As autoridades locais já tinham aconselhado Lady Gaga a cancelar o concerto, quase esgotado, mas a norte-americana manteve agendado o espectáculo da digressão “Born This Way Ball”. Esta terça-feira a polícia garantiu à imprensa: “O concerto não vai acontecer.”
O cancelamento é, segundo a polícia, a única forma de evitar um confronto entre os grupos islamitas e os fãs de Lady Gaga. Para estes grupos que se insurgiram contra o concerto, além de adorar o diabo, Lady Gaga veste-se de forma provocadora e obscena e tem um comportamento inapropriado, que vai contra os valores islâmicos.
Já no fim-de-semana, a Frente de Defensores do Islão (FPI, na sigla original) tinha garantido que se o concerto continuasse marcado iria juntar cerca de 30 mil pessoas para que se manifestassem contra, interceptando a cantora ainda no aeroporto.
“Vamos impedir que ponha os pés na nossa terra. É melhor que ela não se atreva a espalhar a sua fé satânica neste país”, disse à AFP o presidente da FPI em Jacarta, Salim Alatas, considerando que Lady Gaga é uma influência perigosa para a juventude indonésia. “O seu estilo é vulgar, as roupas são sexuais e indecentes, vão destruir o sentido de moralidade das nossas crianças.”
A Indonésia, com mais de 240 milhões de habitantes, é o país com mais muçulmanos no mundo.
Para o Conselho Indónesia das Igrejas (PGI), uma organização cristã, o cancelamento do concerto é um atentado à liberdade de expressão. “As figuras religiosas é que têm o dever de guiar as pessoas a ter uma mente limpa e a manterem-se firmes contra as tentações pornográficas”, disse ao Jakarta Globe Gomar Gultom, secretário geral do PGI, explicando que essa função não compete nem à polícia nem aos artistas, como estão a fazer.
Também os defensores dos direitos homossexuais na Indonésia têm saído em defesa da cantora, que tem uma grande legião de fãs naquele país. “A Lady Gaga não é um ser humano normal. Ela usa a sua popularidade para defender os grupos minoritários, em especial os gays e as lésbicas”, defendeu Hartoyo, que luta pelos direitos homossexuais na Indonésia.
Esta não é a primeira vez que Lady Gaga é censurada pelas suas músicas e pela sua postura. Ainda no passado, a cantora era a artista mais censurada na China, com seis músicas suas (“The Edge of Glory”, “Hair”, “Marry the Night”, “Americano”, “Judas” e “Bloody Mary”) eliminadas do país pelo Ministério da Cultura chinês.
Lady Gaga enfrenta ainda um boicote nas Filipinas, considerado o maior país católico da Ásia. A cantora tem um concerto agendado para o dia 21 de Maio mas uma organização juvenil católica defendeu que o espectáculo é uma ameaça aos valores morais do país.
A digressão de Lady Gaga no continente asiático começou no mês passado e a maior parte dos concertos tem esgotado. Na Coreia do Sul, os concertos tiveram de ser limitados a maiores de 18 anos, depois de os conservadores terem também levantado algumas objecções.
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