“O Artista”, de Michel Hazanavicius, a história romântica de um actor que encontra o amor numa altura em que a indústria cinematográfica fez a transição dos filmes mudos para os sonoros, estava nomeado em seis categorias, e conquistou três prémios, incluindo o de Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Actor num Filme de Comédia ou Musical (para o actor francês Jean Dujardin).
Rodado a preto e branco e como um filme mudo, recriando o cinema da era de ouro de Hollywood, o filme francês, que chega aos cinemas de Portugal em Fevereiro, arrecadou ainda o galardão de melhor banda sonora.
O filme “Os Descendentes”, de Alexander Payne, e o seu protagonista, George Clooney, que representa um pai que tenta reatar a ligação com as duas filhas, depois de a mulher ficar em coma na sequência de um acidente de barco, venceram, respectivamente, as estatuetas de Melhor Filme Dramático e Melhor Actor Dramático. O filme estreia-se em Portugal no dia 19 de Janeiro.
Num feito, quase inédito, os Globos de Ouro, entregues pelos membros da imprensa estrangeira a residir nos Estados Unidos – e que servem de antevisão aos Óscares, agendados para 26 de Fevereiro, não centraram os prémios em apenas um filme, premiando, além de “O Artista” e “Os Descendentes”, outras nove películas, incluindo “As Serviçais”, “A Invenção de Hugo” e “Meia-Noite em Paris”.
O galardão de melhor realizador, um dos mais cobiçados da noite, foi entregue a Martin Scorsese, pelo seu filme de aventura e fantasia, “A Invenção de Hugo”. A história de um rapaz que vive sozinho numa estação de comboios de Paris e a de um enigmático proprietário de uma loja de brinquedos marca a estreia deste realizador nos filmes 3D.
No campo feminino, Meryl Streep levou para casa o Globo de Ouro de Melhor Actriz num Filme Dramático pelo seu desempenho em “The Iron Lady” (A Dama de Ferro), no qual interpreta o papel da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Ao receber o galardão, a actriz norte-americana mostrou-se satisfeita e fez um agradecimento especial aos ingleses.
Por seu lado, Michelle Williams conquistou o troféu de Melhor Actriz num Filme de Comédia ou Musical pelo seu desempenho em “A Minha Semana com Marilyn”, interpretando o papel de Marilyn Monroe. Na hora do agradecimento, a actriz não esqueceu a diva a quem deu vida no cinema, agradecendo aos Globos de Ouro terem posto nas suas mãos “o mesmo prémio que deram a Marilyn há mais de 50 anos”.
Os galardões de melhores actores secundários foram entregues a Christopher Plummer, de 81 anos, que representa em “Assim é o Amor” um homem que assume a homossexualidade depois de a sua mulher morrer, e a Octavia Spencer, pelo seu papel no filme “As Serviçais”.
“As Aventuras de Tintin”, de Steven Spielberg, venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação, e “Uma Separação”, filme iraniano de Asghar Farhadi, que tem estado em destaque entre a crítica norte-americana, arrecadou o prémio de melhor filme estrangeiro.
O último trabalho de Woody Allen, “Meia-noite em Paris”, filme que foi o mais visto do realizador nos Estados Unidos e na Europa, venceu o galardão de melhor argumento.
Madonna também subiu ao palco dos Globos de Ouro para receber o prémio de melhor canção original, com o tema “Masterpiece”, criada especialmente para o romance histórico “W.E.”, filme escrito e realizado pela própria.
O actor Morgan Freeman foi agraciado com o prémio Cecil B. DeMille, pela sua carreira e contributo para o cinema.
Na área de televisão, os vencedores da noite foram as séries Homeland e Uma Família Muito Moderna.
Longe de grandes polémicas esteve o britânico Ricky Gervais, responsável pela apresentação da cerimónia. Depois de a sua actuação na edição 2010 ter gerado bastante controvérsia, tendo a organização dos prémios obrigado o comediante a pedir desculpas pelas suas piadas que não caíram bem em Hollywood, este domingo Gervais não abandonou o estilo provocador e controverso, mas mostrou ter tido um maior cuidado. Ainda assim, a estrela norte-americana Kim Kardashian, o actor Eddie Murphy, que no final do ano passado desistiu do papel de anfitrião dos Óscares, e o cantor pop Justin Bieber foram algumas das vítimas da sátira de Gervais.
No seu monólogo de entrada, Ricky Gervais começou por comparar os Globos de Ouro aos Óscares, explicando que os Globos de Ouro estão para os Óscares como “Kim Kardashian está para Kate Middleton”, ou seja, o mesmo tipo de cerimónia, mas com menos nível e consideração.
Madonna também não fugiu ao comediante, que ao chamá-la ao palco, fez referência à virgindade da cantora, lembrando a conhecida música “Like a Virgin”. Sem qualquer pudor Madonna respondeu: “Se eu sou como uma virgem, Ricky, porque não vens aqui e fazes alguma coisa”.
Ricky Gervais ironizou ainda e lembrou a actuação do ano passado, dizendo que para este ano a organização da cerimónia lhe deu instruções rígidas a seguir. “A HFPA (Hollywood Foreign Press Association) avisou-me que se eu insultasse alguém... eles me chamariam definitivamente para o ano”, brincou.
Os Globos de Ouro - que são entregues desde 1944 - são os prémios mais importantes da indústria do cinema depois dos Óscares, servindo como um importante barómetro para estes galardões. Os vencedores são eleitos por um grupo de cerca de cem jornalistas internacionais que trabalham em Hollywood.
Via Público