Sexta-feira, 22.06.12

Já há ebooks portugueses à venda nas lojas Apple, Barnes & Noble e Amazon. Mas os dois grandes grupos editoriais do país, Leya e Porto Editora, têm estratégias diferentes quanto ao digital. E que futuro face ao Brasil, o gigante que também fala a nossa língua?

 

Os apreciadores de bibliotecas digitais e de ebooks já podem ler em português. Também cá, as novidades editoriais deixaram de ser produzidas apenas para o papel: os livros começam agora a chegar ao mesmo tempo às livrarias e às lojas online, onde os consumidores podem adquiri-los em versão digital, mais barata. O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro (Dom Quixote), é um bom exemplo: o romance está à venda, na sua versão impressa, nas livrarias portuguesas, e está também disponível, mais barato, em formato digital através da livraria Leyaonline (a antiga Mediabooks), das aplicações da Leya (para iPad, iPhone, iPod Touch e Android), da livraria onlinenorte-americana Barnes & Noble e ainda da loja da Apple, a iBooks. Em breve, este e outros livros da Leya vão estar à venda na Google ebooks e na Amazon para compradores da Europa.

Há um ano, esta diversidade não acontecia. Mas agora o grupo Leya está a converter parte do seu catálogo para o formato digital e a integrar as novidades. "Temos visto esta aposta sempre do ponto de vista da visibilidade que podemos dar aos nossos autores, nomeadamente além fronteiras, mas o que é certo é que o número de downloads já começa a ser significativo", afirma o director de marketing de edições gerais deste grupo editorial, Pedro Sobral. "2011 terminou com um número de downloads bastante acima do previsto quer na Leyaonline, quer no site que se dirige essencialmente a quem tem sistemas Android. Na iBooks, da Apple, temos livros à venda desde Novembro. Começaram agora a aparecer nos tops. No ano passado estivemos mais concentrados a resolver as questões operacionais (carregamento de ebooks, metabases, etc) e só em Janeiro começamos a trabalhar na visibilidade dos livros".

Há cerca de um mês, os ebooks de José Saramago em português estiveram em destaque. Quem visitava a iBooks via um anúncio com a frase "Saramago ebooks in portuguese" e a imagem das novas capas. "Isso fez com que os livros vendessem muito. Também fizemos uma campanha com os livros policiais do sueco Stieg Larsson", conta Pedro Sobral.

Apesar deste balanço positivo, a Leya não divulga números concretos de vendas e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros também não os tem. Mas quando consultámos o top dos livros mais vendidos na iBooks portuguesa, aparecia em primeiro lugar o romance que recebeu o Prémio Leya 2011, cujo ebook pode ali ser descarregado por 9,99€ (13,30€ é o preço do editor para a versão impressa). No segundo lugar, um romance mais antigo, Onze Minutos, do brasileiro Paulo Coelho, numa edição brasileira da Sant Jordi Associados (4,99€). A seguir vinha The Lion King, livro em língua inglesa editado pela Disney (1,49€). Também no top da loja Leyaonline oebook mais vendido é o romance de João Ricardo Pedro. Só que lá, em formato ePub, o livro está mais barato (8,99€), e é seguido do mais recente romance de Mia Couto, A Confissão da Leoa (11,99€) e de Os Da Minha Rua, de Ondjaki (5,99€).

No final do ano passado, a Leya fez também um acordo com a cadeia de livrarias norte-americana Barnes & Noble, que comercializa oereader Nook e permite, através de aplicações, que os seus livros sejam lidos em computadores PC e Mac, no iPhone, no iPad e no sistema Android. Por isso, O Teu Rosto Será o Último está à venda nesta loja online, em versão Nook Book, por 13,18 dólares. Como o processo de integração de informação de dados na livraria norte-americana foi mais complexo, só há pouco é que o catálogo da Leya - incluindo as suas edições portuguesas e as brasileiras - ficou disponível. "Tem sido uma surpresa muito agradável. É uma venda muito focada nos EUA, onde o Nook tem uma taxa de penetração alta. Fora dos EUA a venda não é muito relevante. Mas a nossa presença na Barnes & Noble está relacionada [com a possibilidade] de distribuir livros electrónicos para as comunidades portuguesas e para quem nos EUA queira ler livros em português", explica Pedro Sobral.

Já há bastante tempo que a Leya tem um programa de parceria com a Google Books (quando se faz uma pesquisa podem consultar-se excertos de alguns PDF de livros publicados pelo grupo português e brasileiro). Neste momento, está em processo de integração de dados para que a Google ebooks possa vender e distribuir os livros electrónicos Leya através das suas lojas. O passo seguinte será chegar a acordo com a Amazon - e não deve tardar.

A Leya está entre as editoras já contactadas pela Amazon Espanha, que quer ter livros portugueses à venda. Ao que se sabe, não haverá uma loja Amazon portuguesa, tal como vai haver uma loja Amazon brasileira. "Temos vindo a falar com a Amazon muito tranquilamente, quer a Leya Portugal, quer a Leya Brasil", revela Pedro Sobral. "Para nós a questão essencial é que os nossos parceiros e distribuidores tenham as mesmas condições. Isso é sine qua non", acrescenta. Apesar disso, em breve a Leya terá os seus ebooks na versão Kindle à venda na Amazon, acessíveis a compradores europeus.

Um mercado fechado

Quem já tem os seus dicionários à venda na Amazon é o grupo Porto Editora. Para os dispositivos Kindle, estão disponíveis desde Maio os dicionários bilingues de Português-Inglês, Inglês-Português e Português-Francês e Francês-Português. Custam 12,64 dólares cada.

Na App Store, da Apple, o grupo tem desde o ano passado disponível a Diciopédia mobile e o Dicionário da Língua Portuguesa (que são gratuitos) e ainda dicionários bilingues pagos. Entretanto desenvolveu uma aplicação específica para dispositivos com sistema Android e para o Windows Phone 7.

Embora, tal como a Leya, a Porto Editora não divulgue números de vendas, desde Janeiro de 2011 até agora registou 1,3 milhões dedownloads de conteúdos mobile. Embora os registos provenham de cerca de 80 países, mais de 70% dessas descargas foram feitas no Brasil, com destaque para a aplicação do Dicionário de Língua Portuguesa.

O projecto Os Miúdos, uma série de histórias infantis com personagens do site Sítio dos Miúdos, está também à venda na App Store (2,99€ cada aplicação). Estas histórias animadas podem ser lidas no iPad e ouvidas em inglês, espanhol, português de Portugal e português do Brasil.

Até aqui os editores compravam o papel e imprimiam os livros onde lhes apetecia. A seguir, tentavam vendê-los onde quer que fosse: livrarias, hipermercados, correios, bombas de gasolina. Nesta era do digital, os editores passaram a estar dependentes das empresas que têm a tecnologia e são também distribuidoras. São obrigados a fazer os seus livros electrónicos num determinado formato e a vendê-los unicamente na loja de determinada empresa: formato exclusivo Kindle para a Amazon, sistema operativo iOS exclusivo para Apple na App Store, formato exclusivo para Nook na Barnes & Noble, etc. Em alguns países (Espanha, França, Brasil), os editores têm tentado juntar-se para melhor protegerem os seus interesses e evitar que seja a venda de hardware a impor as regras no mercado do livro.

"Este é um mercado específico, por isso é que há uma lei do preço fixo do livro em muitos países e não há um preço fixo da gasolina ou das batatas. O livro, todos sabemos, é um bem cultural insubstituível, pelo que ao longo das últimas décadas tem tido um tratamento específico, tanto a nível legislativo como a nível de políticas", defende Vasco Teixeira, administrador e director editorial do Grupo Porto Editora.

"Obviamente, isto não agrada a estes novos agentes do sector. Para eles este é um mercado como qualquer outro. Nenhum vem da área do livro e querem é tratar as coisas caso a caso, porque não lhes interessa que os editores tenham uma frente unida. Mas se este mercado for tratado como qualquer outro vai destruir-se culturalmente muita coisa", acredita o administrador, para quem em Portugal ainda se está no início dos inícios: "Nem sequer começámos a volta de aquecimento."

