte, numa realidade muito própria e diferente da dos demais que o rodeiam. Com a esquerda no coração mas sentado confortavelmente à direita e habituado que está a fazer o ponto-contraponto daquilo que o próprio selecciona, parece por vezes esquecer-se que há mundo para além das suas próprias barbas. E que nesse mundo "distante" vivem pessoas que têm o direito de expressar a sua angústia, a sua livre opinião, fartas que estão de conversa fiada para boi dormir e alguns ganharem uns cobres. Como nem todas têm a "sorte" de ter um programa de televisão para o poderem fazer sem contraditório, escolhem o sítio mais democrático que existe para manifestarem o que lhe vai na alma: a rua - dispersas nas praças por esse país fora.

 

Ora como José Pacheco Pereira seria mais um dos que achavam, do alto do majestático pedestal de pseudolíderes opinativos cá do burgo, juntando-se a outros como Miguel Sousa Tavares e afins, que esta manifestação seria um total e rotundo flop, sem organização, sem ideias, sem ordem ou rumo, sem qualquer sentido. Ora meus amigos "metam uma rolhinha" como diz o povo, e desculpem a brejeirice, mas desta vez merecem. A azia é um prato que se serve frio. É como a saladinha de polvo ensalsada. E ontem ao jantar o Rennie deve ter sido prato do dia para muita gente.

 

Sábado, por volta das 17:00 horas, Pacheco Pereira apercebeu-se que afinal Portugal é um bocadinho maior do que um estúdio de televisão, pelo menos umas 300 mil vezes maior, e decidiu por isso atirar-se à comunicação social que fazia a cobertura do protesto, já que sobre o protesto pouco poderia dizer, as imagens que o deveriam estar a atormentar e exasperar falavam por si:

O espantoso relato "jornalístico" da manifestação de hoje "em directo"  pelas televisões e nalguns jornais que se dizem de "referência", mostra como o jornalismo português está a milhas  de qualquer deontologia básica da informação e de qualquer critério mínimo de qualidade profissional. Alguém faz sequer nas redacções  uma vaga ideia de como nenhuma televisão (e jornais) sérios em todo o mundo faria isto?  Hoje voltou-se ao PREC e aos comícios em directo. Hoje a televisão de Hugo Chávez foi o padrão do "jornalismo" português. JPP - "Abrupto" (blogue)

Atentem na frase: "Alguém faz sequer nas redacções uma vaga ideia de como nenhuma televisão (e jornais) sérios em todo o mundo faria isto?" 

Claro que não caro José. Nenhuma televisão ou jornal portugueses sabiam efectivamente o que estavam ali a fazer. É tudo gente pouco séria. Pelos vistos nem sequer a estação para a qual o José trabalha fez uma cobertura isenta. Só mesmo o José Pacheco Pereira saberia a melhor maneira de cobrir este protesto. Acho até que deveriam abrir uma escola de jornalismo de elite chamada "Nova Escola Superior de Comunicação Social José Pacheco Pereira". E o José deveria ficar encarregue da unidade curricular "Acompanhamento de manifestações e protestos como deve ser".Enfim, haja paciência para aturar ministros da propaganda sem cadeira.

 

 

Via 100 Reféns



publicado por olhar para o mundo às 14:38 | link do post | comentar

Sexta-feira, 11.03.11
Geração à Rasca
 
O protesto 'Geração à Rasca' tem mais de 55 mil inscritos no Facebook que afirmam ir participar nas manifestações convocadas para sábado, em 11 cidades, com avisos formais entregues ás autoridades em nove delas.

Segundo o blog geracaoenrascada.wordpress.com, da lista das cidades onde o protesto irá decorrer no sábado fazem parte Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Funchal (Madeira), Guimarães, Leiria, Lisboa, Ponta Delgada (Açores), Porto e Viseu, onze no total.

A Agência Lusa apurou que em nove destas cidades o protesto foi comunicado oficialmente aos governos civis e à vice-presidência do Governo Regional dos Açores, no caso de Ponta Delgada, não levantando as autoridades qualquer objecção.

