Sexta-feira, 20.04.12
D. José Policarpo diz que as orientações têm em conta o direito interno português
D. José Policarpo diz que as orientações têm em conta o direito interno português (Rui Gaudêncio)

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pretende que os responsáveis da Igreja Católica sugiram às eventuais vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero que participem os casos “às autoridades civis competentes”.

 

A indicação faz parte de um documento aprovado pelos bispos e hoje divulgado. As normas incluem a “instauração imediata do procedimento canónico” e a avaliação das “medidas cautelares a adoptar, de modo a reparar o dano e a impedir a verificação de novos casos”. 

O documento foi aprovado na assembleia plenária da CEP, que terminou à hora de almoço, em Fátima. As directrizes pretendem abranger as diversas dioceses e as instituições católicas e incluem todos os servidores, “clérigos ou leigos, remunerados ou voluntários” que trabalham nessas instituições. 

Na conferência de imprensa final, o presidente da CEP, D. José Policarpo, afirmou que estas orientações, que respondem a um pedido da Santa Sé a cada conferência episcopal, têm também em conta o direito interno português. Neste tipo de casos, explicou o patriarca de Lisboa, “não há obrigação senão para os funcionários públicos” de denunciar os casos de eventuais abusos sexuais sobre menores. 

O problema pode surgir, disse ainda o cardeal, no caso das instituições particulares de solidariedade social (IPSS), já que os seus responsáveis são equiparados, para algumas situações, a funcionários públicos. 

“O denunciante normal é a vítima e quem denuncia o caso”, não deve ser um terceiro a quem a situação é apresentada, disse o presidente da CEP. Mas cada caso é um caso e deve ser ponderado em função da situação concreta, admitiu. 

Se vierem a acontecer estes casos, “a lógica é a do procedimento canónico e da colaboração com as autoridades civis”. A questão do denunciante “é delicada”, disse D. José Policarpo, já que no caso dos padres há ainda a ter em conta a “confidencialidade do ministério” por exemplo no caso da confissão. 

O patriarca referiu ainda que, no caso português, existe o respeito pela ordem canónica e concordatária”. 

D. José Policarpo garantiu que os casos de abuso são uma “situação muito triste” para os responsáveis da Igreja e garantiu que, para já, não há conhecimento de casos como os que têm aparecido em outros países da Europa. 

A realidade dos abusos sexuais em instituições tuteladas pela Igreja Católica em Portugal teve até agora o seu caso mais grave nas Oficinas de São José, do Porto. Estão em julgamento actualmente oito crimes de abuso sexual de crianças, três de acto sexual com adolescentes e três de recurso à prostituição de menores, cometidos entre 2004 e 2010 por utentes da instituição. 

Na conferência de imprensa, o patriarca considerou ainda que a situação dos abusos “é mais grave na família e dentro de outros contextos do que na própria Igreja”, mas admitiu que as pessoas esperam dos seus responsáveis comportamentos exemplares – uma ideia reafirmada também nas directrizes aprovadas. 

O patriarca disse ainda, a propósito da discussão sobre a extinção dos feriados, que a Igreja está preocupada com a diminuição dos feriados religiosos. “Pode significar a pouco e pouco a perda de referências na vida social”. Mas a posição dos bispos, assegurou, é de “não dificultar o trabalho à Santa Sé” nas negociações com o Estado português. “Dissemos que preferíamos que fosse possível manter, mas desde o princípio percebemos que não era essa a vontade do Governo”, acrescentou.

 

Via Público



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Terça-feira, 29.11.11

Projecto do Restelo é alegoria à vida de S. Francisco Xavier
Projecto do Restelo é alegoria à vida de S. Francisco Xavier (Daniel Rocha)
O bojo que era para ser dourado ficou, afinal, cor-de-ferrugem e a exótica torre de 108 metros de altura não saiu, por enquanto, do papel. Com inauguração marcada para o próximo sábado, a igreja-caravela que o arquitecto Troufa Real desenhou para o alto do Restelo, em Lisboa, é, ainda assim, um dos templos católicos que mais polémica desencadearam nas últimas décadas - a ponto de suscitar a crítica do próprio cardeal-patriarca.