É por isso que, antes de avançar mais, a Porto Editora está a tentar encontrar soluções tecnológicas mais amigáveis para os utilizadores. O grupo considera que não faz sentido que um editor tenha de fazer um livro técnico ou ilustrado para a Apple, outro para a Amazon e ainda outro para a Barnes & Noble. "A estratégia destes players é fazer o seu mundo fechado para controlar os clientes e contrariar o negócio. A estratégia do editor, na minha opinião, não pode ser fazer o jogo deste mundo fechado. Eu quero um livro que funcione bem em todos os tamanhos de aparelhos e em todos os aparelhos. Com isso estou a aproximar-me daquilo que deve ser a vontade do público".

No ambiente digital, não é fácil para um consumidor, quando faz um download, distinguir se se trata de um livro de dez páginas ou de mil. No mundo físico é fácil, porque na livraria se percebe logo porque é que um livrinho de piadas, a preto e branco, está marcado a dois euros e um livro encadernado e com óptimas fotografias da Phaidon é vendido por 150.

"A Amazon tem uma estratégia de preços própria que é a de tentar vender livros o mais baixo possível. É óbvio que isso vai degradar o valor do sector e o valor dos livros. Se o público aderir a essa compra de livros ao desbarato, os livros verdadeiramente mais difíceis de fazer, mais extensos, cujas traduções custam mais dinheiro, que o autor demorou mais tempo a escrever, ou não têm rendimento nenhum ou [se forem vendidos mais caros] vão ter poucas vendas", lamenta Vasco Teixeira.

O problema do IVA

Se formos espreitar na Wook, a livraria online do grupo Porto Editora, o top dos livros mais vendidos é toda uma outra história. Em primeiro lugar está A Mentira Sagrada, de Luís Miguel Rocha, edição Porto Editora (14,50€). Em segundo lugar aparece E-learning e E-conteúdos, de Jorge Reis Lima e Zélia Capitão, pelas Edições Centro Atlântico, 13,99€); em terceiro, Por Trás do Silêncio, de Heather Gudenkauf, também Porto Editora (13,50€).

Embora a Wook já esteja a vender os ebooks da Porto Editora, ainda não se encontra lá todo o catálogo deste grupo editorial. "Estamos a trabalhar com alguma cautela. Achamos que é demasiado cedo e que há poucos consumidores com aparelhos para consumir estes livros", afirma o administrador. Lembra ainda que há problemas legais "graves", como a questão do IVA, que "estão a atrofiar o mercado digital português": "Temos a certeza que, mais cedo ou mais tarde, isto se vai resolver, mas o mercado só se desenvolverá quando isso acontecer."

Já no ano passado, durante o Congresso do Livro na Praia da Vitoria, Açores, o administrador-delegado da Leya, Isaías Gomes Teixeira, alertara para a necessidade de haver mudanças na lei e para a urgência de se tomarem decisões por causa da concorrência num mundo globalizado. Em Portugal, o IVA aplicado aos livros electrónicos corresponde à taxa máxima de 23%, enquanto o IVA aplicado ao livro impresso é muito inferior, de 6%. Para aumentar a confusão, se um editor português vender actualmente um ebook integrado num suporte físico (um CD-ROM, uma pen, etc), já lhe é aplicado o IVA à taxa reduzida. É por isso que na União Europeia se discute agora o que pode ser considerado um livro electrónico.

"A questão do IVA é muito relevante. Por hipótese: se eu vender um ebook da Porto Editora a um site francês ou luxemburguês, ou mesmo à Apple, eles podem comercializá-lo a um leitor português cobrando 3% de IVA. Se eu vender o mesmo livro directamente através do meusite ou de um retalhista português, tenho de cobrar 23% de IVA. Neste momento há concorrência desleal e desequilíbrio entre os vários países", critica Vasco Teixeira.

A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) tem apoiado os esforços da Federação Europeia de Editores (FED) no sentido de obter a alteração das leis europeias nesta matéria, aproveitando a abertura manifestada pela Comissão Europeia e a deliberação do Parlamento Europeu a favor da aplicação do mesmo IVA a todos os tipos de livros. Tem também defendido esta mesma posição junto das autoridades portuguesas e o Ípsilon sabe que a Secretaria de Estado da Cultura está a trabalhar numa solução para o problema.

"Não podemos dizer que haja desequilíbrio entre Portugal e os restantes países europeus integrados na União Europeia, porque, à excepção da França e do Luxemburgo, que legislaram em contradição com as normas comunitárias, todos os restantes países cumprem a aplicação da taxa normal de IVA no download ou no acesso online a livros electrónicos", explica Henrique Mota, editor e presidente do Conselho Técnico para a Internacionalização da APEL.

O processo negocial está a decorrer e há a expectativa de que vai ser possível encontrar um entendimento entre todos os editores europeus até 2015. "A questão mais controvertida neste momento é a definição de livro, de modo a que esta alteração fiscal não venha a ser usada indevidamente. A FEP tem em mãos este processo de consensualização do conceito de livro entre os vários stakeholders (de todos os países), físicos ou electrónicos, e deve alcançar um consenso antes do final do ano", continua Henrique Mota, admitindo que na próxima Assembleia Geral da Federação Europeia de Editores, a decorrer no Estoril de 28 a 29 deste mês, possa haver alguma evolução importante. É provável, quanto ao IVA, que a União Europeia venha a impor um princípio de territorialidade: um livro digital vendido no Brasil deverá reflectir o IVA à taxa aplicável no país para onde esse livro for enviado. O que significa que, mesmo que um leitor português compre um livro num país em que o IVA seja inferior ao que lhe é cobrado em Portugal, no final a disparidade fiscal não lhe renderá qualquer poupança.

Para o Brasil, e em força

Mas há outra questão que não é linear no ambiente digital. "O direito de autor sempre esteve ligado ao território: à execução física dos livros, à tradução e adaptação à realidade do país, mas também ao próprio circuito comercial e à distribuição locais. Com o digital perdem-se estas fronteiras, mas os direitos de autor e os contratos ainda são territoriais. Não se pode transformar o mercado numa selva. Não posso comprar um livro, traduzi-lo para português e eventualmente para espanhol e pô-lo à venda para todo o mundo. É uma questão complexa", afirma Vasco Teixeira. No congresso dos Açores, Isaías Gomes Teixeira já admitia que no futuro teria de decidir se a livrariaonline do seu grupo, a Leyaonline continuaria a ser portuguesa ou passaria a ser uma empresa brasileira, já que a Leya opera nos dois países.

O Brasil é um gigante que também fala português. O mercado digital brasileiro é infinitamente mais apetecível do que o nosso. Mas por lá, por causa da burocracia, tudo está atrasado. A Amazon queria ter começado a operar no Brasil em Abril, mas não conseguiu; agora fala-se em Setembro. A empresa norte-americana poderá abrir a sua loja online em português do Brasil antes de chegar a época das vendas de Natal. Já contratou um executivo brasileiro, Mauro Widman, que era responsável pelos livros digitais na Livraria Cultura e está agora negociar com os editores brasileiros. Ao que se sabe as negociações com a Amazon não têm sido fáceis por causa dos termos dos contratos impostos pela empresa norte-americana.

Também a Google contratou no Brasil uma pessoa para negociar com as editoras: Newton Neto. Mas a empresa norte-americana adiou a abertura da loja Google Play no Brasil. O que estará a atrasar o processo é implantação do sistema de pagamento.

Por causa disso, a primeira loja de ebooks da Google num país que não é de língua inglesa acabou por abrir em Itália, país europeu que já tem desde Dezembro uma loja Kindle (da Amazon) e uma iBookstore (da Apple) desde Outubro.

Em Abril do ano passado, a Kobo, outra das empresas importantes no sector dos ebooks, disse que também ia apostar em Itália e lançar uma loja naquele país. Há semanas a Kobo anunciou oficialmente que está a montar uma operação no Brasil.

Ricardo Costa, editor da PublishNews brasileira, acredita que a Amazon e a Kobo vão iniciar as suas operações no Brasil ainda este ano. "Na verdade a Kobo tem uma vantagem sobre a Amazon: a parte financeira, administrativa e burocrática está bem resolvida porque a empresa japonesa que comprou a Kobo, a Rakuten, já tem operação de e-commerce no Brasil - é aliás a maior plataforma de vendasonline e fornece para várias empresas no Brasil. A Kobo precisa contratar um executivo e começar a conseguir conteúdo. E acho que pode conseguir isso mais rápido do que os ‘gigantes' Amazon e Google, porque me parece uma empresa bem mais flexível", explica ao ípsilon o jornalista e especialista em mercado digital por email.