As entidades seguiram depois os trâmites habituais nestas situações, informando as forças de segurança da existência destes protestos.

De fora desta oficialização ficaram Guimarães e Funchal, cuja câmara municipal e direcção regional da administração pública e local, respectivamente, garantiram à Agência Lusa não ter recebido qualquer informação oficial sobre a realização do protesto.

Segundo os dados recolhidos, haverá concentração com desfile nas ruas das cidades de Lisboa, Porto, Ponta Delgada e Faro.

Na capital, a concentração está agendada para as 15h, na Avenida da Liberdade, seguindo depois pela Praça D. Pedro IV, Rua do Carmo e Rua Garrett, terminando na Praça Luis de Camões.

No Porto, também às 15h, os manifestantes partem da Batalha, seguindo o desfile pela Rua de Santa Catarina, Rua Fernandes Tomás, Rua Sá da Bandeira, estando o seu término previsto para a Praça D. João I.

No caso de Braga (Avenida Central), Castelo Branco (Alameda da Liberdade), Coimbra (Praça da República), Leiria (Fonte Luminosa) e Viseu (Rossio, em frente à câmara) estão apenas previstas concentrações, não tendo sido indicada a intenção de fazer qualquer desfile.

O número de participantes que manifestam a intenção de estar presentes nos protestos através da página do Facebook ultrapassou os 55 mil durante a noite de quinta-feira. Registam-se também perto de 80 mil que afirma não ir e mais de 44 mil que dizem «talvez».

Tem surgido, em diferentes murais de páginas do Facebook, um vídeo acompanhado do texto «faça chuva ou faça sol, sábado queremos Portugal na rua», onde são apresentados os motivos de queixa dos participantes, com testemunhos explicativos daquilo que leva alguns jovens a participar no protesto.

Quinta-feira, fonte da PSP disse à Agência Lusa que a polícia está a monitorizar todos os movimentos das redes sociais e dos grupos de extrema-direita e esquerda, para acompanhar «a par e passo» o protesto marcado para sábado, estando a preparar-se para acompanhar a manifestação com o mesmo grau de rigor e prontidão que disponibilizou aquando da cimeira da Nato, que decorreu em Lisboa, no final de Novembro passado.

 

Via Sol



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Sexta-feira, 04.03.11

Até anteontem não estava minimamente convencido em participar na manifestação marcada para 12 de Março em Lisboa e Porto, um movimento de jovens cidadãos denominado protesto da "geração à rasca". E não estava por uma simples razão: não considero que neste momento seja apenas e só uma geração, à qual pertenço, a estar à rasca. Estamos todos à rasca. O país em geral. Todas as gerações. Uns de uma forma, outros de outra, e cada uma à sua maneira. Só não estão "à rasca" os tubarões que o Governo não ousa beliscar (onde está o tal imposto para os bancos? Perdeu-se ou faltou a coragem?),aqueles que o Estado continua a nomear indiscriminadamente e contratar milionariamente em plena crise para empresas públicas que todos pagamos. Tudo passa impune.


O resto? Tudo "à rasca". Muitos com prestações da casa em atraso ou já sem ela depois de a terem finalmente entrgue ao banco, a viverem o desespero numa garagem (conheço "n" casos), outros porque deixaram de poder pagar os colégio aos filhos, as perdas dos abonos, 11,2% da população desempregada e sem perspectivas de futuro, outros têm um emprego mas nunca irão exercer uma profissão dentro da sua área de formação, na qual investiram grande parte da sua vida e sacrificaram dinheiro, o próprio e o dos pais. Geração híper-qualificada completamente estraçalhada, sem margem para se libertar e tornar verdadeiramente independente. Outras gerações qualificadas à pressa, sem qualidade, por decreto, para inglês ver e a estatística aplaudir. Milhares de trabalhadores que viram o seu vencimento reduzido roubados pelo governo que tantos legitimaram, no qual confiaram e que lhes mentiu e continua a enganar descaradamente.