Todo o projecto se baseia numa alegoria à vida de S. Francisco Xavier e aos Descobrimentos portugueses. Daí que a nave do templo, com capacidade para cinco centenas de fiéis, simule o casco de uma embarcação. Enferrujada por fora, graças a uma técnica que consiste em fundir cobre no ferro, esta parte do edifício acompanha, no interior, as formas exteriores: as paredes da igreja são curvas, com janelas em forma de óculo. No exterior, uma grande cruz de ferro deverá ficar tombada no chão. Coladas ao bojo da igreja-caravela, várias cornucópias simularão as ondas do mar.

A casa paroquial foi pintada em cor-de-laranja berrante. Rematado no topo por pequenas pirâmides no lugar do telhado, é uma alusão "à casa mourisca que o arquitecto Raul Lino [meados do séc. XX] soube respeitar", e ainda ao casario da Lisboa do séc. XVI que o missionário deixou atrás de si quando partiu de Lisboa, rumo ao Oriente. O vermelho, o verde e o branco foram também cores escolhidas para as paredes exteriores do complexo religioso. "São as cores das bandeiras indiana e portuguesa", esclarece o pároco de S. Francisco Xavier, António Colimão, nascido em Damão. É ele o grande entusiasta da obra, que só não se apresenta ainda tão profusamente colorida como nos desenhos por falta de dinheiro para tintas. Esta primeira fase da obra custou três milhões de euros. Acontece que as contribuições dos fiéis não chegam sequer a metade. O resto foi pago à custa de um empréstimo bancário contraído pela paróquia. "Estamos à espera de ofertas. Claro que o dinheiro não cai do céu", refere o padre.

A projectada torre da igreja sofre, aliás, do mesmo problema de escassez de dinheiro para subir em direcção ao firmamento. Troufa Real chegou a idealizá-la em forma de minarete, uma opção muito contestada. Mudou, no entanto, de ideias, e agora pretende levantar no Restelo uma estrutura metálica de aspecto mais leve. Para concretizar os seus intentos recorreu a um nome de peso: o pai do satélite português, Carvalho Rodrigues, está apostado em "casar a arte e a tecnologia para produzir energia" eólica e solar na torre. "Parte da torre mover-se-á, como a hélice do ADN", descreve o investigador.

Trocado o dourado pela ferrugem, o epíteto "bolo de noiva" com que a igreja-caravela foi alcunhada quando nasceu perde sentido. As alterações ao desenho inicial não são, ainda assim, suficientes para amainar o enjoo que a construção provoca no seio da própria instituição eclesiástica. Há muito à frente do Secretariado das Novas Igrejas, o departamento do patriarcado que se encarrega dos templos que vão sendo construídos, o arquitecto Diogo Pimentel não consegue explicar cabalmente o processo que culmina no próximo sábado, dia de S. Francisco Xavier, com a inauguração do contestado templo. "Discordo por completo que a igreja promova este tipo de espectáculo no meio da cidade", observa. "A mensagem que um edifício destes deve transmitir às pessoas deve ser "aqui estou eu ao vosso serviço", e não "aqui estou eu em todo o meu esplendor"".

Quando encarrega um arquitecto de conceber uma igreja, este departamento entrega-lhe um documento, a que chama "elucidário", para lhe guiar os passos. Nele se diz que "se devem evitar expressões de triunfalismo ou ostentação". O arquitecto deverá antes "procurar uma expressão de simplicidade e um certo despojamento, que mais se afirme pela qualidade arquitectónica do que pelos recursos decorativos".

Foi pouco depois de este documento ter sido elaborado, no início dos anos 90, que Troufa Real acedeu a desenhar a igreja para a paróquia sem cobrar honorários. "Processos como este são uma enorme ratoeira", nota o padre João Norton, da equipa de arquitectura do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. "O pobre aceita a semente que lhe dão e cresce-lhe uma árvore de que não estava à espera". Neste caso, demasiado espalhafatosa para a função a que se destina: "Uma das qualidades de uma igreja deve ser o silêncio – mesmo visual – e a serenidade", advoga João Norton, para quem o simbolismo empregue no Restelo é "pobrezinho, superficial, de centro comercial". A contradição flagrante entre as orientações do elucidário e a obra do Restelo, explica-a o padre com uma simples frase: "Não é um documento vinculativo", tal como não o é o parecer do Secretariado das Novas Igrejas.Maçon e ao mesmo tempo católico – "como muitos bispos e até papas", salienta -, Troufa Real gosta de se comparar a Gaudi quando fala da incompreensão de que tem sido alvo nesta obra. Embora já tenha admitido gostar de ideias "que se aproximam do limiar entre o kitsch e o piroso", neste momento prefere descrever esta obra como um trabalho surrealista, "que parece feito por vários arquitectos diferentes".