Num mercado cada vez mais globalizado e em época de acordo ortográfico já aconteceu editores portugueses quererem comprar os direitos digitais de determinado livro estrangeiro e ser-lhes dito que já não o podiam fazer pois os direitos para língua portuguesa já tinham sido vendidos para o Brasil.

Numa entrevista que deu recentemente ao Estado de S. Paulo, o editor brasileiro Sérgio Machado, do grupo Record, defendia que a salvação para esta guerra pode passar pela aposta nos autores nacionais: "Nesse ambiente do ebook, o que vai fazer a diferença, na hora que a gente estiver na última batalha mortal com a Amazon, é o catálogo nacional. Claro que é confortável e prático comprar num leilão um autor feito no exterior. Mas você tem que realmente construir e trabalhar com o autor nacional. Dá resultado."

 

Noticia do Ipsilon



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Domingo, 17.06.12
Prosa inédita de Álvaro de Campos publicada na próxima segunda-feira

A prosa completa de Álvaro de Campos, alguma da qual até agora inédita, foi pela primeira vez reunida em livro e chega às livrarias na próxima segunda-feira, numa edição da Ática, disse à Lusa fonte do grupo Babel.

 

São mais de 40 textos inéditos de Álvaro de Campos, «talvez o mais popular heterónimo de Fernando Pessoa», como escreveu no prefácio da obra o coordenador da nova série de Obras de Fernando Pessoa, Jerónimo Pizarro, que assina com Antonio Cardiello a edição deste volume, com a colaboração de outro investigador pessoano, Jorge Uribe.

 

Para o investigador, a publicação, pela primeira vez, da prosa completa de Álvaro de Campos é «um acontecimento editorial tão relevante quanto a primeira publicação de 'O Livro do Desasocego', há exactamente 30 anos».

 

E porquê? Porque «Campos foi a personagem mais activa, interventiva e penetrante criada por Pessoa e a única que deixou uma prosa de uma dimensão idêntica à que se encontra no 'Livro do Desasocego' [conforme o título original, publicado em 1982]», explica o professor da cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Universidade dos Andes, em Bogotá, Colômbia.

 

«Afinal - prossegue -, a prosa tardia de Campos é contemporânea da prosa tardia do 'Livro' e ambas foram escritas pelo mesmo autor quando este havia já atingido um raro domínio da sua arte. Para mais, foi o próprio Pessoa quem afirmou que o seu semi-heterónimo Bernardo Soares se assemelhava em 'muitas coisas' ao seu heterónimo Álvaro de Campos».

 

O que esta obra demonstra é que Álvaro de Campos - apesar de mais conhecido como «o 'dandy' de estirpe maldita que escreveu alguns dos grandes poemas metafísicos das literatura portuguesa, retratando-se como um vencido, como um falhado, como um marginalizado, como 'um cão tolerado pela gerência'» - foi também um prosador, embora esse facto tenha sido «algo negligenciado, até pelo próprio Pessoa», observa Jerónimo Pizarro.

 

Segundo o investigador, «Campos, o prosador, é fundamentalmente um escritor contemporâneo de [Barão de] Teive e [Bernardo] Soares, que são as outras duas máscaras sob as quais Pessoa escreveu alguma da melhor prosa portuguesa do século XX».

 

Além da publicação dos inéditos do engenheiro naval nascido em Tavira, em 1890, este volume apresenta uma reorganização da sua prosa e uma nova leitura de textos anteriormente publicados, com destaque para uma nova proposta de edição das 'Notas para a recordação do meu mestre Caeiro', considerado «o projecto literário mais elaborado, extenso e de maior importância de toda a prosa de Campos».

 

Destaca-se também o texto 26 [Definições], em que Pessoa descreve, através de curtas definições, autores célebres, como Mallarmé, Rousseau, Goethe, Shakespeare, Milton, Montaigne, Homero, Nietzsche e Camões, a que se junta a reprodução de duas folhas manuscritas pelo autor.

 

Eis alguns exemplos: 'Rousseau: Ça m'est inégal', «Shakespeare: Tudo, exceto o todo', 'Milton: A cada anjo a sua queda' e «Homero: Então, Júpiter poz-se de pé'.

 

A obra inclui igualmente uma nova leitura e organização da entrevista concedida por Campos, «atendendo, primeiramente, a que este género serviu a caracterização de Pessoa e seus heterónimos enquanto autores, já que Pessoa, Caeiro e Campos deixaram entrevistas que eles próprios forjaram, com ou sem o concurso de outras pessoas reais ou sonhadas», indica Jerónimo Pizarro.

 

No mesmo dia em que chega às livrarias, segunda-feira, a obra será lançada às 18h30, no espaço Fabrico Infinito, no Príncipe Real, em Lisboa, com apresentação do escritor e professor universitário Onésimo Teotónio Almeida.

 

Noticia do Sol


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Segunda-feira, 21.05.12
Capa do livro

 

O Brasileiro Dalton Trevisan foi distinguido com o Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa. O prémio foi anunciado esta segunda-feira em Lisboa pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.

Tal como tem sido habitual ao longo dos anos na conferência de imprensa o júri leu a acta da reunião, apresentando as razões justificativas da escolha do premiado: "Dalton Trevisan significa uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra. Tanto nas suas incessantes experimentações com a língua portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma, quanto na sua dedicação ao fazer literário sem concessões às distracções da vida pessoal e social”. A escolha de Dalton Trevisan, um dos mais importantes e premiados escritores brasileiros, foi unânime. 

O autor de “O Vampiro de Curitiba” (que passou a ser a sua alcunha) é "um dos maiores escritores brasileiros da actualidade", considerado "o maior contista moderno do Brasil" distingue-se pela originalidade das histórias que escreve e pelo mistério que criou à volta da sua vida pessoal.Não gosta de dar entrevistas nem de ser fotografado e não é visto nas ruas. Por isso o júri do prémio não conseguiu ainda contactar o autor, está a tentar fazê-lo. 

Ao PÚBLICO, no Rio de Janeiro, Gabriela Máximo, da Record, a editora de Trevisan disse: "Me ligaram da Biblioteca Nacional [brasileira] agora para dizer que ainda não anunciaram o prémio porque queriam falar com o Dalton primeiro e queriam saber como. Estamos tentando falar com ele para lhe dizer. Ele não fala nem connosco. Só responde por fax e às vezes liga para a gente para alguma coisa muito prática. Envia os originais em papel." 

Quanto à hipótese de Dalton Trevisan não aparecer para receber o prémio por causa da sua reclusão, Francisco José Viegas afirmou que o júri é autónomo em relação a isso. "Esta é uma decisão do júri que decidiu isto independentemente de qualquer impossibilidade que se manifeste de seguida. Esta decisão é uma decisão de natureza literária e de natureza cultural e não tem a ver com esses imponderáveis. Tratou-se de uma escolha livre e independente, uma escolha a montante dessas questões.”

Nesta 24ª edição do Prémio Camões foi constituído por Rosa Martelo, professora associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Abel Barros Baptista, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; a poeta angolana Ana Paula Tavares; o historiador e escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho; Alcir Pécora, professor da Universidade de Campinas, Brasil, e o crítico, ensaísta e escritor brasileiro Silviano Santiago.

“A discussão começou em aberto com os diversos participantes fazendo as suas indicações e em seguida houve um debate entre os participantes, em torno dos nomes sugeridos. Esse debate foi produtivo e do meu ponto de vista, enriquecedor. Depois de duas horas, chegámos à unanimidade”, explicou Silviano Santiago. 

“Não há dúvida que Dalton Trevisan é uma pessoa muito secreta. Ele não têm aliás, ele lembra um pouco, para facilitar pessoas que não o conheçam o escritor norte-americano J.D. Salinger (1919-2010). Mas quando lhe foi- atribuído o Prémio PT ele aceitou” , acrescentou.

