O presidente do Sporting, Godinho Lopes, garantiu hoje que o lugar de treinador de Domingos Paciência “não esta em causa”, apesar dos fracos resultados da equipa nesta época futebolística.
“[A saída de Domingos Paciência] É uma questão que não faz sentido. Os resultados do clube não satisfazem, mas a equipa [técnica] que dirige o Sporting é outra coisa”, sublinhou Godinho Lopes, admitindo que “há ainda um longo caminho a percorrer”.
O presidente do Sporting, que falava aos jornalistas à margem de um colóquio sobre violência no desporto, colocou desta forma de parte a possibilidade de Domingos Paciência abandonar o clube, numa altura em que alguns adeptos têm contestado a equipa.
Depois da derrota de sábado com o Marítimo (2-0), no Funchal, o Sporting foi apanhado pelos madeirenses no quarto lugar, já a distantes oito pontos do terceiro lugar, que dá acesso à pré-eliminatória de apuramento à Liga dos Campeões.
Na chegada a Lisboa, a equipa “leonina” foi vaiada por alguns adeptos que esperaram a comitiva, situação desvalorizada por Godinho Lopes.
“Tivemos duas recepções depois do jogo com o Marítimo. Uma na Madeira, à saída do estádio, com adeptos a aplaudir e a incentivar a equipa, e outra na chegada ao nosso estádio. Dou tanto valor a uma como a outra” realçou.
Godinho Lopes aproveitou para anunciar que o clube apresentará na próxima semana um novo produto financeiro, que pretende motivar o envolvimento dos adeptos no projecto do Sporting, na sequência da auditoria que diagnosticou a falência técnica do clube.
“Depois do resultado da auditoria era interessante lançar um produto que envolvesse os adeptos no projecto do Sporting. Desta forma, os adeptos serão convidados a participar no capital da SAD”, explicou Godinho Lopes sobre o novo produto, designado “Investir na Paixão”.
Via Público
O presidente do Sporting desvalorizou o relatório da auditoria ao grupo empresarial, que revelou um passivo global de 375 milhões de euros.
Godinho Lopes admitiu ainda ter optado por um “círculo virtuoso” em vez do anterior “vicioso” para recolocar as contas dos “leões” em ordem e seduzir investidores externos, mesmo que isso implique que o clube perca a maioria das acções da SAD, mas sempre consultando os sócios.
“Estes resultados não são mais do que o espelhar a situação que já era do conhecimento público em Março. O Sporting é um clube que sempre foi auditado e não há nenhuma novidade. É o único clube nacional ou internacional que fez um filme desde 1997 até ao presente e o colocou na praça pública”, justificou.
O universo “verde e branco” tem “capitais próprios negativos de 183 milhões de euros, situação estruturalmente desequilibrada, usualmente denominada como de falência técnica”, segundo os técnicos que procederam à auditoria aos últimos 13 anos de gestão em Alvalade, ao longo dos mandatos dos presidentes José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco e José Eduardo Bettencourt.
“Eu tenho a certeza de que nenhum dos presidentes actuou como actuou de forma dolosa, a procurar prejudicar o Sporting ou ter qualquer benefício próprio. Todos eles procuraram fazer tudo o que podiam e sabiam pelo Sporting”, garantiu o actual líder do clube de Alvalade.
Este ano vão existir “prejuízos significativos”
O presidente “leonino” reconheceu que este ano, mercê do investimento na equipa principal de futebol, vão existir “prejuízos significativos”, mas que os “buracos na tesouraria deste ano e do próximo” deixarão de existir em 2014. “Os números eram conhecidos e foi definida uma estratégia, correta, para pagar a dívida e responder ao desafio que tínhamos pela frente”, afiançou, explicando ter rejeitado a hipótese de reduzir custos, porque a mesma implicaria a redução de receitas devido à consequente diminuição da prestação desportiva, algo que levaria ao afastamento dos sócios e da publicidade.
Em alternativa, o presidente do Sporting explicou pretender “recolocar a marca Sporting” através da equipa principal de futebol, com jogadores de qualidade individual e colectiva, essencial para o incremento das assistências, do número de sócios e das receitas televisivas.
Para tal, visando as referidas receitas de 60 milhões de euros no final da próxima época e 70 milhões na seguinte, Godinho Lopes apontou três rubricas: quotas, roupa (renegociação do patrocinador dos equipamentos desportivos) e direitos televisivos. “A minha preocupação é encontrar condições, através de um parceiro, nacional ou estrangeiro, exterior ao Sporting, para que possa comprar as VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) e garantir tesouraria para esta época e a próxima. O equilíbrio só se vai verificar no terceiro ano. É uma aposta que fiz e tenho a certeza de que vou levar a carta a Garcia”, concluiu.
Godinho Lopes frisou, no entanto, que respeitaria aquilo que foi preconizado por direcções anteriores no sentido de consultar sempre os sócios do clube na eventualidade de abrir mão da maioria do capital da SAD.
Via Público