A Bélgica está desde junho do ano passado a tentar formar um governo de coligação, mas os seus sete partidos mais importantes não chegam a acordo. Ao fim de 239 dias, com o país prestes tornar-se recordista na duração do "desgoverno" , a solução foi avançada por uma senadora: "Vamos fazer uma greve de sexo!".
Ora bem, isto podia ser o início de uma comédia de domingo à tarde, mas a triste realidade é que a proposta de resolução da crise política de um país dito civilizado passa mesmo por uma igual crise... mas debaixo dos lençóis dos políticos envolvidos.
Na segunda-feira, senadora social-democrata belga, Marlene Temmerman - ginecologista de profissão -, apelou à chantagem sexual por parte das esposas dos homens envolvidos nas negociações. "Se todas chegarmos a um acordo no que diz respeito à abstinência sexual, estou convencida de que conseguiremos que as negociações sejam mais rápidas". Se por si só este argumento já é, no mínimo, o fim da picada, a frase com deu por findo o seu discurso não o torna melhor: "Vai dar resultado. Já sabemos o que os homens pensam destas coisas...".
Os homens têm cérebro... e nós também
Não será esta ideia assim a modos que demasiado redutora para eles... mas também para nós? Vistas as coisas: serão os homens, sejam eles políticos ou varredores de rua (sem qualquer desprimor por esta profissão, entenda-se!), apenas um pénis com pernas? E nós um par de mamas, cujo poder de argumentação e diálogo é nulo? Ora bem, se nos queixamos tantas vezes que eles pensam mais com a cabeça de baixo do que com a de cima, não vamos ser nós a incentivar este comportamento, diria eu. Usar o sexo como uma arma de pressão é um péssimo exemplo a todos os níveis. Lamento, senadora Temmerman, mas não honra o mundo dos saltos altos com tal ideia de génio...
Se a moda pega, qualquer dia temos a Joana Amaral Dias ou a Manuela Ferreira Leite, de dedo em riste, a ameaçar José Sócrates: "Senhor engenheiro, ou a crise económica acaba rapidamente ou o mulherio português aniquila a natalidade do país com uma greve geral de sexo". Haja dó.