Dalton Trevisan, que nasceu em 1925 em Curitiba, é licenciado em direito e foi depois de ter sido jornalista policial e crítico de cinema, que se dedicou à literatura.. Começou a publicar em 1945, apesar de mais tarde ter renegado os seus dois livros de juventude: "Sonata sempre ao Luar" e "Sete anos de Pastor". Entre 1946 e 1948, editou a revista "Joaquim", "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil", por onde passaram os maiores nomes da cultura brasileira.

Em 1959, lançou "Novelas Nada Exemplares" e recebeu o Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. "Cemitério de Elefantes” (Prémio Jabuti e Prémio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores) foi uma das primeiras obras do escritor editadas em Portugal, pela Relógio d’Água, em 1984. DEstaca-se também "Noites de Amor em Granada" e "Morte na Praça" (Prémio Luís Cláudio de Sousa, do PEN Club do Brasil). "Guerra Conjugal" , um dos seus livros, foi transformado em filme em 1975. Só publicou até agora um romance: "A Polaquinha". Em 1996, recebeu o Prémio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto da sua obra. E em 2003, dividiu com Bernardo Carvalho o Prémio Portugal Telecom de Literatura com o livro "Pico na Veia". Recentemente no Brasil publicou "O anão e a ninfeta", na editora Record, e "99 corruíras nanicas" e "O grande delforador", na L&PM. O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa, no valor de cem mil euros. Com a sua atribuição é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa. 

Miguel Torga foi o primeiro escritor a ser distinguido com o prémio em 1989 e desde então já foram premiados João Cabral de Melo Neto, José Craveirinha, Vergílio Ferreira, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Saramago, Eduardo Lourenço, Pepetela, Antonio Candido, Sophia de Mello Breyner Andresen, Autran Dourado, Eugénio de Andrade, Maria Velho da Costa, Rubem Fonseca, Agustina Bessa-Luís, Lygia Fagundes Telles,Luandino Vieira, António Lobo Antunes, João Ubaldo Ribeiro, Arménio Vieira e Ferreira Gullar.

O escritor português Manuel António Pina foi o premiado na edição do ano passado. 

 

Retirado do Público



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Sábado, 17.03.12

Internet: Setor livreiro português enfrenta os desafios do digital

São cada vez mais os escritores que apostam na Internet como meio de divulgação dos seus livros.

Enquanto editores e livreiros lamentam os danos económicos da pirataria, há um mercado a redesenhar-se. Para o diretor do Projeto Gutenberg em Portugal e para a escritora Patrícia Reis, o digital é já "uma inevitabilidade".

 

A cópia ilegal de livros técnicos e literários causa 60 milhões de euros de prejuízo por ano ao setor livreiro português. O dado é de um estudo encomendado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE) sobre o impacto económico da pirataria no setor. "Tínhamos uma previsão inicial de cerca de 40 milhões de euros de danos económicos, mas esse valor já foi atualizado e é um dos primeiros dados deste estudo", disse, à Agência Lusa, Miguel Freitas da Costa, secretário-geral da APEL.

Pirataria: uma inevitabilidade?

 

A discussão sobre a pirataria e os seus prejuízos tem origens remotas. Ricardo F. Diogo, diretor de Produção para a Língua Portuguesa do Projeto Gutenberg, olha para o conceito em sentido lato. "A pirataria sempre existiu. Já desde as Descobertas, pelo menos, que existem piratas", pelo que, relembra, o conceito não começou com a Internet.

 

Aliás, a Internet pode ser a alternativa do mercado livreiro para fazer face à crise. "Os piratas informáticos só atuam ilegalmente se os editores não encontrarem estratégias alternativas apelativas, atraentes e inovadoras para promover ainda mais as obras dos seus autores", defende. O advogado acredita que a Web, se for bem aproveitada, traz aos autores um sem número de possibilidades.

 

Uma das escritoras que utiliza a Internet para promover e distribuir as suas obras é Patrícia Reis. A antiga jornalista, em dezembro de 2011, apostou na web para lançar "A Nossa Separação", livro que disponibilizou em ebook de forma gratuita.

 

Mesmo assim, a escritora é contra a pirataria, potenciada pela crise, mas entende a sua existência. "Sou completamente contra a pirataria, mas também sou completamente contra os livros custarem 30 euros", confessa. "O livro existe porque o autor o escreve. É o produto principal e, depois, há uma cadeia de intermediários, que vão do editor aos distribuidores e ao próprio livreiro, que vão encaixando sucessivas fatias do bolo que é o livro. O autor é sempre o último a ganhar, quando ganha", explica. Apesar de tudo, diz, há sempre alternativas, ainda que nem sempre constituam o caminho mais fácil.

 

Mercado livreiro redesenha-se

 

A Web vem redefinir as necessidades daqueles que querem vingar no mundo dos livros, diz Ricardo. Para o diretor do Projeto Gutenberg em Portugal, é agora muito mais fácil vender obras, pois quem escreve já não precisa de intermediários.

 

Assiste-se, também, a um redesenhar do mercado livreiro. Tal como a televisão ocupou o lugar do aparelho de rádio na sala de jantar, Ricardo acredita que a Internet e os "tablets" vêm retirar muitos livros das prateleiras. "O digital é uma inevitabilidade. É o futuro. Sobre isso eu não tenho qualquer dúvida", concorda Patrícia Reis.

 

Apesar disso, a escritora não acredita no fim do livro impresso. "Haverá sempre o 'maluco' do livro, o 'maluco' do disco...aqueles que querem mesmo ter um livro em suporte de papel", acredita. Já a profissão, essa também não muda com a "supremacia" do digital. "Seja em papel, seja em digital, com dois empregos, com três ou sem emprego nenhum, nós vamos sempre contar histórias", finaliza.

 

Via JPN



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Segunda-feira, 23.01.12

Dickens: bicentenário do nascimento de uma obra

 

Charles John Huffam Dickens é considerado um dos mais populares romancistas britânicos da época Vitoriana e o Reino Unido comemora este ano os 200 anos do seu nascimento. No site http://www.dickens2012.org/ poderá aceder a uma panóplia de eventos que se encaixam nesta celebração, tanto no Reino Unido como no resto do mundo. Eventos literários, mas também cinematográficos, teatrais e exposições farão as delícias dos fãs de Dickens um pouco por toda a parte, mas em especial na Inglaterra.

 

Mas se Charles Dickens nos deixou um legado literário onde se incluem clássicos títulos como "Oliver Twist", ou "A Christmas Carol", não é menos verdade que a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa foi a sua maior façanha. Um homem que vivia no seu tempo, Dickens atravessou um importante período na história britânica que acompanhou a passagem de uma Inglaterra industrializada para uma era de puro capitalismo, com a expansão do império Britânico e um progresso social e político na esfera da vida inglesa.

 

É neste contexto que a literatura de Dickens encontra um terreno fértil, juntamente com a ascensão da burguesia e o declínio operário, para a proliferação de personagens trágico-cómicas altamente complexas e que se tornaram memoráveis na literatura e na sociedade inglesa.

 

Tendo como principal público a população anglófona (na altura a mais alfabetizada do mundo) Dickens consegue o equilíbrio perfeito entre a crítica social, abordando temas polémicos como o trabalho e o abandono infantil, mas manter-se - ao mesmo tempo - à parte de uma conotação comunista ou mesmo revolucionária, conseguindo usufruir do lado excitante da vida.

 

Amante da globalização e da circulação de bens e serviços aponta, contraditoriamente, a acumulação de bens como um dos malefícios do capitalismo empurrando personagens para vidas arruinadas pela expectativa de um conforto materialista, especialmente na ausência de um conforto emocional.

 

Dickens morreu a 8 de Junho de 1820 de ataque cardíaco e deixou um extenso legado de extraordinárias histórias onde se contam uma vintena de romances.

 

A vida e as obras de Charles Dickens são tão fascinantes, e tão extensas, que o seu resumo seria impossível neste texto. Deixo-vos o convite a visitar Londres no próximo mês e a assistir de perto às comemorações do bicentenário do nascimento de Dickens. Em alternativa, numa forma low cost mas não menos atrativa, a revisitar a obra literária que vos fará certamente viajar por personagens perfeitas e imperfeitas, mas sempre complexas e profundas como o resto da humanidade.