"Considero-me um arquitecto de templos. Fiz esta igreja a pensar em Deus", declara. E pôs-lhe símbolos maçónicos? Onde? "São segredos meus", responde Troufa Real. "Como cardeal adjunto, foi D. José Policarpo [actual patriarca] quem lançou a primeira pedra da igreja", recorda. Certo é que a construção só avançou há dois anos. Como a obra não está pronta, depois da inauguração a empreitada ainda durará mais um ou dois meses.

Para fases posteriores do projecto, sem data marcada para avançar, ficarão quer a torre quer um outro edifício de grande porte. O padre Colimão já anunciou que não irá morar Na casa paroquial: "Gosto das coisas simples e pequenas". Então e a igreja? "Para a glória de Deus, tenho de fazer o melhor". Para declarar a seguir, orgulhoso: "Esta obra vai marcar a cidade de Lisboa. Deve ser a maior igreja construída em Lisboa nos últimos 25 anos". Quando ficar tudo pronto, os custos finais ascenderão "a sete ou nove milhões de euros".

Mais modesta no seu orçamento de 3,1 milhões, a igreja que está em construção em Miraflores, Algés, também granjeou desde cedo alguma antipatia. Aqui, o que serviu de inspiração a Troufa Real foi o cosmos. O povo, esse, chama-lhe "igreja-foguetão", mas também "supositório". "Aquele cilindro tem lá dentro uma cúpula invertida que é um meteorito", explica o arquitecto. Ignora-se, no entanto, quando poderá semelhante nave desafiar o espaço sideral: desentendimentos entre a paróquia e o arquitecto levaram a que a empreitada parasse há ano e meio. "É uma vergonha", queixa-se o projectista, alegando que alterações feitas ao projecto sem o seu consentimento transformaram o foguetão "num paliteiro sem segurança estrutural". Está previsto que o enorme cilindro seja forrado a azulejos de Querubim Lapa.

O pároco local, Daniel Henriques, admite que o objectivo da transformação foi tornar a obra mais leve mas também mais barata - mas nega que isso tenha comprometido a segurança do imóvel. E deixa uma crítica velada: "Pode ser que, depois de inaugurada a igreja do Restelo, o arquitecto tenha mais disponibilidade para acompanhar esta obra". Tal como o anterior, também o projecto de Miraflores foi oferecido. "A cavalo dado não se olha o dente", diz Diogo Pimentel, assegurando que não estão previstas para Lisboa mais igrejas espalhafatosas. "Não tenho dúvida nenhuma de que a igreja do Restelo se vai tornar uma atracção turística", acrescenta. Mesmo que por razões erradas.

 

Via Público



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As datas comemorativas serão celebradas ao domingo em vez de o dia ser feriado
As datas comemorativas serão celebradas ao domingo em vez de o dia ser feriado (Nuno Ferreira Santos)
 O Governo propôs hoje aos parceiros sociais a eliminação dos feriados de 15 de Agosto, o dia de Corpo de Deus (móvel), 5 de Outubro e 1 de Dezembro, afirmou o ministro da Economia à saída de uma reunião de concertação social.

Na reunião de hoje dos parceiros sociais, além da questão do aumento da meia hora de trabalho diário, esteve hoje a ser discutida a supressão de quatro feriados, dois civis e dois religiosos. Estes últimos estão ainda a ser negociados entre o Governo e a Igreja Católica, segundo o ministro Álvaro Santos Pereira.

"Em relação aos [feriados] religiosos estamos a falar com a Igreja, e em relação aos civis propusemos a supressão do feriado de 5 de Outubro e de 1 de Dezembro", anunciou Álvaro Santos Pereira. No entanto, "é importante celebrar essas datas. Não será feriado mas serão celebradas no domingo", disse ainda Santos Pereira aos jornalistas.

As centrais sindicais insurgiram-se contra as propostas do Executivo e garantem não aceitar qualquer uma delas, quer no que concerne ao aumento do tempo de trabalho, quer à supressão de feriados e férias, conforme propõe a Confederação do Comércio (CCP), liderada por João Vieira Lopes.

No final de mais uma reunião, que começou às 10h00 e que durou mais de três horas, o ministro da Economia afirmou ainda que "o Governo disse aos parceiros sociais que se existirem alternativas [o Governo] está disposto a ouvir essas alternativas", mas sem mais detalhes.

