Há hoje cerca de 34 milhões de seropositivos no mundo. Em 2010 morreram da doença 1,8 milhões de pessoas (no início dos anos 2000 registou-se um pico de mortes, com 2,2 milhões por ano). A taxa de novas infecções – 2,7 milhões de novos seropositivos em todo o mundo – continua a diminuir: 15% menos do que há dez anos, e 21% menos do que no pico de crescimento da epidemia, em 1997.
O director da ONUsida, Michel Sidibé, considerou que este pode ser “o ano da viragem” na luta contra a sida, sublinhando que foram evitadas cerca de 2,5 milhões de mortes em países pobres e de rendimento médio desde 1995, graças ao melhor acesso a tratamentos (que controlam a sida mas ainda não curam a doença). “Nunca tivemos um ano em que tenha havido tanta ciência, tanta liderança e tantos resultados num ano”, declarou Sidibé.
Das pessoas que seriam elegíveis para receber o tratamento em países pobres e de rendimento médio – 14,2 milhões de pessoas – cerca de 6,6 milhões, ou seja 47%, estão a recebê-lo (no ano anterior, apenas 36% dos 15 milhões de pessoas a necessitar de tratamento o receberam). “Em apenas um ano temos mais 1,4 milhões de pessoas em tratamento”, comentou Adrian Lovett, do grupo antipobreza ONE. O que salvou a vida a 700 mil pessoas durante o ano de 2010, estima a agência da ONU.
“Mesmo neste período difícil – depois de três anos de crise financeira – continuamos a ter resultados: cada vez mais países viram o número de novas infecções diminuir”, disse Sidibé. “Há alguns anos, parecia fantasista anunciar o fim da epidemia de sida a curto prazo, mas a ciência, o apoio político e a resposta comunitária começam a dar resultados tangíveis.”
África continua a ser o continente mais afectado: lá vivem 68% das pessoas com sida no mundo – para comparação, a população na região é de 12% da população mundial, a taxa de seropositivos é de 5% nos adultos enquanto a taxa no resto do mundo é inferior a 1%. Cerca de 70% das novas infecções pelo vírus da sida ocorreram na África subsariana, assim como quase metade das mortes por sida. Mas a tendência é para o decréscimo.
A segunda região mais afectada são as Caraíbas (200 mil seropositivos, ou seja, 0,9% da população adulta) e a terceira a Europa de Leste (1,5 milhões de seropositivos, também 0,9% dos adultos). A Europa de Leste e Ásia Central é uma das poucas regiões que tem escapado à tendência geral de decréscimo, com um aumento de 250% na taxa de novas infecções desde 2001, centrando-se na Rússia e Ucrânia (responsáveis por 90 por cento da epidemia regional).
O relatório sublinha ainda que a epidemia se mantém “obstinadamente estável” na América do Norte e no resto da Europa, onde 2,2 milhões de pessoas vivem com o vírus da sida (metade nos Estados Unidos).
Via Público