Via Expresso



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Sábado, 17.12.11

O filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço foi hoje distinguido com o Prémio Pessoa que desde 1987 premeia figuras com um papel relevante no ano anterior nas áreas da cultura e da ciência

 

O anúncio foi feito, como habitualmente, no Palácio de Seteais em Sintra por Francisco Pinto Balsemão, que preside ao júri também constituído por Fernando Faria de Oliveira (Vice-Presidente), António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga e Rui Magalhães Baião.

 

"Num momento crítico da História e da sociedade portuguesa, torna-se imperioso e urgente prestar reconhecimento ao exemplo de uma personalidade intelectual, cultural, ética e cívica que marcou o século XX português", escreveu o júri em comunicado sobre a escolha de Eduardo Lourenço, homenageando "a generosidade e a modéstia desta sabedoria, que tendo deixado uma marca universal nos Estudos Portugueses e nos Estudos Pessoanos, nunca desdenhou a heteredoxia nem as grandes questões do nosso tempo e da nossa identidade".

 

Para o júri, do qual Eduardo Lourenço foi membro até 1993, este prémio pretende prestigiar o filósofo e a sua intervenção na sociedade, "ao longo de décadas de dedicação, labor e curiosidade intelectual, que o levaram à constituição de uma obra filosófica, ensaística e literária sem paralelo".

 

"Não há dúvida que o nosso premiado é uma referência e o nosso país precisa de referências", disse Pinto Balsemão na entrega do prémio a Eduardo Lourenço.

 

Também Mário Soares destacou a importância deste prémio nos dias de hoje. "Num momento como este é particularmente importante dar o prémio a Eduardo Lourenço porque para além de tudo é um homem que acredita em Portugal e nos portugueses", disse em Sintra.

 

Segundo o comunicado do júri, "Eduardo Lourenço é um português de que os portugueses se podem e devem orgulhar. O espírito de Eduardo Lourenço foi sempre reforçado pela sua cidadania atenta e actuante. Portugal precisa de vozes como esta. E de obras como esta".

 

O prémio, de 60 mil euros, é uma iniciativa do jornal "Expresso" (do grupo Impresa de que é presidente executivo Pinto Balsemão) e tem o patrocínio da Caixa Geral dos Depósitos.

 

Os escritores Herberto Hélder, Vasco Graça Moura, a pianista Maria Joao Pires ou o bispo D. Manuel Clemente foram alguns dos nomes premiados com o galardão que comemora este ano o 25º aniversário. A vencedora do ano passado foi a cientista Maria do Carmo Fonseca, directora executiva do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa. O júri - que diz querer ir contra "uma velha tradição nacional" de apenas reconhecer postumamente os autores de grandes obras e promover o seu reconhecimento em vida - destacou a sua "cultura de rigor".

 

Via Público



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Sábado, 03.12.11
Manoel de Oliveira: a Literatura 'é muito superior' ao Cinema
O cineasta Manoel de Oliveira afirmou hoje que a literatura é «muito superior» ao cinema e assumiu-se como um «homem de fé» num encontro com o realizador brasileiro Nelson Pereira dos Santos, em Guimarães.

O primeiro encontro entre os dois realizadores foi em Paris, em 1956, durante o 'Primeiro Encontro Internacional de cineastas'. Depois encontraram-se «algumas vezes» em Cannes, França.

 

«Foi o primeiro realizador brasileiro que conheci», esclareceu Manoel de Oliveira.

 

Hoje, voltaram a cruzar-se para uma «conversa intimista» em Guimarães, a convite da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012.

Do cinema dos «velhos tempos» ao analógico, da Fé às «coisas da vida», estes dois realizadores contaram histórias, partilharam visões do cinema.

 

Sobre o «digital», os dois cineastas, o português com 102 anos e o brasileiro com 83 anos, afirmaram-se «agradecidos» pela introdução tecnológica no cinema.

 

«Facilita a realização», valorizou Nelson Pereira dos Santos. «É o progresso e traz conforto», além de que «ajuda o negócio», apontou o português.

 

Se para o brasileiro a génese do «cinema novo» do Brasil «está na literatura, Manoel de Oliveira encara a literatura como «algo mais».

«A literatura é muito superior ao cinema. É a máxima da expressão humana», afirmou.

 

Passando da literatura até à vida contemporânea e à religião, para o realizador português «Abel e Caim estão instalados na sociedade».

«Todos querem o poder e para o terem matam tudo o que está à frente sem dó nem piedade», explanou.

 

Questionado sobre se é um «homens de fé», Nelson Pereira dos Santos afirmou «ter fé» no «ser humano».

 

O realizador português declarou que é um homem de fé: «Não tenho outro remédio».

 

Em comum ambos têm uma motivação: «O que nos leva a trabalhar nos filmes é a fé», adiantou Manoel de Oliveira, seguindo da anuência do realizador brasileiro.

 

Refugiando-se nas «partidas da memória», o cineasta português não revelou o que «anda a fazer», apenas declarando que anda «a escrever o que vai fazer».

 

«Só temo não ter vida para fazer os meus projectos», afirmou, a uma semana de completar 103 anos.

 

Via Sol



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Terça-feira, 25.10.11
Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" do escritor
Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" do escritor (Foto: Nuno Ferreira Santos)
O Último Segredo é "uma imitação requentada, superficial e maçuda", segundo Secretariado Nacional Pastoral da Cultura.

O último romance de José Rodrigues dos Santos "não é verdadeira literatura". "É uma imitação requentada, superficial e maçuda [de outras obras]", acusa o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), numa nota demolidora sobre O Último Segredo, o romance em que o jornalista da RTP se propõe, com recurso a "fontes religiosas e informações históricas e científicas", revelar "a verdadeira identidade de Jesus Cristo". 

Sem discutir a qualidade literária da obra, o SNPC não disfarça a irritação face ao "tom de intolerância desabrida" com que, no entender deste organismo da Igreja Católica, o autor pretende entrar "na história da formação da Bíblia", por um lado, e na "fiabilidade das verdades de Fé em que os católicos acreditam, por outro". 

Na nota publicada ontem no site do SNPC, José Rodrigues dos Santos é acusado de pretender "abrir com grande estrondo uma porta que há muito está aberta". Pior: "Confunde datas e factos, promete o que não tem, fala do que não sabe", lê-se ainda na nota do organismo dirigido pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça, na qual o romancista é acusado de escrever "centenas de páginas sobre um assunto tão complexo sem fazer ideia do que fala". 

Ao PÚBLICO, José Rodrigues dos Santos reagiu num único parágrafo. "O mais interessante nesta crítica é que não é contestado um único facto que apresentei em O Último Segredosobre a vida de Jesus. Há uma boa razão para isso. É que tudo o que no romance escrevi, no que diz respeito a citações biblicas ou informações históricas ou científicas, é verdadeiro - e a Igreja sabe."

Apesar de Rodrigues dos Santos ter vendido mais de um milhão de exemplares das suas obras e estar traduzido para 17 línguas, não é de esperar que em torno deste nono romance se desencadeie uma polémica semelhante à ocorrida em 1992 quando o então subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, decidiu vetar o livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago, a uma candidatura ao Prémio Literário Europeu, com a alegação de que este não representava Portugal. Mesmo assim, não é todos os dias que a Igreja Católica se põe a tecer considerandos sobre uma obra literária. Em tom tão desabrido, ainda por cima. "É impensável, por exemplo, para qualquer estudioso da Bíblia atrever-se a falar dela, como José Rodrigues dos Santos o faz, recorrendo a uma simples tradução. A quantidade de incorrecções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte." 

Em O Último Segredo, José Rodrigues dos Santos recupera a personagem do historiador e criptanalista Tomás de Noronha para a pôr "no trilho dos enigmas da Bíblia", a pretexto da investigação sobre o assassínio de uma paleógrafa na Biblioteca Vaticana. Na apresentação que do romance é feita pela Editora Gradiva, lê-se que a história se baseia em "informações genuínas" para desvendar "a chave do mais desconcertante enigma das Escrituras". Muito ao estilo de Dan Brown, portanto. E uma das coisas que está a irritar a Igreja Católica é a nota, "colocada estrategicamente à entrada do livro, a garantir que tudo é verdade", como explica ainda o SNPC. 

