"Em alguns sítios não temos outra solução a médio prazo que não seja deslocar populações", admite o secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, referindo-se ao crescente problema da erosão costeira em várias zonas do país e à progressiva elevação do nível do mar motivada pelas alterações climáticas.
Pedro Afonso de Paulo explica que Portugal não tem dinheiro para fazer paredes de betão semelhantes às que foram feitas na Holanda para funcionarem como diques e protegerem as populações da invasão da água do mar. Nesta altura, cerca de 30 por cento da costa portuguesa está sujeita a "muito forte erosão", acrescenta.
Por esta razão, o governante defende que será preciso tomar medidas para "proibir terminantemente a construção" em muitas áreas costeiras. "Dificilmente teremos meios e técnicas" que permitam suster este avanço das águas originado pelas alterações climáticas, justifica.
Pedro Afonso de Paulo participou, quinta-feira à noite, num colóquio sobre ambiente e ordenamento do território organizado pela comissão concelhia de Vila Franca de Xira do PSD. Em resposta a um dos participantes, previu que Portugal vai cumprir sem grandes dificuldades as metas de redução das emissões poluentes estabelecidas no Protocolo de Quioto.
"Infelizmente vamos cumprir as metas sem esforço", observou, frisando que a "desindustrialização" vivida pelo País durante muito tempo e a mais recente crise económica fizeram com que as emissões tenham baixado bastante.
"Temos menos indústria e, com a crise económica, não só as empresas emitem menos como as pessoas utilizam menos os carros", salientou, vincando, todavia, que cerca de 80 por cento das nossas emissões de CO2, ao contrário do que se pensa, têm origem na energia consumida nas casas dos portugueses e nos carros em circulação e não estão relacionadas com as fábricas e com a actividade económica.
"Acreditamos numa indústria que pode estar presente e não ser muito poluente. Infelizmente não somos um país muito industrializado, não produzimos tanto quanto poderíamos produzir", lamentou. "As estimativas todas dizem que vamos cumprir as metas de Quioto, o que também é importante", acrescentou o governante.
Pedro Afonso de Paulo disse, ainda, que o Governo apresentará em Abril um plano para o uso eficiente da água e um roteiro do baixo carbono. Estão a decorrer os processos de revisão da Lei de Bases do Ordenamento do Território e do Solo e do regime da Reserva Ecológica Nacional. Mas, também em resposta a alguns dos participantes no colóquio, o governante considerou muito difícil e oneroso aprofundar as políticas de reutilização de águas tratadas, porque exigiriam redes próprias, separadas, para o transporte destas águas para os meios urbanos, o que implicaria investimentos nesta altura incomportáveis.
Já Pedro Aguiar Pinto, professor do Instituto Superior de Agronomia, defendeu que as variações do clima em Portugal têm séculos e que, em média, até chove um pouco mais por ano em Lisboa do que em Londres. "Portugal tem uma preocupação, que é a grandíssima variabilidade do seu clima. Mas não devemos ter uma visão catastrófica", argumentou, considerando depois que há que desdramatizar esta questão. "Desdramatizar não é ignorar o risco. Mas é preciso não dramatizar e a agricultura tem uma grande capacidade de adaptação a novas situações", concluiu.
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World Surfing Reserves anunciou hoje que duas zonas de surf nomeadas - Santa Cruz, no norte da Califórnia e a Ericeira, em Portugal - foram formalmente aprovadas e serão dedicadas como World Surfing Reservas (WSRs). As duas regiões icónicas juntam-se a Malibu, Califórnia, que foi consagrado como a primeira Reserva Mundial de Surf em Outubro de 2010, e Manly Beach, Austrália, que também foi aprovado em 2010 e está agora a aguardar a sua "dedicação" que vai acontecer algures em 2011, como sendo os primeiros locais a receber a prestigiosa designação de Reserva Mundial de Surf (World Surfing Reserve).
A Ericeira é uma meca para o surf português e para surfistas de todas as nacionalidades. A área aprovada consiste em 4 km (2,5 milhas) da costa, quilómetros estes que contêm um grupo altamente concentrado de spots de surf de grande qualidade, vários deles de classe mundial, incluindo Ribeira d'Ilhas e outros.
"A Ericeira é uma costa de surf tão diversa, tem zonas para todos", disse o surfista profissional do WCT Tiago Pires, que cresceu surfando naquele bocado de costa "Há ondas grandes, ondas pequenas, ondas para profissionais e ondas de iniciantes. Eu amo esta área e eu estou contente de vê-la a começar a ter o reconhecimento que merece, bem como uma ferramenta para ajudar a melhor protegê-la."
A zona de Santa Cruz, de cerca de 11 km (7 milhas) da costa estende-se desde Natural Bridges no extremo oeste até Opal Cliffs, a leste de Pleasure Point e é composta por um denso aglomerado de ondas de sonho e está imersa numa enorme tradição de surf. A zona é conhecida pelos pontos icónicos em Steamer Lane e Pleasure Point, ambos pointbreaks para a direita de qualidade mundial.
"Eu não posso pensar num lugar mais digno do que Santa Cruz", disse um dos ícones mais notáveis da cidade, Jack O'Neill, que inventou os fatos de surf para que ele e os seus amigos pudessem navegar nas águas geladas da localidade nos anos 50 e 60. "Tem tantos spots de surf incríveis, uma comunidade de surf maravilhosa e é uma parte lindíssima da costa. A denominação de Reserva Mundial de Surf será uma óptima maneira de ajudar a preservar a área."
A World Surfing Reserves visa designar e proteger as áreas de surf mais importantes e queridas em todo o Mundo em parceria com as comunidades de surf local. Os sítios WSR são nomeados e seleccionados com base em quatro critérios principais: qualidade e consistência das ondas, a importância para a cultura do surf e da história, características ambientais, e apoio da comunidade. Até agora mais de cem sítios de 34 países diferentes foram submetidos à consideração do estatuto WSR.
O dez vezes campeão mundial de surf, Kelly Slater, que no ano passado já tinha apoiado o movimento, também expressou o seu forte apoio a Santa Cruz e Ericeira. "Toda vez que temos uma hipótese de preservar oficialmente uma praia ou um spot de surf específico, eu torço para ele", disse Kelly. " A World Surfing Reserves está a pôr a fasquia muito alta e com um grande alcance, procurando no Mundo o próximo grupo de praias a serem protegidas. Estou ansioso pela designação e protecção futura daquelas praias - tal como muitas outras pessoas".
Para além de seu significado cultural e estético, cada Reserva Mundial de Surf é um encontro de terra e mar seleccionados pela sua natureza única, pelas suas ondas e pelo seu cenário natural. A designação de cada WSR visa a protecção desta zona costeira de ondas e de habitat motivado pelo desenvolvimento inadequado, através de parcerias locais e internacionais que juntam a comunidade em torno da conservação, para melhorar e ditar a administração da área.
Sobre a World Surfing Reserves
World Surfing Reserves (WSR) identifica proactivamente, designa e preserva as ondas, zonas de surf e os seus ambientes circundantes em todo o mundo. WSR é uma iniciativa lançada pela organização Save the Waves Coalition em 2009, em conjunto com o National Surfing Reserves - Australia, e através de parcerias adicionais com a International Surfing Association (ISA) e com a Universidade de Stanford Center for Responsible Travel (CREST).
Para mais informações, consultem www.worldsurfingreserves.org
Via Surf Portugal