A próxima reunião entre Governo e parceiros sociais terá lugar a 20 ou a 22 de Dezembro.

 

Via Público



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Terça-feira, 08.11.11
Protesto na praça de São Pedro, no Vaticano
Protesto na praça de São Pedro, no Vaticano (Tony Gentile/Reuters)
As palavras das Femen chegaram ao Vaticano. “Freedom for women!” estava escrito no cartaz da única activista que conseguiu chegar à praça de São Pedro, e que pertence ao grupo ucraniano que luta pelos direitos das mulheres e contra o turismo sexual na Ucrânia.

No sábado, elas já haviam protestado segurando cartazes contra Berlusconi que diziam “Fuck you Silvio”, e estavam nuas, pintadas de verde, vermelho e branco, as cores da Itália.

As Femen formaram-se em 2008, numa Ucrânia toldada pelo turismo sexual em que 70 por cento das estudantes universitárias já foram interpeladas para ter sexo por dinheiro, de acordo com uma estatística citada há um ano pela revista alemã Der Spiegel. Desde então têm aparecido várias vezes em protestos dentro do país, e algumas vezes na Europa.

A agenda não termina nos direitos das mulheres, ou no fim do turismo sexual. As Femen lutam também contra o autoritarismo do Governo da Ucrânia ou contra a Rússia querer meter a mão na política do país. 

Nos protestos, a marca do grupo liderado pela economista de 27 anos, Anna Hutsol, é frases fortes e seios à mostra, o que rapidamente fez com que passassem a ser olhadas não como uma brincadeira, mas uma ameaça mais séria pelo Governo ucraniano.

Principalmente depois da aparição na visita de Vladmir Putin, em Outubro de 2010, quando seis manifestantes de peitos à mostra mostravam cartazes que diziam entre várias coisas “Ucrânia não é Alina”, numa referência directa a Alina Kabayeva, ginasta olímpica que a comunicação social especula que tenha ligações românticas com o presidente russo.

A “brincadeira” fez aumentar os anticorpos do Governo do Presidente Viktor Yanukovich contra o grupo que tem uma base de 300 apoiantes. Depois disso, as autoridades já tentaram intimidar mais do que uma vez o grupo. “A polícia está a tornar-se cada vez mais agressiva. Mas ao menos isso mostra que estamos a ser levadas a sério”, dizia Hutsol, em declarações à Reuters, numa reportagem feita ao grupo há quase um ano. 

O corpo é uma arma

No sábado, as “Lutadoras em topless” – como se chama a si próprio o núcleo duro que se oferece para as contestações –, estavam com o corpo completamente pintado no meio de uma manifestação junto da Basílica Giovanni, em Roma. O protesto tinha sido convocado pelo Partido Democrático italiano, de centro-esquerda, contra Silvio Berlusconi. Elas, manifestavam-se contra a discriminação das mulheres, com as cores da bandeira italiana e flores nas cabeças.

No Vaticano o vestuário era diferente e mais sóbrio. Segundo a AFP só uma das cinco participantes é que conseguiu chegar à praça de São Pedro, as outras quatro foram interceptadas pela polícia. A manifestante loira segurava um cartaz negro com letras brancas, tinha um vestido finíssimo, preto e transparente, que deixava ver o tronco nu, com uma inscrição na cintura, de lado, e umas calças de tecido escuras. Rapidamente, um agente da polícia agarrou-a para impedir o protesto.

A 29 de Outubro, as militantes foram à entrada da casa de Paris, do ex-director geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, vestidas de empregadas de hotel. Lavaram a porta de entrada da casa cantando “Voulez-vous coucher avec moi”, relembrando o escândalo a que Strauss-Kahn foi associado.

Várias feministas criticam esta posição das Femen, em que o corpo feminino faz parte da contestação, acusando-as de se vestirem como prostitutas. Mas o grupo diz ter feito esta escolha conscientemente. 

“Sim”, dizia em Maio deste ano à Der Spiegel Anna Hutsol, com uma certa exasperação. “Somos diferentes das feministas clássicas. Para ganharem voz elas tiveram de se tornar como homens. Mas nós queremos uma revolução real das mulheres. Os nossos protestos nus fazem parte da luta pela libertação das mulheres. Temos o direito de utilizar os nossos corpos como armas. Os homens foram quem tornaram os nossos seios num segredo.”