No documento, Rodrigues dos Santos é acusado de ter assumido para si as teses que o teólogo norte-americano Bart D. Ehrman fez constar na sua obra Misquoting Jesus. The Story Behind who Changed the Bible and Why, a qual o SNPC acusa de partir de "uma tese radical, claramente ideológica, longe de ser reconhecida credível". Comparar as duas obras é, conclui o SNPC, "tarefa com resultados tão previsíveis que chega a ser deprimente".

 

Via Público



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Quarta-feira, 12.10.11
Pedro Rosa Mendes foi a escolha unânime
Pedro Rosa Mendes foi a escolha unânime (Daniel Rocha)
O romance "Peregrinação de Enmanuel Jhesus" (Dom Quixote, 2010), do escritor e jornalista Pedro Rosa Mendes, ganhou na segunda-feira o prémio PEN Clube na categoria de narrativa. O ensaísta Luiz Fagundes Duarte, que integrou o júri, a par de Maria João Cantinho e do ficcionista Manuel de Queiroz, disse ao PÚBLICO que a escolha foi consensual e unânime. "Concorriam cerca de 50 romances, mas logo no início da reunião começou a ficar claro que o vencedor iria ser o romance de Pedro Rosa Mendes".

Considerando que se trata de "uma história muito interessante e muito bem contada", Fagundes Duarte destaca sobretudo "o trabalho de linguagem" do autor, referindo ainda o modo como este romance aborda "a expansão da cultura e língua portuguesas". 

Na categoria de poesia, o vencedor foi o poeta e dramaturgo Jaime Rocha, com "Necrophilia" (Relógio D"Água, 2010), obra escolhida por Francisco Belard, Liberto Cruz e Manuel Frias Martins. 

O júri do prémio de ensaio - constituído por Maria João Reynaud, Álvaro Manuel Machado e Fernando Cabral Martins - decidiu atribuí-lo, ex aequo, a João Barrento, pelo livro "O Género Intranquilo: Anatomia do Ensaio e do Fragmento", e a Jorge Vaz de Carvalho, autor de "Jorge de Sena: 'Sinais de Fogo' como Romance de Formação". Ambos os livros foram publicados em 2010 pela Assírio & Alvim. 

Como habitualmente, o PEN Clube atribuiu ainda um prémio destinado a consagrar a primeira obra de um autor, elegendo desta vez o romance "Rio Homem" (ASA, 2010), estreia literária do actor André Gago. O júri integrou elementos dos jurados dos restantes prémios, e ainda a escritora Teresa Salema, presidente do PEN Clube. 

Os vencedores nas três categorias principais irão receber, cada um, cinco mil euros, cabendo ao vencedor da melhor primeira obra um prémio monetário de 2500 euros. 

A cerimónia de entrega dos prémios, que terá lugar nas instalações da Sociedade Portuguesa de Autores, ainda não está marcada, mas Teresa Salema disse ao PÚBLICO esperar que ainda seja possível agendá-la para este ano. 

 

Via Público



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Quinta-feira, 06.10.11

Tomas Tranströmer
Tomas Tranströmer (Andrei Romanenko/Wikimedia Commons)

O poeta sueco Tomas Tranströmer é o Prémio Nobel da Literatura de 2011, acaba de ser anunciado em Estocolmo pela Academia Sueca.

 

Tomas Tranströmer escreve sobre a morte, a história, a memória e é conhecido pelas suas metáforas. É um poeta que tem uma produção pequena, "não é prolixo", disse no final do anúncio o secretário da Academia, o historiador Peter Englund, embora esteja traduzido em várias línguas. Em Portugal, Tranströmer tem poemas publicados em duas antologias, uma delas chama-se "Vinte e um poetas suecos" (Vega ,1987).

Tomas Tranströmer, 80 anos, psicólogo de formação, sofreu um AVC em 1990. Por isso perdeu as faculdades motoras e não consegue falar. Peter Englund disse à televisão sueca que falou com o laureado e ele se mostrou surpreendido pelo prémio. "Ele estava a escutar música", acrescentou o secretário da Academia. O Prémio Nobel da Literatura 2011 vive numa ilha e depois de ter ficado doente publicou três obras. 

Desde 1973 que Tomas Tranströmer, que é o poeta sueco mais traduzido no mundo e recebeu o Prémio Literário do Conselho Nórdico em 1990, era candidato ao Nobel. Há 40 anos que um autor sueco não recebia este prémio. 

O poeta e tradutor Vasco Graça Moura disse hoje à agência Lusa que a poesia do autor sueco “tem uma grande força lírica e preocupação social” e considerou-o "um Prémio Nobel muito merecido”. “Ele é muito importante e é o maior poeta sueco vivo”, afirmou. Sobre a obra de Tranströmer, o escritor português sublinhou “a grande força de utilização das imagens, com uma faceta um pouco surrealista”. Vasco Graça Moura traduziu vários poemas de Tranströmer entre eles um sobre Lisboa, “Alfama”, que se encontra na obra “21 poetas suecos”. 

Por sua vez o escritor e crítico literário do PÚBLICO, José Riço Direitinho, considera que "há talvez duas ou três décadas que Tomas Tranströmer merecia esta distinção". É um poeta com "uma lírica e um imaginário originalíssimos, que em alguns pormenores, o aproxima dos surrealistas. A sua obra, iniciada em meados dos anos 50, parece ter raízes na poesia Modernista e Expressionista / Surrealista.", explica. 

Nas suas várias antologias, "é bem visível como ao longo de décadas ele tem vindo a apurar a linguagem poética com uma genialidade com que poucos são dotados". Em Tranströmer, os poemas "parecem suportados por uma estranha justaposição de forças primevas e contrárias; movimento e mudança, liberdade e controlo do discurso, natureza e influência humana, tudo isto faz parte das suas paisagens poéticas, que se localizam por vezes mais perto do pesadelo do que do sonho".

Mas, talvez, lembra José Riço Direitinho, seja a luta entre a terra e o mar um dos seus temas preferidos, particularmente nos poemas que se referem ao Báltico ou às suas ilhas – e são muitos –, à lembrança dos lugares dos Verões da infância, numa tentativa nostálgica de reconstrução da memória. 

"Nos poemas de Tranströmer, as imagens poéticas abrem por vezes portas para estados psicológicos e para interpretações metafísicas, havendo uma espécie de 'ideia religiosa' que aflora em alguns versos. O Nobel não lhe assenta nada mal", conclui o crítico.

No ano passado a distinção foi atribuída ao escritor peruano Mario Vargas Llosa. O prémio tem um valor pecuniário de dez milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de euros). 

Este é o quarto prémio atribuído pela Academia Sueca este ano depois do Nobel da Medicina (Ralph Steinman, Bruce Beutler e Jules Hoffmann), da Física (Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess,) e da Química (Daniel Shechtman). Amanhã será atribuído o Prémio Nobel da Paz.

 

Via Público



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Segunda-feira, 03.10.11
Romance inédito de Saramago disponível em formato digital
‘Clarabóia’, o romance que José Saramago escreveu na juventude e deixou inédito até ao fim da vida, está disponível em formato e-book a partir de hoje, duas semanas antes da versão em papel, anunciou a Leya.

Em declarações à Lusa, o director de marketing daquele grupo editorial, Pedro Sobral, explicou que o objectivo de colocar já à disposição dos leitores a versão digital de ‘Clarabóia’, antes de 17 de Outubro – dia em que o livro físico chega às livrarias numa edição da Caminho –, é permitir aos leitores o acesso ao livro de Saramago o mais cedo possível.

 

«Acima de tudo, o grande objectivo é a promoção da obra e a visibilidade deste novo título de José Saramago», sublinhou o responsável pelos e-books do grupo Leya.

 

«Hoje em dia, com os novos dispositivos de leitura que estão disponíveis, como são os novos tablets e os novos smartphones, achamos que devemos permitir a quem tem esses novos dispositivos de leitura e a quem gosta de os utilizar experimentar este livro antes que ele esteja disponível em papel. Basicamente, é uma acção que tem como principal objectivo a promoção e a experimentação deste novo tipo de formato», indicou.

 

Quanto às expectativas relativas ao número de downloads, Pedro Sobral referiu que «o consumo de livros electrónicos em Portugal é um consumo ainda hoje incipiente, apesar de ter taxas de crescimento cada vez maiores», mas disse que espera «um número bastante interessante», tendo em conta as vendas de e-books de outros autores desde Setembro do ano passado, data em que a Leya começou a comercializar livros em formato digital (no site www.mediabooks.com).

