Entre os veteranos Roy Haynes e Cedar Walton e as abordagens contemporâneas de Chris Potter ou Ralph Alessi há mais de uma geração de distância. É dessa diversidade que se faz o cartaz do Guimarães Jazz, que começa na próxima terça-feira. O festival celebra 20 anos com a Capital Europeia da Cultura no horizonte e um desafio: preservar o padrão de qualidade a que tem habituado o público ao longo dos últimos anos.
A programação mantém a mesma orientação de edições anteriores, mesclando nomes históricos e músicos com uma abordagem mais contemporânea do jazz. O resultado dessa aposta volta a ser um cartaz equilibrado e capaz de agradar a vários públicos e a ter casas cheias, como tem sido hábito.
A edição deste ano é novamente organizada pelo Centro Cultural Vila Flor (CCVF), mas terá um apoio financeiro da Capital da Cultura. O Guimarães Jazz faz parte da programação oficial do evento do próximo ano, com o objectivo de "fortalecer" a realização e "deixar uma marca" para as edições dos próximos anos, revela Francisca Abreu, vereadora da cultura e administradora da Guimarães 2012.
O orçamento do festival chega aos 200 mil euros, um crescimento sustentado, tendo em conta aquele que o director do CCVF, José Bastos, considera ser o grande desafio do festival: "Temos que conseguir manter o nível de qualidade da edição anterior."
Com mais de 70 anos de actividade jazzística, a carreira de Roy Haynes é motivo suficiente para respeito. Esse percurso e as colaborações com algumas das principais figuras do jazz como Miles Davis e John Coltrane fizeram do músico nascido em Boston, EUA, uma figura incontornável deste género musical. Na bateria, o músico lidera o quarteto The Roy Haynes Fountain of Youth Band.
Haynes terá honras de abertura da edição deste ano do Guimarães Jazz, no próximo dia 10, e será acompanhado por Martin Bejerano (piano), David Wong (contrabaixo) e Jaleel Shaw (saxofone alto), num encontro de gerações diferentes.
No dia seguinte, a cidade recebe The Swallow Quintet, liderado pelo baixista Steve Swallow. A 12 há um outro nome histórico do jazz norte-americano: o pianista Cedar Walton. No dia seguinte a proposta é o Projecto TOAP, uma iniciativa do festival que vai na sua sexta edição, juntando músicos portugueses e estrangeiros para um concerto e a edição de um disco.
O Guimarães Jazz regressa na quarta-feira, dia 16, com o trompetista Ralph Alessi e o grupo This Against That. Caberá também a Alessi dirigir a Big Band da ESMAE num espectáculo marcado para 19. Antes, no dia 17, há um novo cruzamento de gerações, em que o McCoy Tyner Trio é acompanhado por dois nomes que merecem cada vez mais atenção - José James e Chris Potter. A Contemporary Exploration of John Coltrane & Johnny Hartman é uma revisitação do disco histórico de Coltrane e Hartman, editado em 1963, no qual Tyner era pianista.
A noite do dia 18 será preenchida com o concerto do saxofonista Henry Threadgill e o projecto Zooid, em que se explora um jazz experimental. O festival encerra no dia 19 com William Parker, um contrabaixista que vai homenagear o lendário Duke Ellington.
Via Público