 

Via Público



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Terça-feira, 25.10.11
Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" do escritor
Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" do escritor (Foto: Nuno Ferreira Santos)
O Último Segredo é "uma imitação requentada, superficial e maçuda", segundo Secretariado Nacional Pastoral da Cultura.

O último romance de José Rodrigues dos Santos "não é verdadeira literatura". "É uma imitação requentada, superficial e maçuda [de outras obras]", acusa o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), numa nota demolidora sobre O Último Segredo, o romance em que o jornalista da RTP se propõe, com recurso a "fontes religiosas e informações históricas e científicas", revelar "a verdadeira identidade de Jesus Cristo". 

Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" com que, no entender deste organismo da Igreja Católica, o autor pretende entrar "na história da formação da Bíblia", por um lado, e na "fiabilidade das verdades de Fé em que os católicos acreditam, por outro". 

Na nota publicada ontem no site do SNPC, José Rodrigues dos Santos é acusado de pretender "abrir com grande estrondo uma porta que há muito está aberta". Pior: "Confunde datas e factos, promete o que não tem, fala do que não sabe", lê-se ainda na nota do organismo dirigido pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça, na qual o romancista é acusado de escrever "centenas de páginas sobre um assunto tão complexo sem fazer ideia do que fala". 

Ao PÚBLICO, José Rodrigues dos Santos reagiu num único parágrafo. "O mais interessante nesta crítica é que não é contestado um único facto que apresentei em O Último Segredosobre a vida de Jesus. Há uma boa razão para isso. É que tudo o que no romance escrevi, no que diz respeito a citações biblicas ou informações históricas ou científicas, é verdadeiro - e a Igreja sabe."

Apesar de Rodrigues dos Santos ter vendido mais de um milhão de exemplares das suas obras e estar traduzido para 17 línguas, não é de esperar que em torno deste nono romance se desencadeie uma polémica semelhante à ocorrida em 1992 quando o então subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, decidiu vetar o livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago, a uma candidatura ao Prémio Literário Europeu, com a alegação de que este não representava Portugal. Mesmo assim, não é todos os dias que a Igreja Católica se põe a tecer considerandos sobre uma obra literária. Em tom tão desabrido, ainda por cima. "É impensável, por exemplo, para qualquer estudioso da Bíblia atrever-se a falar dela, como José Rodrigues dos Santos o faz, recorrendo a uma simples tradução. A quantidade de incorrecções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte." 

Em O Último Segredo, José Rodrigues dos Santos recupera a personagem do historiador e criptanalista Tomás de Noronha para a pôr "no trilho dos enigmas da Bíblia", a pretexto da investigação sobre o assassínio de uma paleógrafa na Biblioteca Vaticana. Na apresentação que do romance é feita pela Editora Gradiva, lê-se que a história se baseia em "informações genuínas" para desvendar "a chave do mais desconcertante enigma das Escrituras". Muito ao estilo de Dan Brown, portanto. E uma das coisas que está a irritar a Igreja Católica é a nota, "colocada estrategicamente à entrada do livro, a garantir que tudo é verdade", como explica ainda o SNPC. 

No documento, Rodrigues dos Santos é acusado de ter assumido para si as teses que o teólogo norte-americano Bart D. Ehrman fez constar na sua obra Misquoting Jesus. The Story Behind who Changed the Bible and Why, a qual o SNPC acusa de partir de "uma tese radical, claramente ideológica, longe de ser reconhecida credível". Comparar as duas obras é, conclui o SNPC, "tarefa com resultados tão previsíveis que chega a ser deprimente".

 

Via Público



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Quinta-feira, 20.10.11

Nunca fui uma pessoa muito religiosa, mas até eu sei que Jesus Cristo quando, supostamente, veio à Terra espalhou mensagens de igualdade entre homens e mulheres. Assim sendo, há uma questão que paira na minha cabeça há anos: afinal, por que raio não podem as mulheres vestir a sotaina e subir ao altar?

 

Pelos vistos, esta pergunta - pertinente, diria eu - não me ocorre só a mim. Esta segunda-feira, um grupo de quinze mulheres vestidas de padre desfilou pelas ruas de Roma, num protesto pela ordenação de mulheres a sacerdotes. De cartazes em punho e acompanhadas pelo padre católico norte-americano Roy Burgesois, o grupo de ativistas católicas tentou entrar na Praça de São Pedro para entregar 15 mil assinaturas de apoio à causa. Conclusão: os guardas do Vaticano barraram-lhes o acesso à praça, sob ameaça de detenção. Uma atitude digna da tolerância pregada na Bíblia, não tenho dúvidas.