 

Em ‘Clarabóia’, que acabou de escrever em 1953, aos 31 anos, José Saramago (1922-2010) centra a acção num prédio que tem precisamente uma clarabóia no telhado, por onde entra a luz natural que ilumina as escadas, e onde habitam algumas famílias, cujas histórias ele conta.

 

O romance «é muito rico, é muito diverso, e nota-se que já tem ali algumas coisas que o José Saramago viria a desenvolver mais tarde», disse em entrevista à Lusa o editor da Caminho, Zeferino Coelho, no primeiro aniversário da morte do Prémio Nobel da Literatura português, em Junho deste ano.

 

Via Sol



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Terça-feira, 30.08.11
Próxima etapa da investigação será em Setembro
Próxima etapa da investigação será em Setembro (DR)

Nos jardins de “King’s Knot”, em Stirling Castle, na Escócia, foi encontrada uma fortaleza circular coberta com relva pelos arqueólogos da Universidade de Glasgow. Os investigadores suspeitam que por baixo daquele achado possa estar a Mesa Redonda do Rei Artur. Os jardins onde desde Maio estão a decorrer as investigações datam de 1620, embora se estime que a forma circular descoberta seja mais antiga.

 

O objectivo da investigação, que decorreu em conjunto com a Stirling Local History Society(SLHS) e a Stirling Field and Archaeological Society , é descobrir mais segredos sobre a história para além dos que já foram desvendados. A Mesa Redonda do Rei Artur era o local onde os cavaleiros se reuniam para debaterem os problemas de segurança do reino, mas ao contrário do que acontecia em outras reuniões da época, estes cavaleiros não se diferenciavam através de classes sociais. 

Esta não é a primeira vez que alguém tenta descobrir mais mistérios em torno da Mesa Redonda. Também Carlos I, no século XVII, tentou investigar mais segredos na mesma zona onde agora estão a decorrer as investigações. 

O historiador John Harrison, presidente da SLHS, revelou que “os arqueólogos estão a utilizar uma técnica de teledetecção geofísica e ao que parece localizaram uma vala circular por baixo de ‘King’s Knot’”, cita o jornal britânico The Daily Telegraph. Harrison que estudou o “King’s Knot” durante 20 anos acrescenta: “É um mistério que os documentos não podem resolver, mas a geofísica deu-nos novas perspectivas.” 

O coordenador do projecto, o arqueólogo Stephen Digney, defende que a área em torno do Stiling Castle “tem algumas das mais belas paisagens da Europa medieval”, e que por isso esta “investigação é um passo empolgante que conta com o esforço sério para explorar, explicar e interrogar”. 

Alguns escritores medievais fizeram referência ao local como sendo a principal localização para a famosa Mesa Redonda do Rei Artur. O poeta escocês John Basbour disse, em 1375, que a mesa redonda estava no sul de Stirling Castle, e em 1478, foi a vez de William de Worcester contar como é que o “Rei Artur manteve a Mesa Redonda em Stirling Castle”.

 

Via Público



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Segunda-feira, 27.06.11
Gonçalo M. Tavares foi mais uma vez premiado
Gonçalo M. Tavares foi mais uma vez premiado (Nuno Ferreira Santos)

 

“Uma Viagem à Índia”, editado pela Caminho, valeu a Gonçalo M. Tavares o Grande Prémio de Romance e Novela atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), em conjunto com o Ministério da Cultura (MC).

 

O prémio, no valor de 15 mil euros, é considerado um dos mais importantes em Portugal, distinguindo anualmente um autor. Segundo o comunicado da APE, Gonçalo M. Tavares foi escolhido por maioria, “ao reunir pela terceira vez”.

O júri, presidido por José Correia Tavares, foi constituído por Cristina Robalo Cordeiro, Fernando Dacosta, Isabel Cristina Rodrigues, José Manuel de Vasconcelos, Violante Magalhães, Isabel Cristina Rodrigues e José Manuel de Vasconcelos, estes dois últimos foram os únicos que não votaram no escritor mas sim em “A Cidade do Homem”, de Amadeu Lopes Sabino.

A concurso foram apresentadas 99 obras, mais 14 do que no passado, sendo de 74 homens, 25 mulheres, de 43 editoras diferentes, mais dez do que no ano passado.

O Grande Prémio de Romance e Novela já distinguiu 25 autores, de 16 editoras, havendo 4 que bisaram: Vergílio Ferreira, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís e Maria Gabriela Llansol.

Gonçalo M. Tavares nasceu em Angola, em 1970, e já recebeu vários prémios, entre os quais alguns dos mais importantes para a literatura em língua portuguesa, nomeadamente o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, ambos para o romance "Jerusalém".

Recebeu também o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores Camilo Castelo Branco 2007, para a obra “Água, cão, cavalo, cabeça".

O escritor foi ainda distinguido internacionalmente, com o Prémio Portugal Telecom 2007, o Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália), o Prémio Belgrado Poesia 2009 (Sérvia) e o Prix du Meilleur Livre Étranger 2010 (França), para o livro "Aprender a rezar na era da técnica".

"Uma Viagem à Índia" já tinha sido distinguido com o Prémio Melhor Narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores e com o Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 Ler/Booktailors.

 

Via Público



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Segunda-feira, 30.05.11
Lobo Antunes candidato ao Prémio Príncipe das Astúrias
O escritor português António Lobo Antunes é um dos 32 candidatos de 25 nacionalidades diferentes a vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias das Letras 2011, que é escolhido na quarta-feira.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, Lobo Antunes, que já foi anteriormente apontado como possível vencedor, surge ao lado de nomes como o escritor chinês Yan Lianke, o norte-americano John Ashberry e o chileno Nicanor Parra.

 

O júri, que inicia as deliberações terça-feira em Oviedo, é composto por escritores como Andrés Amorós, Juan José Armas Marcelo, Fernando Sánchez Dragó y Berta Piñán e pela diretora do Instituto Cervantes, Cármen Cafarell.

 

O galardão é o reconhecimento a personalidades cujo trabalho criativo ou de investigação representa uma contribuição relevante para a cultura universal nos campos da literatura ou da linguística.

 

No ano passado, o vencedor foi o escritor libanês Amin Maalouf. Vargas Llosa, Camilo José Cela, Günter Grass, Doris Lessing, Paul Auster, Cláudio Magris, Amos Oz foram alguns dos outros galardoados em edições anteriores na área das Letras.

 

Os Prémios Príncipe das Astúrias, de atribuição anual, contemplam as seguintes áreas: Comunicação e Humanidades, Ciências Sociais, Artes, Letras, Investigação Científica e Técnica, Cooperação Internacional, Concórdia e Desportos.

 

Cada um dos oito galardoados receberá 50 mil euros.

 

A entrega dos prémios é feita no Outono, em Oviedo, num ato solene presidido pelo príncipe Filipe de Espanha.

 

Via Sol



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Sexta-feira, 13.05.11
Manuel António Pina
Manuel António Pina (Fernando Veludo/nFactos)

O escritor português Manuel António Pina ganhou o Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa.

 

“É a coisa mais inesperada que poderia esperar”, disse o poeta Manuel António Pina, que acabara de saber que lhe fora atribuído o Prémio Camões de 2011, no valor de cem mil euros. “Nem sabia que estava hoje a ser discutida a atribuição do prémio”, acrescentou. 

Todos os jurados levavam nas suas listas o nome de Manuel António Pina e não precisaram sequer de meia hora para chegar a uma decisão unânime na reunião que mantiveram esta manhã na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Pina torna-se assim o 23º Prémio Camões e o décimo português a receber esta consagração, se excluirmos o autor angolano nascido em Portugal, Luandino Vieira, que recusou o prémio em 2006. 

O júri integrou dois jurados portugueses (a ensaísta e poetisa Rosa Martelo e o ensaísta e professor de literatura brasileira Abel Barros Baptista), dois brasileiros (o poeta António carlos Secchim e a ficcionista Edla Van Steen) e ainda dois representantes dos países africanos de expressão portuguesa: a poetisa e ficcionista angolana Ana Paula Tavares e a ensaísta são-tomense Inocência Mata. 