 

Milhares de jovens explorados em estágios não remunerados ou a trabalharem com um livro de recibos que a constituição de um qualquer país civilizado proíbe. Já leram a nossa? Milhões perderam subsídios, milhões com as suas pensões reduzidas ou congeladas e sem acesso a medicamentos que os próprios hospitais já começam a cortar. A saúde está falida. A justiça podre. Os impostos que corroem até aos ossos e minam um tecido empresarial cada vez mais fraco, os depósitos de gasolina cada vez mais vazios e os carrinhos de supermercado menos cheios. A luz, a água, o gás, o pão, o café, o açúcar, tudo, mas tudo mais caro. Este país já esteve de tanga. Neste momento é uma tanga onde todos nós vivemos.


Por considerar que não é apenas uma geração, mas várias, ou todas, achava o protesto em si redutor, pelo que não tencionava associar-me a ele. Mas depois de ouvir o Sr. Engenheiro anunciar, sim porque quando este senhor tem a lata de vir à televisão dizer que "o governo poderá ter de tomar medidas auxiliares" uma vez mais já todos sabemos o que aí vem, e ainda de visionar o débil programa Prós e Contras da RTP, apresentado sempre na formasui generis Bulhão style, onde ouvi coisas verdadeiramente chocantes da boca de algumas pessoas que deviam permanecer caladas no seu mundinho particular de editoriais feitos em cima do joelho do primo accionista e redomas de reitorias snobes de universidades queques, decidi que vou participar. E vou porque isto está tudo mal. E tudo tem de mudar. Está na hora. Lá estarei.

 

Via 100 Reféns



publicado por olhar para o mundo às 10:47 | link do post | comentar

Terça-feira, 22.02.11

Geração à Rasca

 

Com 18.700 inscrições em apenas quatro dias subiu para quase o triplo o número de pessoas que no Facebook promete juntar-se ao "Protesto da Geração à Rasca" , marcado para dia 12 de março. Inicialmente programado para acontecer apenas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, a iniciativa já foi alargada ao Porto, na Praça da Batalha.

Para estimular a adesão ao protesto foi criada outra página no Facebook, intitulada "Vamos lá, 1 milhão na Avenida da Liberdade pela Regeneração Política" . Tal qual como nos protestos organizados via Facebook para as revoltas em Marrocos, Líbia e Egito, os comentários multiplicam-se hora a hora, mantendo a discussão acesa.

"Às 15h00 do dia 12 de março, esta geração de desempregados, trabalhadores subcontratados e estagiários reúne-se para mostrar aos dirigentes políticos e aos empregadores que está 'à rasca'", escreveu hoje um dos precários que promete fazer parte do protesto. Relembrando os vários tipos de precariedade existentes, a resposta surge logo de seguida pela mãe de outra utilizadora do Facebook: "Não sejamos redutores. Este protesto é igualmente para a geração de empregados ou pequenos empresários, que estão do lado desses desempregados, e que, descontentes como eles, também não aguentam mais ver o país a ir ao fundo e as oportunidades de uma vida melhor fugirem por entre os dedos".

Camisolas pretas e bandeiras de Portugal

Há quem proponha que todos vistam camisolas pretas em sinal de luto e quem sugira o recurso às bandeiras nacionais "como na altura do Scolari" durante o Euro2004 de Futebol. Os organizadores sugerem que cada participante leve uma folha A4 com o motivo que os levam a estarem presentes na manifestação, com a promessa de posterior entrega de todas as folhas na Assembleia da República. E para que os ânimos não se exaltem no dia 12, os pedidos para "um protesto pacífico também se multiplicam: "Não queremos violência nem extremismos mas antes persistência!".

 

E se já são muitos os que incitam ao protesto, as mensagens de internautas mais céticos quanto à real adesão no dia marcado também começa a crescer. "Infelizmente a inércia é muito grande no povo português!", lembra um dos utilizadores do Facebook. Os mais entusiastas respondem: "Bora pessoal! Toca a sair de casa. Pelo menos sabem que fizeram algo para tentar mudar as coisas e não se limitam a ficar a olhar para o telejornal...".

 

Via Expresso



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