 

A líder do grupo e o padre que as acompanhava chegaram mesmo a ser presos. Pergunto eu: seria isto necessário num protesto totalmente pacífico? Que eu saiba, a entrada na Praça de São Pedro ainda não está interdita aos "filhos de Deus" (aliás, pelos magotes de gente que se junta lá diariamente eu diria que são todos bem-vindos... ou estou enganada?).

Alguém avisa estes senhores que o tempo da inquisição já passou à história?

Sem querer ofender ninguém, eu percebo que os cartazes com frases simpáticas e devotas que todos os domingos são mostrados à sua santidade o Papa naquela praça agradam muito à Igreja e ficam bonitos na televisão. Mas não vejo muito bem o que de tão ofensivo tinha uma simples faixa a dizer: "Deus está a chamar as mulheres a serem padres". Ofensivo ao ponto de levar à detenção de duas pessoas que, julgo eu, além de nem sequer terem provocado distúrbios, têm direito a uma coisa tão essencial como a liberdade de expressão. Alguém avisa estes senhores que o tempo da Inquisição já passou à história?

 

"O escândalo de exigir silêncio sobre a questão da ordenação de mulheres reflete a arrogância absoluta da hierarquia (da Igreja Católica Romana) e o seu trágico fracasso em aceitar as mulheres como iguais em dignidade aos olhos de Deus". Palavras (com muita pena minha por não ter sido eu a dizê-las primeiro) de Erin Hanna, a líder do grupo que acabou detida, seguidas da apreciação do padre solidário com a causa: "Se o chamamento para ser padre é um dom e vem de Deus, como podemos, como homens, dizer que nosso chamamento de Deus é autêntico, mas o chamamento de Deus às mulheres não é?".

 

Talvez o senhor Bento XVI tenha uma resposta para isto. Ou não. Mas é por estas (hipocrisias) e por outras que a mim não me apanham na missa ao domingo.

 

 



Via A vida de saltos altos



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Terça-feira, 13.09.11

As escalas do pecado

 

Via HenriCartoon



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Quinta-feira, 28.07.11
Padre cancela casamento por falta de roupa interior

 

Noiva brasileira não usava lingerie sob o vestido. Padre recusou-se a celebrar o casamento, acusando-a de desrespeitar o altar sagrado.


Um padre brasileiro recusou-se a celebrar um casamento porque a noiva não estava a usar roupa interior. A união foi cancelada perante 230 convidados que, estupefactos, ouviram o sermão do pároco sobre "o respeito pelo altar sagrado".

 

O episódio ocorreu em Maceió, Alagoas, Brasil e foi desencadeado pelo enorme decote nas costas do vestido que a noiva envergava. Esse facto desagradou de imediato o padre Jonas Mourinho, de 68 anos, que chamou a noiva à atenção quando esta chegou ao altar.

 

Desconfiado, o padre encaminhou a nubente, de 25 anos, para a uma sala da sacristia, onde solicitou a uma 'ministra' daquele espaço para confirmar se a jovem tinha roupa interior vestida.

"Depilação púbica incentiva pedofilia"

As suspeitas do padre confirmaram-se, sendo que a jovem não usava nem sutiã... nem cuecas. E a revelação na 'ministra' foi ainda mais longe, ao acrescentar no seu relato que a noiva tinha os pelos púbicos totalmente depilados.

 

Aqui, o padre alegou ser este um incentivo à pedofilia: "Os pelos púbicos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto, retirá-los seria incentivar os pedófilos à prática sexual".

 

O religioso cancelou o casamento e informou os pais dos noivos e, posteriormente, os convidados de que "a noiva não respeitava o altar sagrado".

 

Indignada, a noiva acusou o padre de ser "um pervertido, que ao invés de querer celebrar o casamento estava a pensar em taradices" com ela.

Depois deste episódio, o padre Jonas deixou dois avisos afixados na apostila do curso de noivas: "noiva sem calcinha é satanás na cabecinha" e "vagina careca é o diabo na boneca".

 

Via Expresso



publicado por olhar para o mundo às 23:40 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 08.03.11

 

Via Portal Ateu



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