Nascido no Sabugal, Guarda, em 1943, Manuel António Pina foi jornalista durante várias décadas e estreou-se na poesia em 1974 com o livro “Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde”. No ano anterior publicara o seu primeiro livro para crianças, “O País das Pessoas de Pernas para o Ar”. Consensualmente reconhecido como um dos melhores cronistas de língua portuguesa – ainda hoje assina uma crónica diária no Jornal de Notícias –, Manuel António Pina publicou dezenas de livros de poesia e de literatura para crianças, mas só em 2003 se aventurou na ficção “para adultos”, com “Os Papéis de K.”.

Se a sua obra de ficção é menos conhecida internacionalmente, a sua poesia está traduzida na generalidade das línguas europeias. O seu mais recente livro de poemas, intitulado “Os Livros” (Assírio & Alvim, 2003) venceu os prémios de poesia da Associação Portuguesa de Escritores e a da Fundação Luís Miguel Nava.

 

Via Público



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Sábado, 16.04.11
Novo livro de Umberto Eco aborda as falsificações da história que custaram vidas humanas
 
Cemitério de Praga, o novo romance de Umberto Eco, passa-se no século XIX, e entre outras questões, aborda a expansão de Os Protocolos dos Sábios de Sião, uma falsificação em que Hitler se apoiou para construir os campos de extermínio dos judeus.

A obra, traduzida por Jorge Vaz de Carvalho, integra na narrativa apenas personagens reais com a excepção do protagonista, Simonini, e mesmo este com um antepassado histórico real.

Os cenários narrativos são Turim, Palermo e Paris, usando o autor iconografia oitocentista do seu espólio.

Ao longo de 557 páginas desfilam jesuítas, satanistas, Ippolito Nievo, um seguidor do unificador italiano Garibaldi, o próprio Garibaldi, Alfred Dreyfus, e ainda maçons, carbonários, entre outras personagens de um século agitado.

O autor esboça a trama do romance em torno das falsificações da história, como Os Protocolos dos Sábios de Sião, forjados pela polícia secreta do Czar Nicolau II em 1897, que descrevem uma suposta conspiração judia para dominar o mundo, e que Hitler utilizou na sua política de exterminação dos judeus.

Esta e outras falsidades, como a documentação forjada para acusar o oficial de artilharia Alfred Dreyfus, seguidor da religião judia, de alta traição à França, em 1894, custaram a vida a milhões de pessoas.

Numa entrevista à revista Ler, Eco afirmou: «O 'Cemitério de Praga' faz-nos entender que os serviços secretos do século XIX eram exactamente a mesma coisa que os do nosso tempo».

Defende o autor que «o recurso à História serve para demonstrar que a história não progrediu».

O filósofo italiano Umberto Eco, 72 anos, estreou-se na narrativa com o romance O Nome da Rosa que lhe valeu o Prémio Strega, em 1981. Desde então publicou outros quatro títulos, entre eles O Pêndulo de Foucault. Na área ensaísta editou vários títulos e organizou a História da Beleza e a História do Feio.

 

Via SOL



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Domingo, 13.03.11
 
 
A boa literatura é a melhor forma de criar cidadãos críticos que não podem ser manipulados facilmente, afirmou o Prémio Nobel da Literatura 2010, o peruano Mario Vargas Llosa, perante um milhar de estudante de Monterrey, capital do Estado mexicano de Nuevo León.

«Uma sociedade livre, democrática, aspira a ter cidadãos comprometidos com a vida pública», disse Vargas Llosa aos alunos universitários de várias escolas da região.

O escritor acrescentou não haver mais nada mais que «atice os desejos de satisfação que a realidade não pode satisfazer, que a literatura».

Para Vargas Llosa, que está no México para diversas conferências, os leitores de boa literatura são a melhor garantia para que uma sociedade evolua e seja critica.

O escritor também recebe hoje o Prémio Internacional Alfonso Reyes que inclui também um valor pecuniário de 50.000 dólares e que as autoridades mexicanas atribuem a personalidades com uma vasta trajectória no campo das humanidades.

Por ocasião da entrega do prémio, o Instituto Nacional de Belas Artes e a Universidade Autónoma de Nuevo León editam o texto 'Um homem das letras' escrito por Vargas Llosa sobre Alfonso Reyes e que foi publicado pela primeira vez no diário espanhol El País a 20 de Fevereiro de 2005.

 

Via Sol



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Domingo, 13.02.11

 

Anna Gerber e Britt Iversen criaram a Visual Editons para publicar livros com aquilo a que chamam escrita

 

Só uma gráfica no mundo aceitou produzi-lo, mas "Tree of Codes" esgotou em seis semanas. A Visual Editions nasceu para testar e ultrapassar os limites da edição

 

 

Para algumas mulheres, o início da maternidade é o fim da carreira. Para outras, pode ser mais uma oportunidade. Radicadas em Londres, a dinamarquesa Britt Iversen e a francesa Anna Gerber conheceram-se no infantário dos filhos. Tornaram-se grandes amigas. Há dois anos, num jantar, começaram a falar em como "seria incrível ter uma empresa que só fizesse livros com escrita visual", lembra Britt, ao telefone do escritório da Visual Editions.

De início, quase ninguém percebia o que queriam dizer com isso. "Ah, livros para crianças?", perguntavam. "Depois pensavam que estávamos completamente loucas", ri-se Iversen, que trabalhou os últimos 15 anos em publicidade. A resposta é simples: a escrita visual integra elementos visuais na narrativa. "No momento em que se tornam decorativos, deixam de ser necessários - e deixa de ser ''escrita visual'' para ser só ''visual''", explica.

Começaram por reeditar um clássico. Ao longo dos séculos, "A Vida e Opiniões de Tristram Shandy, Cavalheiro" teve mais de 120 versões no Reino Unido (em Portugal está publicado pelas Edições Antígona). Nenhuma honrava a obra de Laurence Sterne, o génio que em 1759 lançou os primeiros volumes de uma série tão louca como moderna. "Queríamos mostrar que existe uma tradição muito forte deste tipo de livros", diz Britt Iversen. Mas o segundo título que deram à estampa é que causou verdadeira sensação. Os primeiros 10 mil exemplares esgotaram em seis semanas - apesar do formato de bolso e do preço: 25ú (30€). 

O manuscrito esculpido O autor americano Jonathan Safran Foer foi uma escolha evidente para assinar o primeiro original da Visual Editions. Há anos que incorporava elementos visuais em edições tradicionais como a de "Extremamente Alto, Incrivelmente Perto" (Quetzal). Anna e Brit disseram-lhe que publicariam aquilo que ele quisesse. Só havia um senão: não podiam pagar-lhe. Ele nem hesitou. Há anos que alimentava a ideia de esculpir um livro de outro. 

Foer escolheu "The Street of Crocodiles" de Bruno Schulz, um dos seus escritores favoritos. Imprimiu uma série de cópias e começou a recortar. O objectivo, explica num vídeo disponível no site da Visual Editions, era encontrar uma história dentro da história. "A experiência de ler o livro muda à medida que se avança", acrescenta. "Espero que contribua para a discussão do que é possível fazer com a literatura e com o papel."

Só uma gráfica na Bélgica aceitou o desafio de o produzir. O processo é tão complicado que são necessários três meses para imprimir cada leva de exemplares. "Mas essa também é a beleza do livro", avança Anna, professora de design gráfico, que se juntou mais tarde à conversa, "É um livro aparentemente impossível de produzir, que vem com a sua própria história. A segunda edição já está disponível.

Regresso ao futuro Só daqui a 12 meses é que as duas empreendedoras vão perceber se o plano de negócios que levaram mais de um ano a conceber resulta. Têm mais dois livros a caminho. "Composition #1" deverá sair em Maio. É a reedição de um título dos anos 60, o primeiro livro de sempre feito de páginas soltas dentro de uma caixa. "O leitor tem grande controlo sobre a forma como lê", diz Britt. Para "A Collection of Short Uncanny Stories" ainda não há data de publicação, mas há conceito: um original feito a partir de histórias infantis que deram para o torto. O objectivo é publicar quatro títulos por ano, cada um da forma que melhor se adeque à história. Até pode ser no iPad.

 

Via Ionline



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