Enquanto oiço o meu mp3 e dou o melhor na bicicleta, olho para ele a degladiar-se com as rodelas de pesos que eu nem sequer consigo quantificar. Enquanto eleva os braços olha para o espelho admirando as montanhas de músculos. Há mesmo um momento em que sorri, satisfeito com o resultado de horas e horas naquilo.
Quando termina pavoneia-se pelo ginásio fora, olhando de alto a baixo para os muitos outros que praticam o mesmo culto do corpo. Para realçar o trabalho feito, usam invariavelmente t-shirts coladas ao peito e calções de licra dignos de uma bailarina clássica. Sem sequer pensar, deixo escapar o desabafo à amiga na bicicleta ao lado: "Credo, que homens tão feios". E ela concorda com um revirar de olhos. "Nem quero imaginar a quantidade de porcarias que eles tomam para ficarem assim". E eu concordo também.
Bom, antes de mais devo dizer que a velha máxima "gostos não se discutem" faz muito sentido. Embora todos sejamos inundados por supostos cânones de beleza, vindos diretamente de Hollywood e das revistas cor-de-rosa, a verdade é que em matéria de atrações não há lei. Contudo, fiquei a pensar nos homens musculados lá do ginásio e fui perguntando ao mundo dos saltos altos o que achavam. A resposta foi unânime: "Gorilas? Não obrigada".
Se eu dissesse que não gosto de ver o Brad Pitt descascado, com o "V" bem acentuado e os abdominais delineados... vá, estava a mentir. Mas quando penso nos músculos do senhor Schwarzenegger no filme "Conan", digamos que me encolho no sofá e não vejo nada de sexy naquele corpo de pedra.
A verdade é que a definição de sensualidade está rodeada de muitos mitos. Como, por exemplo, o eterno conceito de que os homens gostam é das mulheres iguais às modelos com osso das ancas bem marcados. Depois, volta não volta, lá lhes sai a muitos deles a derradeira frase: "São muito giras mas eu cá prefiro é ter onde agarrar".
Quanto ao mundo dos saltos altos, quem disse que uns quantos pêlos no peito e uma pequena barriguinha são antónimo da nossa visão de sensualidade, estava certamente a mentir. Eu cá não os trocava por nada deste mundo. Principalmente se forem os do corpo da pessoa por quem o nosso coração bate mais rápido.